Refeitório
do
colégio Esplendor. Cláudio, Helen e Roger estão
em sua tradicional mesa, conversando. Roger olha algumas
vezes para
trás, cismado. Cláudio percebe o incômodo do amigo. Música:
Yellowcard - Only
One Cláudio:
Que tanto você
olha pra trás? Roger:
Vocês não
acham estranho eu não ter sofrido nenhum atentado pelos baba
elites, mesmo depois de uma semana? Cláudio:
Talvez estejam
planejando algo e esperando o momento certo pra agir. (sorri). Roger
(sarcástico):
Obrigado irmão,
tirou um peso de cima de mim. Helen:
Sua namorada de aluguel
deve ter intimado eles, mas não quer te contar pra não
ferir sua masculinidade. Roger
(pensativo):
Verdade, ainda mais
agora que ela gosta de mim como pessoa... Helen:
Mas se quiser, posso
falar com o Léo sobre isso. Cláudio
(estranhando/sério):
E desde quando
você tem intimidade com aquele idiota? Helen:
Esqueceu que estamos
trabalhando juntos na organização do baile? Cláudio:
O que não quer
dizer que pode pedir algum favor à ele. Cláudio
balança
a cabeça, em reprovação. Helen
fecha a cara. Roger percebe o clima estranho que ficou. Roger
(para
Cláudio):
Relaxa... Ela não
vai precisar pedir nada ao mala sem alça lá... Se eles
tentarem alguma coisa, sei me defender (ergue a
sobrancelha) Eu
acho. (para Helen) E
você, meu
amor, agradeço a preocupação, mas vou ficar bem. Helen
sorri
de leve e concorda com a cabeça. Roger olha na
direção da mesa onde Amanda costuma ficar e ela faz sinal
para que ele se aproxime. Roger
(levantando):
Me deem licença,
que o prazer me chama. Ele
sai
de cena e a câmera o acompanha até chegar na mesa de
Amanda. Ela sorri ao vê-lo, e ele senta de frente para
ela. Roger
(sorrindo):
Mandy,
minha linda! Sentiu saudades? Amanda:
Mandy? Roger:
O pessoal aqui te chama
de Amandinha, Mandinha,
Amanda... Eu queria ter o meu próprio jeito de te chamar.
Posso?
Amanda
(erguendo a
sobrancelha e aprovando):
Mandy,
gostei. (sorri)... Agora,
não
que eu me importe com isso, só não quero que você
venha me dizer que não estou cumprindo nosso trato e etcetera,
mas você ia ficar o tempo todo sem vir aqui hoje? Roger
(feliz):
Quem diria que
chegaríamos ao dia em que você cobraria minha parte no
acordo? Esse mundo dá voltas. Amanda:
Não vamos abusar, okay? Roger: ‘Empolgaçãozinha’
de leve,
apenas... Mas respondendo sua pergunta, claro que meu dia
escolar
não seria completo, se não viesse te ver. Só
estava conversando um pouco com meus amigos, que a
propósito, a
gente podia sentar com eles algum dia desses, só pra você ver
como eles
são legais. Amanda
(dando os ombros):
Pode ser. Roger
(surpreso):
Mesmo? Amanda:
Sim, se você diz
que eles são legais, eu posso tentar conhece-los também. Roger
sorri
para ela, bastante surpreso e admirado. A câmera gira
até a mesa em que Helen e Cláudio estão. Ele olha
na direção dos dois e sorri, olhando para Helen que
mantém um semblante sério. Cláudio:
Pela expressão
dela, parece que as coisas estão fluindo muito bem entre
eles. Helen
concorda
com a cabeça e esboça um sorriso forçado,
mas sem dizer nada. Cláudio percebe. Cláudio:
Qual o problema? Helen:
Eu não pedi pra
fazer dupla com o Léo, você sabe muito bem disso.
Não preciso que me julgue. Cláudio:
É aí que
não entendo. Você não pediu pra fazer dupla com
ele, mas não fez nenhum esforço pra desfazer? Já
que é voluntária, poderia muito bem ter saído fora. Helen:
Não é
tão simples assim... Não vou
sair de algo que eu gosto de fazer, por causa de uma pessoa.
Além do mais, você sabe muito bem que não sou de
negar ajuda a quem precisa. Cláudio
(irritado):
Negar ajuda a quem
precisa? Você está se ouvindo? Esqueceu que ele
está nessa situação porque mereceu? Helen:
Se você não
tivesse servido de canal pra fazer ciúmes, talvez ele não
tivesse te atacado. Cláudio
(afetado):
Então chegamos ao
ponto em que você me ataca e começa a defender o
Léo? Helen:
Isso que acabou de
dizer, não tem nada a ver. Eu sequer gosto do Léo. Mas
você está fazendo tempestade por uma coisa pequena,
só isso. Cláudio:
Quer saber? Fim de
conversa. Helen:
Concordo... Te vejo mais
tarde. Helen
levanta
e sai, nervosa. Cláudio balança a cabeça e
levanta as mãos, incrédulo. Corta para a abertura.
Larissa
entra
toda sorridente no refeitório e vai até a mesa de
Amanda e Roger, sentando ao lado da amiga. Roger e Amanda
se
entreolham, estranhando.
Música: Rock 'n' Roll Soldiers - Funny Little
Feeling Larissa:
Olá, casalzinho vinte. Roger:
Está realmente me vendo aqui? Larissa:
Pois
é, se minha melhor amiga consegue te suportar, talvez eu
possa
fazer o mesmo. Afinal, é só até o baile mesmo, huh?
