Biblioteca do colégio Esplendor. Roger e Helen estão sentados à mesa, estudando.

 

Música: Across The Sky – Every Where She Goes

 

Helen: Entendeu agora?

 

Roger: Acho que sim...

 

Helen: Então resolve esse aqui. (passa um papel para ele).

 

Roger (escreve algo e mostra para ela): Assim?

 

Helen: Não! Roger... De onde você tirou esses sete segundos?

 

Roger (coçando a cabeça): Hhm... Não sei.

 

Helen (aumentando o tom da voz): Então para de adivinhar as coisas e tenta resolver o problema!

 

Bibliotecária: Shhhh!

 

Roger: Ai Helenzinha... Física não é o meu forte.

 

Helen: Mas é simples! É só você fazer S= s0+v0t+

 

Roger: Mas como eu coloco o T, se no problema não tem tempo?

 

Helen: É só usar Torricelli que é S=

 

Roger (cortando): Tá, tá. Chega de S, V, T e o restando do alfabeto. Ainda tenho uma semana para estudar pra essa maldita prova (fecha o livro) Agora vamos nos divertir!

 

Bibliotecária: Shhhhh!

 

Helen (falando baixo): Não acho que você vai conseguir evoluir em uma semana, mas tudo bem. O que vamos fazer?

 

Roger acena com a cabeça e levanta. Helen faz o mesmo. Corta para o corredor.

 

Roger: Vamos assistir o treino. 

 

Helen: Eles não vão deixar a gente entrar na quadra.

 

Roger: Como não, se o treino é aberto?

 

Helen (cruzando os braços): Elite, esqueceu?

 

Roger: Meu anjo, isso é página virada, nosso amigo agora faz parte do time. 

 

Helen: Aham, estou vendo a grande aceitação por parte deles. A propósito, pra que você quer ver um monte de homens de shorts e suados, correndo de um lado para o outro? Nem é algum jogo oficial.

 

Roger: Não é isso (falando baixo) Eu quero ver se uma pessoa vai estar lá.

 

 Helen (interessada): Quem?

 

Roger (disfarçando): O quê? Ninguém! (começa a andar) Você vem ou não?

 

Helen (sorrindo e acompanhando-o): Só se você me contar quem é a garota.

 

A câmera fica parada e os vemos apenas de costas. A música de abertura começa a tocar, enquanto o voz deles parece mais baixa.

 

Roger: Quem te falou que é uma garota?

 

Helen: É um garoto?

 

Roger: Claro que não. 

 

Helen: Se não é uma garota e nem garoto... Oh meu Deus! É o Roma?

 

Roger: Exato! Nunca reparou naquela carequinha sensual? 

 

Ambos começam a rir. O som aumenta e corta para a abertura.  

 

 

 

 

http://i190.photobucket.com/albums/z119/lindaum458/Titulos/estrelando3.jpg?t=1397481568 

 http://i190.photobucket.com/albums/z119/lindaum458/Principais/elencoprincipal4.jpg

 http://i190.photobucket.com/albums/z119/lindaum458/Titulos/com.jpg?t=1397567945

http://i190.photobucket.com/albums/z119/lindaum458/Principais/silvia2.jpghttp://i190.photobucket.com/albums/z119/lindaum458/Principais/jonatas3.jpghttp://i190.photobucket.com/albums/z119/lindaum458/Principais/rosangela2.jpg

http://i190.photobucket.com/albums/z119/lindaum458/Principais/gil5.jpghttp://i190.photobucket.com/albums/z119/lindaum458/Principais/felipe2.jpghttp://i190.photobucket.com/albums/z119/lindaum458/Principais/rosa4.jpg

http://i190.photobucket.com/albums/z119/lindaum458/Principais/roma3.jpg

 

 

 

http://i190.photobucket.com/albums/z119/lindaum458/Titulos/01e06.jpg?t=1397486707

 

 

 

Casa de Cláudio. Silvia está na sala, falando ao telefone. Sua expressão demonstra certo tom de preocupação.

