Uma sala com vários puffs no chão . Close num aparelho de som e uma mão colocando um cd. A câmera sobe e mostra o rosto de Helen.

 

Música: Dios Malos - You Got Me All Wrong

 

Helen: Que tal essa?

 

Deixa a música tocar por alguns segundos. A imagem abre e mostra Léo de frente a ela.

 

Léo (sorrindo): É bonitinha... (desfaz o sorriso) Pra um velório!

 

Ele tira o cd e coloca outro, sorrindo em seguida.

 

Música: Tree 63 - No Other

 

Helen (sorrindo): Essa é ótima... (desfaz o sorriso) Para um bando de loucos ficarem pulando e batendo cabeças. 

 

Léo: Você sabe que se trata de um baile, certo? Que o principal objetivo é fazer as pessoas se divertirem... Certo? 

 

Helen fecha os olhos e respira fundo e começa a contar. Léo começa a rir. Ela lança um olhar sério para ele, que para de rir imediatamente.

 

Helen: Isso não vai dar certo...

 

Léo: Concordo! Por que diabos a gente tem que escolher as músicas? Isso é trabalho pra algum DJ.

 

Helen: Se você tivesse prestado atenção, saberia que estamos fazendo uma seleção reserva, caso ocorra algum imprevisto com o DJ... Me referi a nós dois, trabalhando juntos...

 

Léo: Por que não daria certo? Nós já formamos uma grande dupla no passado.

 

Helen: Num passado muito longe da realidade de hoje... Vou pedir pra professora trocar as duplas.

 

Helen levanta e caminha até a saída da sala. Léo também levanta.

 

Léo (preocupado): Helen, por favor, não faça isso!  (se aproxima dela) Ouça, eu não pedi pra estar aqui, muito menos pra fazer dupla com você. Mas o diretor me deu um intimado, que se não receber boas críticas sobre o meu desempenho, vai me tirar do time. Eu preciso desesperadamente me sair bem aqui... E não vejo outra pessoa tão responsável e suficientemente capaz, pra conseguir me ajudar a andar na linha, que não seja você.  

 

Helen não responde e fica pensativa por alguns segundos.

 

Léo: O que me diz? Se não desistir de mim, prometo levar isso tudo à sério.

 

Helen: Huh... Presta bem atenção... Vou te dar uma única chance. Se pisar na bola, adeus!

 

Léo (sorrindo): Pode anotar, não vou te decepcionar. 

 

Helen: Acho pouco provável que não... Mas quem sabe no final eu receba uma medalha de mérito por ter conseguido fazer um idiota trabalhar?

 

Léo (sorrindo): Exato! Tirando a parte que me ofende, que aliás, você tem feito com bastante frequência! Isso é influência de quem? De seu amigo fracassado?

 

Helen: E outra coisa... Se você chegar perto do Cláudio ou do Roger, pra ofendê-los, ameaçá-los, ou aprontar com eles... Não só vou desfazer essa parceria, como também irei pessoalmente te entregar ao diretor. Entendido?

 

Léo (surpreso/sorrindo): Uau! Estou gostando dessa versão mais sombria da Helen. Firme, forte, ameaçadora...     

 

Helen entorta a boca e se dirige novamente ao puff. Léo a observa por alguns segundos, sorri novamente e vai até ela. 

 

 

Sala de reforço. Larissa está sentada ao lado de Gaby, que pouco parece interessada na aula. Atrás dela, Cláudio também está com o mesmo garotinho do episódio passado.

 

Larissa (para Gaby): Então, sabe a resposta?

 

Gaby: Se eu soubesse a resposta, não estava tendo aula de reforço, dã. 

 

Larissa (sorrindo): Ótimo... Ela sabe falar. Agora preciso que resolva esse problema, já!

 

Gaby Eu não sei resolver!

 

Larissa: Mas eu acabei de te explicar, criatura!

 

Gaby: Não prestei atenção!

 

Larissa: Vamos fazer um trato? Se você começar a prestar atenção no que eu ensino e acertar a questão, eu te dou uma estrelinha no final da aula.

 

Gaby: Uma estrelinha? Sério? Acha que eu tenho cinco anos? Minha mãe me compra com coisa muito melhor.

 

Larissa (nervosa): Olha aqui sua pestinha! Eu não vou aceitar chantagem de alguém que ainda chupa chupeta. Então trate de fazer o que estou mandando. 

 

Gaby (sorrindo): Eu nunca chupei chupeta... E não vou aprender a lição.  

 

A garotinha mostra a língua pra Larissa e sai de perto. Larissa olha pra frente e respira fundo. Atrás podemos ouvir os risos de Cláudio. Larissa o olha.

 

Larissa: Alguma coisa engraçada?

 

Cláudio (rindo): Parece que você encontrou uma desafiante à altura.

 

Larissa: E é uma pirralhinha de nove anos só... Imagina quando tiver nossa idade?  

 

Cláudio: Graças a Deus não estaremos mais nesse colégio (olha para o garotinho) Ruim pra você, Gui.

 

Gui: A Gaby vai ser minha namorada quando crescer.

 

Cláudio e Larissa se olham e riem. Gui pega suas coisas da mesa e levanta. Ele e Cláudio se cumprimentam com um toque de mão fechada e depois o menino sai.

 

Larissa: Quem dera eu tivesse sua habilidade pra lidar com crianças. 

 

Cláudio: Seja paciente com a Gaby. Ela só está te testando.

 

Larissa: Ah claro, isso não será problema, sou rainha da paciência mesmo... (pausa) Ela parece um pouquinho inteligente pra quem precisa de reforço, não acha?

 

Cláudio: Eles são todos inteligentes, só um pouco hiperativos demais pra prestar atenção... (pausa) Na biblioteca deve ter algum livro que explore alguns métodos... Talvez te ajude. 

 

Larissa (pensativa): Pode ser... Vou dar uma procurada, se eu quiser sair daqui ainda neste bimestre.  

 

Cláudio: Claro que, especialmente para ajudar a Gaby, certo? (sorri).

 

Larissa (sorrindo): Mas é óbvio, a anjinha em primeiro lugar.

 

Larissa levanta e começa a andar, mas para e olha para Cláudio.

 

Larissa: Você vem?

 

Cláudio (surpreso): Contigo na biblioteca?

 

Larissa: Lógico... Você que deu a ideia. Eu não sei exatamente o que procurar. 

Cláudio sorri e levanta, pegando sua mochila. A câmera permanece na sala, enquanto os dois saem juntos. Segundos depois, a tela escurece. 

 

 

 

 

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Quarto de Silvia. Ela está deitada na cama, visivelmente cansada. Ouve-se duas batidas na porta. A câmera se movimenta, mostrando Lucio entre a porta já aberta. Ele sorri para ela, que retribui com um sorriso leve.

