Ginásio do Colégio Esplendor. Roma caminha de um lado para o outro, de frente para os jogadores que estão sentados na arquibancada. Ele segura sua tradicional prancheta e olha atentamente para cada um. Podemos ver Cláudio sentado na terceira fileira, ao lado de Felipe, e Léo na ponta, na direita.

 

Roma: Convoquei essa reunião extraordinária, cem por cento emergencial, porque todos sabem que o próximo jogo é vencer ou vencer, do contrário, adeus campeonato. E eu não quero passar mais um ano em branco e ficar no quase outra vez... Vocês querem?

 

Os rapazes se olham e murmuram, balançando a cabeça em sinal de negativo. 

 

Roma: Já que estão todos cientes da situação, criei um plano estratégico pra poder elaborar o esquema tático de amanhã. Algo que intitulei de “ODE”.

 

Felipe: E o que isso significa?

 

Roma: Operação de espionagem. É simples, e perigoso, mas simples, muito simples, mas também perigoso... Enviarei dois olheiros para que possam espionar o treino dos Furacões hoje. Eles trarão anotações de posicionamento, titularidade de jogadores, parte tática secreta e com essas informações, transformaremos nosso adversário em brisa leve.

 

Gil: Excelente ideia. E nós conhecemos os olheiros?

 

Roma: Aí é que tá a parte brilhante do plano ODE. Nada melhor do que saber como o adversário irá jogar, se não os próprios jogadores. Então dois de vocês serão escolhidos.

 

Os jogadores se olham e murmuram outra vez, confusos.

 

Léo: Isso é uma piada?

 

Roma: Não, Leonardo, piada é o que esse time vêm jogando desde a estreia do campeonato.

 

Cláudio: Mas isso é suicídio. Quem vai sair inteiro se descobrirem que alguém do time adversário está espionando o treino?

 

Roma: Meu bom e pessimista Cláudio, não exagera. Não vai acontecer nada demais.

 

Léo: Sou obrigado a concordar com o idiota aí. Todos conhecem a gente, não há como entrar disfarçado.

 

Roma (nervoso): Pois arrumem um jeito! Eu decidi e vai acontecer! E quem discordar fica fora do grande jogo!

 

Gil: Ótimo, e quem são os escolhidos para a grande missão?

 

Roma (se acalmando): Bom, não foi fácil. Primeiro fiz um sorteio. Não convencido do resultado, fiz um melhor de três. O mais incrível e insano, e pouco importa se vão acreditar ou não, é que nas três vezes o resultado deu um só.

 

Felipe (curioso): E quem são esses iluminados?

 

Roma: Cláudio e Léo.

 

Os rapazes olham para os dois, que se entreolham também.

 

Cláudio (incrédulo): Não, não. Deve haver algum engano.

 

Roma (colocando o óculos e olhando a prancheta): Não, está escrito aqui, veja (mostra a folha) Cláudio e Léo.

 

Léo: Eu não vou a lugar algum com esse cara. 

 

Cláudio: Nem eu. Faz outro sorteio.

 

Roma: Eu não vou fazer outro sorteio. Se os deuses do futsal quiseram assim, assim será.

 

Léo: Então faz um na frente de todos, pra provar que esses deuses do futsal aí, estão corretos.

 

Roma: Querem me ouvir gritar? É isso? Não há o que discutir. Vocês vão ser nossos agentes de espionagem e fim de papo.

 

Léo (cruzando os braços): E se eu me recusar a ir?

 

Roma: Então você deixa de ser opção na reserva e passa a ser excluído do time. O que acha disso? 

 

Cláudio (para Felipe): Ele pode excluir dois jogadores do campeonato, assim?

 

Felipe (sussurrando): Melhor não contrariar.

 

Cláudio (olhando para Roma): Está bem... Eu topo.

 

Léo (contrariado): É, eu também.

 

Roma (sorrindo): Que bom que meus meninos são obedientes... Aqui vai uma advertência pequena. Nada de tentarem se encontrar lá... Vão e voltem juntos, pois pode acabar sendo perigoso.

 

Ele leva o apito a boca e apita. Os rapazes começam a se dispersar. Léo vai até o treinador.

 

Léo: Eu sei o que você está tentando fazer e não vai funcionar. A gente não se gosta e ponto.

 

Roma: Filho, na vida você ainda vai encontrar muitas pessoas que não vai gostar e vice-versa. E não precisa gostar, o que precisa é aprender a suportar.

 

Ele sorri para Léo e sai. Léo sobe as sobrancelhas e entorta a boca. Segundos depois se desloca e começa a andar pelo corredor do Ginásio. A tela escurece.  

 

  

 

 

 

 

  

 

 

Frente do colégio Esplendor. É dia. Roger está parado observando os alunos passarem pelo portão. Amanda aparece e fica ao dele, também olhando na mesma direção.

 

Música: Natasha Bedingfield – Unwritten

 

Amanda: Volta às aulas, huh?

 

Roger: Até pouco tempo dava um desânimo entrar neste lugar.

 

Amanda: É verdade...

 

Roger (olhando-a): Você também?

 

Amanda (sorrindo): Não, só quis ser solidária. Afinal, sempre fui popular, disputada, idolatrada... Como não amar um lugar assim? (ri).

 

Roger (sorrindo): E no final de tudo, acabou namorada de quem menos se encaixava nessas qualidades todas.

 

Amanda: Fazer o quê? Sempre me falaram que eu gosto do que é errado.  

 

Ouve-se o sinal tocando. Amanda segura na mão dele. Roger sorri, emocionado.

 

Amanda: Vamos? Namorado?

 

Roger: Vamos nessa, namorada.

 

Eles começam a caminhar em direção ao portão. Corta para uma visão aérea da cena por alguns segundos.

 

 

Sala de aula. Vemos a professora olhando para o livro e escrevendo na lousa branca. A câmera se movimenta e passeia por uma fileira até chegar ao fundo onde Amanda e Larissa estão com as mesas lado a lado. 

 

Amanda (falando baixo): Já falou com ele?

 

Larissa (falando baixo): Ele quem?

 

Amanda: O Cláudio, sua boba.

 

Larissa: Ele não estava na entrada.

 

Amanda: Mas vocês moram no mesmo condomínio. Bate na porta dele.

 

Larissa: Eu não vou fazer isso e correr o risco de levar portada na cara. Ainda tenho um pouco de orgulho próprio.

 

Amanda: Ele não vai fazer isso... Vocês têm que resolver isso rápido.

 

Larissa: Você está louquinha pra que viremos um quarteto, né?

 

Amanda: O que eu quero, é ver minha amiga feliz... Mas, seria interessante se pudéssemos sair todos juntos.

 

Amanda sorri para ela. Larissa revira os olhos e balança negativamente a cabeça.

