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Ginásio do colégio Esplendor. A câmera segue o treinador Paulo que caminha pela quadra segurando alguns coletes azuis. Posicionados em linha estão os jogadores, entre eles, Cláudio, Felipe, Bruno e Gustavo.

 

Música: TrainRespect

 

CLÁUDIO: (em off) Dizia um sábio provérbio popular... “Se quiser verdadeiramente conhecer um homem, dê-lhe autoridade”.

 

Paulo entrega um dos coletes a um garoto, em seguida vai até Felipe e entrega outro. Se aproxima de Bruno e Gustavo e também entrega um colete a cada. A câmera dá um close no rosto de Cláudio que franze a testa, sem entender. Os jogadores se dirigem até o centro da quadra. Cláudio vai até Paulo.

 

CLÁUDIO: Treinador... Acho que houve um engano aqui.

 

PAULO: Especifique o engano...

 

CLÁUDIO: Bom, é que o senhor entregou os coletes titulares...

 

PAULO: E daí?

 

CLÁUDIO: E eu sou titular.

 

PAULO: Nós não temos titulares e reservas ainda. Não sei se você percebeu, mas o time está em formação.

 

CLÁUDIO: Acontece que ano passado eu estava entre os titulares e ajudei na conquista do título... Isso não conta?

 

PAULO: Ano passado, foi ano passado.

 

Paulo caminha até o centro da quadra. Cláudio fica parado, sem acreditar.

 

CLÁUDIO: É só isso? Tudo o que você tem a dizer é que ano passado, foi ano passado?

 

PAULO: (sem olhá-lo) Quer ser titular? Faça por merecer. Até agora não vi nada demais em quadra que o diferencie dos outros.

 

Paulo se dirige até os titulares, chamando-os. A câmera dá um close no rosto de Cláudio, que fecha a cara, visivelmente insatisfeito. Close em Gustavo que o olha e sorri de forma debochada. Cláudio o encara com seriedade. Segundos depois, a tela escurece.

 

 

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Cozinha da casa de Cláudio. Silvia e Lucio estão sentados à mesa. Silvia bebe tranquilamente um café, enquanto Lucio mentem uma expressão distante. Silvia percebe.

 

SILVIA: Você está bem?

 

LUCIO: Alguns problemas na empresa... (levanta) E falando nisso, chegou minha hora.

 

Ele caminha até a sala. Silvia o acompanha. Lucio pega o paletó e coloca. Silvia o ajuda, ajeitando-o no corpo dele.

 

SILVIA: Estou um pouco preocupada com você. Não é de hoje que anda meio distante, abatido. Quer me contar alguma coisa?

 

LUCIO: (sorrindo) Confie em mim, se eu me sentar para te contar os problemas que estamos enfrentando na empresa, você dorme em dez minutos.

 

SILVIA: Mas é só isso mesmo que está te incomodando? Sabe que pode contar com o meu apoio sempre, não sabe?

 

LUCIO: (sorrindo) Claro que sei. Mas não fica preocupada não, nada que algumas reuniões não resolvam. (se desloca) Preciso ir.

 

Eles caminham até a porta. Lucio abre a porta e beija a esposa, saindo e fechando a porta em seguida. Silvia mantém uma expressão preocupada.   

 

 

Vista aérea do ginásio do colégio Esplendor. O local está cheio de pessoas que transitam por várias tendas montadas e espalhadas por toda parte. Corta para uma em especial. Nela vemos Helen, Bruno e Gustavo. Os três estão com vestes orientais e faixas das testas.

 

Música: The Feeling - Never Be Lonely

 

GUSTAVO: (entediado) Odeio feira das nações.

 

BRUNO: Eu nunca participei de uma...

 

GUSTAVO: Lá na roça vocês nem devem saber que existem outros países, né? 

 

Bruno encara Gustavo que sorri para ele. Helen balança a cabeça.

 

HELEN: Isso é um pouco de cultura, Gustavo.

 

GUSTAVO: E o que me interessa saber sobre os costumes japoneses? Eu nem sonho em pisar naquele lugar.

 

BRUNO: Eu não pensava em morar aqui também e cá estou.

 

GUSTAVO: Nossa! Que choque de cultura você deve ter presenciado... Estamos falando do Japão, meu filho. Outro continente. Não do barro para o asfalto.

 

Bruno respira fundo e se vira. Helen se aproxima dele.

 

HELEN: Não liga, ele só consegue se comunicar desse jeito.

 

BRUNO: E depois o caipira sou eu.

 

Eles riem e trocam olhares. A câmera gira até outra tenda. Nela estão Cláudio, Roger e uma garota [Emily Osment]. Os três estão com vestes vermelhas e bandeiras marroquinas enfeitam o local.

 

Cont. The Feeling - Never Be Lonely

 

ROGER: Não sei quanto a vocês, mas o pouco que estudei sobre o Marrocos, muito pouco sei.

 

GAROTA: Por isso acabou de dizer “pouco”... Se tivesse estudado sua parte, saberia um pouco mais.

 

ROGER: Querida Livia, eu não tive tempo pra isso. Eu tenho uma vida, okay?

 

LIVIA: Ah claro, certamente que farrear e ficar namorando é mais importante que seu futuro acadêmico.

 

ROGER: (sorrindo) No momento é sim.

 

Livia revira os olhos e balança negativamente a cabeça. Roger se aproxima de Cláudio.

 

ROGER: Você está bem? Está com algum problema?

 

CLÁUDIO: Nossa, que legal da sua parte querer falar de outra coisa que seja da Amanda.

 

ROGER: Ah, qual é? Eu não fico falando só da Amanda...

 

Corta para Amanda parando em uma tenda e Roger olhando-a.

 

ROGER: Tá bom, talvez só um pouco. Mas se eu não puder desabafar com o meu melhor amigo, com quem farei?