Roger
olha
para Amanda, que sorri sem jeito. Larissa:
E quer
saber? Serei sua anfitriã no que mais deseja... Se tornar
popular (olha para uma mesa cheia de garotas)
Meninas, venham
aqui. As
garotas
se deslocam até os três. Close em Amanda que
demonstra um semblante de desconforto. Larissa:
Conhecem o Roger? Garota
1:
O
eterno romântico? Ainda estou esperando a resposta, se tem
um
irmão para me apresentar. Roger
(sorrindo):
Não, é fabricação única,
exclusividade de papai e mamãe. Garota
2:
Que
pena. Larissa:
Sentem-se. As
garotas
puxam as cadeiras e começam a conversar com Roger, que
se mostra bastante confortável. Larissa olha para Amanda e
pisca. Amanda esboça um sorriso forçado para a amiga. Corta
para
a mesa onde Léo, Gil e Felipe conversam. Felipe
(rindo):
Como
está sendo colar purpurinas em cartazes para o baile? Léo:
Comparado com ter que varrer o colégio, o trabalho é uma
maravilha. Léo
e
Gil começam a rir. Felipe revira os olhos. Felipe:
De
todas as punições, de longe a minha foi a pior. E olha
que nem cheguei a pintar aquele maldito quadro. Gil:
Sem
falar que livrou a cara da Priscila só pra levar um pé na
bunda
depois. (começa a rir). Felipe:
E tem
mais isso... Gil:
Falando
em punições, mulheres, como está sendo trabalhar
com a pequena órfã? Léo:
Não fala assim... Ela está
ajudando a me sair bem no castigo. Gil:
Faz ela
ficar louquinha por você. Léo:
A troco
de quê? Gil:
De seu
lugar no time. O panacão,
melhor
amigo dela, deve ser do tipo que faria qualquer coisa pra
não
ver os amigos sofrerem. Então conquiste a órfã e
ameace humilhá-la em público, caso ele não saia da
equipe. Léo
(indignado):
Ficou
maluco?
Acha que eu preciso ameaçar alguém pra conseguir
tomar o lugar provisório daquele mané? Todos nós
sabemos que é fogo de palha do Roma, assim que a coisa
começar a apertar de vez, eu serei o primeiro que o velho
pedirá socorro. Felipe:
Não teria tanta certeza disso. O velhote é teimoso e
enquanto o Cláudio estiver jogando mais ou menos, e você
não mostrar um pouco de humildade, definitivamente, vai
continuar esquentando o banco. Gil:
E o rapaz parece estar ganhando confiança... Mesmo que a gente
resolva boicotá-lo, o Roma vai sacar e é capaz de abrir
mão da temporada só para castigar o time inteiro. Agora,
se ameaçarmos destruir a vida social da garota, ele rapidinho
voltará a ser figurante. Léo (surpreso):
Cara,
você é muito pior que eu... Mas até que não é uma má ideia... Só que fique bem claro
que se não fosse pela cabeça pré-histórica
do Roma, eu jamais precisaria de algo assim pra ser titular.
Felipe:
Relaxa,
meu caro... Todos nós aqui sabemos que você é
melhor jogador, que o time é uma piada sem você... Gil
(completando):
Que
você é a atração principal da quadra... Felipe
(completando):
Que as
pessoas, os patrocinadores e tudo que pode se move, vêm aqui
só pra te ver... Gil
(completando):
Que
somos meros coadjuvantes perto da sua... Léo
(cortando):
Okay, já chega! Eu entendi, foi
mal ter
diminuído vocês na discussão com o velho. Mas eu
estava puto da vida. Felipe:
Não se preocupe, nós sabemos que humildade é uma
palavra desconhecida no seu vocabulário. Gil:
E por
isso mesmo, que o único jeito de voltar com tudo, é
ameaçando e pisando em cabeças menores. Então... Léo:
Farei o
que for preciso pra me dar bem. Ele
olha
decidido na mesa de Cláudio, focando a imagem de seu rosto
por alguns segundos. Cozinha
da
casa de Cláudio. Silvia está em frente ao
fogão, levando uma colher na boca e experimentando o que
parece
ser um molho. Lucio aparece com o paletó sobre os ombros,
colocando na cadeira. Lucio:
Cheguei... (respirando forte) Hum, o cheiro está
maravilhoso. Silvia:
Em
todos esses anos de casados, a coisa mais difícil era te
fazer
almoçar em casa. Lucio
(puxando
a cadeira e sentando):
Bom,
melhor ir se acostumando, porque vou bater meu ponto sempre
aqui agora. Silvia:
E vai
continuar sem conseguir me convencer. Lucio:
É o que vamos ver. Não te convenci a se casar comigo? Silvia:
Teve
uma barrinha que ajudou bastante na decisão. Mas agora é
bem diferente, não se engane, você está longe de
ser persuasivo. Talvez eu morra da cabeça, mas não do
coração. Lucio:
Como
consegue fazer piada com uma situação tão
séria como a sua? Silvia:
Nunca
ouviu a expressão ‘rir pra não chorar’? Lucio:
E que
tal a expressão ‘nunca desistir de lutar’? Silvia:
Estou
de pé, não estou? Lucio:
Mas é pura fachada. A verdadeira luta será quando
você estiver usando uma roupa de hospital e se alimentando
daquelas nojentas papinhas pós-operatórias. (faz cara de
nojo). Silvia
(desconversando):
Por que
não vai assistir esportes, enquanto eu termino o almoço?
Seu time não joga hoje? Lucio
(se
levantando): Sabe
que
aquela ideia de te levar amarrada para o hospital, não
parece
tão absurda agora? Talvez eu compre alguns sedativos
também. Lucio
pisca
para ela e sai. Silvia sobe as sobrancelhas e balança a
cabeça, voltando a preparar o almoço. Corredor
do
colégio. Sinal toca e vários alunos saem pelas portas.
Amanda e Larissa caminham juntas. Amanda:
O que
foi aquilo no intervalo? Larissa:
Sobre? Amanda:
Você empurrando aquelas garotas para o Roger? Larissa
(dando
os ombros):
E qual
o problema? Não era parte do acordo que ele se enturmasse e
largasse logo do seu pé? Amanda:
Sim,
mas as coisas mudaram um pouco. Acho que podemos ser amigos.
Larissa:
E
você acha que ele não espera que você mude de ideia
e transforme essa mentira em verdade? Então é melhor que
ele se envolva agora com outras garotas, do que sofrer mais
tarde,
quando o acordo acabar. Elas
param
em um determinado ponto e ficam de frente uma para outra.