 

 

Outra sala. O ambiente está um pouco escuro e as luzes do retro projetor iluminam parte do lugar. Um professor fala, enquanto muda as figuras do retro. Corta para o fundo onde podemos ver Cláudio atento à aula e Roger na carteira de trás. Roger começa a cutucá-lo com o lápis. Cláudio se incomoda e vira.

 

Cláudio (sussurrando): O que foi?

 

Roger: Onde estava? Passei na sua casa e sua mãe disse que você já tinha saído.

 

Cláudio: Reunião do time.

 

Roger: Legal... Alguma coisa importante?

 

Cláudio: Nada demais.

 

Roger: Legal.

 

Cláudio volta a prestar atenção na aula. Roger se inclina um pouco pra frente.

 

Roger: E a Larissa?

 

Cláudio: O que tem a Larissa?

 

Roger: Já tiveram chance de conversar?

 

Cláudio: Não faço a mínima questão que isso aconteça.

 

Roger: Deixa de ser turrão. Dá uma chance pra garota. Ela tá arrependida.

 

Cláudio (virando-se para Roger): Me surpreende te ouvir falando isso. Não era você que vivia dizendo que eu pirava por causa da Larissa, que precisava tirá-la da cabeça, desencanar e tudo mais?

 

Roger: Eu sei, eu sei. Mas veja bem, no começo do ano, quem diria que a Amanda acabaria loucamente apaixonada por mim? A Larissa mesma que era contra nosso namoro, agora me têm como amigo do peito... As pessoas mudam.

 

Cláudio: Se eu disser que qualquer hora converso com ela, você me deixa em paz?

 

Roger faz que sim com a cabeça. Cláudio vira-se novamente para frente.

 

Cláudio: Ótimo. Então uma hora a gente se tromba e conversa.

 

Cláudio tenta prestar atenção na aula, mas Roger novamente o cutuca.

 

Cláudio (nervoso): O que é agora?

 

Roger: Pode me passar a matéria depois?

 

Cláudio revira os olhos e balança negativamente a cabeça. Roger se inclina na mesa, como se fosse dormir.

 

 

Corredor. Close no aparelho do sinal. Alguns segundos depois começa a tocar. Logo, o lugar é tomado por alunos que começam a transitar por todos os lados. Helen caminha em direção ao refeitório. Atrás dela vemos Roger se aproximando.

 

Roger: Helen... Zinha!

 

Helen (virando/sorrindo): Roger!

 

Eles se abraçam.

 

Roger: Que saudades! Como foi de férias?

 

Helen (mexendo os ombros): Nada de novo. Fiquei na cidade mesmo. E você?

 

Roger (entusiasmado): As melhores da minha vida!

 

Helen (sorrindo/ironizando): E nem imagino o motivo... A propósito, namoro novo não é sinal de que deve abandonar os amigos. Fiquei te esperando fazer pelo menos uma visita em casa. 

 

Roger: Desculpa (abraçando-a)... Eu sou um péssimo amigo!

 

Helen (sorrindo): Tudo bem, eu te perdoo. Começo de namoro parece ímã mesmo.

 

Roger: O Cláudio voltou... Já se falaram?

 

Helen (desfazendo o sorriso): Não... Acho que estamos meio afastados um do outro.

 

Roger: Mas não pode. Não se esqueça da promessa de vocês.

 

Helen sorri novamente e balança a cabeça. Amanda chega por trás de Roger e o abraça.

 

Amanda (feliz): Hei, você!

 

Roger (feliz): Hei, coisa linda! Deixa eu apresentar vocês... Amanda...

 

Amanda (interrompendo): Deixa de ser bobo, Roger. (abraça Helen/sorrindo) Tudo bem, Helen?

 

Helen (surpresa/sorrindo): Tudo bem, Amanda. E você?

 

Amanda: Não poderia estar melhor. Tanta coisa boa acontecendo na vida.

 

Roger (para Helen): Isso é por minha causa.

 

Amanda: Olha só, venha se sentar com a gente sempre que quiser, okay? E um dia podemos sair juntas, o que acha?  

 

Helen (sorrindo): Claro... Vou adorar. Agora se me derem licença, preciso falar com uma pessoa.

 

Roger e Amanda acenam com a cabeça. Helen sorri novamente para eles e sai. Roger olha para Amanda, que franze a testa para ele.

 

Amanda: O que foi?

 

Roger: A tal da Elite está prestes a acabar?

 

Amanda (dando os ombros): Eu sei lá... Mas também com essa invasão ralé.

 

Ela começa a empurrá-lo até o refeitório.

 

Roger: Sou ralé com muito orgulho!

 

 

Entrada do refeitório. Cláudio passa pela porta e começa a observar as mesas. Ouve-se a voz de Roger chamando-o.

 

Roger (fazendo sinal com a mão): Cláudio! Aqui amigão!

 

Corta para a mesa onde Roger, Amanda e Larissa estão. Larissa encara Cláudio, que também a encara. Ele balança de leve a cabeça e ignora, andando para frente.

 

Priscila (em off): Hei, gatinho!

 

Cláudio para e olha para a mesa ao lado, sorrindo ao vê-la. Na mesa, outras duas garotas também estão.

 

Priscila: Senta aqui com a gente.

 

Cláudio se desloca e senta ao lado de Priscila. A câmera gira, mostrando Larissa observando a cena e bufando.

 

Larissa: Viram só? Ele nunca mais vai falar comigo.

 

Roger: Fica fria... O Cláudio é meio cabeção, mas tem um grande coração. Ele me disse que uma hora ou outra, vai conversar contigo.

 

Amanda: Isso amiga, logo, logo, vocês estarão juntinhos.

 

Roger: Juntinhos mesmo? Assim, como nós dois?

 

Larissa: Não liga para o que ela diz. Anda tão apressada que daqui a pouco estará planejando meu casamento sem que eu conheça o noivo. 

 

Amanda (para Roger): Ela é cabeçuda também... Por isso foram feitos um para o outro.

 

Eles sorriem e se beija com um selinho. Larissa revira os olhos.

 

 

Mesa onde Helen e Léo estão. Ela olha na direção dos rapazes da Elite e depois para Léo.

 

Helen: Sabe, você não precisa ficar o tempo todo aqui. Se quiser passar um tempo com seus amigos, pode ir.

 

Léo: Eu sei, mas não estou com a mínima vontade de estar lá agora. Prefiro ficar com você, se não achar ruim.

 

Helen (sorrindo): De forma alguma.

 

Léo: Vamos ao parque juntos hoje à noite? 

 

Helen: Se isso for um convite... Sim, adoraria.

 

Léo sorri e toca o braço dela. Que retribui com um sorriso meigo.  

 

 

Mesa onde Cláudio e Priscila estão.

 

Priscila: Como foi de férias?

 

Cláudio: Bem legal, e você?