 

CLÁUDIO: Acontece que não é apenas um que tem problemas.

 

ROGER: Você tem razão, desculpa... Vamos lá, se abra comigo, o que está te incomodando?

 

Cláudio olha fixamente para a frente. A câmera se movimenta, mostrando Paulo caminhando ao lado de uma professora. Corta para Cláudio que fecha a cara.

 

CLÁUDIO: Nada.

 

ROGER: Depois não diga que eu não tentei... (morde os lábios) Posso falar da Amanda agora?

 

Cláudio bufa e senta. Roger começa a mexer os lábios.

 

 

Corta para outra tenta. Nela estão, Felipe, Priscila e Gabriel. Os três de roupas azuis claras e brancas. Bandeirinhas argentinas também estão por toda parte.

Cont. The Feeling - Never Be Lonely

 

PRISCILA: Tenho muita vontade de conhecer Buenos Aires.

 

FELIPE: (dando os ombros) Nunca me interessei em sair daqui.

 

PRISCILA: Você é muito quadrado, sabia?

 

FELIPE: (sorrindo) Um quadrado que você é louca para agarrar.

 

PRISCILA: De novo essa história? E o que você está fazendo aqui, se nem estamos no mesmo ano?

 

FELIPE: Alunos voluntários ganham alguns pontos extras. Não posso me dar ao luxo de repetir outra vez.

 

PRISCILA: E veio parar bem na minha barraca?

 

FELIPE: Eu tentei o da Nicole, mas a professora não deixou.

 

PRISCILA: Por falar nisso, como está seu relacionamento com a sem graça?

 

Close em Gabriel que a olha. Felipe se aproxima mais de Priscila.

 

FELIPE: Meu relacionamento com a Nicole vai muito bem, obrigado.

 

PRISCILA: (mexe os ombros) Grande coisa...

 

FELIPE: Uau, quem diria, a grande Priscila se mordendo de...

 

GABRIEL: (interrompendo) Eu já...

 

PRISCILA: (olhando-o sem entender) Você já o quê?

 

GABRIEL: Fui a Buenos Aires... É uma cidade fantástica.

 

Priscila revira os olhos e balança negativamente a cabeça. Felipe olha para Gabriel e sorri.

 

 

Parte interna da casa de Roger. A porta abre e Arthur entra. A câmera o acompanha até a sala, onde Vera está empurrando uma estante. Arthur corre até ela, segurando a estante.

 

ARTHUR: Não era pra você estar fazendo esforço, sabia?

 

VERA: É só uma estantezinha...

 

ARTHUR: (imitando-a) É só uma estantezinha... Só uma estantezinha... Nem uma cadeira você devia empurrar.

 

VERA: Você para de me tratar como criança.

 

ARTHUR: Você pare de agir como uma. Quantas vezes preciso lembrá-la que estamos lidando com uma gravidez de risco?

 

VERA: E quantas vezes devo lembrá-lo que da outra vez também era e tudo saiu perfeitamente bem?

 

ARTHUR: E quantas vezes preciso lembrá-la que você era dezessete anos mais nova?

 

VERA: E quantas vezes devo lembrá-lo que você adorava aventuras e não era esse senhor de idade que é hoje?

 

ARTHUR: E quantas vezes devo lembrá-la também que você era bem mais...

 

VERA: (cortando e apontando o dedo) Tome muito cuidado com o que vai dizer, mocinho!

 

Arthur começa a rir. Vera faz o mesmo. Eles se sentam no sofá.

 

ARTHUR: (rindo) A gente não consegue levar a sério nem nossas brigas.

 

VERA: É por isso que você é o melhor marido do mundo... (dá um selinho nele).

 

ARTHUR: Pois vou começar a ser um marido durão daqui pra frente... Quem sabe comece a me levar mais a sério e obedeça as regras da gravidez.

 

VERA: (fazendo biquinho) Tudo bem, tudo bem... Eu prometo que farei menos esforço físico daqui pra frente, okay?

 

ARTHUR: Menos esforço não... Nenhum esforço.

 

VERA: Tá, nenhum esforço... Mas nenhum mesmo né?

 

ARTHUR: Sim, nenhum... Por quê?

 

Vera sobe e desce as sobrancelhas com um sorriso malicioso. Arthur abre bem os olhos, percebendo do que se trata.

 

ARTHUR: (sorrindo) Ah, sua danadinha... Esse tipo de esforço nós podemos dar um jeito. Quer ir lá pra cima?

 

VERA: (desfazendo o sorriso malicioso) Não posso... Gravidez de risco, sabe? Já fiz muito esforço por hoje.

 

Ela se inclina e deita no sofá. Arthur a olha, frustrado. Vera sorri.

 

 

Ginásio do colégio Esplendor. Bruno e Helen estão na tenda, conversando com as algumas pessoas que estão por perto. Atrás, vemos Gustavo deitado com a cabeça encostada em uma almofada. As pessoas saem e Helen se dirige até ele.

 

Música: Across the Sky - Everywhere She Goes

 

HELEN: Os professores estão vendo, sabia?

 

GUSTAVO: Nem ligo, não estudei pra isso mesmo. Além do mais, eu tenho créditos de sobra.

 

HELEN: (sentando ao lado dele) Mas um pouquinho de esforço vai te fazer algum mal?

 

GUSTAVO: Me responde uma coisa... Agora que voltou para a casa da vovó, vai voltar também a ser aquela Helen mega responsável?

 

HELEN: (sorrindo) Por quê? Está com medo de me perder?

 

GUSTAVO: Totalmente... Com quem eu vou aprontar se isso acontecer?

 

HELEN: Pois pode ficar sossegadinho que você não vai me perder... Mas talvez eu fique um pouco menos irresponsável.

 

GUSTAVO: (sorrindo) Huh, menos mal.

 

Helen toca o braço dele e levanta, se dirigindo até Bruno.

