Jardim
secreto
de Helen. É noite. Cláudio caminha pelo jardim na
direção do parapeito onde é possível ver a
cidade por completo. Música: The All-American Rejects - It Ends Tonight CLÁUDIO:
(em
off) Quase todos os sentimentos existentes no
mundo
são claros ao homem. Podem ser simples ou complexos,
porém nós os entendemos... A
câmera se aproxima lentamente do rosto dele. CLÁUDIO:
(em
off) Sabemos quando gostamos ou temos raiva de
alguém. Sabemos que vamos estar alegres ou chorar ao nos
sentirmos tristes. Sabemos quando estamos nervosos,
calmos, irritados,
ansiosos... Close
em
seu rosto, que observa a cidade iluminada. CLÁUDIO:
(em
off) Mas há um sentimento que nós sentimos,
porém, não o entendemos. Ou pelo menos não
completamente. Ele olha para baixo e ergue a mão direita. Close no anel de compromisso em seu dedo. Sobe a imagem novamente em seu rosto, onde novamente ele observa a cidade, pensativo. A
câmera muda para um ângulo aéreo, dando uma vista
panorâmica do lugar. Instantes depois a tela escurece.
Uma
rua
qualquer. É dia. Livia
caminha
tranquilamente pela calçada, abraçada a um
fichário. Atrás dela podemos ver o carro de Roger se
aproximando. Ela percebe sua presença, sorri, mas continua
andando. Música:
The
Calling – Unstoppable ROGER:
(de
dentro do carro) E ai gatinha, quer uma carona? LIVIA:
Desculpa moço, mas não posso aceitar carona de estranhos. ROGER:
Nem se
o estranho for bem charmosão? LIVIA:
Piorou... Esses com caras de inocentes são os mais tarados.
ROGER:
É, devo confessar que há um perigo eminente... Eu costumo
roubar os corações de donzelas indefesas. LIVIA:
Por
isso mesmo devo ficar o mais distante possível. Roger
ri
e para o carro. Livia também
para e se aproxima, inclinando-se na janela. LIVIA:
(sorrindo) O que faz aqui, tarado? ROGER:
Eu
não disse que vinha te buscar para irmos juntos ao
colégio? LIVIA:
Céus, esqueci completamente. ROGER:
(desconfiado) Esqueceu ou tentou fugir? LIVIA:
Posso
ter um tempo para pensar na resposta? Meu raciocínio é
meio lento logo de manhã. Roger
faz
que não com a cabeça e aponta para o banco. Livia
abre e porta e entra. Roger se inclina e
dá um selinho nela. Livia
franze a
testa. LIVIA:
O que
foi isso? ROGER:
Beijinho de cumprimento... Mas se preferir partimos logo
para o mais
intenso. Ele
se
inclina novamente, mas Livia
o afasta
com a mão. LIVIA:
O que
combinamos, Roger? ROGER:
(revirando os olhos e voltando para o seu assento) Que
iríamos
devagar... Pra que isso mesmo? LIVIA:
Porque
primeiro eu quero que tenha certeza que está realmente
nisso. ROGER:
Eu
já disse que é pra valer...
Mas vamos a passos de tartaruga então, já que prefere
assim. LIVIA:
(sorrindo) Que bom que nos entendemos. Ela
coloca
o cinto e olha para a frente. Roger não se move. Livia
o olha. LIVIA:
O que
estamos esperando? ROGER:
Eu sei
que está insegura e que acha tudo muito precoce... Mas eu
vou
arranjar uma forma de te convencer que esse lance aqui é
sério, okay? LIVIA:
(sorrindo) Está bem, vou aguardar. Roger
sorri
e se vira para a frente, dando partida no carro. A câmera
muda para o lado de fora, onde vemos o veículo se
movimentar
pela rua. Lucio
está
parado de frente para uma porta. Ela abre e um garotinho [Michael
Strusievici]
aparece. Lucio esboça um largo sorriso ao vê-lo. LUCIO:
(sorrindo) Hei garotão! (pensativo)
Hernan, certo? O
garotinho ri e faz sinal que não com a cabeça. Lucio se
inclina e o pega no colo. LUCIO:
(pensativo) Enrique? Michael? Pera aí que eu sei... (mais
pensativo) Lucas, acertei? LUCAS:
(sorrindo) Finalmente! LUCIO:
Eu
sabia que era algo parecido com o meu... (levando-o para
dentro da
casa) Lucio, Lucas, quase igual não acha? ... Onde está a mamãe? LUCAS:
No
quarto... (falando alto) Mãe! O... (pensativo)
O... (pensativo) Como eu tenho
que te
chamar? LUCIO:
(sério) Senhor Lucio. LUCAS:
(falando alto) O senhor Lucio chegou! LUCIO:
(rindo)
Hei, eu estou brincando... (coloca-a no chão e fica
agachado)
Você pode me chamar só de Lucio, ou melhor ainda... Pode
me chamar de pai, papai... LUCAS:
(pensativo) Se você é meu pai... Eu posso ir jogar
vídeo game? LUCIO:
(feliz)
Claro que pode... LUCAS:
(feliz)
Valeu! Lucas
o
abraça e corre, saindo de cena. Adriana aparece,
balançando a cabeça negativamente. ADRIANA:
Sabe
por que ele perguntou se pode ir jogar agora? Porque eu o
proibi de
fazer até que termine seus deveres da escola. LUCIO:
Huh, o
garoto me enganou... (sorri) Que esperto! ADRIANA:
E
já o está estragando... Espero poder morrer depois de
disciplinar vocês dois. Ela
se
senta no sofá, visivelmente cansada. Lucio percebe. LUCIO:
Está tudo bem com você? ADRIANA:
Mal
estar por causa dos remédios... Nem sei pra que tomá-los,
se já praticamente encomendei o caixão.