 

Lucio: Vim saber como você está, se precisa de alguma coisa?

 

Silvia: Estou bem, Lucio. Obrigada.

 

Lucio se aproxima e senta na cama. Um breve silêncio toma a cena por alguns segundos.

 

Lucio: Conversei com seu médico...

 

Silvia: Não quero falar sobre isso.

 

Lucio: Mas precisamos... Silvia, você tem que operar.

 

Silvia: Sabe o que realmente eu preciso? Que você volte pra sua suíte e me deixe em paz. Não quero uma babá.  

 

Lucio: Que pena! Porque não vou a lugar algum, nem que você comece a gritar.

 

Silvia: Lucio...

 

Lucio (interrompendo): Nem tente... Amanhã vamos ao doutor, para novos exames.  

 

Silvia: E pretende me levar como? Amarrada?

 

Lucio (sério): O problema na cabeça, afetou seu juízo também? Sabe muito bem o que pode acontecer se tomar a decisão de não operar.

 

Silvia: E você sabe muito bem o que pode acontecer se a mínima coisa ali der errada.

 

Lucio: Mas não vai acontecer! A equipe que cuidará de você é a melhor do país.

 

Silvia (irônica): Ah nossa! Estou aliviada agora! (pausa) Não estou nem me referindo a morrer, pois prefiro que isso aconteça, do que correr o risco de me tornar um peso futuro na vida de meu filho.

 

Lucio: De onde você tirou essa bobagem? Deus nos livre que alguma coisa aconteça, mas se acontecer, o que não vai, nunca neste mundo o Cláudio irá considera-la um fardo na vida... É visível no rosto dele, o que tanto ele te ama.  

 

Silvia: Por isso mesmo.

 

Lucio fica sem ter o que dizer. Passa a mão na cabeça e respira fundo. Silvia o encara por alguns instantes.

 

Silvia: Por que você voltou, Lucio? A última coisa que preciso é isso que estamos fazendo... Não percebe que o tempo todo, não importa as circunstancias, estamos discutindo?

 

Lucio: Mas agora é diferente, porque estou com a razão. Não posso e não ficar parado te vendo assim. 

 

Silvia: Eu não preciso da sua pena.

 

Lucio: Está longe disso... Pensar que eu posso te perder pra sempre, me deixou em desespero. Pensar que o Cláudio irá me culpar pelo resto da vida e nunca me perdoar... (balança a cabeça em sinal de negação) Sei que joguei tudo no lixo, mas eu quero tentar de novo, lutar para que sejamos uma família outra vez.

 

Silvia (fechando os olhos/cansada): Boa sorte com isso... Mas não vai mudar minha decisão. 

 

Silvia continua de olhos fechados. Lucio a encara por breves segundos, depois se aproxima do rosto dela e dá um beijo carinhoso em sua testa. Caminha até a porta, mas antes, olha para Silvia novamente. Close em seus olhos que brilham.

 

 

Praça de alimentação de um shopping. Amanda está sentada à mesa, com o pensamento distante. Roger se aproxima, segurando dois sorvetes de casquinhas. Ele entrega um a ela.

 

Música: ColdPlay - Beautiful World

 

Roger: Chocolate pra mim e misto pra minha gatinha (sorri).

 

Ela pega no sorvete um pouco desanimada. Ele começa a lamber o dele e segundos depois percebe que o dela está intacto.

 

Roger: Isso vai  melar sua mão toda se não começar a lamber. 

 

Ela olha para o sorvete e ainda desanimada dá uma lambida.

 

Roger: Só lembrando que foi você que me ligou pra estarmos aqui...

 

Amanda: Não se preocupe, não estou desanimada porque estou com você.

 

Roger (sorrindo): Que bom! Mas que o que está te deixando pra baixo, então?

 

Amanda: Deixa pra lá (lambe o sorvete).

 

Roger: Olha só, se somos namoradinhos de mentira, nada mais justo que você fingir que sou a pessoa que você confia a confidencia também. Pode se abrir.

 

Amanda: Isso não faz o menor sentido... Mas tudo bem, vou fingir que somos amigos e te contar o que se passa comigo.

 

Roger (lambe o sorvete): Sou todo ouvidos...

 

Amanda: Minha irmã mais velha está vindo passar o final de semana conosco.

 

Roger (sorrindo): Que massa! Eu sempre quis ter um irmão mais velho.

 

Amanda: Acredite, você está melhor sendo filho único.

 

Roger: Hum... Imagino que sua irmã então, seja uma versão piorada da Larissa, do tipo que apronta e joga toda a culpa em você, acertei?

 

Amanda: Não, ela é um anjo de pessoa.

 

Roger (confuso): Então não entendo qual o problema...  

 

Amanda: Esse é o problema. Ela é tão fofa e perfeitinha, que consegue cem por cento da atenção dos meus pais. É difícil viver num ambiente onde há comparações... Uma é melhor que a outra... Somente uma é elogiada enquanto você não fez mais do que sua obrigação.

 

Roger: Esse lance de exclusão é um negócio sério...

 

Amanda: Não é? Mas é um pouco diferente de um bando de adolescentes imaturos fazendo isso na escola... Imagina ouvir dentro de sua própria casa, coisas do tipo “Por que você não é que nem a Natália?”... “Por que você não fez como a Nathalia fez?” ... “Se fosse com a Nathalia, seria diferente” ... NathaliaNathaliaNathalia! ... Aaaa!

 

Amanda abaixa o olhar, triste. Roger se solidariza e coloca a mão no braço dela.

 

Roger: Olha, embora eu não viva, nem de longe, situação parecida em casa, entendo o que esteja passando. Sua irmã mesmo não deve ter culpa de nada... Mas essa falta de noção de seus pais, acaba criando esse sentimento em você e o afastamento das duas.  

 

Amanda: Pois é... É triste dizer, mas não consigo sentir por ela, o que sinto pela Larissa, por exemplo.

 

Roger (rindo): E eu considero você e o Cláudio guerreiros nesse ponto.

 

Amanda o olha com seriedade. Roger para de rir e se recompõe.

 

Amanda: Eu só queria ter com eles, toda a atenção positiva que ela tem. Eu nunca pude desabafar com minha mãe e ela nunca me chamou pra conversar, dar algum conselho. Com meu pai então... É só olhares repreensivos, apontadas de dedos... Nada de minha princesa, meu bebê, minha ternura. (abaixa o olhar novamente).

 

Roger: Ouça, eu não sei o que se passa na cabeça deles para ignorarem uma filha tão linda e especial como você. Mas o tempo é o senhor da razão. Um dia eles vão olhar para trás e perceber o que perderam. Além disso, há coisas que acontecem em nossas vidas que nos ensinam valiosas lições para o futuro. Tenho certeza de que você será uma mãe incrível, tratando seus filhos de forma igualitária em todos os aspectos.

