Ginásio
do
Colégio Esplendor. A câmera passeia mostrando as
arquibancadas lotadas, a torcida gritando, Roger e Helen
juntos pulando
e uma grande euforia tomando conta do local. Os jogadores
do time
adversário vestem camisas verdes, calções pretos e
meias verdes. Os Gladiadores vestem camisas vermelhas,
calções brancos e meias vermelhas. Léo
pega
na bola, dribla dos rapazes e chuta em gol. O goleiro não
alcança e a bola entra. Corta para os jogadores
comemorando e
ao fundo vemos a torcida também pulando e gritando
“Gol”. Close no banco de reservas. Cláudio
está sentado com outros rapazes. Roma se agita de um lado
para o
outro. A câmera gira e mostra um placar eletrônico que
marca “Gladiadores 3x3 Visitantes”. Roma:
Cláudio, se
alonga, rápido! Cláudio
(surpreso):
Eu?
Roma
(nervoso):
Tem algum outro
Cláudio no time? Levanta logo antes que eu mude de ideia! Cláudio
levanta
rapidamente e começa a se alongar. A imagem se desloca
para a arquibancada, onde vemos Roger e Helen que
comemoram a
possível entrada do amigo. Felipe
corre
e sai da quadra. Cláudio entra. Corta para o rosto de
Léo que expressa fúria no olhar. Voz
de
algum locutor: Parece
que
essa é a última carta na manga do treinador Roma para
tentar vencer a primeira partida do campeonato. Sai o
camisa seis,
Felipe, para a entrada do camisa doze, o estreante
Cláudio. Cláudio
(para
os jogadores):
Atenção, missão três, em bloco! Preparados? Os
jogadores
fazem sinal de positivo com a cabeça e tomam suas
posições. Gil corre com a bola e passa para um
companheiro. Esse mesmo toca para Léo que tenta um drible,
mas
perde a bola, que é recuperada por Cláudio. Num
ângulo aéreo, vemos Cláudio correndo e driblando um
adversário, depois outro e mais outro. Ele fica frente a
frente
com o goleiro e rapidamente corta para seu rosto. Um som
de
coração batendo toma conta da cena. A câmera fica
lenta a vai descendo até os pés dele que chuta a bola. Acompanhamos
sua
trajetória até chegar perto do gol. Close novamente
no rosto de Cláudio, no goleiro pulando, no rosto de Roma,
nos
rostos de Helen e Roger, de Léo e Felipe que estão lado a
lado e volta novamente para o goleiro pulando em direção
a bola. Devagar ela entra no canto esquerdo,
indefensável. A
imagem volta à velocidade normal e mostra a torcida
pulando de
alegria. Os jogadores correm em direção ao Cláudio
para abraçá-lo. Música: Hoobastank – Look Where We Are Corta
para
o juiz apitando o fim do jogo. Voz
do
locutor:
Inacreditável!
O estreante acaba de salvar os Gladiadores de empatar em
casa! Guardem
esse número, guardem esse nome “Cláudio”,
pois ele tem estrela e não se intimida quando é jogado na
fogueira! Afastado
e
sozinho, Léo abaixa a cabeça e senta no banco. A imagem
se volta para o centro da quadra com os jogadores
comemorando com
Cláudio. Larissa aparece na frente dele, sorridente. Larissa:
Meu
herói! Cláudio
(sorrindo):
Minha
princesa! Eles
começam
a se beijar com bastante intensidade. A câmera se
afasta lentamente e começamos a ouvir a voz de Silvia
tomando
conta da cena que vai ficando embaçada. Silvia
(em
off):
Cláudio... Cláudio! A
tela imediatamente fica preta. Silvia
(em
off):
Cláudio... Acorda! A imagem começa a abrir e fechar, como se fosse os olhos de alguém e desembaça mostrando Silvia.
Silvia:
Não
escutou o despertador? Vai se atrasar para o colégio. Cláudio
levanta
desanimado e senta na cama. Silvia sai de cena. Close no
rosto
amassado dele. Cláudio:
Mas
tava bom demais pra ser verdade.