 

Priscila: Bom também. Apesar de que, pouco pode se aproveitar nessas férias de meio de ano.

 

Cláudio (pensativo): Pois é...

 

Priscila (percebendo): Pelo visto você aproveitou bem, huh? Qual é o nome da garota?

 

Cláudio (rindo): O quê? Eu não disse nada.

 

Priscila: Homens, tão previsíveis... Olha só, o senhor está em dívida comigo, por ter me deixado sozinha no meio da pista.  

 

Cláudio: Pois é, quanto àquele dia... Desculpa por ter saído daquele jeito. Eu estava meio fora de mim.

 

Priscila: Me conpensa depois que estará tudo certo. 

 

Cláudio (sorrindo): Eu vou, prometo.

 

 

Mesa onde Gil e Felipe estão. Gil observa Helen e Léo conversando animadamente.

 

Gil: Você não acha que o Léo está passando muito tempo com a santinha? Nós mal o vimos nas férias, e hoje ele nem veio aqui primeiro.

 

Felipe (sorrindo): Está com ciúmes?

 

Gil (sério): Claro, cabeçudo! Me corroendo! (pausa) Mas veja bem, já não era pra ele ter colocado o plano em ação e feito o zé mané lá desistir de jogar?

 

Felipe: Vai ver o cara não é tão amigo assim dela a ponto de desistir do time. Ou, o Léo mesmo não está mais a fim de machucar a menina.

 

Gil: E tanto trabalho, por nada?

 

Felipe (sorrind0): Cara, você precisa relaxar, sabia? Olha o coração!

 

Gil (virando-se): Me deixa. 

 

 

Mesa onde Roger, Amanda e Larissa estão.

 

Roger: Se quiser recuperar a confiança dele, só pedir desculpas não vai adiantar.

 

Larissa: E o que você sugere que eu faça?

 

Roger: Você tem que expor tudo pra fora. Dizer o que sente, o que está aí dentro do seu coração... Vamos treinar... Diz aí o que sente.

 

Larissa (sem jeito): Bom, eu... (pausa) Eu... (pensativa) Ah, eu não sei... Sinto muito, Cláudio?

 

Roger (rindo): Vai ter que ser mais convincente que isso.

 

Larissa: Acho que não vai rolar. Eu nunca fui muito de me expressar tão profundo assim. Não vou conseguir.  

 

Amanda: Mas é melhor tentar se esforçar antes que outra consiga fisgar o coração do menino. 

 

Amanda aponta com a cabeça na direção de Priscila e Cláudio. Larissa fecha a cara. Corta para os dois.

 

Priscila: Empolgado com o jogo de amanhã?

 

Cláudio: Com um pouco de frio na barriga. É o primeiro que vou começar como titular, então...

 

Priscila: Fica tranquilo, você vai arrasar como no último jogo. O colégio alugou um ônibus para alguns alunos irem torcer por vocês, e eu vou estar na primeira fila. (sorri).

 

Cláudio sorri para ela. Léo aparece e fica de frente para eles.

 

Léo: Ô babaca... Bateu o sinal da saída, vou estar no meu carro. Se em três minutos você não aparecer, vou sozinho.

 

Cláudio: E quem disse que eu vou entrar no seu carro?

 

Léo: Prefere ir de ônibus? A gente vai acabar chegando depois do treino e voltando depois do jogo. Não complica as coisas não, beleza? Se o velho quer que a gente vá juntos, a gente vai juntos. (se deslocando pra sair) Três minutos!

 

Ele sai. Priscila olha para Cláudio, curiosa. 

 

Priscila: O que está acontecendo?

 

Cláudio: Roma e suas gracinhas.

 

 

Banheiro. Larissa está de frente para o espelho, passando base na boca. Helen aparece ao lado e lava as mãos, olhando seu reflexo em seguida. Larissa a olha e sorri.

 

Larissa: Se está procurando algum defeito, fica tranquila, sua pele é limpinha. 

 

Helen: Engraçado, porque da última vez que falou comigo, não parecia que tinha algo de bom em mim. A não ser que esteja usando sarcasmo e eu não percebi.

 

Larissa: Foi sincero. E desculpa por ter sido uma vadia naquele dia na quadra. Suas roupas não parecem terem saído de um bazar.

 

Helen: Okay.

 

Helen vira para sair, mas Larissa para em sua frente.

 

Helen: O que agora?

 

Larissa: Você não acredita em mim, não é?

 

Helen: Tenho uma leve impressão que você vai me pedir alguma coisa... Não sei o que eu poderia lhe oferecer, mas estou curiosa.

 

Larissa: Fiz uma coisa com o Cláudio no qual me arrependo profundamente. Como vocês são bem próximos, pensei que pudesse me ajudar?

 

Helen: Cláudio e eu não estamos mais tão próximos assim, então...

 

Ela se movimenta para o lado, mas Larissa novamente a impede. Helen revira os olhos.

 

Larissa: Mas há uma química muito grande entre vocês. E é mais fácil ele ouvir uma amiga mais centrada e pé no chão...

 

Helen: Por que eu te ajudaria? Se mês passado você quebrou o coração dele, o que te faz pensar que eu acredito que está arrependida de verdade?

 

Larissa: Porque eu sou a Larissa, a rainha do colégio... Aquela que sempre consegue o que quer. Só o fato de eu estar aqui, me humilhando agora, já me credencia a algo, não acha? Eu nunca precisei pedir ajuda a ninguém, mas dessa vez estou disposta a engolir meu orgulho.

 

Helen fica pensativa por alguns segundos. Larissa sai da frente dela, abrindo a passagem.

 

Helen: Okay, se eu conseguir falar com ele, o que eu não prometo que vá acontecer... Se, a gente se falar, eu toco no assunto ‘você’.

 

Larissa (sorrindo): Obrigada, você não vai se arrepender.

 

Helen: É bom mesmo, porque se magoá-lo de novo, eu vou atrás de você, entendeu?

 

Larissa: Totalmente.

 

Helen se desloca e sai. Larissa permanece no banheiro. Ela olha no espelho novamente e sorri. A tela escurece.

 

 

Abre mostrando a frente do colégio. Vários alunos passam pelo portão. A câmera acompanha Cláudio caminhando com sua mochila até avistar Léo mais à frente, encostado em seu carro. Cláudio entorta a boca e vai até ele.

 

Música: Ashlee Simpson – Boyfriend

 

Léo (sorrindo e reverenciando): Sua carruagem, princesa.

 

Cláudio: Muito bem, Roger Klotz, vamos acabar logo com isso.

 

Ele abre a porta de trás e joga a mochila dentro. Abre a porta da frente e entra.

 

 

Corta para Larissa saindo pelo portão. Priscila aparece atrás dela, chamando-a.

 

Cont-  Ashlee Simpson – Boyfriend

 

Priscila: Larissa!