LUCIO:
(sentando ao lado dela) Pensei que havia dito que queria ser
cremada. ADRIANA:
(sorrindo) Já mandei acender o fogo então. LUCIO:
E onde
prefere ser jogada? No ar, no mar, na terra? Quer ser
mantida em um
vaso? ADRIANA:
Ah
claro, coisa que eu mais quero é meu filho apresentando a
mãe em um vaso para os amiguinhos que vierem brincar com
ele. Se
livre do pó depois que eu torrar, por favor. Eles
riem.
Depois ficam pensativos por alguns instantes. ADRIANA:
Eu brinco, mas não faço ideia de como prepará-lo
para isso. Ele é um menino esperto, sabe que algo está
errado... Mas à medida que o tempo se aproxima, me apavora a
ideia de como ele vai reagir. ADRIANA:
Ele
não gosta de comer legumes, mas isso eu não vou permitir
que você intervenha, ouviu? LUCIO:
(sorrindo e saindo) Pode deixar. Eu não vou comprá-lo com
doces. ADRIANA:
(falando alto) Estou falando sério. LUCIO:
(fora
de cena) Não consigo ouvi-la. Adriana
ri e balança a cabeça em sinal de
reprovação. Após alguns segundos, a câmera
se fixa em seu rosto, que assume uma expressão pensativa e
triste. Colégio
Esplendor.
Sala de aula. O ambiente está escuro. Em cima da mesa
do professor, há uma televisão, passando algo que
não podemos identificar. A câmera passeia por uma fileira,
onde percebemos que a maioria dos alunos estão de cabeça
baixa, sem prestar atenção no que está passando.
Chega ao fundo, onde Cláudio e Roger estão com as mesas
juntas. ROGER:
(falando baixo) E ai, meu? CLÁUDIO:
(olhando-o com o canto dos olhos) E ai. ROGER:
Você está bem? CLÁUDIO:
(bufando) Vá em frente, pergunta logo sobre o assunto. ROGER:
É que você não me contou como foi a conversa com a...
Você sabe. CLÁUDIO:
Acabou
de vez e qualquer assunto sobre ela também, okay? Cláudio
cruza
os braços e se volta para a televisão. Roger o
encara por alguns segundos. Cláudio percebe e se incomoda.
CLÁUDIO:
O que
agora? ROGER:
Se
vocês terminaram de vez, por que ainda está usando o anel
de compromisso que deu a ela ano passado? Cláudio
olha
para o anel, sem saber o que dizer. ROGER:
Então? CLÁUDIO:
(incomodado) Costume... Passei tantos meses com ele sem
tirar nem para
dormir, que fui lembrar agora que está no meu dedo. ROGER:
(concordando com a cabeça) Ah sim, é compreensível.
Cláudio
cruza
os braços novamente e volta a prestar
atenção na televisão. Roger continua observando-o.
Cláudio novamente o olha, mais sério. CLÁUDIO:
O que,
Roger? ROGER:
É que, mesmo sabendo agora, por que continua usando? CLÁUDIO:
(nervoso) Quando eu chegar em casa eu tiro, tá bom pra
você? ROGER:
Bom
seria se você tirasse agora, mas entendo, amor de infância,
é difícil deixar para tudo para trás. CLÁUDIO:
(mudando de assunto) Esperei uma carona hoje pela manhã...
Onde
você estava? ROGER:
Você e o Bruno vivem fugindo do meu carro, nem me importei
em
passar na sua casa. E também saí mais cedo para buscar a Livia. CLÁUDIO:
Hum,
vocês estão juntos? ROGER:
Ainda
não... Ela está bastante insegura. CLÁUDIO:
Também pudera, você recém terminou com a Amanda.
