Vista aérea do condomínio. É noite.

 

Música: Hawk Nelson - Someone Else Before

 

Corta rapidamente para uma mão abrindo uma porta e entrando. O ambiente está escuro. De repente a luz se acende, mostrando o rosto de Larissa assustada e Rosangela encostada na parede, olhando seriamente para a filha.   

 

Larissa (se recuperando do susto): Quer me matar do coração? O que está fazendo plantada aí que nem um fantasma?

 

Rosangela: Estava esperando por você... Sabe que horas são?

 

Larissa revira os olhos e caminha até à sala. Rosangela a segue.

 

Rosangela: Larissa, já passa das duas da manhã, num dia normal da semana.

 

Larissa começa a subir a escada, ignorando-a. Rosangela fica parada no primeiro degrau.

 

Rosangela (nervosa): Escutou o que eu falei? (aumentando o tom de voz) Larissa!

 

Larissa (virando e olhando-a): O que você quer? Tá, são duas e pouco da manhã, num dia normal da semana, entendi. 

 

Rosangela: Entendeu também que essa é última vez que fará uma coisa dessas, certo?

 

Larissa (bufando, virando e continuando a subir): Tá, que seja!

 

A câmera corta para o rosto de Rosangela, ela passa a mão na cabeça e respira fundo, bufando em seguida.

 

Rosangela: Eu vou enlouquecer, eu juro que vou enlouquecer!

 

Quarto de Larissa. Ela fecha a porta e cai com tudo em cima da cama, visivelmente cansada.

 

Larissa (fazendo careta/imitando a Rosangela): Nhe, nhe, nhe... Duas da manhã, última vez. Está muito enganada se pensa que vai conseguir me controlar.

 

Ela sorri, fecha os olhos e respira fundo. Segundos depois a tela escurece.

 

 

                                                  

 

 

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Parte interna de uma lanchonete. Poucas pessoas estão no local. O sol bate nas janelas, indicando o tempo. A câmera se aproxima de uma mesa específica onde Cláudio e Helen estão.

 

Helen: Como foi o treino hoje?

 

Cláudio: Sério que precisa perguntar? A resposta é a mesma das duas últimas semanas, pouco toque na bola e vários hematomas.

 

Helen: Você precisa ter um pouco mais de paciência...

 

Cláudio: Mais? O imbecil do Léo conseguiu fazer com que o time inteiro me ignorasse, nem aqueles que fizeram o teste comigo, passam a bola.

 

Helen: Já pensou em falar com o treinador?

 

Cláudio: Ah claro, imagina se soubessem que fui chorar as pitangas pra o Roma? Além do mais, ele está vendo tudo que está acontecendo e não tem feito nada. Tô quase chegando à conclusão que foi um ideia completamente estúpida ter entrado para este time. Talvez seja melhor desistir.

 

Helen (nervosa): Se você desistir agora, eu juro que corto relações com você! Tenha um mínimo de paciência, Cláudio! Não percebe que você já superou a parte mais difícil, que foi entrar para um time que nem passou nos testes? Ideia estúpida mesmo seria abandonar tudo agora, depois de apenas duas semanas. Pare de agir como um bebê chorão! 

 

Cláudio a encara com surpresa. Segundos depois começa a rir. Helen franze a testa, sem entender.

 

Helen: O que eu disse de engraçado?

 

Cláudio (sorrindo): É a primeira vez que você fica nervosa comigo, e tenho que confessar que é bonitinho te ver assim.

 

Helen (sem acreditar): Fala sério. 

 

Cláudio: Okay, desculpa pelo meu pessimismo exagerado. Vou tentar deixar de ser um bebê chorão e buscar mais o meu espaço lá dentro.

 

Helen: Isso que eu quero ouvir. Você só precisa ter fé em você. Eu que te conheço há pouco, tenho.

 

Ele sorri e segura a mão dela, dando um beijo em seguida.

 

Cláudio: Bendita hora em que você me viu babando no corredor. Você é meu anjo, sabia?

 

Helen: Tá, muito meigo! Mas esses elogios não servirão de nada se não seguir os meus conselhos e continuar choramingando por aí.  

 

Cláudio (sorrindo): Prometo que seguirei tudo à risca daqui pra frente. Sem choramingar.

 

Helen o olha com desconfiança. Cláudio fica pensativo por alguns segundos.

 

Cláudio: Talvez com menos frequência. Não dá pra me tornar um mestre em otimismo da noite para o dia. Mas vou tentar, palavra de escoteiro (sorri).

 

Helen: É um começo.

 

Eles sorriem um para o outro. A câmera se movimenta e o cenário muda para a casa de Larissa. Rosangela está na sala, sentada ao sofá e falando ao telefone.