Larissa
a olha com desconfiança. Larissa:
A
não ser que você esteja com ciúmes... Está? Amanda
(rindo
nervosamente):
O
quê? Claro que não! Você sabe que eu não sou
de me prender a um único garoto. Larissa:
Ótimo! Então pare de agir como se se importasse. (pausa) Preciso ir para o
reforço, mais
tarde a gente se fala. Amanda:
Beijo. Larissa
sai.
Amanda encosta na parede, ficando com uma expressão
confusa. Sala
de
música. Helen e Léo estão sentados em puffs,
cada um com um caderno, fazendo
anotações. Helen parece um pouco distante, riscando o
caderno sem prestar atenção. Léo:
Quase
acabando... Helen:
Graças a Deus. Léo: Pensei que já tínhamos superado a fase em que você quer se livrar de mim o quanto antes. Helen: O mundo não gira ao seu redor, e hoje quero sair
logo daqui, mas por outros motivos. Léo:
Cite
um... Helen
(incomodada):
Não é da sua conta. Léo
(rindo):
Ouch! Doeu. Helen
o
encara com incredulidade. Léo coloca o caderno no chão
e puxa o puff para mais perto
dela. Helen:
O que
está fazendo? Léo:
Vamos
deixar o dever um pouco de lado e você vai me contar o que
está te incomodando. Helen:
Ehr... Não, não vou não. Léo:
Vamos
lá, estou em dívida com você depois do que fez por
mim naquela noite. Deixe-me tentar retribuir, pelo menos te
ouvindo. Helen:
Deixa
eu esclarecer uma coisa... Você não está em
dívida comigo. O que me fez te tirar da festa e te levar pra
minha casa, foi porque você estava determinado em acabar com
a
noite do Cláudio, só isso. Léo:
Mas
você não precisava me dar aquele negócio ruim pra
eu me sentir melhor. Helen:
Ah
não, aquilo foi para que eu me sentisse melhor, com você apagando. Léo
começa
a rir. Helen não resiste e ri também, mas
para em seguida. Léo:
Olha,
eu sei que supre grande magoa de mim por causa do passado... E
eu fiz por
merecer. Mas ele não é um idiota como eu... Então
seja o que for, logo vocês vão se resolver. Helen:
E como
sabe que meu problema é com o Cláudio? Léo:
Eu meio que te vi saindo do refeitório cuspindo fogo... E como
ele não foi atrás, presumi que haviam se desentendido.
Só espero que não seja por minha causa.. Helen: Claro, porque você nunca ficaria feliz em ser o motivo dos problemas dos outros. Léo: Não quando você estiver envolvida. (pausa)
Helen, seu que não vai acreditar, mas mesmo depois de todo nosso
afastamento, não deixei de sentir carinho por você...
É verdade. Helen
olha
para ele ainda com um ar de incredulidade. Pega o caderno e
começa a escrever. Helen:
Vamos
terminar as anotações pra irmos embora... Okay?
Léo
sorri
para ela e concorda com cabeça. Ele pega seu caderno fica
encarando-a por alguns segundos. Sala
de
reforço. Larissa está ao lado de Gaby,
enquanto Cláudio está atrás com o Gui. Larissa:
Então, agora me diz a resposta... Eu sei que você sabe. Gaby
morde o lápis, escreve no caderno e mostra para Larissa,
que
lança um olhar furioso a ela. Larissa:
Gabriela! Estou ficando cansada dessa sua rebeldia! Se não
começar a mostrar interesse, vou pedir pra ajudar outra
criança. Gaby:
Que
bom! Porque já estou cansada da sua voz. Larissa
bufa
e olha para trás, chamando atenção de
Cláudio. Larissa
(falando
baixo):
Nenhum
dos métodos do livro foi capaz de estimular essa
criança... O que mais eu posso fazer? Cláudio
(falando
baixo):
Psicologia reversa? Larissa
(falando
baixo):
Ah
claro, se eu mandar ela não fazer, aí que ela para de
vez. Ela
vira
para frente e fica pensativa por alguns segundos. Olha
para Gaby e respira fundo. Larissa:
Está bem, mocinha... Você venceu. Eu desisto! Não
há nada neste mundo que te faça dar o braço a
torcer. Tentei de todas as formas chamar sua atenção, mas
preciso admitir que sou péssima nisso. Gaby
não responde, apenas fica olhando para Larissa, que abaixa
o
olhar, com uma expressão de tristeza. Larissa:
Eu
só queria ser boa em alguma coisa, sabe? Poder contar para
minha
mãe na visita, que eu ajudei uma garotinha linda a tirar
notas
boas. Gaby:
Onde
está sua mãe? Larissa:
Na
cadeia. Close
rápido
em Cláudio que franze a testa. Volta para Larissa
que passa o dedo no olho, como se fosse enxugar uma
lágrima. Larissa:
Ela
vivia se drogando e começou a roubar... É tão
triste, algumas pessoas apontam o dedo pra mim na rua, falam
que vou
ficar igual a ela... Por isso que as vezes eu pareço
nervosa,
sem paciência e acabo descontando toda minha
frustração nas pessoas. Mas é só um
mecanismo de defesa. No fundo eu sou a garota mais triste do
mundo. Larissa
abaixa
a cabeça, expressando tristeza no rosto. Gaby
lança um olhar solidário a
ela, depois começa a escrever no caderno. Gaby
(empurrando o caderno):
A
resposta é oito. Larissa
(pegando
o caderno e se animando):
Isso
mocinha! Eu sabia que você era inteligente! (pausa)
Que tal a gente se ajudar a partir de
agora? Prometo que serei mais paciente, menos chata e muito
mais
interessada. O que me diz? Gaby:
Pode ser... Só não fica mais
triste
tá? Prefiro ver você gritando comigo do que chorando. Larissa
sorri
e concorda com cabeça. Empurra o caderno novamente a ela e
aponta para algo. Gaby começa
a
escrever. Larissa sorri novamente e olha para Cláudio, que
balança a cabeça e tapa o rosto com a mão. A tela