 

BRUNO: Por que você ouve esse aí?

 

HELEN: Porque ele foi o único que me entendeu de fato. 

 

BRUNO: Uau, que legal saber que reconhece tudo o que meu primo fez por você.

 

HELEN: Não é disso que estou falando. Claro que reconheço tudo o que o Cláudio fez por mim. O problema era que ele queria que eu continuasse a mesma, mesmo depois de tudo que descobri. Não era aquilo que eu precisava naquele momento. Eu precisava extravasar, colocar pra fora, gritar com o mundo sem que fosse constantemente repreendida e tivesse que ouvir sermões. E com ele... (aponta com a cabeça para Gustavo deitado) foi diferente. Ele me deixou passar pelos meus momentos de raiva, me enraivecendo. Pode parecer que ele não ligava, que era má influência, mas não. Todos os meus atos, eu fiz porque queria fazer... E ele me segurava sempre que via que eu ia passar de vez da conta.

 

BRUNO: Eu não sei muito bem o que você considera como passar da conta, mas aparecer bêbada em sua festa de aniversário, não está muito dentro dos limites aceitáveis. Mas se você está dizendo, quem sou eu para retrucar? Afinal, nos conhecemos há tão pouco tempo. Mas uma coisa posso dizer... Eu não gosto desse cara.  

 

HELEN: (sorrindo) Mais da metade do colégio também não gosta.

 

Eles se viram e olham para Gustavo, que abre os olhos e franze a testa ao vê-los.

 

GUSTAVO: O quê?

 

 

Corta para a tenda onde Cláudio, Roger e Livia estão. Roger conversa com Cláudio, enquanto Livia está sentada em uma cadeira, um pouco atrás. Sua expressão é de puro tédio, enquanto Cláudio também expressa o mesmo.

 

Cont. Across the Sky - Everywhere She Goes

 

ROGER: Descobri o segredo... Simplesmente fingir que não estou nem aí.

 

CLÁUDIO: (sarcástico) Meus parabéns, está fazendo um ótimo trabalho agora, demonstrando.

 

LIVIA: (bufando) Vocês dois não têm outro assunto não?

 

ROGER: Com licença, não notou que estou numa conversa séria com meu amigo?

 

LIVIA: Aham... E notei também o profundo interesse dele em ouvir. Você parece meio obsessivo com essa sua namorada, sabia?

 

ROGER: E como pode saber, dona sabichona, se nunca namorou?

 

LIVIA: (levantando) Como pode saber que nunca namorei, se nem me conhece direito?

 

ROGER: Posso apostar que nem beijou na boca ainda... Pior ainda, nem selinho deu.

 

Livia abre a boca para falar, mas Amanda aparece, interrompendo-a.

 

AMANDA: (sorrindo) Olá rapazes.

 

ROGER: (rindo e olhando para Livia) Você é hilária sabia? Nunca conheci uma garota tão engraçada como você...

 

Livia franze a testa, confusa. Close no rosto de Amanda que para de sorrir. Roger se vira e olha para ela.

 

ROGER: (sorrindo) Oi Mandy, faz tempo que está aí? Desculpa, me perdi em meio a uma conversa show de bola com a Liv.

 

CLÁUDIO: É hora da minha pausa.

 

LIVIA: Da minha também...

 

Cláudio e Livia saem. Roger se aproxima de Amanda.

 

ROGER: Se divertindo na sua tenda?

 

AMANDA: Sim, conhece o Casper? Ele também é hilário.

 

ROGER: (sem entender) O fantasminha camarada?

 

AMANDA: Aham, tão engraçado quanto essa sua amiga aí quem nem sabia do que você estava falando. Roger, tentar provocar ciúmes não rola, entendeu?

 

ROGER: Huh, claro, não me surpreende que nem ciúmes você sinta mais.

 

AMANDA: Não foi isso que eu quis dizer.

 

ROGER: Quer saber? Fim de conversa, okay? Não vou mais ficar correndo atrás de você, tentando entender o que está se passado nessa mente doida aí. Agora eu sou mais eu, se quer, quer, se não quer, então vai embora. Agora é assim, que nem biscoito, vai uma, sobra oito.

 

AMANDA: Do que você está falando?

 

ROGER: É isso aí mesmo que você ouviu... Metáfora.

 

AMANDA: Então fique com sua metáfora e com as oito, nove, sei lá quantas sobrarem. Idiota!

 

Amanda sai, nervosa. Roger levanta a cabeça e fala alto.

 

ROGER: Isso aí, vai mesmo. E são dez, dez biscoitos! Depois não adianta vir chorando. (fazendo caretas) Buá, buá, meu Rogerzinho, amor da minha vida, tempero do meu arroz. Buá.

 

Roger para de fazer careta ao perceber que algumas pessoas estão de frente para a barraca. Ele se vira para eles.

 

ROGER: Esse é o Marrocos... (pensativo) E eu não sei mais nada sobre o país.

 

 

Tenta onde Priscila e Gabriel estão. Priscila olha seriamente para a frente. A câmera se desloca, mostrando Felipe e Nicole conversando animadamente em outra tenda. Gabriel se posiciona ao lado de Priscila.

 

GABRIEL: Posso te fazer uma pergunta?

 

PRISCILA: Vai fazer mesmo se eu disser não?

 

GABRIEL: Por que implica tanto com a minha irmã?

 

PRISCILA: Ah, essa garota chegou a agora e já pensa que... (caindo em si) Espera um minuto, sua irmã? Oh merda, você é menino que eu acertei na festa.

 

GABRIEL: (sorrindo) Uhum, e que bela direita, diga-se de passagem.

 

PRISCILA: Desculpa, eu não te reconheci. Se serve de consolo, o soco era para a sua mana.

 

GABRIEL: É, mas foi melhor que tenha sido em mim. Imagina uma garota com nariz inchado?