 

Larissa (parando e virando-se): O que você quer, Priscila?

 

Priscila: Posso incluir seu nome na caravana pra ver o jogo?

 

Larissa: Você sabe que pode. (pausa) Quantas vagas ainda tem?

 

Priscila (olhando no fichário): Agora com você, fica sobrando uma.

 

Larissa: Roger e Amanda já estão inclusos?

 

Priscila: Sim, por quê?

 

Larissa: Deixa essa vaga reservada, okay?

 

Priscila: Posso saber pra quem?

 

Larissa (sorrindo): Não é da sua conta.

 

Priscila (dando os ombros): Que seja.

 

Ela se desloca e começa a andar. Larissa fica pensativa por alguns segundos e a olha.

 

Larissa: Qual é a sua com o Cláudio?

 

Priscila (parando e virando): A minha com o Cláudio? Como assim?

 

Larissa (se aproximando): O que exatamente está pretendendo, se jogando pra cima dele de forma tão descarada?

 

Priscila: E se eu disser que isso também não é da sua conta? Vai dizer que de repente passou a se preocupar com ele, depois de iludi-lo e humilhá-lo no baile?

 

Larissa: Deixa pra lá.

 

Larissa se movimenta. Priscila continua parada, observando-a.

 

Priscila: Escuta só, Larissa. Eu não sei o que está acontecendo entre a gente e nem se vamos avançar alguma etapa. No momento posso dizer que me sinto atraída por ele, e é sincero. Mas, se ele quiser ficar com você, não vou me opor. Agora, se ele de alguma forma me escolher, espero que aceite também. Não existe coisa mais chata que ficar correndo atrás depois que não deu valor.

 

Ela sorri de leve para Larissa e sai. A câmera se aproxima do rosto de Larissa que séria, observa Priscila. A imagem começa a transparecer e mudar para uma estrada de terra. Nela podemos ver o carro de Léo passando. Após alguns segundos, corta pra dentro.

 

Música: Green Day – Holiday (Volume extremamente alto)

 

Cláudio (incomodado): Será que dá pra abaixar um pouco?

 

Léo (falando alto): O quê?

 

Cláudio (falando alto): Pode abaixar um pouco?

 

Léo (fazendo cara de desentendido): Não consigo te ouvir!

 

Léo começa a balançar a cabeça no ritmo da música. Cláudio visivelmente incomodado, se inclina e desliga o som. Léo lança um olhar sério para ele e volta a ligar. Segundo depois, Cláudio desliga novamente.

 

Léo: Não sei se você percebeu, mas estamos no meu carro!

 

Cláudio: Estou começando a ficar surdo por causa desse barulho.

 

Léo: Está bem, criança, quer escutar o quê? Música clássica?

 

Cláudio: Não é a música, idiota. É a altura do som.

 

Léo: Brrr, não é à toa que foi chutado no baile (o olha e fala alto) Tu é chato pra caramba!

 

Cláudio: Posso ser chato, mas pelo menos tenho caráter. Não fico armando planinhos infantis e agindo pelas costas da Helen.

 

Léo: E o que você sabe sobre a Helen? A magoou um dia antes da festa e passou as férias inteiras sem visitá-la. 

 

Cláudio: Pior você que a magoou por dois anos. E eu não a visitei porque estava fora da cidade.

 

Léo: E não tinha telefone onde você estava?

 

Cláudio: Não fale como se fosse uma boa pessoa, preocupada com o bem estar da Helen. Mais cedo ou mais tarde ela vai descobrir o que está tramando.

 

Léo: Por acaso eu voltei a te ameaçar por causa disso? Reivindiquei meu lugar no time? Pedi pra que jogasse mal? Então fica quietinho.

 

Cláudio: Mesmo que tenha supostamente desistido, conhecendo a Helen como eu conheço, quando descobrir a real intenção de sua reaproximação, ela simplesmente nunca mais vai querer olhar na sua cara.

 

Léo (incomodado): Cala a boca.

 

Ele abaixa o olhar e fica pensativo. Corta para o rosto de Cláudio que olha para frente e arregala os olhos.

 

Cláudio (gritando): Cuidado!

 

Léo imediatamente olha pra frente. Close em uma vaca no meio da estrada. Ele tenta desviar e bate lateralmente numa parede de terra. O carro volta para a estrada mas começa a parar lentamente, saindo fumaça pelo capô. A porta abre e Cláudio sai.

 

Cláudio (nervoso): Maluco, irresponsável. Você quase matou a gente!

 

Léo (saindo/aliviado): Você viu aquilo? De onde surgiu aquela vaca?

 

Cláudio (abrindo os braços): Já reparou neste lugar? Surpresa seria se não aparecesse algum animal. Eu disse para pegarmos a estrada principal, mas não, você teve que teimar em vir por um atalho idiota!

 

Léo (encostando no carro, respirando fundo): Foi por pouco.

 

Cláudio: Está me ouvindo? E agora, o que vamos fazer?

 

Léo (tirando o celular do bolso): Sem sinal.

 

Cláudio (sorrindo nervosamente): Ótimo, simplesmente ótimo!

 

Léo: Quer se acalmar? Provavelmente deve ter algum posto alguns quilômetros à frente.

 

Ele tira a chave do carro e fecha os vidros. Depois começa a andar. Cláudio apenas o olha.

 

Léo: Você não vem?

 

Cláudio: Você sequer sabe aonde estamos. Eu não vou a lugar algum.

 

Léo (dando os ombros): Você que sabe, fique aí. Só não garanto voltar cedo. (joga a chave para ele) Tranque direitinho quando começar a escurecer.

 

Cláudio olha para o lado, pensativo. Após alguns segundos, começa a andar na mesma direção de Léo. Corta para uma visão aérea da cena.

 

Léo (rindo): Eu sabia! Medroso.

 

Cláudio: Não sou medroso, sou precavido.

 

Léo: Medroso, franguinho, frangote.

 

Cláudio: Nossa... Quanta maturidade.

 

 

Casa de Helen. Ela abre a porta e Roger, Amanda e Larissa aparecem do lado de fora.

 

Roger (sorrindo): Surpresa!

 

Helen (surpresa): O que vocês estão fazendo aqui?

 

Amanda: Viemos te convidar para ir ao cinema com a gente, e não aceitamos ‘não’ como resposta.

 

Larissa: Isso mesmo, se tiver que fazer alguma coisa, faça agora, porque o filme começa em meia hora.

 

Amanda: E aproveita que o Roger está bancando tudo!

 

Roger: Eu?

 

Amanda (cutucando-o): Não seja mão de vaca.

 

Roger (sorrindo para Helen): O Roger está bancando! Vamos lá?

 

Helen passa a mão na nuca, hesitante.

 

Larissa: Por favor, você não sabe como é chato ficar vela pra esses dois. A cada dois segundos, as línguas deles se enrolam.