escurece. Abre
mostrando
a sala do lado de fora. Gaby
e
Gui saem e começam a andar pelo corredor. Gui:
Você acreditou que a mãe dela está presa? Gaby:
Lógico que não, mas minha mãe disse ontem que se
eu não começar a ter notas boas, nós não
vamos pra Disney nas férias. Como a Larissa é muito
chata, é melhor fingir que tô
com pena e aprender logo. Gui
(encantado):
Quer
ser minha namorada? Gaby
(fazendo careta):
Ew, não! (começa
a correr) Mas quem sabe quando a gente crescer? Ela
corre
deixando ele sozinho com um largo sorriso no rosto. Depois
começa a correr também. Sala
de
reforço. Larissa e Cláudio estão sozinhos,
organizando a sala. Larissa cantarola algo, feliz. Larissa:
Viu
só aquilo? Ela não só resolveu todos os
probleminhas, como ainda me deu um beijo na hora de sair. Cláudio:
Pois é... Me surpreendeu ela ter
acreditado na
história da mãe fora da lei. Larissa
(sorrindo):
Por
favor, são crianças, por mais espertas que sejam, sempre
é possível enganá-las de alguma maneira. Cláudio
(desconfiado):
Sabe
que
se eu tivesse te conhecido hoje, diria que está radiante
porque
ela finalmente cedeu? Larissa:
E
não deveria estar? Em breve vou poder sair daqui, graças
a Deus. Cláudio
(sorrindo):
Eu acho
que vai sentir falta dela. Larissa
balança
a cabeça, em negação. Corta para
eles caminhando pelo corredor. Larissa:
É um pouco difícil pra eu dizer isso, então,
escute apenas, okay? (pausa) Obrigada por ter
cuidado de mim na
festa. E antes que diga que qualquer pessoa faria o mesmo,
não
é verdade... Muita gente se aproveitaria da
situação, mas você foi um anjo. Cláudio:
Bom, eu
ia mesmo dizer que não foi nada e que qualquer um faria o
mesmo,
mas como você se antecipou, apenas sorrio e aceno com a
cabeça. Larissa:
Quer
fazer alguma coisa hoje à noite? Acho que está na hora da
gente começar a se conhecer um pouco melhor, além de,
claro, poder compensar de alguma forma o que fez. Cláudio
(sorrindo):
Claro, tem alguma coisa em mente? Larissa:
Me
encontre na lanchonete perto da praça, lá pelas sete,
sete e meia. Cláudio
(sorrindo):
Okay, estarei lá. Casa
de
Larissa. Rosangela e Jonatas conversam no sofá. Rosangela:
Ela vai querer me matar
e depois rogar todas as pragas possíveis pra cima de você. Jonatas:
Meu amor, nós
somos os adultos da casa, ela que tem que temer a gente, não
o
contrário. Rosangela:
Mas você conhece o
furação Larissa... É capaz dela resolver fugir de
casa e fazer um escândalo do tamanho que a cidade vizinha
irá ouvir. Jonatas:
Quer desistir?
Não tem problema, a gente desiste. Rosangela:
Claro que não,
depois de todos os fracassos, estou recorrendo à qualquer
outra
alternativa. Vamos seguir com isso. Jonatas:
Ótimo! E
você sabe que eu a amo como filha, não sabe? Então
confie em mim, isso é para o bem dela, para aprender a dar
valor
as coisas que têm e principalmente, de onde elas vêm. Rosangela
(dando um
selinho nele):
Execute o plano, meu
amor! Confio cegamente em você! Jonatas
sorri,
em seguida Rosangela deita a cabeça no peito dele e
ambos voltam a atenção para a televisão. Casa
de
Cláudio. A porta do banheiro abre e Cláudio sai, de
camisa branca e shorts, enxugando a cabeça com a toalha.
Ele
caminha até seu quarto, entrando e se assustando ao se
deparar
com Lucio esperando-o. Da janela podemos ver que é
noite. Cláudio
(se
recuperando do susto):
Por Deus! O que faz
plantado aí? Lucio:
Precisamos conversar. Cláudio
(se
dirigindo até o guarda roupa):
Já não
passamos por isso? Lucio:
Mas dessa vez é
sobre sua mãe. Já tentou falar com ela a respeito da
operação? Cláudio:
Claro que já, mas
ela reluta toda vez que toco no assunto. Lucio:
Eu estive pensando,
talvez haja um meio de convencê-la. Cláudio
para
de mexer no guarda-roupa e olha com interesse para Lucio.
Cláudio:
Estou ouvindo... Lucio:
Que tal a gente se aliar? Eu sei que você me odeia, e
infelizmente não posso tirar sua razão. Mas pense comigo,
se ela começar a sentir que somos uma família de novo...
Que nós dois estamos nos entendendo, tendo uma
relação entre pai e filho... Talvez isso desperte um
desejo maior nela de lutar pela vida. Cláudio:
Eu não sei...
Acho meio difícil ela acreditar que de repente as coisas
mudaram
entre nós, principalmente por ela saber muito bem o que
sinto
por você. Lucio:
Mas pode valer a pena arriscar. Afinal, muitas pessoas retomam suas
relações diante de circunstâncias difíceis.
Não acho tão impossível que ela possa acreditar
que seu estado atual possa nos unir novamente. Cláudio
fica
pensativo por alguns instantes, enquanto Lucio o encara,
esperançoso. Cláudio:
Está bem, eu
concordo, mas terá que me prometer uma coisa. Lucio:
Qualquer coisa. Cláudio: Quando tudo isso acabar e ela estiver curada, você pegará suas coisas e sumirá de nossas vidas de uma vez por todas. Eu
quero que ela tenha uma vida feliz e não acho que vai acontecer
a menos que você saia do caminho de forma definitiva. Lucio
abaixa
o olhar, visivelmente abatido. Cláudio se aproxima dele,
ficando frente a frente. Cláudio:
É pegar ou
largar. Lucio
(entristecido):
Feito. Quando sua
mãe se curar, você não terá mais
notícias minha. Cláudio
(sorrindo):
Ótimo...