 

PRISCILA: (sorrindo) Era tudo o que eu queria ter visto.

 

GABRIEL: Bom, sinceramente falando, se não tivessem separado, não sei bem se seria a Nicole a maior afetada ali.

 

PRISCILA: (indignada) O quê? Brr, eu tinha total controle da situação.

 

GABRIEL: Você estava embaixo, lembra?

 

PRISCILA: Fato estratégico, só isso.

 

GABRIEL: (rindo) Então tá.

 

PRISCILA: (após alguns segundos) Você parece gostar bastante dessa sua irmã.

 

GABRIEL: Eu gosto, o problema é que o sentimento não é mutuo. Nossos pais se casaram quando éramos crianças, mas ela nunca me considerou muito como irmão.

 

PRISCILA: Complicado... Ela parece ser um pouco fria.

 

GABRIEL: E é mesmo...

 

PRISCILA: (desconfiada) O que me leva a questionar... Por que tanto fricote com alguém que ela conheceu há pouco?

 

GABRIEL: (tentando disfarçar) Isso é diferente...

 

PRISCILA: (pressionando-o) É mesmo? Diga-me por quê? Existe algum interesse que não seja romântico ali?

 

GABRIEL: Claro que não... É puro amor.

 

Ele esboça um sorriso sem graça. Priscila espreme os olhos, ainda desconfiada.

 

PRISCILA: (sorrindo) Sabe, Gabi, algo me diz que nos tornaremos grandes amigos.

 

 

Corta para dentro de um banheiro. Close no espelho onde vemos Cláudio levantando, como se tivesse acabado de jogar água no rosto. Ele olha para o seu reflexo por alguns segundos e respira fundo. Ouve-se o barulho da descarga e em seguida Gustavo sai pela porta. Ele se aproxima de Cláudio e abre a torneira para lavar as mãos.

 

GUSTAVO: E ai colega... Nossa, estou com uma dor no corpo. Os titulares treinam puxado mesmo, fala sério. 

 

CLÁUDIO: Vai rindo enquanto pode. Ano passado eu era o novato do time e peguei a vaga do melhor jogador que o colégio já teve. Seu futebol perto dele é um micróbio, não vai ser difícil passar por cima.

 

GUSTAVO: Por que tudo que eu falo tem que ser levado como provocação? Eu apenas fiz um comentário. Você anda muito nervosinho... É falta de sexo ou quê?

 

Cláudio sorri, dá um tapa nas costas dele e sai. Gustavo balança a cabeça em reprovação e olha para o espelho, fazendo caretas e imitando Cláudio.

 

 

Vista aérea da quadra. Corta para algumas cenas rápidas dos alunos em suas tentas, rindo, dialogando com as pessoas por perto, conversando uns com os outros, até parar em Helen e Bruno, sentados em almofadas.

 

Música: Nickelback - Feeling Way Too Damn Good

 

HELEN: Como ele está?

 

BRUNO: Ele quem?

 

HELEN: (encarando-o) Você sabe quem.

 

BRUNO: Ele está bem, muito bem.

 

HELEN: Por acaso chegou a comentar sobre mim por esses dias?

 

BRUNO: Que eu me lembre não. As últimas palavras que eu ouvi o Cláudio dizendo sobre você, foi que nunca mais queria ouvir falar sobre você. Depois disso, você não foi mais citada... (sorri).

 

HELEN: Obrigada por essa risadinha no fim.

 

BRUNO: Mas, antes dessa briga boba, ele só se referia a você como o anjo dele. Então quebra esse orgulho estúpido e vai lá se desculpar.

 

HELEN: E se ele não aceitar?

 

BRUNO: Helen, estamos falando do Cláudio, lembra? Já passou o tempo da raiva.

 

HELEN: (decidida) Você tem razão, eu vou procurá-lo... (desanimando) Assim que tiver coragem.

 

BRUNO: (rindo) Covarde.

 

HELEN: (sorrindo e dando um tapa no braço dele) Eu não sou covarde.

 

Amanda aparece e se senta ao lado de Helen. Helen a olha e franze a testa.

 

HELEN: O que aconteceu?

 

AMANDA: Acredita que o Roger deu para agir como um verdadeiro idiota agora?

 

HELEN: Como qualquer garoto? (olha para Bruno) Sem ofensas.

 

BRUNO: (irônico) Imagina.

 

AMANDA: (para Helen) Você tem um tempinho? Preciso muito, muito mesmo, falar mal dele agora.

 

HELEN: Claro, chega de bancar a boa aluna por hoje. (levantando) Vamos dar uma volta.

 

Ela e Amanda saem, deixando Bruno sozinho.

 

BRUNO: (ironizando) Pode deixar que eu arrumo uma bela desculpa se algum professor perguntar o que eu estou fazendo aqui sozinho. 

 

 

Parte interna de um restaurante. Lucio está sentado à mesa com Adriana.

 

ADRIANA: Quando vai contar para sua esposa? 

 

LUCIO: Se fosse simples, a gente não precisaria se encontrar desse jeito.

 

ADRIANA: O tempo corre, Lucio. É melhor criar coragem logo.

 

LUCIO: Por quê? Vamos simplesmente ficar como estamos. Eu assumo a paternidade, dou assistência financeira e assunto resolvido.

 

ADRIANA: E seu filho continua sem conhecer o pai? É isso que você quer?

 

LUCIO: (após alguns segundos) Não, claro que não... Já cometi muitos erros com o Cláudio, não quero que o Lucas passe pela mesma coisa. Mas é difícil abrir o jogo agora, justamente quando eu e a Silvia estamos tão bem.

 

ADRIANA: Sinto muito atrapalhar a harmonia do casal, mas precisa contar a ela, porque ele vai ter que ficar com você, Lucio.

 

LUCIO: Como assim ficar comigo?