 

Helen (rindo): Okay, me deem cinco minutos.

 

Os três do lado de fora sorriem. Helen abre a porta por completo e acena para que eles entrem. A câmera se posiciona do lado de fora, mostrando-os entrando.

 

 

Estrada de terra. Cláudio e Léo caminham, o primeiro um pouco mais atrás do segundo. Ambos parecem cansados e entediados.  

 

Cláudio: Não tem posto, nem cidade por perto.

 

Léo: Dá pra parar de reclamar, só um pouquinho?

 

Cláudio: Eu não estaria falando um ‘a’ se, um, você tivesse pegado a estrada certa, dois, você tivesse olhando pra frente, o que, mesmo sem habilitação, sei que é a principal condição pra dirigir um veículo... E três, se você não fosse um completo idiota e tivesse me aceitado no time, talvez o Roma não precisaria nos enviar nessa missão estúpida no intuito de nos entendermos.    

 

Léo (parando e virando para ele): Okay, já chega!

 

Ele se aproxima de Cláudio e acerta um soco no rosto dele, fazendo-o cair.

 

Léo: Cansei de te ouvir, puta merda, que coisa chata... Estava me coçando pra fazer isso.

 

Cláudio (levantando): É mesmo?

 

Ele se aproxima e acerta um soco no rosto de Léo, fazendo-o cair também.

 

Cláudio: Também cansei de ficar perto de você! Sinto que a cada segundo, me torno mais burro. 

 

Léo levanta. Cláudio ergue os pulsos.

 

Léo: Eu vou te fazer em mil pedaços.

 

Cláudio: Pode tentar, além melhor jogador,  eu luto melhor também. 

 

Léo se aproxima e acerta um soco em Cláudio, que ainda em pé, acerta um soco em Léo. Ambos começam a se agarrar e caem, rolando no chão de terra. Léo fica em cima de Cláudio e começa a socá-lo, Cláudio consegue puxá-lo e inverte a situação, socando-o dessa vez. Léo o puxa e novamente eles começam a rolar até que param em determinado ponto.

 

Léo: Escuta?

 

Cláudio: O quê?

 

Léo: Shhh!

 

Cláudio para e começa a prestar atenção. Ouve-se barulho de um caminhão. Rapidamente eles levantam e começam a se bater pra tirar a poeira das roupas. O caminhão aparece. Eles começam a pular e acenar. O veículo para metros à frente e eles correm até ele. Corta para um homem de meia idade.

 

Homem: Perdidos no pasto, garotos?

 

Cláudio: Tem alguma cidade por perto?

 

Homem: Olha, a próxima cidade fica longe à beça. Aqui é só terra daqui pra frente.

 

Cláudio olha para Léo em sinal de reprovação.

 

Léo: Meu carro quebrou ali atrás... O senhor poderia nos dar uma carona até a chegarmos a algum posto ou cidade?

 

Senhor: Sem problemas, sobem aí.

 

Léo sobe no veículo, seguido de Cláudio. Corta para a visão traseira do mesmo. Podemos ver a seguinte frase estampada “Não xingue o caminhoneiro, ele pode ser seu pai”. Segundos depois o veículo começa a andar.

 

 

Cinema. Roger e Amanda estão lado a lado assistindo ao filme e comendo pipocas. Close nos olhos de Roger que estão lacrimejando. Amanda olha por alguns segundos.

 

Roger: O quê? Eu sou um rapaz sensível.

 

Amanda ri e o beija no rosto. A câmera sobe, mostrando Larissa e Helen na fileira de trás, também comendo pipocas.

 

Larissa: Reservei um lugar pra você na caravana que vai torcer pelos meninos.  

 

Helen (sorrindo): Obrigada, mas eu não pretendia ir. 

 

Larissa (após alguns segundos): Entendo que esteja achando tudo muito rápido, mas você é melhor amiga do Cláudio, que é melhor amigo do Roger, que é namorado da minha melhor amiga... Ou seja, uma hora a gente teria que se aproximar.

 

Helen: É, mas não pode me condenar por achar isso tudo muito surreal.

 

Larissa: Você não tem andado pra cima e pra baixo com o Léo agora? Provavelmente deve acreditar que ele tenha mudado, não é?

 

Helen não responde, apenas a olha e concorda com a cabeça. Larissa sobe as sobrancelhas.

 

Larissa: Então, não há muita diferença do que está acontecendo aqui.

 

Helen abaixa o olhar, ficando pensativa por alguns segundos. Depois volta a prestar atenção no filme.

 

 

Corta para o caminhão parado. Quando ele sai, vemos Cláudio e Léo parados do lado de fora. Cláudio acena para o motorista. A câmera abre e mostra um lugar cheio de terra, casas de madeira, um bar e um campinho de futebol perto. Alguns rapazes sem camisas estão jogando bola.

 

Léo: Que fim de mundo é esse?

 

Cláudio: Deve ser algum tipo de vila, vai saber? Tenta ligar para o seguro.

 

Léo: Primeiro preciso saber onde estamos. Vou ali naquele bar perguntar.

 

Ele se desloca e sai. Cláudio olha para o campinho e vai até ele. Os rapazes jogando bola param ao vê-lo. São quatro rapazes. Um em especial [Andrew James Allen] se aproxima dele, em tom sério e ameaçador.

 

Rapaz: Perdeu alguma coisa aqui, playboy?

 

Cláudio: Eu? Playboy? Vê (mostrando a camisa) É dos piores camelôs. Só estava assistindo vocês jogarem, enquanto espero meu amigo. Que também é bem pobre.

 

Rapaz: Por que frisou a palavra pobre?

 

Cláudio: Acho melhor eu me calar.

 

Léo aparece e começa a bater as mãos no corpo pra tirar a poeira.

 

Léo: Você acredita que que o guincho vai levar quatro horas pra chegar nessa porcaria de lugar?

 

Cláudio (dando uma cotovelada nele): Hei!

 

Léo: O que foi?

 

Cláudio aponta com a cabeça e sobe as sobrancelhas. Léo olha para o grupo de rapazes que o encaram com seriedade.

 

Léo (sorrindo): Olha só, porcaria a gente diz pra qualquer coisa em nossa cidade. Meu carro é uma porcaria... Ele (apontando para Cláudio) é uma porcaria, e das grandes. É uma forma de elogio.

 

Rapaz: E você deve pensar que somos idiotas também?

 

Léo abre a boca para falar, mas Cláudio intervém.  

 

Cláudio: Não leve a mal o que meu amigo aqui diz. O pai dele o derrubou quando era bebê e o coitado ficou meio pancada da cabeça.... (puxando Léo) Mas a gente já está indo embora... E vocês, jogam muita bola, parabéns.

 

Cláudio e Léo começam a sair do campo. Corta para outro rapaz chega parto do primeiro.