 

Silvia: Obrigada Doutor. Eu entendi (pausa) Obrigada.

 

Ela desliga o telefone e passeia passos curtos pela casa, aflita.

 

Silvia: E agora? Como eu vou contar para o Cláudio?  (senta no sofá e após breve segundos olha para cima) Uma coisa ruim só não basta?

 

Ela lamenta com a cabeça e abaixa o olhar.

 

 

Ginásio do Colégio. A câmera dá um rápido corte mostrando os rapazes em quadra, jogando. Close na expressão séria de Roma, que aparenta não estar gostando do que vê.

 

Música: LillixBecause

 

Vemos Cláudio com a bola. Ele corre até a meia quadra, mas alguém por trás o derruba, tomando a bola. Ele vai ao chão e dá um soco no piso, furioso. A imagem se desfoca ao lado dele, onde é possível ver Larissa e Amanda na arquibancada, esta última com um copo grande de suco na mão. Ao se levantar, Cláudio lança um olhar para Larissa, que desvia assim que percebe. Corta para a entrada.

 

Roger e Helen entram e caminham até o corredor. Eles começam a subir a arquibancada e sentam na última fileira. Do outro lado da quadra, Larissa observa com expressão séria a presença de ambos.

 

Larissa: O que é isso? O treino ficou aberto pra qualquer um agora?

 

Amanda: Larissa, deixa pra lá.

 

Larissa (olhando para o copo de Amanda): Me dá isso aqui!

 

Ela tira o copo das mãos da amiga e começa a andar. Amanda imediatamente vai atrás.

 

Amanda: Espera! O que você vai fazer?

 

A câmera sobe, mostrando a quadra por completo e desce até Helen e Roger.

 

Roger: Jesus Cristo! Ele parece um peixinho num aquário de tubarões. Deixa eu dar uma moral (gritando) Vamos lá Cláudio!! Mostra aquele futebol bonito e vistoso que a gente conhece!

 

Corta para Cláudio olhando para ele e colando a mão no rosto, envergonhado. Helen ri e acena com a mão. Ele sorri para ela.

 

Roger: Aí! Viu esse drible? O que um pouco de energia positiva não é capaz de fazer? Foi só eu aparecer que ele começou a deslanchar.

 

Helen: Você?

 

Roger: Okay, você também está contribuindo um pouquinho.

 

Helen sorri e volta a olhar para a quadra, Roger também.

 

Roger: Aliás, tem umas técnicas de...

 

Neste exato momento Roger é interrompido por um banho de suco. 

 

Roger (sem entender): Mas que diabos?

 

A câmera se desloca para o lado, mostrando Larissa com o copo na mão. Ela está sorrindo.

 

Helen (indignada): Ficou maluca garota!?

 

Nesse instante Amanda se aproxima. Ela e Roger se encaram por breve segundos. Depois ele olha para Larissa.

 

Roger: Tá certo, eu mereci isso...

 

Helen (ainda mais indignada): Não, não mereceu.

 

Roger (para Larissa): Agora estamos quites.

 

Larissa: Quites? Em condições normais sequer dirigiria a palavra a vocês. Mas como resolveram invadir nosso espaço, o mínimo que poderia fazer era dar uma recepção merecida. Agora, (aponta com a cabeça) a porta é ali, dá rumo. 

 

Helen: Está nos expulsando do ginásio? E com que direito? Até onde eu sei, a quadra é do colégio e o treino é aberto.

 

Larissa: E até onde eu sei, você nem paga para estudar aqui. Por que acha que tem algum direito?  

 

Helen (sorrindo): Querida, você quer que eu te compre um gato? Assim pode cuidar das sete vidas dele e deixar a nossa em paz. 

 

Larissa: Não que você vale alguma atenção, mas me responde uma curiosidade pequena... Você mora num orfanato? Essas roupas aí, são doadas ou de algum bazar?

 

Neste exato momento Helen fecha a cara, enquanto Larissa sorri de forma provocativa.