 

Rosangela:  Não sei mais o que faço com essa menina, Jonatas. Não me respeita mais, pensa que é dona do próprio nariz, chega em casa tarde. Ontem ela conseguiu ultrapassar todos os limites possíveis e imaginários. (pausa) Eu sei, mas se eu não começar a aplicar algum corretivo, as coisas sairão ainda mais do controle.

 

Ela para de falar por alguns segundos, concordando com a cabeça.

 

Rosangela: É, eu sei. Que horas você chega? (pausa) Tá bom,  eu te amo.

 

Ela desliga o telefone e olha para cima. Corta para o quarto de Larissa. Amanda está deitada na cama, enquanto Larissa está sentada à uma mesinha, mexendo no computador. A câmera se aproxima da tela, mostrando um chat aberto com a foto do Léo. Volta para a Amanda.

 

Música: Barlow Girl- Let Go

 

Amanda: Em qual casa o novato do time mora mesmo?

 

Larissa (digitando enquanto fala): Se não me engano, na rua de trás.

 

Amanda morde os lábios e sobe as sobrancelhas. Larissa se vira para ela.

 

Larissa: Nem pense nisso! O acesso a esse garoto está proibido! (volta a olhar para o monitor) O Léo disse que logo ele deixa a equipe.

 

Amanda: Coitado... Ele só estava defendendo o amigo bobalhão dele. Você não faria o mesmo por mim se estivesse numa situação semelhante?

 

Larissa: Provavelmente sairia do shopping fingindo não te conhecer (sorri). Mas a verdade é que ele não tem perfil pra fazer parte do nosso grupo. Ele parece tão, tão... Ah, sei lá.

 

Amanda: Por quê? Ele é bonito e até que se veste legalzinho.

 

Larissa (olhando sério para ela): Amanda! Eu sei que você está se coçando para dar em cima do novato do time, mas esqueça isso. Não será só comigo que você estará criando problemas, entendeu?

 

Amanda: Tá, tá bom! Eu só falei por falar. Prometo que nem vou chegar perto do... (pensativa) Qual o nome dele mesmo?

 

Larissa (pensativa): Sabe que eu também não sei? 

 

 

Casa de Cláudio. Silvia está varrendo a sala. Ela caminha até a televisão, tirando alguns Dvd’s de cima da estante. Quando ameaça coloca-los na prateleira, começa a cambalear, sentindo-se tonta e caindo para trás até sentar no sofá. Ela fica parada por alguns segundos sem reação. Ouve-se a porta abrindo. Segundos depois Cláudio aparece e a olha, franzindo a testa, preocupado.

 

Cláudio: Está tudo bem?

 

Silvia (olhando-o e sorrindo levemente): Sim, claro. Só estou descansando um pouco.

 

Cláudio se aproxima dela, sentando ao seu lado no sofá.

 

Cláudio (desconfiado): Tem certeza? Estou te achanado meio pálida e...

 

Silvia (interrompendo): Foi só uma queda de pressão, nada a se preocupar.

 

Cláudio olha para frente e balança a cabeça em sinal de reprovação.

 

Cláudio: Quando vai parar de mentir pra mim?

 

Silvia: Querido, eu não estou...

 

Cláudio (interrompendo): Foi só uma queda de pressão, cansaço, está saindo todos os dias para espairecer... Você pensa mesmo que eu sou tão ingênuo assim?

 

Silvia o encara em silêncio, sem dizer uma palavra. Cláudio balança a cabeça novamente, levanta-se e sai. Um close é feito no rosto entristecido de Silvia. A tela gradualmente escurece, encerrando a cena. 

 

 

Casa de Larissa. Rosangela caminha até a sala com um balde de pipocas nas mãos. Ela ouve o barulho da escada e para. A câmera mostra Larissa e Amanda descendo bem arrumadas.

 

Rosangela: Posso saber aonde você vai?

 

Larissa: Sair. E não me espere acordada.

 

Rosangela: Não, não, você não vai a lugar algum, Larisssa... O que eu disse ontem?

 

Larissa não responde e abre a porta para sair. Rosangela insiste.

 

Rosangela: Larissa! Está de castigo!

 

Larissa (rindo e saindo): Certo. Boa sorte com isso!

 

Amanda (parando e olhando com pesar para Rosangela): Desculpa.

 

Rosangela esboça um leve sorriso constrangido para Amanda, que sai em seguida.

 

 

Lado de fora. Amanda se apressa para alcançar Larissa. É noite.

 

Amanda: Você poderia tratar sua mãe um pouquinho melhorzinho na minha frente. Eu fico sem graça perto de vocês.   