 

Amanda admirada, esboça um sorriso a ele. Roger retribui sorrindo também.

 

Amanda: Você está coberto de razão... Obrigada por me ouvir.

 

Roger: Viu? Passar um tempo comigo não é tão inútil assim... (sorri) Você pode ter um confidente e um pateta pra te fazer rir.

 

Amanda (rindo): É verdade... E você tinha razão em outra coisa também...

 

Amanda mostra a mão lambuzada de sorvete derretido. Roger mostra a dele que também está suja. Eles começam a rir e pegam alguns guardanapos na mesa. O som aumenta e toma conta da cena. Seus lábios se mexem, conversando animadamente.

 

 

Biblioteca do colégio. Vemos algumas cenas de Cláudio e Larissa passeando pelos corredores, observando alguns livros, pegando-os e devolvendo em seguida. Corta para Larissa sozinha em um corredor, Cláudio se aproxima  e lhe mostra um livro.

 

Música: 3 Doors Down - Let me go

 

Cláudio: Talvez esse aqui sirva.

 

Larissa pega o livro e o observa por alguns segundos. Close na capa colorida com os dizeres “Aprendendo Matemática Brincando – Volume 1”

 

Larissa: É, pode ser que sim... Isso se ela não achar muito "cinco anos" os métodos aqui ensinados.

 

Cláudio (sorrindo): Dei uma lida por cima, e tem uma parte interessante que diz que a pessoa que está ensinando precisa mostrar um pouco de interesse pela criança também... Você sabe, crianças. 

 

Larissa: Pois é, aí que reside o grande problema... Eu não tenho interesse nenhum em estar aqui.

 

Cláudio: Eu também não tinha... Mas confesso que tem me feito bem, ensinar o Gui. Talvez até continue com voluntário depois que o castigo acabar.

 

Larissa (sorrindo): Claro que sim...

 

Cláudio: O que foi? (pensativo) Ah, já sei... O clichê ambulante aqui. Óbvio que ele iria querer tirar lição de tudo. (pausa) Mas só pra você saber, eu sei ser malvado também. (sorri).

 

Larissa (incrédula): Uhm-Hum... Mas acho que prefiro você assim, bem clichê... Ajuda a dar equilíbrio nas coisas.

 

Cláudio: Ótimo... Só não se decepcione quando eu mostrar meu lado ‘bad ass’ de ser.

 

Larissa (rindo): Eu não vou... (olha para o livro) E vou tentar deixar meu lado ‘mau’ de ser também e tentar mostrar mais interesse e tolerância com a pirralha.

 

Cláudio: Isso! E vale lembrar outra vez que, enquanto ela não tirar boas notas e sair do reforço, o castigo continua. Então...

 

Larissa: A baixinha me tem nas mãos...

 

Cláudio: Exato! Então tente... E se não der certo (pensativo) Você pode considerar aceitar a parte que ela te chantageia. 

 

Larissa (sorrindo): Eu bem que pensei nisso no caminha pra cá.

 

Eles sorriem um para o outro por alguns segundos. Depois, Larissa olha para o livro e começa a folheá-lo e dizer algumas coisas que não podemos ouvir por causa do som que toma conta da cena. Cláudio se aproxima ao lado dela e começa a falar também. Após alguns segundos ele a olha admirado, enquanto Larissa ainda mexe os lábios olhando para o livro.

 

 

Frente do colégio. Helen caminha poucos metros dali. O carro de Léo passa devagar bem próximo a ela. De dentro podemos ver o rapaz olhando-a. 

 

Léo: Quer uma carona?

 

Helen: Não, obrigada. Gosto de caminhar até em casa. Faz bem para o sangue.

 

Ela continua andando e carro a seguindo.

 

Léo: Só uma carona... Isso não vai atrapalhar seu estado físico.

 

Helen: Não, mas o mental, provavelmente.

 

Léo (sorrindo): Vamos lá... Pelos bons tempos?

 

Helen: Que bons tempos? Aqueles que você trocou por status e uma bola? Bons tempos eram os quais eu estava vivendo antes de você aparecer de novo. Esses eu queria de volta.

 

O carro continua seguindo-a, mas para no farol. Helen o passa.

 

Léo (falando um pouco alto): Sua vó ainda faz aquele bolo de chocolate divino?

 

Helen (balançando a cabeça, incrédula): Inacreditável.

 

Ela dobra a esquina, que é contramão para o carro dele, e sai de cena. Close no rosto de Léo que sorri de leve. A tela escurece.

 

 

Abre mostrando Cláudio caminhando pelo corredor do colégio. Roma aparece atrás logo atrás dele.

 

Roma: Cláudio... Posso falar com você um instante?

 

Cláudio (virando-se): Claro, treinador.

 

Corta para eles na sala do Roma. Cláudio está sentando de frente para ele, que o encara por alguns segundos. O treinador abre uma gaveta e coloca um envelope em cima da mesa.

 

Roma: Posso saber o que significa isso?

 

Cláudio: Um pedido pra sair do time...

 

Roma: Eu sei ler... Eu quero saber o motivo dessa decisão, assim, drástica.

 

Cláudio: Eu percebi que isso não é pra mim... Além do mais, falhei no seu teste. Não soube trabalhar a mente sob pressão.

 

Roma: Isso tudo por causa de um único jogo?

 

Cláudio: Envolve vários motivos. Ainda mais agora que estou passando  por alguns problemas pessoais em casa, não vou ter cabeça pra jogar. (levantando) Lamento, treinador.

 

Ele se desloca para sair, mas Roma bate na mesa.

 

Roma: Um momento aí, rapaz! Quando eu disser, está dispensado, você pode sair... E por enquanto ainda não terminei com você... Então, senta!

 

Cláudio senta imediatamente. Roma coloca uma folha em cima da mesa e sorri. Cláudio franze a testa, curioso.

 

Roma: Você sabe que essa não é uma atividade extracurricular comum, não é? Quando fui contratado, fiz o colégio estabelecer normas para que ninguém nos deixasse na mão. (empurra a folha) Leia o parágrafo três.

 

Cláudio pega a folha e começa a mexer os lábios como se estivesse lendo em voz baixa. Ele novamente franze a testa e olha para Roma.

 

Cláudio: Isso não é justo! Eu não assinei contrato nenhum. Não posso ficar seis meses em detenção e uma semana em suspenção, porque resolvi sair do time. Isso não existe.

 

Roma: Tanto existe, que foi o próprio diretor que assinou. Se não concordar, procure um advogado... Mas já vou adiantando, vai ficar muito feio pra você aqui no colégio e perante a cidade, quando souberem o que está nos processando. Aqui é a casa dos Gladiadores, meu filho. Todos morrem de amor por esse time. 