 

Roger: Já chega! Olha, você já fez o que tinha que fazer, descontou o que aconteceu no boliche. Não precisa mais perder seu tempo aqui.

 

Amanda (para Larissa): Isso! Não vale mesmo a pena perder seu tempo com esse tipo de gente. Vamos embora.

 

Roger: Esse tipo de gente? Uau! Pelo menos agora você está agindo como sua amiga que não precisa fingir que presta.

 

Larissa (levantando a voz/furiosa): Que não presta aqui é você seu filho da put...

 

Ouve-se o apito de Roma. Os rapazes em quadra param de jogar e se aproximam da grade para observar a briga.

 

Roma: Vocês acham que isso aqui é algum tipo de ringue? Vão lavar roupa suja da porta da escola pra fora!

 

Léo: O que está acontecendo aqui? Larissa, esse panaca aí está te incomodando?

 

Larissa: Sim, está sim. Seus punhos seriam de boa serventia neste momento.

 

Roger (levantando os pulsos e olhando para Léo): Pode vir garotinha, não tenho medo de você não! Pode vir todos vocês se quiserem! Me garanto com uma mão nas costas!

 

Léo fecha a cara e dá um passo para pular a grade. Roma coloca a mão no peito dele, detendo-o.

 

Roma: Já chega valentões! Eu quero vocês no meio da quadra treinando. E o restante (olhando para Larissa) fora daqui!

 

Helen: Desculpa treinador. Roger e eu estamos saindo.

 

Helen pega na mão de Roger e ambos começam a descer a arquibancada. Perto de grade Cláudio vai até eles.

 

Cláudio: Perdeu a cabeça? Se deu conta que chamou todo mundo pra briga?

 

Roger: Pois é... Quanto a isso, será que você consegue fazer eles esquecerem antes do treino acabar?

 

 Cláudio (sorrindo): Vai, sai fora daqui. (para Helen) E você mocinha, hein mocinha, se metendo em confusões. Tisc, tisc, estou muito decepcionado. (sorri novamente).

 

Helen (sorrindo): Eu disse que não sou um anjo.

 

Ela pisca para ele e empurra Roger para a saída. Cláudio olha para a arquibancada e encara Larissa. Depois ele olha para quadra e se depara com Léo encarando-o.

 

 

Cozinha da casa de Larissa. Rosangela e Jonatas estão sentados à mesa, conversando.

 

Jonatas: Ela não vai aceitar.

 

Rosangela: Eu sei que não. Mas você não acredita que um psicólogo poderá entender melhor o que está se passando com ela?

 

Jonatas: Até acredito, o problema é fazê-la sentar num divã. Gritos e portas batidas tomarão conta deste ambiente antes mesmo que termine a frase. 

 

Rosangela: Então, pelo menos o não e a gritaria eu já tenho. Mas quem sabe lá fundo, bem no fundo, ela ache uma boa ideia falar mal de mim para um estranho?

 

Jonatas (rindo): Ela já deve falar mal de você pra qualquer estranho que encontre na rua.

 

Rosangela: Mas não para um estranho qualificado! (sorri).

 

Jonatas: Isso não seria um atestado de incompetência nossa?

 

Rosangela: Estou aberta à novas ideias. Você tem?

 

Jonatas abre a boca para falar, mas fica pensativo por alguns instantes.

 

Jonatas: É... Não, não tenho no momento. Mas vou pensar em algo.

 

Rosangela (sorrindo e levantando): Ótimo! Enquanto usa sua cabecinha, vou fazer do meu jeito. Se não der certo, tentamos do seu. (franze a testa) Preciso achar uma lista.

 

Ela sai de cena. Jonatas permanece sentado.

 

Jonatas (falando alto): Mas seja o que for, estarei te apoiando! (abaixa a voz) Mesmo que seja cedendo os ombros para o choro.  

 

Rosangela (em off): Eu ouvi isso!

 

Jonatas sorri, levanta e sai da cozinha. A cena muda para casa de Helen. Rosa está em frente ao fogão, mexendo na frigideira. Helen se aproxima e encosta na porta.