 

ADRIANA: (após alguns segundos) Fiquei sabendo que sua esposa ficou entre a vida e a morte ano passado...

 

LUCIO: Sim, mas graças a Deus deu tudo certo... Mas o que isso tem a ver com o assunto?

 

ADRIANA: Eu acho que é mais como uma maldição sabe, a maldição de quem você fecunda... (ri).

 

LUCIO: Seja mais objetiva, Adriana, pelo amor de Deus?

 

ADRIANA: Se eu me importasse com a pensão ou registro de paternidade, não teria demorado seis anos pra te procurar. Se dependesse apenas de mim, ele continuaria sem saber quem é o pai e você, continuaria vivendo sua vida normalmente... Acontece que a vida não é simples e às vezes ela nos prega peças inimagináveis...

 

Lucio apoia o cotovelo na mesa, bastante atencioso. Adriana o encara por breves segundos.

 

ADRIANA: Estou morrendo, Lucio.

 

LUCIO: (tirando o cotovelo da mesa) Morrendo?

 

ADRIANA: Há dois anos fui diagnosticada com um tipo raro de câncer e desde então venho lutando contra... Acontece que ultimamente não tenho mais reagido ao tratamento e o médico praticamente assinou meu atestado de óbito. Estou praticamente com o pé na cova... (sorri).

 

LUCIO: (pesaroso) Adriana, eu, sinto muito.

 

ADRIANA: Eu não tenho pais, não tenho avós, não tenho irmãos, nem outro tipo de parente que eu conheça. Somos apenas Lucas e eu. E se não quer que seu filho vá para algum orfanato, sugiro que abra o jogo para a sua esposa o quanto antes, para que possamos acertar logo a situação dele.

 

Lucio acena de leve com a cabeça, concordando. Ele encosta na cadeira e respira fundo, transtornado. A tela escurece.

 

 

Ginásio do colégio. Cláudio está na sua tenda, sentado em silêncio em uma almofada. Mais ao lado vemos Livia e Roger conversando animadamente. Paulo e uma professora se aproximam da tenda.

 

PAULO: (olhando para a faixa da tenda) Marrocos... Eu já fui a esse lugar.

 

CLÁUDIO: (para Roger e Livia) Vocês podem explicar tudo a eles? Preciso de um pouco de ar.

 

Cláudio levanta e sai. Paulo o acompanha com o olhar e segundos depois olha para a professora.

 

PAULO: Já volto.

 

Corta para a parte externa do ginásio. Cláudio passa pela porta. Paulo aparece logo atrás.

 

PAULO: Pensa que agindo dessa forma, conseguirá seu lugar de volta na equipe titular?

 

CLÁUDIO: (parando, rindo e virando-se para ele) Nem se eu começasse a jogar como o Ronaldo Fenômeno, eu teria o meu lugar de volta.

 

PAULO: (se aproximando) Está achando que isso é pessoal?

 

CLÁUDIO: Tem como ver de outra forma? Desde que chegou você pega no meu pé mais que qualquer um. Implica com qualquer coisa eu faça em quadra.

 

PAULO: Desde que cheguei, a única coisa que vejo é você se exibindo em quadra, fazendo gracinhas, de cabeça quente a ponto de querer brigar por qualquer empurrão que leva... Desrespeitando seu superior... Você não me enxerga como seu treinador, não me respeita como tal. Ainda vive preso ao passado, achando que por causa de um título, pode fazer o que bem quiser. Não é assim que as coisas funcionam, jovem.

 

Cláudio não responde, olhando para o lado. Paulo balança a cabeça, em reprovação.

 

PAULO: Quer voltar a ser titular? Conquiste seu espaço, trabalhe mais o coletivo e principalmente, entenda que mesmo sendo um choque e que a metodologia seja muito diferente do seu antigo treinador, eu é que estou aqui. Comece a aceitar isso.

 

Paulo o encara por alguns breves segundos e sai. Cláudio olha na direção em que ele foi e abaixa o olhar, pensativo.

 

 

Tenda onde Nicole está. Gustavo aparece, sorridente.

 

GUSTAVO: Oi amiguinha do coração.

 

NICOLE: Olá meu amigo do peito. Tenho uma novidade pra você... Já mandei fazer sua camiseta.

 

GUSTAVO: Lamento, mas vai desperdiçar dinheiro. O jogo ainda não está ganho.

 

NICOLE: Não está óbvio pra você? É só uma questão de dias.

 

GUSTAVO: Tudo bem que você esteja saindo com o bonitão ali, mas isso não significa nada. A aposta foi ingressar no grupo, o que reflete na participação ativa nele. Até agora só te vi interagindo com o Felipe e mais ninguém. E pior, ainda ganhou uma rival de peso. Pequeninha, mas poderosa... (sorri).

 

NICOLE: É, pensando por esse lado, ainda há algum trabalho a ser feito. Mas continuo bem na frente, já que você não tem apenas um rival, mas um time inteiro que não gosta de você.

 

GUSTAVO: (sorrindo) Ainda não cederam ao meu carisma. (olha para o lado) Hum, acho bom você não vacilar muito, pois pelo jeito alguém vai investir pesado no rapaz.

 

Ele aponta com a cabeça e Nicole olha na direção apontada. Close em Felipe e Priscila conversando na tenda deles. Volta para Nicole que se movimenta. 

 

NICOLE: Vou acabar com isso já.

 

GUSTAVO: (sorrindo) Ah, isso eu quero ver.

 

Nicole caminha até a tenda e Gustavo vai atrás. Corta para Priscila falando e Felipe, sério, prestando atenção no que ela diz. Nicole aparece, juntamente com Gustavo.

 

NICOLE: (sorrindo) Olá! Senti saudades.

 

PRISCILA: (revirando os olhos) Por favor, Nicole, se forçasse um pouquinho menos, daria menos enjoo de te ver falando.