É difícil acreditar que já esteja em outra. ROGER:
Mas eu
estou... A Amanda é passado,
já era, se foi, zé fini,
(faz barulho de bomba) Boom! Cláudio
ri
e balança negativamente a cabeça. Roger sorri e o
encara mais uma vez. ROGER:
Mas
você está bem mesmo? CLÁUDIO:
Quer
parar de agir como se alguém tivesse morrido? Eu não
estou totalmente bem, é claro que não... Mas vai passar.
O que eu preciso é que você pare de me perguntar se eu
estou bem e não fale mais nela. ROGER:
Nela
quem? CLÁUDIO:
Na Laris... (percebendo) Às vezes eu te odeio, sabia? Roger
sorri
para ele e se volta para o que está passando na
televisão. Cláudio olha para a aliança e fica
pensativo. Parte
interna
de uma clínica. Close em um aparelho passando em cima de
uma barriga com gel. A imagem abre mostrando Vera deitada
na cama e uma
médica [Lisa
Masterson]
ao seu lado, passando o aparelho. Na frente há um visor
onde
são mostradas as imagens. Em pé do outro lado de Vera
está Arthur. Ele olha no visor emocionado. ARTHUR:
Não me canso de ver a imagem dessa coisinha linda... Como
ele
está doutora? DOUTORA:
O filho
de vocês parece saudável. VERA:
(sorrindo) Não disse? (para
Arthur)
Senhor preocupação. DOUTORA:
O que
me preocupa mesmo é a mãe. VERA:
Eu? DOUTORA:
Vera,
você não anda seguindo à risca tudo o que foi
passado, anda? VERA:
Claro
que sim. ARTHUR:
Não anda não. Ela tem abusado e se não fosse por
mim, só Deus saberia o que seria desse neném. VERA:
Seu
bastardo traidor! DOUTORA:
Vera,
quantas vezes vou precisar te alertar sobre a mesma coisa? VERA:
Doutora
Katia, eu tenho tomado cuidado, tenho sim. O problema é que
esse
senhor de idade aí, é muito exagerado. Sabe como
é. Só falta querer ir ao banheiro junto comigo e limpar
minha... KATIA:
(interrompendo) Okay, não
precisa
completar a frase. Mas tente, por favor colocar na sua
cabecinha que
você está no sétimo mês e os riscos
vão aumentando. Portanto, trate de se comportar um pouquinho
mais, para termos parto tranquilo, sem grandes
complicações, entendido? VERA:
(suspirando) Sim, sim... Prometo ser mais cautelosa. KATIA:
(sorrindo) Já escolheram o nome da criança? ARTHUR:
(sorrindo) Altieres. VERA:
(fazendo careta) Jesus Cristo! (para
Katia)
O nome dele será Cayro. Arthur
lança
um olhar sério para Vera, que retribui na mesma
intensidade. A doutora revira os olhos e balança a
cabeça, em reprovação. KATIA: Pelo visto continuam bastante indecisos... (levantando) Bom, mas é
isso, pode se trocar e não esqueça de pegar um pirulito
na saída. Ela
sorri
para eles e sai da sala. Vera olha para Arthur e franze a
testa. VERA:
Ela me
chamou de criança? ARTHUR:
Você é uma criança grande. VERA:
(séria) Quando chegarmos em casa, teremos uma conversa muito
séria, viu mocinho. Refeitório
do
colégio Esplendor. Helen e Amanda estão em uma mesa,
lanchando. Amanda olha fixamente para a frente, com um ar
sério.
A câmera se desloca mostrando Roger e Livia
em outra mesa, conversando animadamente. Volta para
Amanda, que
continua encarando-os. De frente para ela, Helen a encara.
Música:
Kenna - Free
time HELEN:
Chega
até ele e diz logo que quer voltar. AMANDA:
Do que
você está falando? HELEN:
Está ficando bem na cara sua insatisfação em ver o
Roger com outra garota. AMANDA:
Você está completamente enganada. Eu não quero e
nem sonho em voltar com aquele panaca. HELEN:
Por que
não para de olhar para eles então? Quer trocar de lugar
comigo? AMANDA:
Não, estou bem. E olhar para a frente, não quer dizer que
estou olhando para os dois. E pro seu governo, eu estava
viajando,
pensamento longe. HELEN:
(sorrindo, desconfiada) Então tá. Já que
você não se importa, ele me chamou para ajudar a escolher
um belo presente para dar a ela. AMANDA:
(incomodada) Chamou mesmo? HELEN:
(rindo)
Não... Só queria ver essa sua reação
“não tô nem
aí” ... AMANDA:
Eu te
odeio. Helen
ri
e balança a cabeça. Amanda volta a olhar na
direção dos dois. Mesa
onde
Nicole está. Está sentada sozinha, desanimada.
Gustavo aparece e senta ao lado dela, cutucando-a. Cont.