 

Helen: Quer ajuda, vovó?

 

Rosa (virando-se para ela): Estou terminando, meu amor. Mas se quiser pode c0locar os pratos na mesa.

 

Helen esboça um leve sorriso e começa a se mover. Rosa percebe o desanimo da neta.

 

Rosa: Que carinha é essa?

 

Helen (colocando os pratos na mesa): Hoje discuti com algumas garotas no colégio...

 

Rosa: E foi sério? Preciso falar com as mães delas?

 

Helen: Não! (ri) Já passei dessa idade. Não se preocupe, não foi grande coisa. É que (pausa) Eu detesto gente que se julga superior pela sua forma de vestir ou condição social.

 

Rosa: Meu anjo, o mundo inteiro está lotado de gente assim. Mas aprenda uma coisa, quem é superior de verdade, não precisa esfregar nada na cara de ninguém. Só faz isso quem precisa o tempo todo de autoafirmação.

 

Helen olha para a avó com bastante carinho e ternura. Se aproxima dela e abraça forte.

 

Helen: Vó, você é a melhor mãe do mundo!

 

A câmera dá um close no rosto de Rosa, que fecha os olhos e sorri emocionada.

 

 

Casa de Larissa. Rosangela está em frente a uma porta. Após alguns segundos dá duas batidas.

 

Larissa (off de dentro do quarto): Vá embora!

 

Rosangela respira fundo, insere uma chave na fechadura e abre a porta. Corta para a parte de dentro, onde Larissa que estava deitada na cama com um pano cobrindo o rosto, levanta rapidamente.

 

Larissa: Mas que droga é essa? Eu pensei que tinha trancado essa porta! 

 

Rosangela: Por seu histórico de rebeldia e por não fazer ideia do que se passa na sua cabeça, é lógico que eu teria uma cópia da chave.

 

Larissa: E o respeito à minha privacidade, onde fica?

 

Rosangela: Precisamos conversar.

 

Larissa (bufando e deitando na cama): Perfeito! Faça minha dor de cabeça aumentar. Se te ligaram da escola, saiba que a culpa não foi minha.

 

Rosangela: O que aconteceu na escola?

 

Larissa: O que você veio fazer aqui?

 

Rosangela puxa uma cadeira que está em frente à mesa do computador e senta-se perto da filha. Larissa olha com estranheza.

 

Larissa: Seja lá quem morreu, não precisa fazer mistério, fala de uma vez.

 

Rosangela (sorrindo): Ninguém morreu, apesar de eu ir morrendo aos poucos por sua causa...

 

Larissa (revirando os olhos): Dramática...

 

Rosangela: Eu queria saber se gostaria de conversar com alguém a respeito do que se passa contigo. Sabe, algum profissional, que poderia orientá-la, até mesmo falar comigo sobre o que eu preciso corrigir...

 

Larissa (rindo): Um psicólogo? Não, eu passo! Não sou eu que preciso de ajuda médica aqui.

 

Rosangela (respirando fundo): Larissa, eu não sei mais o que fazer pra conseguir sua atenção, seu respeito, seu amor. Estou cansada de ser tratada como se fosse apenas uma conhecia que você faz questão de desprezar. Me diz o que preciso fazer?

 

Larissa: Só o fato de me pedir isso, já mostra a péssima mãe que é. Volta um pouquinho no passado e analise as coisas que fez. Tudo que sou hoje, é reflexo disso. Não adianta agora tentar pousar de mãe sofrida e desprezada, pois a atenção que eu precisei para me tornar a filha que você quer hoje, não existiu. (coloca novamente o pano no rosto) Nada vai compensar quinze anos de atraso.

 

Rosangela não responde, ficando pensativa e com uma expressão abatida. Um som instrumental toma conta da cena. Ela levanta devagar vai até a porta. Olha para a filha por alguns segundos e depois sai.