 

FELIPE: (para Nicole, sério) Que história é essa de aposta pra ver quem se torna popular primeiro? 

 

GUSTAVO: Ops, estão me chamando ali atrás. 

 

FELIPE: (para Gustavo) Você fica aqui! (para Nicole) Sério? É verdade que você apostou com esse babaca aí?

 

PRISCILA: (fingindo-se chocada) Como pôde se vender desse jeito?

 

NICOLE: (nervosa e se aproximando) Eu mato você!

 

FELIPE: (segurando Nicole) O que você vai fazer é responder a minha pergunta... Tudo isso que acabei de saber, é verdade?

 

NICOLE: Não do jeito que essa lambisgoia deve ter dito.

 

PRISCILA: Ofenda o quanto quiser, mas é você que está agindo feito criança... Apostas (bufa) que coisa de quinta série. 

 

Nicole abre os braços e Felipe a solta. Ela se vira e lança um olhar fulminante para Gustavo.

 

GUSTAVO: Não me olhe assim não, porque eu não contei nada. Aliás, ninguém sabe de nada, exceto eu, tu e ele.

 

Gustavo aponta para Gabriel com a cabeça. Nicole o olha com um ar de surpresa e decepção.

 

NICOLE: Você, Gabriel?  

 

GABRIEL: (arrependido) Desculpa, Nick. 

 

NICOLE: Obrigada, obrigada mesmo.

 

Ela se vira e sai. Gabriel vai atrás. Close na expressão sorridente de Gustavo que sobe e desce as sobrancelhas.

 

GUSTAVO: Acho que vou ganhar um beijo.

 

Felipe lança um olhar intimidante a ele, que olha para os lados.

 

GUSTAVO: Ouvi meu nome por aí...

 

Gustavo sai. Felipe se movimenta para sair, mas Priscila o segura.

 

PRISCILA: Agora nós dois vamos ter outra conversa séria.

 

 

Corta para o pátio do colégio. Nicole caminha enfurecida. Gabriel vem logo atrás.

 

GABRIEL: Nicole, espera... Me deixa explicar...

 

NICOLE: Explicar o quê? Que você resolveu me trair?

 

GABRIEL: Eu fiz isso para te proteger. A Priscila me contou a real intenção dos jogadores daqui. Eles seduzem as garotas e depois que conseguem o que querem, dispensam sem mais, nem menos.

 

Nicole para e se vira para ele, empurrando-o.

 

NICOLE: (nervosa) Seu moleque burro, ingênuo. É claro que ela iria dizer qualquer coisa que fizesse o Felipe parecer vilão. O objetivo dela era conseguir que você entregasse alguma coisa. E pelo visto não precisou fazer muito esforço, já que com esse ar bobão de protetor, você entrgou tudo de bandeija. 

 

GABRIEL: Me desculpa, na hora eu não pensei muito bem...

 

NICOLE: E mesmo que seja verdade o que ela disse, pare de tentar me proteger o tempo todo. Coisa chata isso, eu não preciso que tente cuidar de mim, eu sei me virar muito bem sozinha.

 

GABRIEL: Mais uma vez, me desculpa... É que, como seu irmão, me sinto no dever de fazer isso... É quase um instinto.

 

NICOLE: Então presta atenção numa coisa de uma vez por todas, e quem sabe assim, some esse tal instinto aí... Eu não sou sua irmã, não faço questão de ser e não te considero como meu irmão também. A única coisa que me obrigada a viver com você, é esse casamento ridículo da minha mãe. Tirando isso, eu nem gosto da sua pessoa... Então faz um favor para mim, de coração, não fale mais comigo e fique longe o maior tempo possível.

 

Ela se vira e volta a andar. Gabriel fica parado, visivelmente abatido.

 

 

Parte interna do Ginásio. Priscila está em sua tenda, sentada em uma almofada de frente para Felipe, que também está sentado, de boca aberta.

 

Música: FightingSuperman

 

FELIPE: Eu não acredito. 

 

PRISCILA: Mas é verdade... Eu quero você.

 

FELIPE: Você é mesmo, mesmo, mesmo muito louca, sabia disso? Até mês passado eu estava solteiro e sequer ficando com alguém.

 

PRISCILA: Eu sei que pareço meio desregulada às vezes... (revira os olhos) E tá, eu sei que sou... Mas acredite em mim, te ver com outra me deixou bastante enciumada e me fez pensar em nós dois, como antes.

 

FELIPE: Que antes? Nós nunca tivemos nada sério, esqueceu?

 

PRISCILA: É, mas na festa da Helen você meio que deixou escapar que se havia se importado com o chute que eu te dei.

 

FELIPE: Mais um motivo para não me envolver com você outra vez.

 

PRISCILA: Agora é diferente, seu chato. Eu quero ser sua namorada.

 

Felipe não responde, apenas balança a cabeça e olha para o lado, inconformado.

 

PRISCILA: Okay, não precisa me responder agora. Estarei te esperando em casa hoje à noite.

 

FELIPE: Me esperando pra quê?

 

PRISCILA: Se você aparecer, é porque também me quer.

 

FELIPE: (levantando) Isso é muito para processar... Preciso caminhar.

 

PRISCILA: Tudo bem, só não se esqueça... Hoje à noite.

 

Felipe ergue uma das sobrancelhas e segundos depois sai. A câmera enquadra o rosto de Priscila que sorri, vitoriosa.

 

 

Corta para a tenda em que Roger e Livia estão. Ambos conversam amigavelmente.

 

Cont. FightingSuperman

 

ROGER: Estou ficando um pouco desanimado também com essa temporada de Lost. É muita pergunta para pouca resposta.

 

LIVIA: Já tentou participar desses fóruns de discussões? São tantas teorias malucas que te deixam mais confuso.  

 

ROGER: Já, mas fui banido quando disse que na verdade é tudo sonho do cachorro.