 

Cláudio: O que eu devo fazer então?

 

Roma: Vamos esquecer essa carta de dispensa e compareça amanhã na concentração antes do jogo. Vou te dar um crédito de confiança, mesmo sem ter treinado a semana inteira.

 

Cláudio concorda com a cabeça, contrariado. Roma sorri e aponta para a porta.

 

Roma: Agora sim, está dispensado.

 

Cláudio entorta a boca e sai da sala. Após alguns segundos, Roma começa a rir e amassa a folha do contrato, jogando-a no lixo.

 

 

Casa de Helen. Ela está no sofá, com o controle nas mãos, mudando insistentemente de canal. Rosa se aproxima e senta ao lado dela.

 

Rosa: Você sabe que já passou a lista completa de canais, pelos menos uma cinquenta vezes, certo?

 

Helen: Uma hora alguma coisa aparece...

 

Ela continua trocando de canais. Rosa ao olha por alguns segundos e depois tira o controle das mãos da neta. 

 

Rosa: Por Deus, Helen! Vai me deixar tonta desse jeito! (deixa em um único canal) O que está te perturbando?

 

Helen: Eu? (mexe os ombros) Nada... Só estou entediada, nada demais.

 

Rosa (desconfiada): Uhm-Hum... E o trabalho voluntário, como está?

 

Helen (irônica): Uma maravilha... Especialmente a interação agradável com meu querido companheiro.

 

Rosa (sorrindo): E quem é esse chato que tá te tirando do sério?

 

Helen (bufando): Léo.

 

Rosa (pensativa): Léo, Léo... O Léo que estou pensando?

 

Helen: O mesmo...

 

Rosa: Vocês voltaram a ser amigos?

 

Helen (fazendo careta):  Não, credo! Ele bancou o idiota, como sempre, no passeio ao museu, e como castigo terá que ajudar na realização do baile. E advinha quem teve a felicidade de ser sua parceira?

 

Rosa (rindo): Imagino o desconforto que deve ter sido pra vocês...

 

Helen: E a senhora acha que ele está ligando? Pra ele é como se nunca tivéssemos parado de nos falar. Na verdade, ele não tá nem aí se me fez mal.

 

Rosa: Huh... Garoto indecente!

 

Helen: Eu odeio ele!

 

Rosa: Mas, talvez possa existir um lado positivo nisso tudo. Passando um tempo juntos, vocês podem resolver o que ficou no passado.

 

Helen: E que tal a senhora me pedir pra mudar de par, ou sei lá, me proibir de ser voluntária? Posso até fingir desapontamento, se quiser.

 

Rosa: Não posso, querida. Além do mais, você não é disso, de fugir das coisas. Sem falar também, que vai deixar escancarado que ficou extremamente arrasada, quando ele te abandonou.

 

Helen: Eu não fiquei extremamente arrasada... Um pouco triste por alguns dias, só.

 

Rosa: Meses, você quer dizer...

 

Helen: Vovó! Que tal um pouco de seriedade aqui?

 

Rosa (rindo): Desculpa, minha linda... Veja bem, quando você começou a sair com o Cláudio, você disse que estava mais madura, que não iria sofrer novamente caso se decepcionasse com ele, certo? Então... Mostre para esse Léo aí que você realmente está diferente. Que a presença dele é tão insignificante quanto nada.

 

Helen (pensativa): É... Pode ser. E já que citou o Cláudio, quem sabe eu convença aquele troglodita a deixa-lo em paz. 

 

Rosa (sorrindo): Viu? Eu sabia que minha neta daria um jeito de tirar proveito da situação! (coloca o controle do lado dela) Pode continuar com sua atividade compulsiva.

 

Rosa levanta e sai. Helen sorri e pega o controle, mas dessa vez aperta uma única vez e coloca ao lado, sorrindo ainda mais.

 

 

Casa de Cláudio. Ele está sentado no sofá, assistindo televisão. Lucio chega e senta na poltrona ao lado.

 

Lucio (sorrindo): Algum filme bom na tv?

 

Cláudio não responde e fixa o olhar no televisor. Lucio percebe a ignorada do filho e insiste.

 

Lucio: Como vão as coisas no colégio? Fiquei sabendo que entrou para o time, estou muito orgulhoso de você. Se quiser treinar um dia desses, eu posso...

 

Cláudio (se levantando): Eu preciso sair.

 

Lucio: Filho... Não fuja de mim. A gente tem que conversar.

 

Cláudio: Não... Não começa com isso. Esse negócio de, voltei, estou arrependido, quero recuperar o tempo perdido, e todas essas frases prontas, não vai rolar comigo... Antes de falar que estou fugindo de você, não esqueça que você mesmo fez isso a vida inteira, então, vamos deixar as coisas como estão... Já era assim antes, não tem porque mudar agora. 

 

Lucio: Eu errei com você, errei com sua mãe... Tenho total consciência disso. Mas a vida é feita de novas chances. E eu te peço apenas uma única chance. Uma chance de ser um bom pai e consertar o que se quebrou nessa família. Um voto de confiança apenas, não mais que isso. 

 

Cláudio: Como posso te dar um voto de confiança agora, se você teve dezesseis anos pra tentar alguma coisa? (balança a cabeça, em negação) É tarde demais pra mudar o que sinto.

 

Cláudio levanta a cabeça, dá uma leve encarada no pai e sai de cena. Lucio encosta na poltrona, frustrado. A câmera dá um close em sua expressão de desanimo e segundos depois, a tela escurece.  

 

 

 

Abre mostrando o céu estrelado. Após alguns segundos começa a amanhecer e escurecer novamente. Corta para o ginásio do colégio Esplendor lotado. A câmera dá uma rápida passada pelas arquibancadas, mostrando a torcida, em sua maioria com vestes em vermelho, pulando e gritando.

 

Música: Rock 'n' Roll Soldiers - Funny Little Feeling

 

Corta para a quadra com o jogo em andamento. Os Gladiadores vestem seu tradicional uniforme vermelho, enquanto o adversário está totalmente de preto. Roma se agita e grita, andando de um lado para o outro. Perto dele, vemos os reservas sentados no banco, entre eles, Cláudio.

 

Roma (gritando e abrindo os braços): Que merda você está fazendo? Passa a bola, Léo! Droga!

 

A câmera muda para Léo recebendo a bola. Ele dribla dois adversários e corre. Do seu lado, um companheiro livre de marcação pede o passe, enquanto mais dois jogadores do time rival correm na direção dele. Léo insiste em tentar driblá-los e perde.