(levanta e boceja) Que merda. Ele
caminha
até a porta. A tela escurece.
Vista
externa
do colégio. Na cena vemos vários alunos se
aproximando do portão e passando por ele. Na parte
interna,
há um longo corredor antes da porta principal. Cláudio e
Roger estão caminhando por ele. Helen se aproxima. Música:
The Tide Is High - Atomic Kitten Helen
(sorrindo):
Olá! Como
estão meus garotos hoje? Cláudio
(mal-humorado):
Bem, perfeitamente bem. Helen
(para Roger):
O que ele tem? Roger
(ao ouvido dela):
Mais um daqueles sonhos
em que ele é o rei da cocada e acorda frustrado. Eles
param.
Cláudio:
Qual o propósito
de ter praticamente o mesmo sonho toda noite? Roger:
Duas
opções... Ou é uma premonição do que
vai acontecer no grande jogo, ou é o contrário. Helen:
Ou não é
nada além de ansiedade. É normal e provavelmente
até que o jogo acabe, você terá mais desses sonhos. Roger:
E você é
estudiosa no assunto por acaso? Helen:
Muito melhor do que
acreditar em premonições. Roger:
Pois saiba muito bem
esse tipo de coisa acontece. Nosso amigo pode ter herdado
este dom. Helen:
Então me cite
alguém de carne e osso que tenha esse tipo de coisa? E
não vale citar a franquia de filmes. Roger: Nostradamus? Mãe Dináh? Aquele cara do ligue Djá. Helen revira os olhos e volta a caminhar. Roger dá os ombros e olha para frente.
A câmera mostra Amanda sentada em banco perto do portão de
entrada. Ele a observa, pensativo. Roger
(dando dois
tapinhas no ombro de Cláudio):
Verdade! Vamos torcer
para que isso aconteça! Cláudio
(confuso):
Do que você
está falando? Roger
(olhando para
Amanda):
Vejo vocês mais tarde. Ele
sai.
Cláudio e Helen se olham sem entender. Cláudio:
Digamos que eu acredite nessa bobagem e aconteça exatamente o
oposto do que estou sonhando. Minha vida aqui chega ao fim. Helen:
É só um
jogo. Ninguém vai te crucificar por não jogar bem. Cláudio:
Sério que
você está dizendo isso num colégio e cidade que
respiram futebol? Helen:
Droga! Como eu odeio
fanatismo! Cláudio:
Eu também. Helen
(subindo as
sobrancelhas):
Já pensou na
Larissa hoje? Cláudio
começa
a rir. A câmera gira até o banco em que
Amanda está sentada. Roger aparece e senta ao lado. Amanda
(sem
olhar para ele): Está perdido? Roger:
Não vai me dizer que as regras “elitianas”
me proíbem de sentar aqui também? Sério? Essa
cidade está ficando pequena para os pobres plebeus. Amanda
não
responde e continua sem olhar para ele. Roger sorri e se
acomoda no banco. Amanda incomodada o olha. Amanda:
Será que você não pode sentar em outro lugar? Roger:
Estou
bem confortável. Amanda:
Então saio eu. Roger
(sorrindo):
À vontade! Ela
faz
que vai sair, mas desiste. Amanda:
Quer
saber? Eu estava aqui primeiro, então você que deve sair!