 

Livia começa a rir. Roger também. Segundos depois ele a olha por alguns segundos. 

 

ROGER: (sorrindo) Até que você é gente boa... Desculpa pelo mal jeito mais cedo.

 

LIVIA: (sorrindo) Você também não é tão ruim. Isso quando seu vocabulário não se limita a lamentar sobre o namoro.

 

ROGER: Não se preocupe, já estou farto disso. Roger é muito mais conteúdo do que chororô.

 

LIVIA: (após alguns segundos) Por que nunca conversou comigo antes?

 

ROGER: Bom, é que você sempre foi quietinha, de sentar-se na frente, desprezando os bagunceiros do fundão. Não achei que gostaria de ser minha amiga.

 

LIVIA: Sento na primeira mesa porque tenho um futuro a zelar. Mas vou te confessar uma coisa, só não comece a se achar o tal não... De vez em quando eu dou risada, mesmo que discretamente, de suas gracinhas no fundo.

 

ROGER: (fazendo-se de chocado) Eu adorando essa conversa. Vamos lá, conte-me mais revelações bombásticas como essa...

 

LIVIA: Eu não sou boca virgem.

 

ROGER: (fazendo-se ainda mais chocado) Meu Deus! (fazendo careta) É, mas isso eu não acredito. Você tem muito cara de boca virgem.

 

LIVIA: (indignada) Minha palavra não basta?

 

ROGER: É... Não.

 

Roger sorri e levanta. Livia balança a cabeça e sorri depois.

 

 

Corta para a arquibancada. Cláudio está sentado na primeira fileira, sozinho, visivelmente chateado. Helen se aproxima dele, receosa.

 

Cont. FightingSuperman

 

HELEN: Hei...

 

CLÁUDIO: Hei...

 

HELEN: (sem jeito) Você está bem?

 

CLÁUDIO: (fazendo sim com cabeça) E você?

 

HELEN: Eu estou bem.

 

Silêncio por alguns segundos. Cláudio fixa o olhar para a frente, enquanto Helen mexe os braços, olha para os lados, morde os lábios e o olha outra vez.

 

HELEN: É estranho não termos assunto.

 

CLÁUDIO: (levantando) Na verdade não é que não temos assunto. Eu é que não faço questão de puxar algum. 

 

Ele começa a caminhar na direção da saída da quadra. Helen o acompanha com o olhar, chateada.

 

HELEN: Você acha que um dia pelo menos voltaremos a nos falar?

 

CLÁUDIO: (ainda andando) Não é o que acabamos de fazer?

 

Cláudio sai do ginásio. Helen permanece no mesmo lugar. Ela abaixa o olhar. A câmera muda para um ângulo aéreo da quadra ainda movimentada. Após alguns instantes, a tela escurece. 

 

 

Abre mostrando o céu escuro e estrelado. A imagem desce mostrando a frente da casa de Roger. Se aproxima até a janela da parte de cima e transparece para dentro. Roger está deitado na cama, jogando uma bolinha de tênis na parede. A porta abre e Vera aparece, sorridente.

.

Música: The Cinematic Orchestra - To Build a Home

 

VERA: (sorrindo) Visita pra você, xuxu.

 

Amanda entra. Roger levanta e senta na cama. Vera sorri para eles e sai, fechando a porta.

 

AMANDA: Oi...

 

ROGER: Oi...

 

AMANDA: Me perdoa pelo jeito que venho agido desde que cheguei... Você tem razão, tem algo que eu preciso colocar pra fora.

 

Ela senta na cama, ficando de frente para ele.

 

AMANDA: Eu menti pra você quando disse que o passeio em família foi perfeito. Eu menti quando disse que em casa as coisas estavam perfeitas, como nunca.

 

Roger se movimenta na cama, franzindo a testa e prestando bastante atenção.

 

AMANDA: A verdade é que tudo foi uma verdadeira droga. Pensei que seria a oportunidade perfeita de nos aproximarmos, de ser notada por meus pais, mas foi pior que antes. O tempo todo ficaram se lamentando por conta da Nathalia não estar conosco. Falavam nela como se continuasse sendo a filha perfeita. Como se ela não tivesse fugido com o namorado e jogado fora tudo que foi investido em seu futuro. Foi como se eu continuasse sendo a verdadeira decepção da família.

 

ROGER: (solidário) Minha nossa, Mandy... Por que não me contou isso antes? Eu teria entendido e ficaria do seu lado o tempo todo.

 

Ele a abraça. Amanda fecha os olhos, fazendo expressão de dor e derramando uma lágrima em seguida.

 

AMANDA: Só que tem mais...

 

Roger para de a abraçar e a olha com preocupação. Os olhos dela estão cheios de lágrimas.

 

AMANDA: Teve um dia que eu saí do hotel tão chateada, que fiquei horas chorando na praia... (abaixa a cabeça) Foi então que um rapaz se aproximou de mim.

 

Nesse instante, Roger levanta devagar da cama e se afasta um pouco.

 

AMANDA: Eu não tinha ninguém para conversar... Eu queria te ver e não podia. Então por dias, ele foi meu confidente, meu amigo...

 

Roger não fala nada. Ele passa a mão no cabelo, já percebendo do que trata. Os lábios de Amanda tremem.

 

AMANDA: Eu não queria que nada disso tivesse acontecido...

 

ROGER: (olhando para a janela) Você me traiu com ele?

 

Amanda fecha os olhos, sem conseguir responder. Roger se vira e a olha com seriedade.  

 

ROGER: Vamos lá, Amanda... Se começou, vá até fim. Eu tenho o direito de saber.

 

AMANDA: Num dia em que eu estava me despedindo para voltar ao hotel, ele me beijou... (treme os lábios) E eu correspondi.

 

Ele coloca as mãos no rosto. Close no rosto de Roger que fecha os olhos. Amanda levanta e vai até ele.