 

Sobe a imagem no placar que marca ‘Gladiadores 1x2 Visitantes’. Desce mostrando Roma ainda mais agitado. Ele olha para o juiz e faz sinal de tempo com a mão. O juiz apita e aponta para ele. Os jogadores correm até o técnico.

 

Roma (nervoso): O que vocês pensam que estão fazendo? Falta dez minutos pra acabar o jogo e nenhum chute a gol! Querem engolir uma derrota dentro de casa?

 

Ele olha para Léo, que está tomando água e pouco parece se importar.

 

Roma (nervoso): Leonardo! Presta atenção! Estou a um passo de perder a paciência com você! Se eu mandar tocar a bola (grita) Toca a merda da bola!

 

Léo: Relaxa treinador! O final é sempre o mesmo. Você grita, nós corremos, eu faço o gol e todos ficam bem! Dez minutos é muito tempo ainda.

 

Roma: Não sei se percebeu, mas seus driblezinhos hoje não estão dando certo, os dois chutes que deu, passaram longe do gol. Tem um rapaz colado em você que está te anulando quase por completo. Se não deixar seu ego de lado e ser solidário com seus companheiros, nós vamos perder esse jogo.

 

Léo: Tá, tá, que seja! Podemos voltar?

 

Roma (furioso): Não escutou nada do que acabei de dizer? (aponta para o banco) Senta!

 

Léo (surpreso): O quê?

 

Roma: Ah, agora ouviu? Eu disse senta! Vou te substituir!

 

Léo (rindo): Você não vai me tirar da partida.

 

Roma: Já tirei... (olha para Cláudio) Hei, se alongando, dez segundos, já!

 

Close no rosto de Cláudio, que se mostra extremamente surpreso. Volta a imagem para a roda.

 

Léo (balançando a cabeça/incrédulo): Você está prestes a cometer o maior erro da sua vida. Esse time, sem mim, é uma piada. Sem a minha individualidade e os meus gols, ano passado sequer teríamos passado da primeira fase. Recomponha-se e pense melhor no que acabou de dizer, para que possamos esquecer esse momento.

 

Roma: Moleque petulante, narcisista! Você não dá a mínima pra esse time... Nem se vamos vencer ou perder. Tudo que importa pra você, é aparecer. Mas vou te contar uma novidade... Eu não ligo se vou desapontar seus fãs, porque se tiver que te colocar de molho, em prol da equipe, farei. 

 

Léo: Bom, então acho que está na hora da direção do colégio repensar nosso comando técnico.  

 

Roma (gritando/furioso): Pra fora daqui, agora!

 

Léo soca o ar e sai de quadra, extremamente nervoso. Cláudio se aproxima de Roma.

 

Cláudio: Não acho que é uma boa ideia eu entrar neste momento...

 

Roma (nervoso): Quer fazer companhia ao seu amigo no chuveiro?

 

Cláudio nega com a cabeça. Roma faz sinal para que ele entre na quadra. O garoto respira fundo e entra. A câmera gira até a arquibancada e mostra Helen e Roger, que se olham com um misto de felicidade e apreensão.

 

Roger: Nosso garoto vai jogar.

 

Helen (apreensiva): Agora é o momento da redenção. 

 

Roger (mostrando a mão): Quer fazer uma corrente?

 

Helen: Eu não acredito nessas coisas... Mas me dá logo essa mão!

 

Ela segura na mão dele e ambos levantam as mesmas, gritando o nome de Cláudio.

 

 

Corta para dentro de quadra. Cláudio se aproxima de seus companheiros de equipe.

 

Cláudio: Okay... Eu sei que vocês não me querem aqui, mas que tal deixarmos nossas diferenças de lado e jogarmos como um time, pelo menos agora? Temos apenas 10 minutos para empatar e eu não quero ser aquele vai decepcionar essas pessoas (aponta para o público)

 

Os rapazes se olham, especialmente Gil e Felipe. Esses últimos, concordam com a cabeça. Cláudio sorri para eles e todos tomam posição.

 

O jogo reinicia. Um jogador do time adversário está com a bola. Ele corre na lateral da quadra e Gil aparece, tirando-lhe a bola. Corta para Cláudio livre de marcação, levantando a mão. Gil hesita um pouco, mas toca para ele. Cláudio imediatamente passa a bola para Felipe, que chuta no gol. Close na bola batendo na trave e saindo. Felipe coloca as mãos na cabeça. A câmera corta para Roma no banco.

 

Roma (gritando): Cinco minutos!

 

A bola está com o goleiro adversário. Ele chuta pra frente e Cláudio se antecipa ao jogador adversário, pega a bola e corre. Ele dribla um jogador e chuta em gol. O goleiro espalma para escanteio. Volta a imagem de Roma no banco.

 

Roma (gritando): Um minuto!

 

Felipe cobra escanteio. O adversário chuta pra frente e sobra a bola para Cláudio sozinho na pequena área. Nesse instante a imagem fica lenta e o som abafado. Do banco de reservas, Roma grita ‘chuta’ ao som de como se um aparelho estivesse com a pilha acabando. Na mesma velocidade, corta para a arquibancada, mostrando Helen e Roger ainda de mãos dadas, apreensivos. Corta para o rosto de Cláudio e em seguida corta para seus pés. Ele chuta e a câmera volta à velocidade normal e o som também. Vemos a trajetória da bola que bate na trave e entra no gol.

 

Música: DishwallaCollide (refrão)

 

Cláudio se ajoelha, incrédulo e aliviado. Os companheiros correm em sua direção. Corta para a torcida na arquibancada que pula comemorando o gol. Um close rápido em Roger e Helen que se abraçam. Corta para Roma comemorando, e volta para o meio da quadra, onde os companheiros de equipe estão abraçando Cláudio.

 

A câmera se desloca para o fundo, perto da entrada do Ginásio. Lucio está em pé, sorrindo, orgulhoso. Após alguns segundos, ele vira e sai do local.

 

 

Vestiário. Léo está sentado sozinho, sem camisa e com uma toalha branca tampando o rosto. Os jogadores entram comemorando, inclusive Cláudio, Gil e Felipe. Eles perceberem a presença de Léo, que tira a toalha e olha para eles, os rapazes, menos Cláudio, tentam disfarçar. Roma aparece.

 

Roma: Que coisa linda, ver vocês comemorando um empate (falando alto) dentro de casa, com um adversário ruim e com poucas oportunidades de gol!

 

Os rapazes param com a euforia. 

 

Roma: À partir de segunda, treino dobrado! Chega de gols na bacia da alma. Se esse time é favorito ao título, que façamos por merecer! (olha para Léo) E quanto à você, mister dono da escola, ficará na reserva até que aprenda a ter um pouquinho de humildade.

 

Roma se desloca para sair. Cláudio vai até ele.