 

Larissa: Tenta conviver uma semana com ela que acabará me dando razão.

 

Amanda: Ela só está preocupada com você, quem dera fizessem o mesmo comigo.

 

Larissa (parando): Ela esqueceu que tinha uma filha há anos, enquanto saia com vários homens ainda no período de luto pela morte do meu pai. Não adianta querer bancar a preocupada e atenciosa agora, depois de tanta merda que foi feito. Eu não consigo.

 

Amanda: Mas pelo menos ela está tentando...

 

Larissa: Se quiser eu peço para ela te adotar, você quer? Agora chega desse assunto idiota e vamos sair logo daqui.

 

Larissa continua caminhando. Amanda a acompanha segundos depois.

 

 

Casa de Roger. Ele está sentado na cama, jogando videogame, enquanto Cláudio está no chão, apoiado contra a parede, perdido em seus pensamentos. Roger nota a expressão em seu rosto. 

 

Roger: O que está pegando?

 

Cláudio: Não sei, minha mãe anda muito estranha ultimamente. Saindo o tempo todo, desligando o celular propositalmente, mentindo. Hoje mesmo quando cheguei, ela estava sentada no sofá, como se tivesse acabado de sentir alguma coisa.

 

Roger pausa o jogo e olha para o amigo.

 

Roger: Já tentou pressioná-la pra saber o que está acontecendo?

 

Cláudio: Ela recusa contar, vive dizendo que está tudo bem.

 

Roger: Vá até o médico dela e tenta descobrir. Ele não vai querer dizer, mas sei que você pode inventar alguma coisa.

 

Cláudio: Já pensei nisso, mas estou com medo de acabar descobrindo alguma coisa bem ruim.  

 

Roger: Relaxa, provavelmente ela está assim devido ao estresse com esse negócio todo de separação, e deve estar tomando algum medicamento que a deixa meio baque.

 

Cláudio (pensativo): É, provavelmente seja isso mesmo.

 

Roger sorri e volta a ligar o game, olhando para frente a seguir.

 

Roger: Mudando um pouco de assunto, o que vamos fazer esta noite?

 

Cláudio (dando os ombros): Nada.

 

Roger: Nadinha de nada? Nem com a Helen?

 

Cláudio: Ela vai ficar cuidando da vó hoje à noite e parece que tem bastante lição pra fazer.

 

Roger fica por alguns segundos pensativo. Se levanta e começa a andar pelo quarto, com a mão na boca.

 

Cláudio: Ficou maluco? Por que está andando de um lado para o outro?

 

Roger (olhando-o/sorrindo): Tive uma ótima ideia!

 

Cláudio: De jeito nenhum!

 

Roger: Mas você ainda nem ouviu o que eu vou dizer. 

 

Cláudio: Mas já te conheço há muito tempo pra saber que suas ideias não costumam acabar bem.

 

Roger: Aé? E quem colocou na sua cabeça a ideia de entrar para o time?

 

Cláudio: E qual parte até o momento isso está me beneficiando?

 

Roger: Nesse instante! (pausa) Ouvi dizer no colégio que vai rolar uma festa na mansão do Felipe.

 

Cláudio: E daí?

 

Roger: E daí que essas festas são para a Elite e mais alguns convidados. Como você faz parte do time, teoricamente também faz parte desse grupo seleto, que tal?

 

Cláudio (concordando com a cabeça e sorrindo): Com certeza. 

 

Roger (sorrindo): Não é? Deixa eu passar um desodorante antes de...

 

Cláudio (parando de sorrir/interrompendo): Com certeza você enlouqueceu de vez! (levantando) Esqueceu que eu sou o único, entre aspas, Gladiador que é odiado pela massa nojenta? Pode tirar essa ideia estúpida da cabeça porque não vamos sair daqui. 

 

Roger: Meu amigo, nada como uma festinha para se enturmar, mostrar para o pessoal que você é do bem e tirar essa primeira má impressão que deixamos.

 

Cláudio (balançando a cabeça negativamente): Não, não e não! Presta atenção, não há nada neste mundo que me fará pisar naquele lugar!

 

 

Corta instantaneamente para a frente de uma mansão. Cláudio e Roger estão parado perto do portão que está aberto.

Música: Shut Up – Black Eyed Peas

 

Cláudio: Não acredito que deixei você me convencer.

 

Roger (sorrindo): Relaxa! (fazendo movimentos dançantes) Escuta o som.

 

A câmera corta e passeia rapidamente mostrando o enorme jardim da mansão. Está completamente cheio de jovens. Alguns estão bebendo, conversando, casais se beijando, outros pulando na piscina. Cláudio e Roger passeiam pela multidão. O primeiro bastante deslocado, enquanto o segundo se mostra bastante animado.