 

AMANDA: Mas não passou disso. Eu me afastei e corri para o hotel... Pedi aos meus pais para voltar mais cedo.

 

ROGER: (rindo de nervoso) E eu pensando que você havia voltado mais cedo, por saudades de mim... Essa sua frieza durante esse tempo todo, foi por culpa ou por que ficou mexida com o beijo?

 

Amanda não consegue responder, abaixando o olhar outra vez e chorando. Roger fica sem reação por alguns segundos, depois balança a cabeça em reprovação.

 

ROGER: Okay, pode ir embora agora.

 

AMANDA: (chorosa) Mas e nós dois?

 

ROGER: Nós terminamos. Não espera que eu continue namorado de uma garota que além de me trair, continua pensando em outro, espera?

 

AMANDA: Roger, foi um momento... Eu nem sei se vou vê-lo outra vez... Por favor, eu te amo.

 

ROGER: Não diga isso. Quem ama não se rende aos lábios de outro só porque ficou carente. Você tinha meu e-mail, meu telefone, me tinha ao seu dispor... Era só me chamar, que eu iria correndo até você, droga!

 

AMANDA: (chorando) Me desculpa, eu não sei o que deu em mim...

 

ROGER: Ah e eu sei muito bem... Mas até que vejo um lado bom nisso tudo. Uma hora o namoro ia acabar mesmo, certo? Então é bom que seja agora, quando ainda estamos no colegial e posso aproveitar um pouco da visibilidade que ganhei. Não é como se eu quisesse passar minha adolescência inteira lembrando que beijei uma boca apenas.

 

AMANDA: (indignada) Então quer dizer que você está bem com essa situação?

 

ROGER: (mexendo os ombros) Melhor, impossível. O que você podia fazer, já fez, que era me colocar no topo... Agora eu posso me virar sozinho daqui pra frente.

 

AMANDA: Eu não acredito em você... Roger, não precisa se fingir de forte para...

 

ROGER: (interrompendo) Eu não estou me fingindo de nada e também não te devo mais satisfação alguma. (apontando) A porta da rua é serventia da casa, então...

 

Amanda ainda com os olhos cheios de lágrimas, se afasta, abrindo a porta e saindo. Roger vai até a cama e se senta, atordoado.

 

 

Casa de Cláudio. Silvia está no quarto, sentada na cama e lendo um livro. Lucio entra trazendo um buquê de rosas. Ela o olha, surpresa.

 

Música: Sixpence None the Richer - Don't Dream It's Over

 

SILVIA: (sorrindo) Hei, por que isso?

 

LUCIO: Para provar a cada dia o quanto eu a amo e o quanto és importante na minha vida.  

 

SILVIA: (pegando o buquê e cheirando-as) Obrigada, são lindas. E todo esse sentimento é totalmente mútuo.  

 

Lucio senta na cama e a olha com bastante ternura. Segundos depois aproxima seu rosto e a beija carinhosamente. Silvia solta o buquê, puxando-o para cima dela.

 

 

A imagem transparece para Felipe parado de frente a uma porta. A mesma abre, mas permanecemos vendo apenas o rosto dele.

 

Cont. Sixpence None the Richer - Don't Dream It's Over

 

FELIPE: Eu pensei e pensei bastante. Quando tomei uma decisão, resolvi pensar mais um pouco. (respira fundo) Se você estiver mesmo disposta a tentar, então eu também estou.

 

A câmera se movimenta devagar, mostrando Nicole parada na porta, sorrindo para ele.

 

NICOLE: (sorrindo) Obrigada por responder minha mensagem... Eu sabia que você compreenderia.

 

Felipe sorri. Ela se aproxima dele, beijando-o.

 

 

Quarto de Roger. Ele está com as mãos apoiadas na mesinha do computador, respirando ofegante. Além do monitor, há outros objetos na mesa. Transtornado, ele passa o braço, jogando tudo há na mesa ao chão. Em seguida se movimenta e começa a chorar amargamente, encostando-se na parede e descendo, chorando com ainda mais dor.

 

 

Sala da casa de Cláudio. Cláudio está sentado no sofá, assistindo televisão, mas parecendo estar longe. Lucio aparece e senta ao lado dele. Ele percebe a feição do filho.

 

Cont. Sixpence None the Richer - Don't Dream It's Over

 

LUCIO: Problemas?

 

CLÁUDIO: É, o de sempre... E você?

 

LUCIO: (suspirando) Problemas... Ou melhor, (frisando) O problema. (olha bem para o filho) Você acredita que tudo que fizemos no passado, fica no passado?

 

CLÁUDIO: Claro... O problema é o que se faz no passado, que possa afetar no presente. Cada ato traz alguma consequência, não importa quando.

 

LUCIO: (erguendo as sobrancelhas) É verdade...

 

Ele olha para a televisão, incomodado. Cláudio percebe.

 

CLÁUDIO: Por que está me perguntando isso?

 

LUCIO: (após alguns segundos) Eu preciso te contar uma coisa, mas vou precisar muito da sua compreensão e ajuda... Especialmente quando sua mãe souber.

 

Close no rosto de Lucio e em seguida a câmera se aproxima do rosto de Cláudio, que franze as sobrancelhas, preocupado. A tela escurece.

 

 

 

 

 

CRÉDITOS FINAIS

 

CRIADO E ESCRITO POR:

 

Thiago Monteiro

 

PARTICIPAÇÃO ESPECIAL

 

Paula Marshall como Adriana

 

MÚSICA TEMA

 

Switchfoot - Meant To Live

 

TRILHA SONORA

 

      Train - Respect

The Feeling - Never Be Lonely

Across the Sky - Everywhere She Goes

Nickelback - Feeling Way Too Damn Good

Fighting - Superman

The Cinematic Orchestra - To Build a Home

Sixpence None the Richer - Don't Dream It's Over

 

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