 

Cláudio: Treinador! (sorri)... Eu não sei o que dizer. Obrigado!

 

Roma (acenando com a cabeça): Apenas não deixe que isso suba a sua cabeça.

 

Cláudio (sorrindo): Pode deixar.

 

Roma sorri de leve e sai. Cláudio mantém uma expressão de satisfação.

 

 

Ginásio. Várias pessoas ainda estão no local. Roger se aproxima de Amanda, que está conversando com Larissa.

 

Roger: Que jogo, hein? (pega na mão de Amanda e coloca em seu coração) Teste pra cardíaco... Sente só!

 

Larissa (revirando os olhos): A gente se vê na festa.

 

Ela sai e Roger a segue com o olhar.

 

Roger (falando alto): É sempre um prazer falar com você, Larissa!

 

Amanda (repreendendo-o): Roger!

 

Roger (sorrindo): E quanto à festa?

 

Amanda: Tem certeza que quer ir? A matilha toda vai estar lá.  

 

Roger (sorrindo): E tem oportunidade melhor pra me enturmar? Quanto mais rápido isso acontecer, mais rápido você se livra de mim.

 

Amanda (sorrindo de leve): É... Mas olha lá, sem palhaçadas!

 

Roger: E por acaso eu tenho pinta de quem faz palhaçadas? (sorri).

 

 

A câmera gira até a porta do vestiário. Cláudio passa por ela, e centímetros dali, Helen está parada, esperando-o com um sorriso. Ele também sorri ao vê-la e se apressa ao encontro dela. Ambos se abraçam.

 

Helen: Parabéns, herói! Eu disse que você ia dar a volta por cima.

 

Cláudio (aliviado): Foi só um jogo... Mas acho que dá pra ter um pouco de otimismo daqui pra frente.

 

Priscila se aproxima deles, sorrindo.

 

Priscila: Grande jogo, parabéns.

 

Cláudio (surpreso): Obrigado.

 

Priscila: AA festa da vitória será na minha casa hoje... Seria ótimo se você pudesse vir.

 

Cláudio: Acho que não... A última vez que me convidaram para uma reuniãozinha da Elite, quase fui pra casa sem roupa.

 

Priscila (sorrindo de forma maliciosa): Hhm, eu queria ter visto essa cena.

 

Close em Cláudio e Helen que apenas se olham. Priscila insiste.

 

Priscila: Bom, dessa vez você é meu convidado! Então não se preocupe que você só vai tirar a roupa se quiser ocupar um dos quartos (sorri). Além do mais, já passou da hora de todos conhecermos melhor a nova sensação da quadra (entrega um cartão a ele)... Aqui está meu endereço, te espero lá. (olha pra Helen) Você também, anjo. 

 

Ela pisca para Cláudio e sai. Ele olha para o cartão e fica pensativo por alguns segundos. Helen sorri para ele.

 

Helen: O que um jogo não é capaz de fazer?

 

Cláudio: O que você acha? Vamos nessa festa?

 

Helen (fazendo careta): De jeito nenhum! Eu não vou ficar no mesmo ambiente onde pessoas ficarão me medindo da cabeça aos pés.

 

Cláudio (sorrindo): Já não fazem isso na escola?

 

Helen: Mas uma festa eu posso evitar.

 

Cláudio (respirando fundo e amassando o cartão): Bom, se você não for, eu também não vou.

 

Helen (torcendo a boca): Cláudio, tá escrito na sua testa que você quer ir. Vai lá, eu vou ficar bem.

 

Cláudio: Não, eu quero passar a noite da minha redenção, com quem mais me deu apoio. Ou seja...

 

Helen concorda com a cabeça e ambos começam a caminhar em silêncio. Cláudio morde os lábios e finge um expressão triste. Helen percebe e bufa.

 

Helen: Okay, chantagista emocional! Vamos lá, nos confraternizar com essas pessoas nada falsas. Mas vamos combinar, que na hora que eu decidir ir embora, você não vai fazer o mesmo... Tudo bem? 

 

Cláudio (sorrindo): Combinado! Estou curioso mas não acho que vou ficar por muito tempo. 

 

Helen: E por favor, tente não se vangloriar o tempo todo.

 

Cláudio (rindo): Por que disse isso?   

 

A câmera muda, mostrando eles pelas costas, caminhando até a saída do ginásio. Cláudio coloca o braço em volta de Helen, que retribui abraçando-o também. A tela escurece.

 

 

Vista aérea de uma mansão. O local está tomando por jovens, que dançam, bebem, ou estão parados conversando. O som é bastante alto. Corta para Cláudio e Helen tentando passar pela multidão no jardim. Helen se mostra totalmente deslocada, e Cláudio aparentemente tranquilo.

 

Música: Barlow Girl – She Walked Away

 

Helen (falando alto): Não acredito que você me arrastou pra essa loucura!

 

Cláudio (falando alto/sorrindo): Não é tão ruim assim...

 

Helen (falando alto): Engraçado, porque estou me sentindo como você, quando o Roger te arrastou para aquela festa.

 

Cláudio (falando alto): Sim, mas agora é diferente... Ambos somos convidados de honra!

 

Helen (falando alto): Você, quer dizer. A dondoca só me convidou pra fazer média contigo.

 

Cláudio sorri e segura na mão dela, abrindo caminho entre as pessoas.

 

 

Corta para o interior da casa. Roger e Amanda estão sentados num sofá, conversando com duas garotas que estão sentadas no sofá da frente.

 

Roger: Então foi assim, mais uma dessas peças que a vida nos prega... (abraça Amanda) Amor à primeira vista. (sorri).

 

Amanda (falando ao ouvido dele): E a promessa de sem palhaçadas? 

 

Garota 1 (encantada): Ai meu Deus! Eu sempre quis ter alguém que se apaixonasse assim por mim.

 

Roger: Uma coisa posso te afirmar... Não fomos feitos pra ficar sozinhos. Em algum lugar existe alguém perfeito pra você!

 

Ele pega na mão de Amanda e dá um beijo. As garotas se mostram derretidas pela cena. Amanda sorri para elas e levanta, puxando Roger junto. 

 

Amanda: Nos deem licença um segundo...

 

Garota 2: Roger, se você tiver um irmão, peça pra ele me ligar.

 

Roger sorri para ela e Amanda o puxa novamente. Corta para eles afastados poucos centímetros da sala.

 

Amanda: Que tal pegar uma bebida pra mim na cozinha, antes que elas descubram todas as mentiras que você contou, ou eu te enforque?

 

Roger: Sabe que a segunda opção não é má ideia?

 

Amanda (dando um tapa no braço dele): Vá!

 

Roger ri e sai. Amanda balança a cabeça e volta para a sala.   