 

Cláudio: Esqueceu também de outro pequeno detalhe.

 

Roger: Qual?

 

Cláudio: Eu faço parte do time, você não.

 

Roger (dançando e acenando para as pessoas): E você acha que mais da metade dessas pessoas jogam futebol?

 

Corta para um canto da casa onde há uma mesa de bilhar. Léo e Gil estão sentados em cima da mesma, segurando uma garrafa cada. Léo pisca para uma garota que retribui com um sorriso malicioso.

 

Léo: Hoje eu pego mais de uma.

 

Gil (rindo): Deixa a miss Esplendor ouvir isso.

 

Léo: Ela bebeu demais e está passando mal lá em cima, nem deve descer mais. 

 

Gil (levando a garrafa à boca): Que chato, não?

 

Léo (também levando a garrafa à boca): Me sinto péssimo.

 

Eles se olham e começam a rir. Felipe se aproxima deles.

 

Felipe: Vocês não imaginam quem está aqui.

 

Gil: Quem?

 

Felipe: Venham comigo e vejam com seus próprios olhos.

 

Léo e Gil saem da mesa e começam a seguir Felipe. Corta para eles chegando no jardim. Felipe para e aponta com rosto. Gil e Léo olham na direção apontada. A câmera mostra Cláudio e Roger próximos da piscina.

 

Gil (sorrindo): Temos que dar créditos a eles... Pelo menos têm bolas pra aparecer aqui.

 

Felipe: Querem que eu os mande embora?

 

Léo (pensativo): Não, deixa eles curtirem um pouco. Estou tendo uma ideia que vai animar todos nós.

 

Os rapazes olham animados para Léo, que sorri de forma maliciosa.

 

 

Corta para Cláudio e Roger. Cláudio está com as mãos no bolso, enquanto Roger continua animado.  

 

Música: Across the Sky – Give It All Away  

 

Roger: Muito bom, fala a verdade!

 

Cláudio (irônico): Demais, demais! (o olha) Não faço ideia do que estamos fazendo aqui. 

 

Roger: Por isso! (aponta para as meninas de biquíni) Se não rolar hoje, meu caro, não rola nunca mais!

 

Cláudio balança negativamente a cabeça, em seguida olha para dentro da casa.

 

Cláudio: Eu preciso achar um banheiro, já volto.

 

Roger (fazendo passinhos de dança): Manda um “oi” pra Larissa  quando a ver.

 

Cláudio entorta a boca e sai. Roger sorri e continua dançando. Ele acena com a cabeça para algumas garotas que retribuem o olhar com desprezo. 

 

 

Parte interna da casa. Cláudio passeia pelas pessoas, de forma deslocada. Felipe aparece e coloca o braço no ombro dele, sorrindo.

 

Felipe: Quem poderia imaginar que um dia você estaria na minha casa, não é mesmo?

 

Cláudio: Olha só, eu não quero problemas e já estou indo embora, okay?

 

Felipe: Mas já? Não! Por quê? A festa mal começou! Relaxa! Você é da Elite agora, esqueceu? Minha casa, sua casa!

 

Cláudio o olha com desconfiança. Felipe dá dois tapinhas no ombro dele e sai. Cláudio puxa um rapaz que aparentemente está bêbado.

 

Cláudio: Amigo, onde fica o banheiro mais distante?

 

Rapaz (bêbado e rindo): Lá em cima.

 

Cláudio olha para cima e segundos depois começa a subir as escadas.

 

 

Corta para o que parece ser um vestiário. Amanda entra e para de frente para Léo e Gil.

 

Música: Switchfoot – Stars

 

Amanda: O que vocês querem?

 

Gil: Precisamos de um pequeno favor. 

 

Amanda: E por que eu faria algo por vocês? Especialmente você (frisando o olhar em Gil).

 

Léo: Porque você faz parte da Elite e acredito que goste de estar nessa posição social (pausa). Além do mais, é algo que você estará fazendo pela sua melhor amiga também.

 

Amanda mexe o rosto expressando curiosidade. A música aumenta, enquanto vemos Léo mexendo os lábios e gesticulando. Gil ao seu lado começa a rir. Amanda esboça um sorriso. A tela escurece.

 

 

Abre num corredor. Cláudio caminha procurando o banheiro. No cenário é possível ver algumas pessoas caídas, outras encostadas parede, se beijando. A câmera fecha no rosto de Cláudio que sobe as sobrancelhas. No fundo aparece a imagem de uma porta meio aberta. Ele vai até ela.

 

 

Corta para a piscina. Amanda se aproxima de Roger. Ela segura um copo plástico cheio na mão e olha fixamente para frente. 