E sim, as regras “elitianas”
valem pra qualquer canto da cidade. Roger
(rindo):
Deus do
céu, estamos numa ditadura? Amanda
(nervosa):
Fala
logo o que você quer. Roger:
Colocar
a conversa em dia. Amanda:
Não temos nada para conversar. Roger:
Eu
só queria entender uma coisa. Por que me livrou daqueles
caras
na festa e agiu como uma... uma... Amanda
(olhando
seriamente para ele):
Olha
lá o que você vai dizer... Roger:
Menina
chata (sorri) na quadra? Pensei que havia uma
ligação entre nós. Amanda:
E
supôs isso baseado em uma hora de convivência numa festa
em que eu já havia bebido mais do que o normal? Você
é tão ingênuo assim? Roger:
Bom,
se
tivesse bebido tanto assim além da conta, não teria
lembrado que estávamos juntos na festa. E muito menos o
tempo
que isso ocorreu. Amanda:
Bebida
não me causa amnésia. E se soubesse que hoje estaria me
enchendo a paciência, teria deixado os rapazes te humilharem
naquele dia. Roger:
Aí é que tá minha curiosidade. Se você
já havia desistido do plano, por que me beijou? Não
precisava ter feito aquilo. Amanda:
Não, não precisava. Mas como você parecia meio
desesperado pra não passar o resto do colegial com a boca
virgem, eu fiz um ato de caridade devido ao alto índice de
álcool no meu organismo. Roger
(rindo):
Você não foi meu primeiro beijo. E se a gente tivesse
transado ali, não seria minha primeira vez também. Amanda
(sorrindo):
Bonecas
infláveis não contam como transa. Roger
começa
a rir em tom alto e exagerado, chamando
atenção de alguns alunos por perto. Amanda olha para o
lado e tampa o rosto. Amanda
(envergonhada):
Quer
ficar
quieto? Roger:
Você é engraçadinha. Mas nada me convence que
aquele beijo não teve sentimento. Amanda:
Mas
teve... Sentimento de pena, nada mais. Esse é o problema de
pessoas como eu encostar a boca em pessoas como você... O
cidadão fica achando que encontrou o grande amor da vida. (pausa) Agora, me faz um grande favor daqui
pra frente? Me deixe em
paz. Ela
levanta
para sair, mas Roger segura seu braço. Roger:
Pode tentar disfarçar à vontade, colocar a bebida como
culpada... Mas em algum momento ali, você quis ser você
mesma, sem ficar posando de perua. E eu tenho a impressão de
que, se pressionar um pouco, você se desmonta por completo. Amanda
(sorrindo):
Como eu
disse... Me deixa em paz, ou outras pessoas farão que isso
aconteça. (para de sorrir).
Ela começa a andar e se afastar. Roger a segue com o olhar. Roger:
Ah, entendi! Essa pose toda então é apenas para se
proteger de um possível atentado, caso você se entregue
por completo em meus braços! Que adorável! (sorri).
Amanda para,
não responde e bufa. Em seguida volta a andar. Roger
permanece sentado, sorrindo. Sala
de
aula. Uma professora fala e escreve em uma lousa branca. A
imagem
passeia pelas fileiras até chegar ao fundo, onde Larissa e
Amanda estão com as mesas coladas. Amanda parece bastante
pensativa, Larissa percebe e cutuca a amiga. Larissa:
O que você tem?
Não disse uma palavra desde que entramos. Amanda:
Nada não. Larissa:
Como nada? Eu te
conheço Amanda, dificilmente ficaria quieta na aula dessa
professora. Amanda:
Talvez eu tenha mudado e
chegou a hora de ser responsável. Larissa
(rindo):
Aham,
de uma hora outra. Amanda
volta
a ficar pensativa por alguns segundos e depois olha para
Larissa. Amanda:
Se supostamente
você estivesse gostando de alguém que não faz parte
de um grupo de destaque, o que faria? Larissa:
Gostando quanto? Muito?
Pouco? Amanda:
Não é
gostando, gostando, a palavra certa. É, simpatizando, vamos
dizer assim. Larissa
(dando os ombros):
Huh,
ignoraria. Simpatizar não é gostar. Você pode
simpatizar com um cachorrinho na rua, mas nem por isso irá
leva-lo pra casa. (franzindo
a testa)
Mas por que esse tipo de pergunta? Está gostando de
alguém? Amanda:
Claro que não!
É uma suposição, apenas. Mas um dia poderia
acontecer, certo? Por exemplo, se o Léo não fosse
popular, você estaria namorando com ele? Larissa:
Provavelmente nem
falando bom dia. Amanda:
Isso não seria
novidade, você não fala bom dia pra ninguém mesmo.