 

 

Lado externo da casa. Priscila e duas garotas se aproximam de Cláudio e Helen que estão parados perto da entrada.

 

Priscila (sorrindo): Hei! Que bom que aceitou meu convite... (olha para Helen) Oi (tentando lembrar o nome)...

 

Helen (sorriso forçado): Helen.

 

Priscila (sorrindo): Helen... Prometo não esquecer mais.

 

Cláudio: Obrigado pelo convite... Bela casa.

 

Priscila: Não é? As vezes se torna um pouco vazia, grande demais... Meu quarto então, tão solitário.

 

Ela sorri de forma maliciosa. Cláudio e Helen se olham, percebendo a indireta.

 

Cláudio: Nós vamos procurar alguma coisa para beber...

 

Priscila (sorrindo): Sinta-se em casa.

 

Cláudio e Helen se olham novamente e saem. Priscila e as garotas os acompanha com o olhar.

 

Garota 1: Ele é um gatinho, hein?

 

Priscila (sorrindo): E não vai me escapar.

 

Close em sua expressão novamente tomada por malícia. A câmera gira e para em Helen e Cláudio dentro da casa.

 

Helen (rindo): Ela praticamente te intimou a ir pra cama.

 

Cláudio (sorrindo): Viu só aquilo? De completo fracasso a convidado para práticas sexuais... E com uma das garotas mais quentes do colégio.

 

Helen: Pronto, era isso que eu estava dizendo antes de vir pra cá. 

 

Cláudio (sorrindo): Estou brincando... Eu prometo não me deslumbrar com tudo isso, okay?

 

Helen (sorrindo): Ótimo, porque o último que me disse isso, se tornou o maior idiota do mundo.

 

Cláudio (curioso): Quem?  

 

Helen (disfarçando): Nossa, que sede! Que tal um refri?

 

Cláudio (franzindo a testa): Eu vou pegar pra gente... (sorri) Espera aqui.

 

Cláudio sai. Helen morde os lábios e abre bem os olhos, suspirando depois. Ela olha para a porta e franze a testa como se estivesse visto algo. A câmera se movimenta e mostra alguém pelas costas, cambaleando e saindo da casa. Close no rosto de Helen, que mexe os lábios, pensativa.

 

 

Um pouco mais afastado. Cláudio tenta passar pelas pessoas, até chegar à cozinha. O lugar parece congestionado. Ele encosta no corrimão de uma escada e segundos depois olha para cima. A câmera corta para Larissa sentada no último degrau, com olhos fechados e cabeça um pouco baixa. Cláudio hesita por alguns segundos, mas se desloca até ela.

 

Cláudio: Você está bem?

 

Larissa (olhando-o/sorrindo/bêbada): Hei, você! Que felicidade te encontrar numa festa que não seja dentro do banheiro!

 

Cláudio (sorrindo): Não é mesmo? Mas você não parece estar muito legal...   

 

Larissa (rindo): Eu? Estou ótima! Só descansando um pouco antes de mais uma rodada de... (fica séria) Oh meu Deus!

 

Cláudio (preocupado): O que foi?

 

Larissa (colocando a mão na boca e levantando): Acho que vou vomitar!

 

Ela começa correr pelo corredor da parte de cima. Cláudio levanta e vai atrás.

 

 

Lado de fora. Léo está sentado numa cadeira num lugar mais afastado de pessoas. Ele leva uma garrafa de bebida na boca e bebe quase tudo de uma vez. Helen aparece, se aproximando.

 

Helen: Hei...

 

Léo (bêbado/sorrindo): Hei! O que está fazendo aqui? Isto não é lugar pra fofuras como você. (faz sinal de negativo com o dedo) Definitivamente, não é.

 

Helen: Huh... Parece que alguém se excedeu um pouco no álcool.

 

Léo: Eu? Até parece! Só estou tomando um gole pra comemorar... Afinal, perdi minha garota, o mala do treinador me tirou do jogo, e o cara que eu odeio fez o gol que eu deveria ter feito (bebe mais um gole da bebida). Estou feliz da vida! Vem aqui, Helen, toma um drink comigo!

 

Helen não responde, mas esboça preocupação com o olhar. Léo a olha por alguns segundos e sorri para ela.

 

Léo (sorrindo): Sabe o que vou fazer assim que terminar essa garrafa? Mostrar quem é que manda neste lugar! Vou lá dentro, achar aquele cara, dizer umas boas verdades a ele e encher a cara dele de socos... Muitos socos. Tantos socos que ele vai precisar de uma cara nova (começa a rir).

 

Helen (se aproximando): Eu tive uma ideia melhor... E se eu te acompanhar até em casa? Você não queria conversar comigo?

 

Léo (bêbado): Não posso, criança... Se meus pais me virem assim  é o fim da minha vida. (respira fundo) Se bem que, que  diferença faz?

 

Helen fica hesitante por alguns instantes, olha para trás e de novo para ele. A câmera dá um close nele fazendo movimento de soco com a mão.

 

Helen: E que tal a gente ir lá pra minha casa? Lembra daquele bolo de chocolate divino que você perguntou? Minha avó fez.

 

Léo (olhando-a): Você me odeia, Helen... Eu sei exatamente o que está tentando fazer. Não vai funcionar. 

 

Helen (sorrindo): Que tal me dar a chance de te odiar um pouco menos, vindo comigo? O que me diz?

 

Léo (pensativo): Eu não sei, estou tão determinado em tacar o terror... Não sei, preciso pensar um segundo. (imediatamente) Tá bom, deixa eu achar minhas chaves.  

 

Helen (rindo): Não, não... Nós vamos de taxi.

 

Léo (bufando): Por que você tem sempre que estragar uma possível aventura?

 

Ele tenta se levantar, meio cambaleando. Helen vai até ele e o ajuda, colocando o braço dele em volta de seu pescoço.

 

Léo (bêbado): Tem bolo mesmo?

 

Helen (sorrindo): Claro... Eu jamais te enganaria a respeito de algo assim.  

 

Léo sorri para ela e ambos começam a caminhar. A câmera muda para uma visão aérea do local, mostrando-o ainda tomado por muitos jovens. A tela escurece. 

 

 

Abre com Amanda na sala, em pé, com os braços cruzados e batendo os pés impacientemente.

 

Amanda: Que demora, Roger.

 

Gil aparece e a abraça por trás, fazendo movimento de música lenta. Amanda imediatamente tenta sair.

 

Amanda (nervosa): Que diabos você pensa que está fazendo? Me solta! 

 

Gil (sorrindo/tentando beijá-la): Por favor, não vem dar uma de difícil agora... Lembro muito bem de alguém que adorava quando eu chegava por trás.

 

Amanda pisa no pé dele e se solta. Vira pra frente e o empurra com força. As pessoas próximas reparam na cena.  