 

Amanda: Deus! Pelas condições de saúde dela, sequer deveria estar respirando o mesmo ar que a gente, muito menos na piscina.  

 

Roger (curioso): O que ela tem?

 

Amanda: Não posso contar algo importante sobre uma pessoa para alguém que nem conheço direito. 

 

Roger: E não pesaria sua consciência sabendo que poderia ter evitado uma epidemia catastrófica?

 

Amanda: Oh não, não é nada que algumas injeções e comprimidos não resolvam em alguns meses.

 

Roger (sorrindo): Alguns meses?

 

Amanda: Vai dizer que você não se animaria em ver o colégio vazio por alguns tempos, sem aqueles atletas xaropes, aquela turma da Elite.

 

Roger: Turma que você faz parte?

 

Amanda (revirando os olhos): Céus, as vezes eu esqueço o quanto sou popular! Esquece que eu falei mal da minha turma, eu bebi demais. (oferecendo o copo) Você quer?

 

Roger: Obrigado, mas eu não sou muito de beber.

 

Amanda: É, eu também não sou muito de beber. Apenas quando a gente se reúne para alguma festinha...

 

Roger (sorrindo): O que é quase sempre?

 

Amanda (sorrindo): Como você me conhece bem! Se aproxima mais, está na hora de saber qual o problema da Felicidade.

 

Roger: E existe algum problema em ser feliz?

Amanda: Não seu bobo, estou falando da Felicidade.

 

Ela aponta para a garota da piscina que eles estavam falando no começo. 

 

Roger (rindo): Ah, essa Felicidade.

 

Roger se inclina para Amanda, que diz algo ao seu ouvido. Ele volta a rir.

 

 

Parte interna de um banheiro. A porta que está meio aberta, se abre por completo, revelando Cláudio que está entrando. Ele fecha a porta e vai até o vazo.

 

Voz feminina (meio embargada): Me diz que você não fechou essa porta.

 

Cláudio franze a testa e vai até uma cortina. Quando abre, se depara com Larissa deitada na banheira, visivelmente mal. 

 

Larissa: Essa porta só pode ser aberta por fora... (respira fundo e fala mansamente) Olha o que acabou de fazer, idiota.

 

Larissa vira a cabeça para o lado e fecha os olhos. Close no rosto de Cláudio, que apenas a encara.

 

 

Volta para Roger e Amanda perto da piscina.

 

Amanda: Eu acho que te conheço também. Você não mora no condomínio da Larissa?

 

Roger: Uau! Depois de ter derramado refrigerante na sua amiga, morar no mesmo condomínio seria a última coisa que eu pensaria que você se lembraria da minha pessoa.

 

Amanda: Ahh... é verdade! Foi você o protagonista daquela cena constrangedora no boliche.

 

Roger: E agora você deve estar arrependida de ter me contato sobre a Felicidade.

 

Amanda: Não, não estou! Não gosto muito da Felicidade, e apesar de ser melhor amiga da Larissa, um refrigerante sai da roupa.

 

Ambos sorriem um para o outro.

 

Roger: Não que eu esteja reclamando, mas por curiosidade, por que está falando comigo? Estudamos há anos no mesmo colégio e o máximo de contato que havia feito foi me empurrar da fila do refeitório, no segundo ano.

 

Amanda (rindo): Mesmo? Eu me lembro de ter feito um garotinho sair chorando e berrando uma vez no recreio. Então foi você?

 

Roger: Quando nasci 0 médico precisou me dar umas palmadinhas para provar que eu estava vivo e bem. (dando os ombros) Aposto que foi outro garotinho, porque eu não choro nunca. (sorri).  

 

Amanda (incrédula): Sei... Deve ter sido outro então. (ironiza). Mas verdade, verdadeira, o motivo de eu ter vindo falar com você, é que eu estava sentindo muita vergonha alheia de te ver dançando tão mal que pensei: ‘Se eu me aproximar, talvez ele pare com tamanho constrangimento’.

 

Roger: Meu anjo, aquilo foi pura estratégia. Pensei comigo: ‘Se eu dançar tão mal, talvez alguma garota venha me pedir para parar e quem sabe, assim possamos nos conhecer melhor'. E pelo visto deu certo. 

 

Amanda: Muito esperto, e arriscado também. E se ao invés de uma garota, viesse um cara e te jogasse na piscina?

 

Roger: O que é viver, se não se arriscar de vez em quando? Felizmente ao invés de um brucutu, veio uma garota linda e muito carismática falar comigo.

 

Amanda esboça um sorriso tímido. Roger a encara, também sorrindo.

 

Roger: Pena que ela teve que ir pra casa antes de você chegar.