Só que você não acha muito ‘Teen
Movie’
esse negócio de Elite, divisão, popularidade? Larissa:
E vai me dizer que
você não gosta de ser idolatrada por onde passa? Professora
(interrompendo-as):
Se eu estiver
atrapalhando as mocinhas, posso me retirar. Amanda
(sorrindo):
Sorry. A
professora balança negativamente a cabeça e volta a
escrever na lousa enquanto fala. Amanda começa a escrever
no
fichário e Larissa a observa com estranheza. Quadra
do
Colégio. Os jogadores estão sentados no chão no
meio da quadra, enquanto Roma está em pé, dando
orientações. Roma:
Vamos manter em mente que o excesso de autoconfiança pode trazer
surpresas desagradáveis. É importante respeitar o
adversário e mostrar nossa superioridade em quadra. E, acima de
tudo, lembrem-se de que uma partida é vencida em equipe,
ninguém joga sozinho e o time não está aqui apenas
por um jogador. Ouviu, Leonardo? Léo
(sorrindo/ironizando):
Claro, chefe! Eu sou conhecido por ser um verdadeiro exemplo de humildade. Os
rapazes
começam a rir. Roma balança negativamente a
cabeça e apita. Roma:
Deem o
fora daqui! Os
jogadores
levantam e começam a se dispersar. Felipe vai
até Léo. Felipe:
Tudo
pronto pra hoje à noite? Léo
(sorrindo):
Falta
só aceitarem o convite. Mas deixa essa parte comigo. A
câmera gira e mostra Cláudio tomando água perto do
banco. Roma se aproxima. Roma:
Nervoso
com a estreia? Cláudio:
Não tanto quanto os que vão jogar. Roma:
E quem disse que você não vai jogarr? É o treinador,
por acaso? Cláudio:
Dos
meus treinamentos que mal pego
na bola.
Dos passes de meio metro que tenho errado. Dos meus
companheiros que
não vão com a minha cara... E principalmente por ser apenas
um tapa buraco por causa de um jogador que se machucou.
Detalhe, eu nem
seria a primeira opção se o técnico não
tivesse com preguiça de ir atrás do verdadeiro
substituto. Roma:
É, você tem razão na maioria das coisas que disse. Cláudio:
Não é? E era exatamente esse tipo de apoio que eu estava
precisando neste momento. Roma:
Por que
você aceita que continue desse jeito? Cláudio:
Fica
meio difícil tentar alguma coisa quando o time inteiro
não te quer por perto. Roma:
Sabe, às vezes como treinador, eu deixo certas coisas
acontecerem de propósito. É uma forma de testar o
caráter dos jogadores, ver como eles se comportam diante da
adversidade. É nesses momentos que surgem os verdadeiros
talentos, aqueles que têm personalidade, que sabem lutar pelo que
querem e nunca desistem. Cláudio
abaixa
o olhar e se mostra pensativo por alguns segundos. Cláudio:
Então eu não devo ter passado no seu teste, certo? Roma:
Bom,
você ainda está aqui. Só o fato de não
desistir, mesmo quando todos estão contra, já soma a seu
favor. Apenas tente transformar essas dificuldades em algo
que te beneficie. Cláudio:
Você tem razão. Vou provar que mereço um lugar no
time. Roma
sorri,
dá um tapinha no ombro dele e sai. Cláudio o
acompanha com o olhar e sorri. Vestiário.
Léo
está parado e de braços cruzados na frente de
um armário. Cláudio aparece e para na frente
dele.
Cláudio:
Posso
abrir meu armário? Léo:
É
seu? (sai da frente) Se
soubesse
antes teria colocado alguma coisa aí dentro. (sorri).
Cláudio
não
dá atenção e com uma expressão
séria abre o armário. Léo permanece ao lado dele.