 

Amanda (furiosa): Que merda deu em você? Fica longe de mim!  

 

Gil (nervoso): Qual o seu problema? Está quebrada? Se for o caso, eu dobro o que aquele idiota está te pagando... Só por uma noite.

 

Ele começa a rir. Amanda num acesso de fúria, acerta um tapa no rosto dele. Gil vira o rosto, colocando a mão em cima do local acertado. Amanda se desloca para sair, mas o garoto pega no braço dela e a segura com força, beijando-a. Ela tenta, em vão, escapar. A câmera se movimenta mostrando Roger aparecendo com dois copos nas mãos e olhando para os copos.

 

Roger: Você não imagina o trânsito que está para pegar uma simples...

 

Antes de terminar a frase, ele olha pra frente e vê a cena de Gil com Amanda. Imediatamente solta os copos e se aproxima de Gil, puxando-o e acertando um soco no rosto dele, que cai entre as pessoas que estão por perto. Roger se vira para Amanda.

 

Roger: Você está bem?

 

Amanda (ofegante/aliviada): Agora estou.

 

Gil se levanta cheio de fúria. Ele balança a cabeça e aponta o dedo para Roger.

 

Gil: Você está morto!

 

Ele corre pra cima de Roger, que consegue desviar e chutar a bunda dele, assim que ele passa por completo. Gil vai ao encontro da parede e se choca, batendo a cabeça e caindo. As pessoas em volta começam a rir, inclusive Roger e Amanda.

 

Roger (pegando na mão de Amanda): Vamos dar o fora daqui antes que a gangue apareça!

 

Amanda concorda com a cabeça e ambos saem apressadamente. Segundos depois, Gil começa a se levantar, meio cambaleando. Felipe aparece e ri ao vê-lo.

 

Felipe (rindo): O que houve?

 

Gil (nervoso): Eu vou dar uma surra naquele moleque na frente de todo mundo!

 

 

Corta para dentro de um quarto. Larissa está deitada na cama, abatida. A imagem abre, mostrando Cláudio sentando na beira, perto dela.

 

Cláudio: Se sente melhor?

 

Larissa: Um pouco... (coloca a mão na cabeça) Só essa dor de cabeça que não quer passar. 

 

Cláudio (sorrindo): É um preço à tamanha bebedeira. Tente descansar um pouco.

 

Larissa encosta a cabeça no travesseiro e fecha os olhos.

 

Larissa: Obrigada... Por cuidar de mim.

 

Cláudio: Você pode contar sempre comigo.

 

Ela sorri novamente e vira para o lado oposto ao dele. Cláudio permanece sentado, olhando-a com ternura.

 

 

Casa de Helen. Ela e Léo passam pela porta e se dirigem à sala. Ele continua apoiado nela.

 

Léo (falando um pouco alto): E o bolo?

 

Helen: Shhh! Vai acordar minha vó! Já vou pegar.

 

Ela coloca o coloca no sofá e vai até a cozinha. Segundos depois aparece com um copo.

 

Léo: O que é isso?

 

Helen: Bebe, você vai adorar!

 

Léo pega o copo e Helen o ajuda a introduzir na boca. Segundos depois, ele faz careta.

 

Léo: Mas que droga é essa?

 

Helen (sorrindo): É pra que você se sinta melhor (leva a mão dele com o copo à boca) Agora, beba tudo!

 

Léo tenta resistir, mas Helen insiste segurando a mão que está com o copo, até que termine. Ele encosta a cabeça no sofá e suspira, fechando os olhos depois.

 

Léo: Você é má, Helen.

 

Helen o olha por alguns segundos. A câmera dá um close no rosto de Léo, que parece dormir. Ela o ajeita-o no sofá, fazendo-o deitar-se.

 

 

Vista aérea de um bosque. Roger e Amanda aparecem correndo de mãos dadas, até pararem parto de um lago.  

 

Roger (sorrindo/ofegante): Acho que despistamos eles...

 

Amanda (recuperando o folego): É, provavelmente sim... (respira fundo) Acho que nunca corri tanto em minha vida.

 

Roger: Nem precisava ter feito isso... Era eu que eles queriam.   

 

Amanda: E você acha que eu ia te deixar sozinho, depois do que fez?

 

Eles se olham por alguns instantes e sorriem um para o outro.

 

Amanda: Eu não tenho palavras suficientes, para demonstrar o quanto estou grata pelo que fez por mim.

 

Roger: Não foi nada.

 

Amanda: Foi sim... Ninguém nunca me defendeu daquele jeito. Mesmo sabendo as consequências, e mesmo esse namoro sendo de mentira, você foi meu herói.

 

Roger: É o mínimo que eu faria por você... Independente de nossa situação.

 

Amanda se adianta e lhe surpreende com um forte abraço. Em seguida dá um beijo carinhoso e demorado no rosto dele e se afasta por alguns centímetros.

 

Música: Story Of The Year - Sidewalks 

 

Amanda (sorrindo): Acho que isso pode ser o começo de uma amizade verdadeira.

 

Roger (surpreso/sorrindo): Seria ótimo... Pelo menos saberei que é desejo seu, eu estar por perto.

 

Eles se olham por alguns instantes, sorrindo. O som toma conta e a cena muda para um ângulo aéreo. Eles começam a caminhar e conversar, gesticulando. A câmera sobe um pouco mais e mostra o céu, quando desce, vemos a frente da mansão.

 

 

A imagem vai se aproximando e transparecendo para dentro do quarto. Cláudio observa Larissa dormindo. Segundos depois, ele alisa o cabelo dela e se inclina.

 

Cont - Story Of The Year - Sidewalks 

 

Cláudio (sussurrando): Boa noite, meu amor.  

 

Ele dá um beijo carinhoso na testa dela e levanta, vai até a porta e sai, fechando-a. A câmera permanece no quarto e se movimenta lentamente na cama, até chegar ao rosto de Larissa. Ela abre os olhos e fica com uma expressão de estranheza. Segundos depois, a tela escurece.

 

 

 

 

 


 

Créditos Finais:

 

 

Criado e Escrito por:

 

Thiago Monteiro

 

Música Tema:

 

Switchfoot - Meant To Live

 

Participações Especiais:

 

Mackenzie Rosman como Priscila

Tiffany Espensen como Gaby

Clayton Mattingly como Gui

 

Trilha Sonora:

 

Dios Malos - You Got Me All Wrong

Tree 63 - No Other

ColdPlay - Beautiful World

3 Doors Down - Let me go

Rock 'n' Roll Soldiers - Funny Little Feeling

Dishwalla – Collide

Barlow Girl – She Walked Away

Story Of The Year - Sidewalks

 

 

                                             

 

 

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