 

 

Quarto de Roger. Ele anda de um lado para o outro, segurando um livro, um lápis na boca e uma caneta na orelha. Ele para e faz algumas anotações no livro. Depois começa a rabiscá-lo, nervoso.

 

Roger: Maldita física!

 

O celular começa a tocar. Ele olha para os lados, procurando-o e achando-o embaixo do travesseiro.

 

Roger: Fala brother! (pausa) As sete? Passa aqui então! (pausa) Ah tá. Vai chamar a Helen? (pausa) Então beleza! Tudo bem!

 

Ele leva o livro até o rosto e faz uma expressão de tristeza.   

 

Roger: Eu queria ficar, juro que queria mas... (sorri e joga o livro na cama) ... Tenho coisa muito melhor pra fazer.

 

Ele vai até o guarda-roupas, abrindo-o em seguida. 

Casa de Cláudio. Ele anda pelo corredor na parte de cima e para ao ver a porta de Silvia meio aberta. Ele entra.

 

Cláudio: Hey! O que faz deitada tão cedo? Você está bem?

 

Silvia (sorrindo): Oi meu amor. É apenas uma enxaqueca e uma gripezinha chata que deixaram um pouco indisposta.

 

Cláudio: Eu ia sair agora, mas acho melhor ficar por aqui, caso precise de alguma coisa.

 

Silvia (sorrindo): Não seja bobo. Não há nada com que se preocupar. Já me mediquei e provavelmente amanhã estarei nova em folha.

 

Cláudio: Tem certeza?

 

Silvia: Vá se divertir com seus amigos. Só não volte muito tarde e me ligue se tiver que se atrasar um pouco.

 

Cláudio: Pode deixar. Se alguma coisa acontecer, não hesite em me dar um toque no celular. Combinado?

 

Silvia (sorrindo): Sim senhor! Vá com Deus.

 

Cláudio se aproxima e beija a testa da mãe. Ela sorri e fecha os olhos.

 

Cláudio: Eu te amo!

 

Silvia: Eu muito mais!

 

Ele sorri para ela e em seguida sai do quarto. A câmera se aproxima do rosto de Silvia, que abaixa o olhar entristecida. Uma lágrima escorre de um dos olhos. Segundos depois a tela escurece.

 

 

Abre mostrando Cláudio descendo a rua do condomínio. É noite. Ele avista Larissa mais à frente, fica pensativo por alguns instantes e a chama em seguida.

 

Música: Nine DaysIf I Am

 

Cláudio (falando alto): Larissa!

 

Ela para e olha para trás. Ao vê-lo, volta a olhar para frente e continua caminhando. Cláudio corre até ela.

 

Cláudio (se aproximando): Hey...

 

Larissa (sem olhá-lo): O que você quer?

 

Cláudio: Por que você age assim? Lá na festa tive a impressão que queria me dizer alguma coisas antes de abrirem a porta. Agora sequer me olha nos olhos.

 

Larissa: E por acaso eu tinha alguma escolha? Você era a única pessoa naquele banheiro e fica meio difícil ignorar um tagarela que praticamente conta toda sua vida pra alguém que pouco poderia se importar.

 

Cláudio: Mas você se importou sim! Aliás, algo ali fez com que se identificasse a ponto de quase se abrir.

 

Larissa o ignora, enquanto eles continuam caminhando.

 

Cláudio: Qual é? Eu sei que isso tudo é apenas um disfarce. Que lá no fundo existe uma garota legal.  

 

Larissa: Pelo amor de Deus, garoto! Para de falar como se me conhecesse! Eu sou do jeito que eu sou porque eu gosto de ser! Francamente... Trocou o quê? Três palavras comigo num banheiro, num momento em que eu estava bêbada e agora acha que conhece o meu interior? Vá cuidar dos seus problemas e me deixe em paz!

 

Cláudio: Não posso! Já estou envolvido nisso.

 

Larissa: Envolvido no quê? Será que vou ter que fazer alguma denúncia sobre um possível caso de “stalker”? Me dá medo pensar como deve ser seu quarto.