Léo:
E
aí, nervoso com o grande o jogo amanhã? Cláudio:
Fala
logo o que você quer. Léo
(sorrindo):
Gostei,
direto ao assunto. Você está convidado para ir em casa
hoje junto com o restante do time. Vamos assistir alguns
jogos do rival
e seria bom que estivesse presente. Cláudio
(incrédulo/rindo):
Claro, que horas devo chegar? Devo levar jujubas como aperitivo ou
você já se encarregou de providenciar todo o
entretenimento? Neste caso, eu? Ele
começa
a caminhar até o chuveiro. Léo se antecipa
e para à sua frente. Léo:
Ouça... Eu não gosto de você, você não
gosta de mim, não precisamos e não seremos amigos. Mas
esse é meu último ano e farei qualquer coisa pra vencer
esse campeonato e quem sabe, me livrar desta cidade com
algum contrato
assinado. E se pra isso eu tiver que ter uma trégua com o
inimigo, que seja. Cláudio
continua
olhando-o com incredulidade. Cláudio:
Digamos
que eu acredito nessa bobeirinha
aí. Esqueceu que sou reserva do reserva? Não precisa de
mim pra decidir táticas em quadra. Léo
(rindo):
Você não conhece o técnico que nós temos. Eu
não sou humilde, não faço questão de ser.
Sou o melhor da equipe e ele não gosta de mim, mas sabe que
não pode me tirar. Acontece que ele pode muito bem querer me
irritar. É visível que nós aqui temos um problema
e ele não vai resistir a vontade de nos ver juntos em quadra
em
algum momento do jogo. Cláudio:
É.. Mesmo assim vou recusar o
convite. (se desloca pra
sair). Léo
(segurando-o): Eu preciso que tudo seja perfeito
nesse jogo de amanhã e no campeonato inteiro... Quer saber?
Pra
você não se sentir deslocado em casa, pode levar aquele
seu amigo, o, o (tentando lembrar o nome). Cláudio:
Roger. Léo: Isso, Roger. Leva ele e diz que o episódio do boliche e da arquibancada já é passado. (breve pausa) Não é fácil para mim falar essas coisas, mas não posso mais nos contentar com quase como no ano passado. Este ano, nós temos que vencer. (pausa) E então, o que me diz? Cláudio
(após
alguns segundos):
Tá bom, que seja. Léo
(sorrindo
e entregando um papel para ele):
Aqui
está meu endereço. Esteja lá pelas oito. Léo
sorri
e sai. Cláudio olha para o papel ainda desconfiado. A tela
escurece. Casa
de
Larissa. Ela e Amanda estão no quarto, deitadas de
bruços, assistindo televisão. Larissa:
Que
papo estranho foi aquele de namorar alguém não popular? Amanda:
Ai,
esquece isso. Larissa:
Se
não te conhecesse, diria que está gostando de
alguém. Amanda:
Pareço que estou? Larissa:
Bom,
pelo menos eu nunca te vi desse jeito, meio boba. E essa
conversa, de
repente, meio que deixa coisas no ar. Amanda:
E se
realmente eu estivesse balançada por alguém? Teria algum
problema? Não assinei nenhum contrato que deveria namorar
só garotos dessa bobeira de “Elite”. Larissa:
Me
conta quem é e talvez possamos dar um jeitinho. Amanda:
Não, você não vai querer saber, muito menos
aceitar. Larissa:
Vamos,
tenta. Amanda:
Tá bom. Mas que fique bem claro que não estou apaixonada ou coisa do tipo. Larissa
(bufando):
Vai
Amanda, para de enrolar! Amanda
levanta
e senta na cama, respirando fundo. Larissa vira e fica
deitada
de frente para ela. Amanda:
Lembra
na noite da festa que você se embebedou e sumiu, mentindo
que
estava o tempo todo no quarto? Larissa:
Assim
como você, quando disse que nada havia acontecido naquela
noite? Amanda:
Exato.
Os rapazes queriam aprontar com alguém e me chamaram pra
ajudar.
Eu já estava meio alta e aceitei. O problema foi que na hora
“h” eu me arrependi e deixei ele fugir. Larissa:
Okay. Ele quem? Amanda:
Quando
um garoto chega perto de mim, a única coisa que ele pensa
é em me agarrar. E não seria problema se esse garoto
tivesse feito exatamente o que a maioria faria. Mas com ele
foi
diferente. Nós conversamos e em momento algum tentou me
beijar... Eu que tive que tomar a iniciativa. Larissa:
Aham. Mas o garoto, quem é? Amanda
fica
receosa e deita na cama, do lado contrário de Larissa. Amanda:
Deixa
pra lá. Larissa
(chegando
perto dela):
Não, não, não, não... Você não
chegou até aqui pra esconder quem é o dito cujo. Vamos, desembucha. Amanda
(cobrindo
o rosto com o travesseiro):
Roger. Larissa (pensativa): Roger, Roger? Quem é Roger? Amanda
apenas a olha e faz um movimento de copo com a mão. Larissa, ao
notar o gesto de Amanda, faz uma conexão rápida e
finalmente se lembra de quem se trata. Ela lança um olhar
extremamente sério para a amiga. Amanda:
Viu?