Então pode me considerar seu parceiro. (dá
um tapinha no ombro dele) Agora, se me dá licença,
preciso me trocar para um compromisso. Lucio
acena
com a cabeça, ainda abatido. Segundos depois, ele sai do
quarto. A câmera dá um close no rosto de Cláudio
que olha na direção de uma gaveta aberta, pensativo. Casa
de
Helen. Helen está na cozinha, sentada à mesa, comendo
algumas bolachas que estão dentro de um pequeno pote, e um
copo
de achocolatado na frente. A campainha toca e ouve-se a
voz de Rosa. Rosa
(em off):
Eu atendo. Corta
para
ela abrindo a porta e Léo aparecendo do lado de fora. Rosa:
Como vai senhor
Leonardo, que prazer revê-lo... E
sóbrio. Léo
(sem jeito):
Oi dona Rosa, é
um prazer rever a senhora também... A Helen está? Rosa:
Entra. Ela
abre
mais a porta e Léo entra. A câmera os acompanha
até a sala. Rosa
(falando alto):
Querida, visita pra
você! Helen
aparece
com um sorriso no rosto, mas ao ver Léo, para de sorrir. Helen:
O que faz aqui? Léo:
Boa noite pra você
também. (sorri). Rosa
(para Léo):
Quer algum chá?
Café? Esperar a janta? Helen:
Ele já vai
embora, vovó. Rosa
(para Helen):
Bom, se precisar de mim,
estarei na cozinha. Rosa
sai
de cena. Helen cruza os braços e encara Léo, que
apenas a encara também. Helen:
Então? Léo:
Vim te convidar pra
gente dar uma volta. Helen
(rindo):
Uma volta? Com
você? (se aproxima dele)
Está bêbado de novo? Léo
(sorrindo):
O único
álcool que ingeri hoje, foi do meu enxaguante
bucal. (pausa) Queria
retribuir
melhor o que fez por mim, mesmo você dizendo com todas as
letras
que fez pelo Cláudio... Ainda assim, sinto que lhe devo. Helen:
Não precisa fazer
isso, até porque, você disse bem, não fiz por
você. Se o Cláudio não estivesse na festa, eu te
deixaria se afogar no próprio vômito sem nenhum peso na
consciência. Léo
(sorrindo):
Eu sei que isso
não é verdade. Por mais que tente me mostrar o
contrário, você ainda é a mesma Helen
solidária de anos atrás. Helen:
Mesmo assim, terei que
recusar o convite. Tenho muita coisa pra fazer aqui em casa
ainda e
talvez estude um pouco mais tarde. Léo
acena
com a cabeça, frustrado. Helen faz sinal para
acompanhá-lo até a porta. Rosa aparece. Rosa:
Na verdade, meu anjo, eu
posso terminar tudo por aqui. Helen
(olhando-a de forma
repreensiva):
Vovó! A senhora precisa
da minha ajuda. Rosa
(sorrindo):
Não, minha
netinha linda e preocupada... Pode ir se divertir. Helen:
Eu não tenho
tirado notas boas? Não tenho sido uma boa menina? Por que
então está me punindo desse jeito? Léo:
Vamos lá,
Helen... É apenas um passeio! Eu prometo que assim que
você achar que não está se divertindo, te trago de
volta. Helen:
Então pra que
sair, se em dois minutos já estaremos de volta? Léo
(rindo,
olhando para Rosa):
Sua neta é
afiada! Eu adoro isso! Helen:
Está bem! Coisa
rápida! Vamos! Helen
sai
apressada. Léo permanece dentro da casa e se volta pra
Rosa. Léo:
Obriga... Rosa
(interrompendo,
séria):
Escuta aqui rapazinho!
Se ousar magoar minha neta outra vez, te faço em mil
pedaços (tira uma faca do avental)...
Entendeu? Léo
(com os olhos
arregalados):
Completamente. Rosa
(guardando a faca):
Ótimo. Rosa
sorri,
se vira e vai em direção à cozinha.
Léo respira fundo, aliviado. Quarto
de
Larissa. Ela entra no quarto e para imediatamente, notando
algo
estranho. Larissa:
Mas que diabos? Corta
para
a sala, onde Jonatas e Rosangela estão sentados no
sofá, abraçados e comendo pipocas. Larissa aparece,
nervosa. Larissa:
Posso saber onde está o meu computador, telefone, televisão e até
meu estojo de maquiagem? Jonatas
(colocando uma
pipoca na boca):
Foi tudo confiscado. Larissa
(ignorando-o):
Rosangela... Onde
estão? Rosangela:
Como ele disse,
confiscado. Larissa
(rindo
nervosamente): Isso
só pode ser
brincadeira. Jonatas
(sorrindo):
Larissa, você
trata todos como bem quer... É estupida com sua mãe,
comigo, até com o cachorro vizinho que é tão
bonitinho e só tem três patinhas. E isso não
é legal. Rosangela:
Definitivamente,
não é legal, aquele cachorrinho é tão fofinho. Jonatas:
Então até
que aprenda a ter um pouco de respeito para conosco, suas
regalias
serão cortadas. (pensativo)
Se bem que seu quarto também é muito grande para uma
pessoa só... Estou pensando em te mudar para o quarto de
hospedes... (para Rosangela) O que acha meu amor? Rosangela
(animada):
Posso transformar o
quarto num atelier de pintura? Larissa
(furiosa):
Só por cima do
meu cadáver! E você nem sabe pintar! Rosangela:
Mas nunca é tarde
para aprender algo novo. Larissa:
Vocês
enlouqueceram? É isso? Querem que eu peça desculpas? Okay, desculpa! Agora devolvam
minhas coisas. Jonatas:
Ehr...
Não senti sinceridade nisso... (para Rosangela)
Você sentiu? Rosangela:
Brrr...
Nem um pouco! Eles
voltam
a olhar pra televisão e começam a rir do que
está passando. Larissa gira os olhos e solta um grito.