 

Eles chegam na portaria e saem do condomínio. Larissa fica parada na frente do local e cruza os braços.

 

Larissa: Droga! (falando para si) Sete horas, Léo?

 

Ela olha para o lado e vê Cláudio parado centímetros dali. Ele sorri para ela, que revira os olhos.

 

Larissa: Vai ficar parado aí que nem bobo?

 

Cláudio (sorrindo): Por quê? Está preocupada comigo? Fiquei sabendo que alguns stalkers estão na área então achei melhor te fazer companhia de longe.

 

Ele sorri outra vez. Larissa olha para frente e tenta segurar um sorriso. Cláudio percebe e franze a testa.

 

Cláudio (sorrindo): É isso mesmo que estou vendo? Talvez você não seja um caso perdido.

 

Larissa (sorrindo levemente): Fica quieto.  

 

Nesse instante eles são iluminados por um farol. A câmera se movimenta e mostra o carro de Léo se aproximando e parando. Cláudio acena para Larissa e começa a andar pela calçada. Larissa vai até o carro e abre a porta.

 

Larissa (entrando): Oi lindo!

 

Léo: O que aquele imbecil estava fazendo perto de você?

 

Larissa: Nada! Ele pensa que ser parte do time lhe dá o privilégio de me abordar. Vamos embora logo.

 

Léo (balançado negativamente a cabeça): Primeiro vai à uma festa que não foi convidado, depois pensa que pode conversar com a minha garota. Tá muito abusado pro meu gosto.

 

Corta para Cláudio caminhando pela calçada. O carro de Léo aparece devagar perto dele.

 

Léo: Você perdeu a noção do ridículo, do perigo ou de qualquer outra coisa que te faça correr o risco de ficar sem dentes?

 

Cláudio (sorrindo): Está com medo da concorrência?

 

Léo (rindo): É mais fácil eu mudar de sexo do que a Larissa gostar de alguém como você. 

 

Cláudio olha para Larissa, que sorri para ele, fazendo sinal de positivo com a cabeça.

 

Larissa: Prefiro beijar a boca de um cachorro a cogitar a possibilidade de encostar meus lábios nos teus.

 

Léo: Este é o último aviso, não cruze mais o meu caminho. 

 

Ele acelera o carro e que sai cantando pneu. Close no rosto de Cláudio que fecha a cara.

 

 

Lanchonete. Roger bate com os dedos na mesa, impaciente.

 

Música: Mandy Moore – Someday We’ll Know

 

Roger: Que demora (imita Cláudio) “Esteja lá as sete” “Não se atrase”, ui, ui,  ui.  

 

Uma garota passa ao lado dele, que a segue com o olhar.

 

Roger: Que gata!

 

A câmera abre mostrando Helen sentando à sua frente.

 

Helen: Me pareceu meio narizinho em pé.

 

Roger (sorrindo): Helenzinha! Como pode se atrasar morando tão perto da lanchonete?

 

Helen: Deve ser porque eu tenho deveres a fazer. Tipo, estudar física, sabe?

 

Roger: Ah!! Isso! Bom, eu estava estudando muito até o Cláudio me ligar insistindo pra vir aqui. Disse quase chorando que uma noite na lanchonete não é a mesma sem mim. Sabe como é, amizade acima de tudo.  

 

Helen: Imagino. Não deve ter sido fácil sacrificar uma noite de estudos numa matéria em que você está muito mal,  pra tomar milk-shake.

 

Roger (sorrindo): Me dói até o coração.

 

Helen balança a cabeça negativamente. Cláudio aparece e senta ao lado dela.

 

Cláudio: Desculpem o atraso...

 

Roger: Imperdoável! Pague uma rodada de batatas fritas!

 

Cláudio sorri e faz sinal com o dedo para a garçonete. Ele olha para Helen e ambos sorriem um para o outro.

 

 

Praça do centro. A turma da Elite está num local onde só possui árvores. Eles conversam animadamente. Um pouquinho mais afastados, Gil e Léo conversam encostados no carro.