Por isso não queria te contar. Larissa:
Perdeu
a cabeça? De tantos garotos pra você se gostar naquele
colégio, escolhe justamente aquela anta que disse que eu
não presto? Amanda:
Eu
não estou gostando dele. Apenas fiquei mexida, só isso.
No máximo, talvez, mas bem talvez, poderia ser amiga dele. Larissa:
Desista! Como sua melhor amiga, até poderia aceitar que
você estivesse apaixonada ou qualquer outra coisa por qualquer
pé rapado dessa cidade. Mas ele não, definitivamente,
não! Credo! E ainda iria abrir mais espaço para aquele
Cláudio me incomodar, achando que tem que me consertar. Amanda: Tá, mas desistir ou não, é minha escolha. Larissa:
Então que saiba escolher bem. Entre as pessoas que você
conhece há muito tempo, inclusive eu, ou quem você trocou
meia dúzia de palavras. E convenhamos né, o fato dele
não se atirar em você logo de primeira, não quer
dizer que não estava louco pra te levar pra cama em seguida. Um
breve
silêncio toma conta da cena. Amanda:
Você sabe que não abriria mão de nossa amizade... E
já dei um belo fora nele hoje, tá? Larissa:
Ótimo! Então não toquemos mais neste assunto. Larissa
levanta
da cama e vai até o banheiro do quarto. A câmera
se aproxima do rosto de Amanda que olha pra baixo, triste.
Corta
para uma rua deserta. Cláudio e Roger caminham estranhando o lugar. Roger:
Tem
certeza que é aqui? Não é exatamente um lugar onde
um playboy como ele moraria. Cláudio
(parando):
Que
droga! Eu sabia que era trote, mas não, o idiota aqui teve
que
vir mesmo assim. Roger:
Melhor
a gente dar meia volta, porque esse lugar não me parece
muito
confiável. Cláudio:
Tem
razão. Vamos dar o fora daqui. Quando
eles
viram, são surpreendidos por um grupo de rapazes
encapuzados e mal encarados parados na frente deles.
Cláudio e
Roger se olham, assustados. Rapaz:
Posso
saber o que os playboyzinhos estão fazendo na minha área? Cláudio:
Nos
perdemos procurando um endereço. Mas estamos de saída. Eles
se
movimentam pra sair, mas os rapazes, cerca de uns sete, os
cercam. Rapaz:
Calminha aí gente boa... Pra que tanta pressa? Não
gostariam de ficar, jogar conversa fora, tomar um cafezinho?
Roger
(temeroso):
Eu
aceito o café. Cláudio:
Ouça, desculpa ter invadido o pedaço de vocês, okay?
Não queremos encrenca, apenas ir
embora. Rapaz:
Aí é que tá o problema. Uma vez que entrou,
não é tão simples sair daqui. Cláudio:
O que
vocês querem? Dinheiro? (tira
a
carteira do bolso e abre) Pega, não é grande coisa,
mas é o que tenho no memento. O
rapaz pega o dinheiro dele e olha para Roger. Rapaz:
Então? Vai ficar só olhando? Roger
(tirando
a carteira do bolso):
Ah sim!
Estou meio em transe sabe, nunca fui assaltado antes, e olha
que
já andei sozinho de madrugada pela cidade porque estava com
insônia e... Rapaz
(interrompendo):
E eu
pareço interessado em ouvir alguma história? Roger
(entregando
o dinheiro a ele):
Como eu
disse, estou em transe. Cláudio:
Podemos
ir agora? Rapaz:
Não tão depressa. Tem mais algumas coisinhas que
queremos. O
Rapaz sorri. Cláudio e Roger se olham, ainda assustados.