Depois
sai da sala. Larissa
(em off, furiosa):
Eu odeio vocês
dois! A
câmera permanece na sala, focando em Rosangela e Jonatas.
Rosangela
(rindo):
Até o estojo de
maquiagens? Jonatas
(rindo): Provocadinha
de leve, logo eu devolvo.
Ambos
continuam
rindo, enquanto a câmera se afasta um pouco do
cômodo, escurecendo a tela em seguida. Abre
mostrando
várias cenas de Amanda e Roger no shopping. Coisas
como: Música: Ashlee Simpson - Pieces of me -
Eles na ponta do barco pirata, com os braços abertos,
felizes. -
Close na tela do fliperama em que mostra os dizeres “You
Win!”. A
câmera mostra Roger pulando e comemorando, enquanto Amanda
dá um tapa no braço dele. Ele ri e beija o rosto dela. -
Loja de Cds. Roger mostra um cd para ela e faz sinal de positivo.
Amanda faz
careta e sinal de negativo. Em seguida ela está no balcão
com o fone de ouvido, sorrindo e se rendendo ao Cd.
-
Eles livraria, praça de alimentação, finalizando
com ambos caminhando e olhando as vitrines. O som diminui. Amanda
(feliz):
Não acredito que
fizemos tudo isso em apenas uma noite. Roger
(sorrindo):
Pois é, com a
proximidade do baile, precisamos aproveitar o máximo
possível do tempo ainda nos resta. Amanda
(desfazendo o
sorriso):
É... Tem razão. Roger
(olhando para o
relógio):
Quer ir que eu te leve
em casa? Amanda:
Na verdade, estou meio
elétrica ainda pra ir embora... Quer ir no centro conversar
no
parque? Roger
(feliz):
Só se for agora. Roger coloca o braço no ombro dela, que retribui colocando o braço na cintura dele. O som volta a aumentar e os vemos caminhar até na direção da saída. Helen
e
Léo caminham por uma calçada no centro. Ambos
estão em silêncio. Léo por algumas vezes olha
para Helen, que mantém uma expressão séria. Léo:
Será que se eu
contar uma piada, consigo tirar um sorriso de seu rosto? Helen:
Você sabe que
nunca ri de suas piadas... E não foi por falta de
entendimento. Léo:
Posso fazer alguma coisa
então, pra tirar essa cara de velório? Helen:
Que tal a gente apostar
corrida? Quem chegar em sua respectiva casa primeiro, ganha!
Léo:
Você estava um
pouquinho menos ranzinza hoje cedo. Helen:
O que você espera
de mim? Que eu passe uma borracha em cima de tudo que passou
e nos
tornemos amigos inseparáveis de novo? Léo:
Sabe que esse
negócio de guardar rancor está um pouco exagerado?
Tá certo, nossa amizade valia muito pra você na
época, mas não é como se estivesse apaixonada por
mim a ponto de ter o coração partido desse jeito. Helen
abre
bem os olhos e não responde. Léo imediatamente
percebe a expressão dela e para. Ela continua andando. Léo:
É isso? (se apressa até ela)
Você estava apaixonada por mim? Helen:
Não quero falar
sobre isso. Léo:
Por que não me
disse? As coisas poderiam ter sido diferentes. Helen:
É mesmo? E
você não percebeu nada depois do beijo? Léo:
Foi você mesma que
disse depois do beijo que era melhor sermos apenas amigos. Helen:
Quer saber? Você
é mesmo um idiota! Ela
começa
a andar apressadamente, enquanto ele a segue no mesmo
ritmo. Léo:
Helen, espera! Eu
não sei o que dizer... Sinto muito! Helen
(parando, nervosa):
Não! Não sinta! Tudo que passou foi melhor para mim,
porque eu não conseguiria mais ficar perto de um sujeito como
você. E antes que pense que ainda guardo algum sentimento e
faço tudo isso por autodefesa, a verdade, a mais pura verdade,
é que você me causa repulsa. Quando olho para trás,
não sinto saudades de nada, nem do beijo, nem de nossas
conversas e risos. E quando olho para frente, não vejo nenhuma
possibilidade de resgatar aquele sentimento. Léo
não
responde, visivelmente sentido. Helen com os olhos
brilhando, balança a cabeça em negação. Helen:
Eu não sei qual
é a sua real intenção e nem vejo sentido nessa mudança
repentina... Mas vamos parar por aqui com qualquer tentativa
de
reaproximação. Ela
volta
a caminhar. Léo permanece parado, pesaroso, acompanhando-a
com o olhar. Lanchonete.
Cláudio
e Larissa estão sentados na área externa
do estabelecimento, onde é possível ver a praça do
outro lado da rua. Larissa está com uma expressão triste,
e Cláudio percebe. Música:
The
Afters – Someday Cláudio:
Diga-me... O que aconteceu que foi capaz de tirar a alegria que você sentia mais cedo? Larissa:
Parece que eu vivo num
sanatório dentro de casa. Acredita que confiscaram tudo que
é meu? Nem passar uma base eu pude pra vir aqui, porque
tomaram
até meu estojo de maquiagem. Fala a verdade? Cláudio
(sorrindo):
Até o estojo de
maquiagem? Isso é novo. Larissa:
Pior é que tudo
por causa daquela velha e estúpida lição de dar
valor ao que tem e a quem dá. (balança
a cabeça, incrédula) É mais fácil eu
odiá-los ainda mais. Cláudio:
Não fala assim,
Larissa. Só o fato deles estarem fazendo isso, já mostra
que pelo menos estão tentando de alguma forma se aproximar
de
você. É sua mãe, não pode dizer que a odeia. Larissa:
Um momento... Não
é você que vive dizendo que odeia seu pai? Cláudio:
Mas é diferente,
ele fez por merecer. Por anos fez minha mãe sofrer, nunca tentou
unir nossa
família. Agora, sua mãe... Me diz por que ela consegue
despertar todo esse sentimento ruim aí dentro? Larissa:
Eu fui muito apegada ao
meu pai. Quando ele morreu, meu mundo caiu, mas ela sequer
respeitou o
período de luto e em menos de três meses, chegou a levar
três namorados diferentes pra dentro de casa, pro quarto que
eles
dormiam. O corpo dele mal havia esfriado e já havia
alguém para ocupar seu lugar. Cláudio
(sentido):
Sinto muito... Larissa
(lacrimejando):
Ela não se importou com os meus sentimentos, minha dor, e eu era
só uma criança. Eu sentia tanta, mas tanta falta dele, e
ela não conversava comigo... (respira fundo) Então
agora, depois de tantos anos, percebeu que estava perdendo a filha? O
estrago já está feito, eu não consigo perdoar...