 

Cont- Mandy Moore – Someday We’ll Know (apenas instrumental)

 

Léo: Você acredita que o protegido do Roma agora inventou de dar em cima da Larissa?

 

Gil: Ele já provou que é abusado. Eu disse que já tinha que ter cortado isso logo no início. Vamos quebrar logo a cara dele e do amigo retardado que chamou a gente pra briga.

 

Léo: Se ele aparecer todo arrebentado na escola, mesmo que não fale, o Roma vai desconfiar que foi a gente. Já sabe como o velho anda pegando no meu pé por qualquer coisa.

 

Gil: E o que você sugere então?

 

Léo: Tem que ser algo que humilhe e coloque medo a ponto dele se autodesligar da equipe e fugir sempre que algum de nós se aproximar.

 

Gil fica pensativo por alguns instantes. Depois olha para Léo e sorri.

 

Gil: Acho que tenho algo que pode funcionar.

 

Ele começa a falar, mas o som encobre o que ele diz. Enquanto mexe os lábios e gesticula, Léo sorri e concorda com a cabeça.

 

 

Corta novamente Cláudio, Helen e Roger na lanchonete. No centro da mesa há um prato com uma porção de batatas-fritas.

 

Roger: O Cláudio te contou que ficou preso no banheiro com a Larissa?

 

Helen (surpresa): Mesmo?

 

Cláudio: O amigão aí me convenceu a ir numa festa idiota promovida pela Elite.

 

Helen: E teve coragem de ir?

 

Roger: Você não conhece meu poder de persuasão (sorri). Ah e eu beijei a Amanda! E dessa vez não foi fruto da minha imaginação.

 

Helen: Nossa! Estou me sentindo excluída aqui.

 

Roger: Mas não era uma festa para uma menininha comportadinha como você ir.

 

Helen (séria): Sério que mesmo depois de hoje cedo vocês vão continuar achando que eu sou uma anjinha fofa?

 

Cláudio (sorrindo): Qual é, não tem como deixar de te achar fofa.

 

Roger: Concordo plenamente. 

 

Helen olha pra cima e balança negativamente a cabeça.

 

Roger: De qualquer maneira... Tudo não passou de um plano maquiavélico do Léo e seus comparsas para nos humilhar. Acontece que a pestinha me achou tão legal e irresistível que acabou desistindo de última hora. Não sei. Ali cheguei a pensar que ela era diferente. Mas depois de hoje...

 

Cláudio: Talvez seja. Se ela não se importasse, teria deixado o plano correr.

 

Helen: Ou sentiu pena dele.

 

Cláudio: Esse era meu primeiro pensamento também, mas não quis estragar o clima de euforia da parte dele. (sorri).

 

Roger: Hey! Se ela tivesse sentido pena, não teria me beijado! E que beijo molhado!

 

Ele pega uma batata e coloca devagar na boca. Olha pra cima e mastiga devagar, com o pensamento vago, como se estivesse viajando. Cláudio e Helen se olham e franzem a testa um para o outro.

 

Helen: E essa história de você ficar preso no banheiro com a madame?

 

 

Casa de Helen. Rosa está na sala falando ao telefone. Ela parece bastante alterada.

 

Rosa: Eu já não te falei pra não ligar aqui? E se não sou eu que atender? (pausa) Não importa! Quando eu puder e quando quiser, entro em contato contigo!

 

Breve pausa. Rosa passa a mão na cabeça.

 

Rosa: Se continuar assim, mudarei de linha. Se piorar sairei desta cidade levando minha neta comigo! É isso você quer? (pausa longa) Sendo bem clara, não faça mais isso!

 

Ela desliga o telefone, senta no sofá e coloca a mão na boca.

 

Rosa: Droga! Esse pesadelo nunca vai ter fim?

 

Close em seu rosto por alguns segundos. Lentamente a tela escure.

 

 

Abre com Cláudio, Helen e Roger na lanchonete, conversando.