Corta
instantaneamente para eles caminhando pelo final da rua,
apenas de
cuecas. Roger:
Não acredito que aceitou entregar nossas
roupas. Cláudio:
E
preferia o que? Morrer vestido à voltar pra casa seminu? Roger:
Eu me
propus lutar. Por acaso você viu alguma arma apontada
pra gente? Cláudio:
E por
acaso percebeu que estávamos em plena desvantagem e você
não sabe brigar? Nesse
instante
ambos são iluminados por um farol de carro.
Cláudio e Roger param e o carro se aproxima deles. O vidro
abre
e vemos Léo, Gil, Felipe e outros dois rapazes dentro do
veículo. Todos rindo bastante. Léo
(sorrindo):
Não tá um pouco frio pra fazer naturismo? Cláudio:
Eu
sabia que isso tinha dedo seu. Léo:
E
não é que sua ingenuidade superou meu fraco talento pra
encenar? Eu estava crente que teria que inventar outra
coisa... O Felipe apostou comigo que você não seria burro em
acreditar no meu apelo sentimental. Cláudio:
Isso
não vai acabar tão cedo, não é? Léo:
Depende do que vai
escolher, então ouça com atenção.
Não quero você no time, não quero te ver assediando
minha namorada... E se por acaso tombar comigo no corredor,
abaixe a
cabeça ou mude de direção. Amanhã quando
chegar na concentração, vai pedir dispensa ao Roma,
alegando que não quer mais fazer parte disso. Se ele
insistir,
inventa alguma coisa, mas não quero te ver pisando mais
naquela
quadra. Cláudio:
E se eu
me recusar a fazer? Léo:
Pague para ver. Isso que aconteceu agora foi apenas um aviso leve. Nada
comparado ao que está por vir se você continuar cruzando o
meu caminho. Os
rapazes
do banco de trás jogam as roupas deles pela janela. Léo:
Podem
pegar seus trapos de volta. Não somos ladrões. Léo
sorri
e sai com o carro cantando pneu. Roger se aproxima das
roupas. A
câmera dá um close mostrando que estão ensopadas. Roger:
Legal.
Agora a gente morre de pneumonia antes de chegar em casa. Cláudio
(pegando
a roupa):
Se
quiser voltar pelado, vá em frente. Roger
dá
os ombros e ambos começam a se vestir. Ele para e olha
para Cláudio por alguns segundos. Roger:
Você vai ceder, não é? Cláudio:
Eu
não sei... Vamos logo pra casa. Roger:
Brother... Cláudio
(interrompendo/nervoso):
Que tal
a gente ir embora em silêncio? Pode ser? Roger
assente com a cabeça em sinal de positivo. A cena se transforma
em um plano aéreo do local, mostrando-os começando a
caminhar. Após alguns momentos, a tela escurece. Abre
dentro
do carro de Léo. Ele e Larissa estão se beijando
de forma ardente. Após alguns segundos, Léo começa
a rir e Larissa olha sem entender. Música:
Lifehouse – Breathing Larissa:
O que foi? Léo
(rindo):
Desculpa. Não consigo parar de lembrar. Você tinha que ver, eles se borraram de
medo. Larissa:
E acha que eles vão obedecer? Léo: Completamente, a menos que ele tenha um desejo repentino de se autodestruir, o que acho bastante improvável. Larissa:
Ótimo! Porque também tenho interesse que esses dois se
afastem totalmente de qualquer um do nosso grupo. Ela
olha
para Léo, morde os lábios e o beija intensamente. Larissa:
Meu
vilão maquiavélico! Sabe que isso me deixou ainda mais
excitada? Léo
(sorrindo): Os velhos viajaram... Quer ir lá pra casa?