Simplesmente não consigo. Cláudio:
Já tentou expor
isso a ela? Talvez seja isso que você mais precise no
momento,
colocar pra fora toda mágoa que têm guardado por todos
estes anos. Quem sabe depois que esse peso todo sair, e
muitas
lágrimas, ainda haja esperança pra vocês?
Larissa
morde
os lábios e abaixa o olhar, tentando se segurar. Um breve
silêncio toma conta da cena. Cláudio:
Minha mãe tem
aneurisma, e se não operar, a qualquer momento ela pode
morrer. Larissa
(sentida):
Meu Deus,
Cláudio... Eu sinto muito. Cláudio:
Fico imaginando como seria minha vida, caso ela venha partir... E
o sentimento é desolador. Não sabemos o dia de
amanhã... E o nosso corpo é tão frágil...
Acho que a pior dor que uma pessoa pode ter, é saber que
não pode voltar atrás... Entende? Larissa:
Entendo. E seu pai
também... Apesar de tudo, ele parece estar tentando, não
é? Todos não merecem uma segunda chance? Cláudio
(esboçando
um leve sorriso): Sim...
Mas é mais fácil aconselhar... Larissa
(completando):
Do que seguir o
próprio conselho. Eles
sorriem
um para o outro e se encaram por alguns segundos. Larissa
desvia o olhar e pega um copo que está na sua frente,
bebendo o
que parece ser um refrigerante. Praça.
Amanda
e Roger estão sentados no banco, conversando. O lugar
parece vazio e numa visão ampla, vemos apenas o pipoqueiro
mais
à frente. Cont-
The Afters – Someday Roger:
Está uma noite
linda, não? Amanda
(olhando para o
céu):
Está uma noite
perfeita. Ela
abaixa
o olhar, encontrando o dele. Eles se encaram por alguns
segundos
e Amanda esboça um sorriso tímido. Amanda:
Vou te confessar uma
coisa, mas não é pra ficar se achando muito. (pausa)
Andar com você tem me feito um
bem tão grande, que não consigo nem descrever. Claro que
sempre tive a Lari, e a amo
muito, ela
sabe... Mas você parece que saber exatamente o que sinto e
como me
fazer sorrir. (pausa)
Obrigada, por
tudo. Roger
(encantado):
Uau... Confesso que
nunca pensei que fosse ouvir algo assim, tão sincero de
você. Sei que deve ter sido difícil dar o braço
à torcer, e é por isso que neste momento, eu te admiro
ainda mais. O
som aumenta e toma conta da cena. A câmera se posiciona de
frente
para os dois. Ambos começam a respirar ofegante. Amanda
fecha os
olhos e aproxima devagar seu rosto do dele. Quando estão
prestes
a se beijar, são interrompidos pela voz de Gil. Gil:
Olha se não
é a dama e o vagabundo quase se bicando? Que papelão,
Amanda. Amanda
e
Roger afastam seus rostos e olham para Gil. Os demais
rapazes,
incluindo Felipe, estão juntos também. Gil:
Continua insistindo
nessa sandice? Não percebe a vergonha que está passando? Roger:
Por que você
não desencana de vez? Cai fora, cara! Gil:
Ou o quê? Vai me
acertar e fugir como uma gazela outra vez? (pausa)
Não achou que eu fosse esquecer o episódio da festa,
achou? Eu prefiro um acerto de contas assim, deixando
a pessoa
achar que está segura, que tudo foi superado, pra depois (grita)
Bum! (começa a rir). Amanda
(levantando e
falando alto):
Você é
doente, sabia disso? Ninguém vai brigar dessa vez. Gil:
A decisão
não é sua... (olha para Roger) Prefere apanhar
em pé ou sentado? Roger
imediatamente
levanta e abre os braços, receoso. Roger:
Está certo, eu e
você, no mano a mano! Gil
(rindo):
Brr...
Pra que esse egoísmo todo? Estive pensando em algo mais
coletivo. Os
rapazes
se aproximam começam a segurar Roger, com
exceção de Felipe, que apenas observa, de braços
cruzados. Amanda começa a gritar. Amanda
(gritando):
Larga ele, Gil (olha
pra Felipe) Por favor, impeça isso! Corta
para
a lanchonete. Cláudio e Larissa percebem o barulho. Cláudio:
Que gritaria é
essa na praça? Larissa
(levantando/preocupada):
Parece a voz da Amanda. Cláudio
(levantando/preocupado):
Roger! Corta
novamente
para a praça. Os rapazes estão segurando Roger.
Felipe se aproxima de Gil. Felipe:
Acha isso realmente
necessário? Digo, a gente apronta, mas não somos de bater
em alguém assim de forma tão covarde. Gil:
Se quiser ir embora,
vá em frente. Felipe
levanta
os braços e olha pra cima, se afastando. Gil levanta o
punho enquanto Roger é segurado. Roger:
Pode bater mais no
estomago e tentar manter este rostinho lindo intacto? Gil (ri): Até perto da morte ele é comediante. Amanda
(desesperada):
Gil, eu te imploro
não... Gil
(interrompendo):
Desculpa, Amanda...
Devia ter me escutado antes. Roger
fecha
os olhos, enquanto Gil se movimenta para dar um soco nele.