Música: 3 Doors DownsAway From The Sun (tocando como se fosse o aparelho de som da lanchonete)

 

Cláudio: Então foi essa nossa aventura na cova dos leões. Só me lembra de nunca mais seguir algum plano desse cidadão aí.

 

Helen: Depois de ser convencida a entrar na quadra hoje, espero que faça o mesmo por mim.

 

Roger: Como vocês são ingratos... Tá, a Helen pode ter razão, mas se não fosse por mim, meu amigo, você nunca passaria mais de cinco minutos sozinho com sua fonte de obsessão. (olha para o relógio) E o papo tá bom, mas eu preciso estudar!

 

Helen (desconfiada): Isso é sério?

 

Roger (sorrindo): Claro que sim, meu amor, fiz  apenas uma pausa pra vir aqui. E pra te compensar por hoje, vou te trazer uma nota dez no final da prova. (pensativo) Talvez um cinco, não dá pra exigir muito de um iniciante.

 

Helen (sorrindo): Traga um seis  que já me deixará orgulhosa. É um bom começo pra quem só vinha de zeros.

 

Roger (sorrindo): Feito!

 

Cláudio (para Helen): Quer que eu te acompanhe até sua casa?

 

Helen: Se não for incomodar.

 

Eles se levantam. Roger e Helen se abraçam. Depois ele cumprimenta Cláudio.

 

Roger: Até mais amigão! Jogou muito hoje! Estou orgulhoso!

 

Cláudio: Aham, sei!  

 

Roger sai. Cláudio e Helen se olham e sorriem. Ele faz movimento com o braço para que ela vá na frente. Corta para eles caminhando pela calçada.

 

Música: 3 Doors DownsAway From The Sun (tocando de forma original)

 

Helen: Como vão as coisas na sua casa?

 

Cláudio: Mais ou menos. Estou preocupado com minha mãe. Vive cansada, não para em casa. Claro que uma recente separação depois de muitos anos, apesar dos pesares, é capaz de deixar uma pessoa pra baixo. Mas tenho a impressão que algo mais além está acontecendo com ela e não quer me contar. 

 

Helen: Huh, dá uma de Holmes.

 

Cláudio: Quem?

 

Helen: Dá uma de detetive. Observa e tenta chegar a alguma conclusão. Mas sem pressioná-la, claro.

 

Cláudio: O Roger disse a mesma coisa.

 

Helen: Mas seja o que descobrir, não esqueça que ela vai precisar de alguém forte pra se apoiar. Então esteja preparado. 

 

Eles param e se olham por alguns instantes. Cláudio sorri para ela em forma de admiração.

 

Cláudio: Eu queria que você soubesse que, se eu tivesse participado da discussão hoje, não hesitaria em te defender.

 

Helen: E iria ficar contra o amor da sua vida, em frente toda a Elite?

 

Cláudio (respira fundo): Apesar de todo sentimento insano, preciso começar a aceitar que ela não é uma boa pessoa.  E se tiver que escolher um lado, sempre será o dos meus amigos, (a olha) O seu.

 

Ela esboça um sorriso tímido para ele, que retribui com um sorriso igualmente encantador. Logo, retomam a caminhada juntos. A câmera, em um movimento ascendente suave, mostra-os de costas, enquanto lentamente se afasta, capturando a paisagem ao redor. 

 

Helen: A Larissa é a garota mais sortuda do mundo. (breve pausa) E a mais burra também.

 

A imagem sobe ainda mais, mostrando quase todo o centro da cidade. A tela escurece.

 

 

 

 

 

 

Créditos Finais:

 

Série Criada por:

 

Thiago Monteiro

 

Episódio Criado e Escrito por:

Raquel Rosa

 

Revisão e Atualização por:

Thiago Monteiro

 

Música Tema:

 

Switchfoot - Meant To Live

 

Trilha Sonora:

 

Across The Sky – Every Where She Goes

Lillix – Because

Nine Days - If I Am

Mandy Moore – Someday We’ll Know

3 Doors Downs – Away From The Sun

 

 

 

 

 

www.000webhost.com