 

Ela o olha indignada e dá um tapa no braço dele. Roger começa a rir. Amanda balança negativamente a cabeça e ri também.

 

 

Banheiro. Cláudio está mexendo na maçaneta e batendo na porta.

 

Larissa (nervosa): Ai, poupe meus ouvidos! Nós só vamos sair daqui quando alguém de fora abrir.  

 

Cláudio: Bom, quem sabe em alguns minutos alguém esteja apertado.    

 

Larissa: Sabe quantos banheiros têm nessa casa? Seis só na parte de baixo. Aqui em cima as pessoas só vêm pra transar. E geralmente quando a porta está fechada, é um forte indicativo para o “não perturbe”.

 

Cláudio (respirando fundo e sentando ao lado da porta): Neste caso, acho que ficaremos um tempinho presos na companhia um do outro então.  

 

Larissa revira os olhos e os fecha, virando a cabeça para lado novamente.

 

Cláudio: A propósito, eu me chamo Cláudio. Somos vizinhos.

 

Ela não responde. Cláudio apenas sobe as sobrancelhas.

 

 

Piscina. Amanda e Roger continuam conversando animadamente.

 

Roger: Tô falando que não é mentira. Ela me expulsou da sala porque simplesmente contei a verdade.

 

Amanda: Porque é muito mais fácil acreditar na clássica história do "meu cachorro comeu minha lição de casa" do que admitir que você simplesmente não fez, não é mesmo?

 

Roger: Sabe, você que me conhece melhor do que ninguém, deveria me dar o benefício da dúvida. (suspira)

 

Amanda (rindo): Meu amor! Por te conhecer melhor do que ninguém, que sei que essa carinha bonita não consegue disfarçar uma mentira.

 

Roger (sorrindo): Você não imagina o quanto esperei por esse momento, desde que nos falamos pela primeira vez, há uns vinte minutos, que você me chamaria de meu amor.

 

Amanda (sorrindo): Eu não sou muito de demonstrar sentimentos, leva algum tempo.

 

Ambos começam a rir. Após alguns segundos, Roger a olha com admiração.

 

Roger: Sabe, eu tinha uma visão um pouco diferente da turma da Elite.

 

Amanda: Todos têm. Mas vou te decepcionar dizendo que a maioria das coisas que dizem é verdade.

 

Roger: Mas acredito que se engaram quando dizem que ninguém se salva. Você é legal.

 

A câmera se aproxima do rosto de Amanda que lentamente desfaz o sorriso. Roger percebe o desconforto da garota.

 

Roger: Disse algo que não devia?

 

Amanda: Pelo contrário, fazia tempo que alguém não me elogiava de forma tão sincera. Obrigada.

 

Roger sorri para ela. Um breve silêncio toma conta da cena.

 

Roger: Então, agora me conte uma de suas aventuras...

 

Amanda: Só me dá um minutinho que eu já volto.

 

Roger (acenando com a cabeça): Okay! 

 

Ela sai e Roger a acompanha com o olhar, sorrindo.

 

 

Banheiro. Cláudio está sentado ao lado da porta. Ele levanta a mão devagar, dá duas batidas na porta e para, cansado.

 

Cláudio: Realmente, as pessoas neste andar estão mais preocupadas com os quartos do que o banheiro.  

 

Ele esboça um sorriso e olha para Larissa. Ela continua olhando para o lado, de olhos fechados.

 

Cláudio: Você está bem?

 

Larissa (irônica): Sim, ótima! As vezes gosto de deitar em banheiras vazias por puro hobby. 

 

Cláudio: Eu poderia fazer alguma coisa para aju...

 

Larissa (interrompendo/nervosa): Você não percebeu que estamos presos dentro de um banheiro? Não há nada que possa fazer para me ajudar... E se vamos ficar aqui por algum tempo, poderia pelo menos não abrir a boca?

 

Cláudio: Você precisa ser estúpida desse jeito?

 

Larissa: Só pra quem eu desprezo.

 

Cláudio ri e balança a cabeça negativamente.

Vestiário. Amanda se aproxima de Léo, Felipe, Gil e mais alguns rapazes. Eles mexem em um saco grande. Junto podemos ver o que parece ser preservativos com água.

 

Amanda: O outro sumiu, parece que foi embora. Acho que perderam tempo.

 

Léo: Não tem problema, só o bobalhão serve.

 

Amanda: Deixa isso pra lá, pra que se rebaixar a isso? Somos a Elite, esqueceram?

 

Gil (rindo): Qual o problema, Amanda? Sentiu compaixão pelo babaca? Leva ele pra cama também!

 

Amanda: Deixa de ser ridículo, Gil.  Eu só acho que...