Larissa
lança um olhar malicioso e consente com a cabeça. O som
aumenta e toma conta da cena. Léo se desloca para o banco da
frente, ligando o carro em seguida. A imagem sai do veículo e
sobe aos céus. Aos poucos vai clareando e amanhecendo. Quando
desce, vemos a frente do colégio. Corta
para
o refeitório. Cláudio e Helen estão à
mesa, conversando. Cont-
Lifehouse – Breathing Helen:
Não! Não vai acontecer! Cláudio:
Sabia que devieria ter ido ao Roma antes de te contar. Você
não vai me deixar desistir não é? Helen: Claro que não, onde já se viu, depois de tudo que
você passou pra entrar no time e tudo que já engoliu,
largar mão por conta de uma ameaça? Cláudio:
Não foi uma simples ameaça. Foi ` a ameaça ´.
Subestimei bastante aquele cara. Impossível competir com
ele. Helen:
Cláudio, a única coisa que ele quer é te
acovardar. Estamos falando de garotos, que o máximo que
irão fazer é isso. Você consegue aguentar. Eu vou
estar contigo, o Roger vai estar. (pausa)
Por favor, eu te imploro. Não jogue fora o pouco que já
conquistou. Cláudio:
Disse
bem... Pouco. Tão pouco que não vai fazer tanta
diferença assim. Helen
segura
na mão dele e o olha com meiguice. Ele a encara e desvia
o olhar. Helen sorri. Cláudio:
Não, não me olhe desse jeito. Helen
(sorrindo):
Vou te
encarar com olhares fofos e pidões até que você diga que desistiu dessa estupidez. Cláudio balança
negativamente a cabeça e solta um leve riso. A
imagem vai transparecendo e ao mesmo tempo ouvimos o
barulho de uma
torcida que começa tomar conta da cena, transitando para o
Ginásio lotado. No
centro
da quadra está um time de camisa verde,
calções pretos e meias brancas, se aquecendo. No banco de
reservas Roma conversa com os Gladiadores, que vestem
camisas
vermelhas, calções brancos e meias vermelhas. Roma: Cadê o
Cláudio? Felipe:
Parece
que sentiu a pressão e ficou com medo, acontece, treinador. Roma
(balançando a cabeça):
E essa
agora? A
câmera gira até a arquibancada, onde vemos Larissa, Amanda
e mais algumas garotas com as cores do time. Mais acima
estão
Roger e Helen. Corta para eles. Roger:
Ele
desistiu mesmo? Helen:
Eu fiz
de tudo para encorajá-lo. E você? Roger:
Eu
também. Disse para não abaixarmos nossas cabeças. Mas
sabe como é o Cláudio, nessa história ele
não está pensando apenas nele... Está pensando na
gente também. Helen
concorda
com a cabeça e olha com apreensão para a
entrada. Corta para dentro da quadra novamente. Os
Gladiadores formam
um círculo. Roma
(estendendo
a mão):
Gladiadores no três. Corta
apenas
para as mãos sendo colocadas uma em cima da outra.
Após alguns segundos outra mão aparece. A imagem sobe
mostrando o rosto de Cláudio. Música: Green Day – Jesus of suburbia Cláudio:
Desculpa o atraso, treinador. Roma:
Que
seja a primeira e última vez. Eles
gritam
“Gladiadores” e se dispersam para o centro da
quadra. Léo olha para Cláudio, incrédulo. Léo:
Péssima escolha, cara. Cláudio
(sorrindo):
Eu vou
pagar pra ver. Léo
o
encara com fúria e segundos depois se desloca até o
centro. Cláudio vai até o banco de reservas. Antes de
sentar, olha para a arquibancada e acena para Roger e
Helen. Ambos
sorriem para ele. Cláudio ainda encara Larissa, que lança
um olhar sério para ele. Do lado dela, Amanda olha para
trás e encara Roger por breves segundos. Ele também a
olha e segundo depois, Amanda desvia, voltando a atenção pra frente. Corta
para
um ângulo aéreo do ginásio. O juiz apita e o
jogo começa. Lentamente a tela escurece.
Créditos
Finais: Criado
e Escrito por: Thiago Monteiro Música Tema: Switchfoot -
Meant To Live Trilha Sonora: Hoobastank
– Look Where We Are The Tide Is High - Atomic Kitten Lifehouse -
Breathing Green Day – Jesus of suburbia |