 

Rapaz 2: “Vamô” pegar eles, Jer.

 

Jer: Vocês dois, esperam aí.

 

Cláudio e Léo param. Cláudio olha para Léo, num tom de reprovação.

 

Jer: Se o guincho vai demorar pra chegar, vamos nos divertir um pouco... Com vocês dá pra formar dois times de três.  

 

Cláudio (abrindo os braços e sorrindo): Por que não?

 

Léo (para Cláudio): Perdeu a cabeça?

 

Cláudio: Prefere contrariar e acabar apanhando?   

 

Léo (sorrindo e olhando para os rapazes): Sabe que um futebolzinho até que não seria má ideia?

 

 

Corta para eles já no campinho, divididos em dois times. Léo e Cláudio do mesmo lado. O jogo inicia. Léo pega na bola e dribla um rapaz. Quando se aproxima de outro, é empurrado e vai ao chão.

 

Música: Yellowcard - Lights & Sounds

 

Léo (levantando a mão): Falta!

 

Jer: Falta? Você é bicha, por acaso?

 

Léo apenas o encara. Jer ri e corre. Corta para alguns cortes rápidos do jogo como, Léo pegando a bola e novamente derrubado. Cláudio tocando para um rapaz, que faz o gol. Léo correndo e sendo prensado por dois, que o derrubam outra vez. Close nele batendo a mão no chão, nervoso. Léo lançando a bola para Cláudio que pega e corre pra frente, mas antes de chutar leva um carrinho violento que o faz cair e rolar ao chão. Corta para Léo indignado.

 

Léo: Hei, idiota! Isso é falta!

 

Jer: Aqui não tem falta, bebezão! E quem você chamou de idiota?  

 

Cláudio levanta. Léo olha para Jer e sorri em tom de provocação.

 

Léo: Então tá.

 

Um rapaz está com a bola no meio de campo. Léo corre até ele e o empurra, fazendo-o mergulhar ao chão. Imediatamente todos correm até ele.

 

Jer (nervoso): O que foi isso?

 

Léo: Não é um jogo pra homem? Sem faltas?

 

Jer (se aproximando): Que tal levar umas porradas pra largar a mão de ser marrento?

 

Cláudio (tentando apartar): Que isso, galera! Foi só uma falta. Ele não vai mais fazer, né? (olha para Léo).

 

Léo: Quer saber? Estou cansado desse cara. Fala que eu sou marrento, mas não para de provocar... Quer vir pra cima, pode vir!

 

Jer (sorrindo): Mas não é só eu que vou brincar.

 

Os outros quatro rapazes se juntam e formam uma roda em volta de Léo. Cláudio fica de fora e balança a cabeça.

 

Léo (mexendo os ombros e dando pulinhos): Okay, eu não queria isso, mas já que vocês pediram!

 

Léo acerta um soco em Jer e logo consegue acertar em outro rapaz. Os outros dois avançam e seguram seus braços. Jer começa a socá-lo no estomago e no rosto. Corta para Cláudio observando tudo.

 

Cláudio (revirando os olhos): Oh, merda!

 

Cláudio corre até um dos rapazes que está segurando Léo e o puxa, socando seu rosto. Léo acerta um chute na região baixa de Jer e soca o outro que o está segurando.  Cláudio e Léo encostam as costas e conforme um rapaz avança, eles batem.

 

Cláudio (puxando Léo): Vamos dar o fora daqui! (correndo) Corre!

 

Léo começa a correr. Jer ainda caído e se segurando, olha para os outros rapazes.

 

Jer (nervoso): Tão olhando o quê? Vão atrás deles! E você (olha para outro) Chama o resto no bar.

 

Corta para Léo e Cláudio correndo pela estrada.

 

Cláudio (gritando): Pra onde? Pra onde?

 

Léo: Pro mato! Pro mato!

 

Eles pulam uma cerca e correm pelo mato afora. A câmera abre e podemos ver,  metros atrás, vários rapazes correndo na mesma direção. Após alguns segundos, a tela escurece. 

 

 

Abre mostrando o céu estrelado. Corta para Cláudio e Léo caminhando pela estrada de terra. Ouve-se barulhos de grilos ao redor. Eles estão machucados e aparentemente exaustos.

 

Léo (se coçando): Droga! Quatro horas escondido no mato, devo ter sido picado por uns quinhentos borrachudos.

 

Cláudio (rindo): E a cobra?

 

Léo (rindo): Hei, eu tinha certeza que era venenosa.

 

Cláudio (rindo): Certo. Quem poderia imaginar que você solta gritos tão histéricos?

 

Léo (rindo): Cala a boca.

 

Silêncio por alguns segundos. Léo olha para Cláudio.

 

Léo: Apesar de ter a situação sob controle, obrigado por ter me ajudado na briga.  

 

Cláudio: Por mais babaca que você seja, eu não poderia ficar só na plateia. Apesar dos pesares, o time precisa da sua liderança.

 

Léo (rindo): E da onde surgiu aquela força toda? Você bate que nem minha mãe.

 

Cláudio: Sei... Aposto que agradeceu a Deus quando o caminhão chegou para apartar nossa briga.

 

Eles riem e depois mais uma vez ficam em silêncio por alguns segundos.

 

Léo: Sobre a Helen, não precisa se preocupar. Eu gosto dela e jamais iria levar à frente àquela ameaça... Ela merece o melhor.

 

Cláudio: Merece... (após alguns segundos) Talvez você não seja um caso perdido, afinal. 

 

Na frente deles, é possível ver um local iluminado. Eles param.

 

Música: Angels And Airwaves – The Adventure

 

Cláudio: Não acredito!

 

Léo (feliz): Uma cidade! (aliviado) Graças a Deus!  

 

Eles começam a caminhar na direção da cidade. A câmera muda para uma visão aérea da cena.

 

Léo: Só pra deixar claro, eu ainda te odeio e espero que esquente o banco amanhã.

 

Cláudio (rindo): Não se preocupe, você ainda é meu inimigo número um.  

 

Léo (em tom humorado): Vamos dar o fora daqui.

 

 

Nesse instante o som de torcida começa a tomar conta. A imagem transparece para dentro de um ginásio lotado. A maior parte da torcida está de amarelo, e uma pequena parte do lado esquerdo da arquibancada, está de vermelho, entre eles podemos ver Helen, Larissa, Roger, Amanda e Priscila. Os quatros primeiros em uma única fileira e a última na fileira de cima. 

 

Corta para o placar eletrônico que marca “Furacões 1x1 Visitantes”. A câmera desce na quadra. Gil está com a bola. Ele corre, Cláudio sozinho na frente levanta a mão. Gil ignora e tenta tocar para Felipe, mas o jogador adversário intercepta e pega a bola. Cláudio corre até Gil.

 

Cláudio: O que está fazendo?