Cláudio e Larissa aparecem. Cláudio:
O que está
acontecendo aqui? Gil
(revirando os olhos e
virando-se):
Querem parar de me
interromper? Amanda
vai
ao encontro de Larissa, que a abraça. Cláudio se
aproxima de Gil. Cláudio:
Solta ele, agora! Gil
(rindo):
O que acontece com essa
cidade que de uma hora pra outra alguns zé manés
resolveram ficar valentes? Larissa:
Gil, deixa de ser idiota
e larga o Roger. Gil:
E as garotas bonitas,
saírem com fracassados? Está na hora de retomar o
equilíbrio das coisas. Cláudio
(para
Larissa):
Deixa que eu resolvo isso, okay?
Ele
olha
na direção do carrinho de pipocas e corre até
ele. Gil e os rapazes se olham sem entender. Cláudio
(para o
pipoqueiro):
Com licença, por
favor! Ele
pega
o guarda-sol que protege o carrinho e tira a parte de
cima,
ficando apenas com o ferro. O pipoqueiro o encara
assustado. Pipoqueiro:
Garoto! Hei! Cláudio
(andando):
Já trago de
volta! A
câmera o acompanha até chegar no grupo. Cláudio
levanta o ferro e aponta na direção de Gil. Cláudio
(nervoso):
Se você não
mandar largar meu amigo agora, eu juro que arrebento sua
cabeça
e qualquer um que tiver por perto! A
câmera gira, mostrando Helen caminhando apressadamente do
outro
lado da rua. Léo a acompanha centímetros dali. Ela desvia
o olhar para o lado e para imediatamente ao avistar
Cláudio com
o ferro na mão. Helen
(preocupada):
O que está
acontecendo ali? Léo
(alcançando-a
e franzindo a testa):
Não faço a
mínima ideia, mas com certeza não estão jogando
conversa fora. Helen
(olhando nos olhos
dele):
Você tem que fazer alguma coisa. Léo
hesita
e olha novamente na direção dos rapazes. Helen o
segura pela gola, com semblante de desespero. Helen:
Por favor, Léo!
Se um dia eu signifiquei alguma coisa pra você, prove agora.
Corta
novamente
para a praça. Gil se aproxima de Cláudio,
incrédulo. Gil:
Acho que você
não vai ter coragem de fazer isso. Cláudio:
Quer ser arriscar sendo
o primeiro? Gil:
Mesmo que faça,
olha quantos somos? Não vai ser difícil arrancar esse
ferro de você. Cláudio:
Pelo menos mais de um
vai precisar de pontos no hospital... Isso eu garanto. Gil
(decidido):
Vai em frente... Vamos
ver do que é capaz. Ele
e
Gil se encaram por alguns segundos. Close na mão de
Cláudio que segura o ferro com ainda mais força.
Léo e Helen aparecem. Léo: Podem parar. Os
rapazes
se voltam para ele. Cláudio encara Helen e franze a
testa. Léo se aproxima de Roger e o puxa. Léo:
Ninguém vai
brigar esta noite (para Roger) Vai pra casa. Gil:
Perdeu a cabeça?
Eu não vou sair daqui sem dar uma lição nesse
imbecil. Léo
(firme/elevando
a voz):
Hoje não! (olha para os
demais) Se alguém
encostar a mão neles, vai se ver comigo, entenderam? Gil
fecha
as mãos, visivelmente nervoso e tentando se controlar.
Amanda vai até Roger, abraçando-lhe. Música:
Jimmy
Eat World - 23 Amanda
(aliviada):
Você está
bem? Roger
(sorrindo):
Estou bem. Ele
passa
a mão no cabelo dela e ainda abraçados, vão
até Cláudio e Larissa. Léo olha para Helen. Léo:
Obrigado pela noite. Ele
sorri
e se desloca até os rapazes, empurrando os primeiros para
saírem. Quando o último passa na frente da câmera,
vemos Cláudio olhando Helen de forma repreensiva. Ela abre
a
boca para falar algo, mas desiste. Cláudio:
Passear com ele
também faz parte do trabalho? Ela
não responde, visivelmente sentida. Ele balança a
cabeça, em sinal de reprovação, depois, vai
na direção de Larissa, Roger e Amanda. Cláudio:
Vocês estão
bem? ... Vamos pra casa. Eles se deslocam para sair. A câmera muda para o rosto de
Helen, com aparência triste, observando os quatro enquanto
se
afastam. Corta
para
perto do carro de Léo. Gil furioso, anda de um lado para o
outro, até chegar em Léo. Cont-
Jimmy Eat World – 23 Gil
(exaltado):
Um motivo! Me dê a
droga de um motivo, pra você ter me enfrentado pra defender
aqueles idiotas? Felipe
começa
a rir, em seguida Léo também. Gil confuso,
balança a cabeça. Gil:
Perdi alguma coisa? Felipe
(para Léo):
Jogada de mestre, brother. Léo
(sorrindo):
Agora é
questão de tempo pra ela ficar de quatro por mim. Gil
percebe
o que se passa e bate a mão na cabeça. Gil:
Como eu lanço a
ideia e acabo nem percebendo a coisa rolando? Felipe:
É que seu
cérebro não funciona muito bem quando começa a dar
chiliques. Gil
(para Léo):
Foi mal, cara... Mandou
muito bem. Eles
começam
a rir, enquanto a câmera se aproxima lentamente do
rosto de Léo. O som aumenta e toma conta da cena, enquanto
a
imagem começa a transparecer e mostrar Helen sentada
sozinha no
banco da praça. Sua feição continua triste e seu
pensamento parece distante. Após alguns instantes, a
câmera se movimenta devagar para o chão, enquanto a tela
vai escurecendo. Créditos
Finais: Criado
e Escrito por: Thiago Monteiro Participações
Especiais: Tiffany
Espensen como Gaby Clayton
Mattingly como Gui Música Tema: Switchfoot -
Meant To Live Trilha Sonora: Yellowcard - Only
One Rock 'n' Roll Soldiers - Funny Little Feeling Ashlee Simpson - Pieces of me The Afters –
Someday Jimmy
Eat World – 23 |