 

Léo (interrompendo): Então chega de idiotice! Volta pra lá e segue com o plano.

 

Amanda bufa, vira e sai. Os rapazes riem e voltam a mexer nos sacos.

 

 

Corta novamente para o banheiro. Cláudio olha para Larissa por alguns segundos.

 

Cláudio: Sabe uma coisa engraçada que notei?

 

Larissa: Deus do céu, ele não vai parar de falar. 

 

Cláudio: Por que seu namorado ou os quinhentos amigos que você têm, não estão contigo agora?

 

Larissa (bufando): Eles não precisam ficar colados à minha pessoa.

 

Cláudio: Quer saber o que eu penso a respeito?

 

Larissa: Vai adiantar alguma coisa se eu disser que não?

 

Cláudio: Eu acho que você é solitária...  Que não tem amigos de verdade.

 

Larissa: E chegou a essa incrível conclusão apenas pelo fato de eu estar sozinha no banheiro?

 

Cláudio: Não, é só olhar pra você com um pouquinho de atenção, que dá pra notar que diante dessa pose toda, existe uma garota muito carente. Do contrário, você estaria lá embaixo se divertindo de verdade e não aqui, passando mal porque bebeu além da conta.

 

Larissa: Você não sabe nada sobre mim.

 

A câmera se aproxima do rosto de Larissa. Ela vira o rosto mais uma vez, desviando o olhar e revelando sua expressão abatida diante das palavras de Cláudio.  

 

 

Piscina. Amanda se aproxima de Roger. Ela a olha com um largo sorriso.

 

Roger: Pensei que havia se cansado de mim.

 

Amanda: Impossível, você é um fofo... (pega na mão dele) Quer ir pra um lugar mais reservado?

 

Roger (sorrindo): Só se for agora!

 

Segurando a mão dele, Amanda o conduz pelo jardim. A imagem sobe e mostra o local numa visão aérea por alguns instantes, até transparecer para dentro do banheiro onde Cláudio e Larissa estão.

 

Cláudio: Então finalmente ele cansou de fazê-la sofrer e foi embora. Infelizmente deixou muitas marcas. Penso que minha mãe está perdida e perdeu um pouco o sentido da vida. É uma situação complicada.

 

Ele encara Larissa que está de cabeça baixa.

 

Cláudio: Bom, agora que já desabafei e contei algo importante sobre mim, é sua vez de falar da sua vida (sorri).

 

Ela continua de cabeça baixa, sem responder. A imagem se aproxima do rosto de Cláudio que encosta a cabeça na parede e fecha os olhos. Um breve silêncio toma conta da cena.

 

Larissa: Você pensa em perdoá-lo?

 

Cláudio (abrindo os olhos/surpreso): Como?

 

Larissa: Seu pai. Algum dia você pensa em perdoá-lo?

 

Cláudio: Numa resposta crua, com o coração tomado de rancor, eu diria que não. Ele fez muito mal a gente e mesmo estando longe, continua fazendo.

 

Corta para o rosto de Larissa. Ele levanta a cabeça e olha diretamente para Cláudio.

 

Larissa (relutante): Eu tenho esse mesmo sentimento. Em casa as coisas não são nada fáceis também. Minha mãe...

 

Nesse instante ouve-se o barulho da maçaneta e um rapaz entra no banheiro, parando ao ver os dois sentados.

 

Rapaz: Opa! Não sabia que estava ocupado! Mal ai!

 

O rapaz vira para sair e Cláudio segura a porta para que ela não feche. O rapaz o olha antes de sair e sorri de forma maliciosa. Cláudio balança a cabeça em sinal de negativo e olha para trás. Larissa tenta se levantar com dificuldade. Ele vai até ela, ajudando-a. Quando seus rostos se aproximam, trocam olhares por breves segundos.

 

Música: Hoobastank - The Reason

 

Cláudio: Bom, então é isso. De volta à terra das aparências agora.

 

Ela ainda o encarando, não responde. Se movimenta e começa a sair. Cláudio fica parado, apenas acompanhando-a com o olhar.

 

 

Vestiário. Amanda e Roger entram. O segundo de olhos fechados.

 

Cont- Hoobastank - The Reason

 

Roger: Se isso for um sonho, por favor meu Deus, não me deixe acordar agora.

 

Eles param em determinado ponto. Se encaram por breves segundos. Roger sobe as sobrancelhas e olha para o lado, um pouco sem jeito. Amanda sorri e o puxa pela gola da camisa, dando-lhe um beijo bastante intenso. Roger arregala os olhos e em seguida os fecha.

 

Roger (ofegante): Uau, e não é que você não estava mesmo tentando curtir com a minha cara?