 

Gil: Fica na sua.

 

Roma perto do banco de reservas, passa a mão na cabeça e olha o relógio. Ele fica pensativo e vai até Léo, sentando ao lado dele no banco.

 

Roma: Vai jogar. 

 

Léo: Mesmo?

 

Roma: O time precisa de você. Eu preciso de você... Mas Léo, é sua última chance de fazer algo por todos, entendeu?

 

Léo acena com a cabeça, levanta rapidamente e começa a se alongar. Um Gladiador corre até o banco e dá lugar a ele que entra. Corta para o goleiro dos Gladiadores que toca a bola para Felipe. Felipe passa para Gil, que tenta tocar para Léo que já estava marcado por dois. O adversário toma a bola e chuta em gol, mas passa longe.

 

Léo (para Gil): Ficou maluco? Não me viu marcado? O Cláudio estava livre!

 

Gil (confuso): O quê?

 

Felipe está com a bola, ele passa para Cláudio, que passa para Léo. Léo dribla um jogador e toca para Gil. Cláudio, livre de marcação pede a bola, mas Gil novamente o ignora e toca para Léo que é derrubado. Close em Léo no chão por alguns segundos. O som fica abafado. Ele balança negativamente a cabeça, levanta e vai até Gil. O som volta ao normal.

 

Léo (falando alto): Eu quero vencer esse jogo de qualquer jeito, entendeu? Se você não começar a a tocar a bola pro Cláudio, eu juro que vou te tirar daqui no chute! 

 

Gil fica de boca aberta, confuso. Close em Roma que franze a testa e sorri. Volta para Léo.

 

Léo (batendo palmas): Vamos lá time!

 

Léo cobra a falta, tocando atrás para Felipe, que avança e toca para Cláudio, que corre para a lateral e dribla um jogador, tocando para Léo, que deixa a bola passar por um pé e desconcerta o adversário. Ele pega de primeira com o outro pé e chuta em gol. A bola entra.

 

Cont- Angels And Airwaves – The Adventure

 

Corta para a torcida dos Gladiadores que pulam e se abraçam, gritando. Roma comemora do banco de reservas junto com os reservas. Os jogadores em quadra se abraçam, exceto Gil que mantém uma expressão séria.  O jogo reinicia, mas o juiz apita o final da partida. Os jogadores em quadra se juntam no meio e se abraçam de novo, com exceção novamente de Gil.

 

Do banco de reservas, vemos Roma rindo, emocionado, enquanto olha para Cláudio e Léo se cumprimentando. Muda para uma visão aérea da quadra e após alguns segundos, a tela escurece.

 

 

Abre no parque de diversões. Léo e Helen caminham felizes olhando as barracas. Ela segura uma maçã do amor.

 

Música: Avril Lavigne - Anything But Ordinary

 

Helen: Hoje vocês fizeram jus ao título de Gladiadores. Vocês foram incríveis.

 

Léo: Até agora não consigo acreditar.

 

Helen (parando e olhando-o): Estou orgulhosa de você.

 

Léo: Foi apenas um jogo.

 

Helen: Você sabe o que eu estou querendo dizer.

 

Léo sorri para ela. Helen coloca a mão no rosto dele.

 

Helen: O que aconteceu com o seu rosto?

 

Léo: Longa história... Depois eu te conto. Agora eu quero é comemorar... Com você.

 

Helen (sorrindo): Hum, e o que tem em mente?

 

Ele olha pra frente. Close em Gil e Felipe num fliperama alguns metros à frente.

 

Léo: Antes eu preciso falar com uma pessoa... Coisa rápida, okay?

 

Helen (sorrindo): Pode ir.

 

Ele beija o rosto dela e sai. Helen olha para uma pequena ponte e fica pensativa. A câmera se movimenta e mostra Cláudio parado e olhando um lago. Corta para ele, Helen se aproxima vindo de trás.  

 

Helen: Oi?

 

Cláudio (virando e olhando-a): Helen!

 

Ele imediatamente vai até ela e a abraça forte. Helen cede ao abraço e fecha os olhos. Após alguns segundos eles se afastam alguns centímetros.

 

Cláudio: Que saudades estava de você.

 

Helen: Eu também senti sua falta.

 

Cláudio: Sobre aquele episódio antes do baile, me perdoa, de coração. Eu não tive intenção de te magoar e naquele momento, achei que estava tudo bem.

 

Helen: Não tem problema, esquece isso. Acabou que foi uma grande noite pra mim.

 

Cláudio: Mesmo assim, eu não devia ter marcado com você e não cumprido. Foi um erro estúpido da minha parte.

 

Helen (sorrindo): Não se cobre tanto, afinal, você ia com a garota dos seus sonhos.

 

Cláudio: Que acabou se tornando a dos meus pesadelos.

 

Helen: Sinto muito pelo que aconteceu.

 

Cláudio: Não sinta. Não foi por falta de aviso, certo?

 

Nesse instante Larissa aparece. Ela e Cláudio trocam olhares.

 

Larissa: Posso falar com você um instante?

 

Cláudio não responde e olha para Helen.

 

Helen (sorrindo): Vocês têm muita coisa para conversar.

 

Cláudio: Você vai ficar bem?

 

Helen: Claro, estamos num parque de diversões (sorri novamente).

 

Cláudio: Uma promessa para toda a vida?

 

Helen: Uma promessa para toda a vida.

 

Eles se cumprimentam com um beijo no rosto. Helen sai e ao passar por Larissa, ambas se olham e sorriem uma para a outra. Larissa se aproxima de Cláudio.

 

 

Fliperama. Gil, nervoso, bate nas teclas insistentemente e olha para o jogo, ignorando Léo que está ao seu lado. Felipe está do outro lado de Gil.

 

Léo: Qual é, Gil. Vai ficar de cara emburra comigo agora?

 

Gil não responde e continua dando atenção ao jogo. Léo e Felipe se olham.

 

Felipe: Deixa pra conversar amanhã, de cabeça mais fria e tal.   

 

Gil soca a máquina, dando a entender que perdeu. Ele lança um olhar furioso a Léo.

 

Gil: Estou tentando entender, que diabos deu em você pra falar comigo daquele jeito? E ainda por causa de um idiota que a gente não suporta!

 

Léo: Não foi por causa dele, foi pelo time. A gente precisava vencer pra continuar sonhando com o título.

 

Gil (furioso e avançando): E pra isso precisava me humilhar na frente de todos?

 

Léo (recuando): Não foi pra tanto... Recua, Gil.

 

Gil: Ou o quê? Vai chamar seu novo amiguinho pra te ajudar a me bater?

 

Léo: Eu vou relevar isso tudo, porque sei que está de cabeça quente. Amanhã a gente conversa.

 

Gil para de avançar e desvia o olhar. Ele franze a testa e sorri. A câmera se movimenta e mostra Helen de frente para uma barraca. Volta para Gil, que olha para Léo.