 

Amanda faz cara de drama e encosta a testa no peito dele.

 

Amanda: Eu não sou que nem eles, mas às vezes preciso ceder algumas pressões para manter o meu status, entende?

 

Roger (ainda abobado): Aham (se aproxima para beijá-la de novo)

 

Amanda (segurando o rosto dele): E é por isso que eu te trouxe aqui. Mas você não é chato como eu pensei... Queria tanto que você fosse um tremendo pé no saco!

 

Roger (franzindo a testa): Do que você está falando?

 

Amanda: Você tem um minuto pra correr daqui  antes que o Léo e seus ratinhos cheguem. Eles vão aprontar com você e confie em mim, o negócio será feio. Venha!

 

Ela segura na mão dele e o encaminha para outra saída.

 

Roger: Amanda, o que está acontecendo?

 

Amanda: Não há tempo para mais detalhes. Eles estão chegando.

 

Roger: Mas...

 

Ela o empurra para fora do vestiário. Fecha a porta e tranca. Léo, Gil, Felipe e alguns rapazes aparecem. Eles a olham, confusos.  

 

Léo: Onde ele está?

 

Amanda: Vocês acreditam que o garoto saiu correndo quando tentei beijá-lo? Infelizmente não é a primeira vez que esse corpinho sensual assusta os mais bobinhos.

 

Felipe: E agora?

 

Léo: Ele ainda deve estar por perto, vamos!

 

Eles saem apressadamente do local. Close no rosto de Amanda, que sorri orgulhosa.

 

 

Lado externo. Roger caminha apressadamente pelo jardim. Uma mão o segura. A imagem se desloca mostrando Cláudio.

 

Cláudio: Onde você estava?

 

Roger: Eu que te pergunto (olhando para trás) Mas agora não dá pra tempo. Vamos dar o fora daqui.

 

Close em Léo, Gil e Felipe olhando para os lados, a procura deles. Cláudio olha na direção dos mesmos.

 

Cláudio: Mas o que está acontecendo...

 

Roger (puxando-o): Explicações só do lado de fora e longe daqui. Você não imagina a noite que eu tive. (sorri).

 

Cláudio (sorrindo): Nem você.

 

Eles caminham apressadamente até passarem pelo portão aberto. A câmera muda para uma visão aérea e geral do local. A tela escure. 

 

 

Abre mostrando a cidade. A imagem começa a transparecer mostrando diferentes pontos até parar na mansão de Felipe.

 

Música: Avril Lavigne - Anything But Ordinary

 

Larissa está deitada na cama, aparentemente ainda abatida por causa da bebida. Amanda entra e se aproxima, sentando ao seu lado e passando a mão no seu cabelo.

 

Amanda: Hey, como você está?

 

Larissa: Minha cabeça está dando voltas.

 

Amanda: Esteve aqui o tempo todo?

 

Larissa (pensativa por alguns instantes): O tempo todo... (pausa por alguns segundos e a olha) E você, o que fez de bom lá embaixo?

 

Amanda (pensativa por alguns instantes): Nada, nada de interessante. 

 

A câmera se aproxima do rosto de Amanda, que fica imersa em pensamentos. Em seguida, a imagem desce, revelando o rosto de Larissa, também com uma expressão pensativa. 

 

 

Outro quarto. A câmera mostra uma garota de costas, apenas de sutiã sendo despida.

 

Cont- Avril Lavigne - Anything But Ordinary

 

Corta para o seu rosto sorridente. A imagem se desloca, mostrando Léo segurando-a. Ele sorri e começa a beijá-la.  

 

 

Quarto de Roger. Ele aparece na porta com uma feição bastante feliz.

 

Cont- Avril Lavigne - Anything But Ordinary

 

Se aproxima da janela e coloca a mão na boca, fechando os olhos. A imagem se afasta saindo pela janela e transparecendo para a janela do quarto de Cláudio.

 

Cont- Avril Lavigne - Anything But Ordinary

 

Ele entra no quarto. Olha em volta bastante pensativo, senta na cama e esboça um sorriso. A imagem desce, se afastando e mostrando o chão por alguns instantes. A tela escurece.

 

 

 

 

 

 

Créditos Finais:

 

 

Criado e Escrito por:

 

Thiago Monteiro

 

Música Tema:

 

Switchfoot - Meant To Live

 

Trilha Sonora:

 

Hawk Nelson - Someone Else Before

Barlow Girl- Let Go

Shut Up - Black Eyed Peas

Across the Sky – Give It All Away

Switchfoot - Stars

Hoobastank - The Reason

Avril Lavigne - Anything But Ordinary

 

 

                                             

 

 

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