 

Gil: Você apronta comigo, eu apronto com você!

 

Ele puxa Léo e o empurra em Felipe, fazendo os dois caírem. Depois sai apressadamente. Corta para Helen na barraca. Ela vira e dá de frente com Gil.

 

Gil (sorrindo): Oi Helen?

 

Helen (estranhando): Oi?

 

Ela tenta sair, mas ele a impede.

 

Helen: Me dá licença, por favor?

 

Gil: Só me responde uma coisa antes de sair... Como se sentiria se soubesse que não passa de um instrumento na mão de alguém, para que seu melhor amigo desista do time?

 

Helen: Eu não acredito em você.

 

Ela tenta sair, mas Gil segura seu braço. Léo aparece junto com Felipe e imediatamente vai até Gil, empurrando-o.

 

Léo (nervoso): O que você pensa que está fazendo?

 

Gil: Conta pra ela, Léo, sobre nosso plano de usá-la para atingir o Cláudio?

 

Helen (para Léo): Do que ele está falando?

 

Léo: Vamos sair daqui, e na sua casa a gente a conversa.

 

Ele segura na mão de Helen e ambos começam a caminhar.

 

Gil (falando alto): Vai ter a cara de pau de mentir pra ela de novo? O que é uma mentira, dentre tantas outras, certo? Nega que você ameaçou o Cláudio na quadra, semanas atrás, dizendo que ia humilhar a amiguinha dele, se ele não começasse a colaborar contigo? Nega que disse que ela ia ficar de quatro por você depois da nossa encenação na praça?

 

Helen para imediatamente. Léo a olha, desesperado.

 

Helen: O que ele está dizendo é verdade?

 

Léo: Por favor, Helen... Vamos conversar em outro...

 

Helen (cortando/falando alto): Responde, seu covarde!

 

Léo fecha os olhos e abaixa a cabeça.

 

Léo (com voz tremula): É, é verdade.

 

Música: My Chemical Romance – The Ghost Of You

 

Os olhos de Helen começam a brilhar. Sua face expressa grande decepção, e seus lábios, começam a tremer. Ela volta a andar. Léo vai atrás, segurando-a.

 

Léo: Mas eu posso explicar tudo...

 

Ela vira e imediatamente acerta um tapa no rosto dele.

 

Helen (com os olhos lacrimejando/falando pausadamente): Nunca, nunca... Nunca mais eu quero ouvir sua voz. Não se aproxime de mim outra vez. Eu estou com nojo de você.

 

Ela se afasta e sai, andando apressadamente. Léo fica parado, observando-a sair. Sua expressão é de dor. Ele vira e olha para Gil.

 

Léo: Eu vou fazer você se arrepender amargamente disso... (pausa) Pode esperar.

 

Ele sai. A câmera se aproxima do rosto de Gil, que está com uma aparência assustada e arrependida. Ele olha para Felipe, que balança a cabeça, em reprovação. Felipe sai, deixando-o sozinho.

 

 

Cláudio e Larissa caminham por um lugar um pouco afastado do parque. Ambos estão em silêncio.

 

Cláudio: Diz logo, Larissa. O que você quer falar comigo?

 

Larissa: Sei que não vai acreditar em mim... Mas senti sua falta.

 

Cláudio: Claro que sentiu. Não é sempre que se tem um bobo da corte disposto a lamber o chão que você pisa.

 

Larissa: Cláudio, eu nunca te considerei assim.

 

Cláudio: Não importa. Independentemente do que vai dizer, me sinto livre, finalmente. No final, você me fez um favor.

 

Eles param e ficam de frente um para o outro.

 

Larissa: Eu preciso que você me perdoe... Preciso que me dê uma nova chance.

 

Cláudio: Não. Eu não quero te dar uma nova chance. Eu não quero ouvir sua voz. Há um mês bastava você estalar os dedos, que eu viria correndo, sem pestanejar. Você era tudo que eu sempre quis e sonhei, Larissa... Acontece que olhando pra trás, não consigo imaginar o porquê sempre desejei isso.

 

Larissa: Você não pode me odiar pra sempre, por causa de um primeiro erro.

 

Cláudio: Quem garante que o próximo não é amanhã? Você é tão bipolar que não dá pra saber com que humor vai acordar.

 

Larissa (mordendo os lábios): Isso não é justo...

 

Cláudio (rindo nervosamente): O que não é justo é ficar preso a um sentimento que nunca te fez bem. (pausa) Adeus, Larissa.

 

Ele sai de perto. Larissa passa as mãos nos cabelos, visivelmente incomodada.


 

Corta para Cláudio caminhando apressadamente. Priscila o segura.

 

Cont- The Calling - Wherever You Will Go

 

Priscila: Ow, ow, ow… Que fúra é essa? 

 

Cláudio (se acalmando): Não é nada...

 

Ele olha para frente e vê Larissa caminhando de cabeça baixa.

 

Cláudio: Lembra quando disse estou em dívida com você?

 

Priscila: Sim, quando vai pagar?

 

Cláudio: Que tal agora? 

 

Ele abraça Priscila e começa a beijá-la. A câmera se move, mostrando Larissa caminhando metrôs atrás, de cabeça baixa e falando sozinha.

 

Larissa (pra si): A verdade, Cláudio, eu que é eu acho que estou gostando de você... (pensativa) Não, espera aí... (pausa/respira fundo) Cláudio, eu quero que a gente possa...

 

Ao levantar a cabeça, ela para imediatamente. Seus olhos começam a brilhar. Pelas costas dela, podemos ver que observa Cláudio e Priscila se beijando. Corta para os dois.

 

Priscila (sorrindo): Uau! Isso que eu chamo de pagar uma dívida.

 

Cláudio (sorrindo): Vamos para outro lugar?

 

Priscila: Com prazer.

 

Ele segura na mão dela e os dois iniciam um caminhar lento. A câmera se afasta, revelando Larissa imóvel, observando-os com tristeza. Ela fecha os olhos e uma lágrima escorre silenciosamente pelo seu rosto. A cena se desvanece lentamente em um escurecer gradual da tela. 

 

 

 

 

 

 


 

Créditos Finais:

 

 

Criado e Escrito por:

 

Thiago Monteiro

 

Participação Epecial:


 Mackenzie Rosman como Priscila

Andrew James Allen como Jer

 

Música Tema:

 

Switchfoot - Meant To Live

 

Trilha Sonora:

 

Natasha Bedingfield – Unwritten

Ashlee Simpson – Boyfriend

Green Day – Holiday

Yellowcard - Lights & Sounds

Angels And Airwaves – The Adventure

Avril Lavigne - Anything But Ordinary

My Chemical Romance – The Ghost Of You

The Calling - Wherever You Will Go

 

 

 

 

 

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