Kenna - Free
time GUSTAVO:
Onde e
quando? É só marcar. NICOLE:
Marcar
o que, moleque? GUSTAVO:
O
pagamento da aposta, sua danadinha. Olha pra você... Não
tem amigos e levou um chute do namorado. Admita, eu venci,
você
perdeu, então terá que pagar o combinado. NICOLE:
Você está tão desesperado assim a ponto de cobrar
um beijo de uma aposta? GUSTAVO:
Trato
é trato, combinou, tem que pagar. NICOLE:
Acontece, seu idiota, que você não está em
condições melhores que a minha. A Helen continua sendo a
única que te atura. GUSTAVO:
Besteira... Os caras do time me adoram. Até me defenderam
quando
fomos viajar. Somos quase uma fraternidade. NICOLE:
Mesmo
que seja verdade, o que não é...
A aposta acabou a partir do momento em que o Felipe
descobriu sobre
tudo. Portanto, sem pagamento. GUSTAVO:
Você, é uma garota sem palavras. NICOLE:
Ah
claro, como se você fosse realmente desfilar com uma camisa
que
iria te expor ao ridículo, caso perdesse. GUSTAVO:
Bom,
nunca saberemos... Mas que fique bem claro, você perdeu
grande
crédito comigo. Estou muito, mas muito desapontado com a
senhorita. NICOLE:
Nossa,
nem vou dormir de preocupação... (revira os
olhos)
Nada vale a pena nessa droga de cidade. GUSTAVO:
Não é a cidade o problema, é você... A
única que fez besteira e estragou tudo, foi você. NICOLE:
Que tal
você parar de falar e procurar outra pessoa para encher o
saco? GUSTAVO:
Que tal
você se abrir com a única pessoa que ainda te atura por
aqui? NICOLE:
Prefiro
passar o resto do ano isolada. GUSTAVO:
Não sabe o que está perdendo... (levanta) Pergunta para a
Helen, eu sou muito bom em levantar o astral de pessoas
revoltadas com
o mundo. Ele
pisca
para ela e sai. Nicole balança negativamente a
cabeça. Mesa
onde
Gabriel está. Ele come uma maçã,
tranquilamente. Um garoto está ao seu lado. Priscila
aparece e
se senta na frente deles. O garoto ao lado se anima. Ela
faz sinal com
a cabeça para ele e o garoto desfaz o semblante alegre e
sai. Cont.
Kenna - Free
time GABRIEL:
(morando a maçã) Que grosseria. PRISCILA:
Eu fiz
o sinal, mas a escolha de sair ou ficar era dele... Como
você
está? GABRIEL:
Muito
bem e você? PRISCILA:
Ótima... Precisamos conversar. GABRIEL:
Okay, o que me conta? PRISCILA:
Sábado houve dois momentos engraçados na hora em que
estávamos conversando que eu preciso compartilhar. Um foi
quando
eu olhei no relógio da primeira vez e fiquei feliz em saber
que
ainda era cedo. E outro foi quando olhei no relógio outra
vez e
fiquei feliz também, porque já havia passado horas e nem
havia notado o tempo, o que me deixou meio triste também por
saber que já estava chegando a hora de ir embora. GABRIEL:
E isso
tudo significa? PRISCILA:
Devemos mais tempo juntos. Gostei de
ficar
perto de você e não sentia isso há um bom tempo.
Acho que você pode ser aquele amigo fiel e confidente que eu
tanto procurei. GABRIEL:
(sorrindo) Legal, gostei de conversar contigo também. Tirou
muitas impressões negativas que eu tinha a seu respeito. PRISCILA:
(sorrindo) Máximo! Seremos unha e carne a partir de agora. GABRIEL:
(rindo)
Não vamos apressar as coisas. Mas acho que pode ser uma
experiência interessante. Eles
sorriem
um para o outro. A câmera se afasta e muda para uma
visão aérea do refeitório. Após alguns
segundos, a tela escurece. Abre
mostrando
o céu estrelado. Quando desce, temos a visão da
frente da casa de Cláudio. Ouve-se a campainha tocar e
corta
para dentro. Cláudio vai até a porta, abrindo-a. Helen
aparece do lado de fora. Música: Matthew Ryan - Return to Me CLÁUDIO:
Esqueci
de avisar o porteiro que você não mora mais aqui. HELEN:
Posso
entrar? Cláudio
faz
sinal com a cabeça e Helen entra. Eles caminham até a
sala. Cláudio se senta no sofá. CLÁUDIO:
Se veio
atrás do Bruno, ele saiu com o Felipe. HELEN:
Na
verdade eu vim falar com você... CLÁUDIO:
(curioso) Falar comigo? Sobre o quê? HELEN:
(sentando-se no sofá ao lado) Encontrei com a Larissa na
festa
de sábado. CLÁUDIO:
(respirando fundo) Merda... Eu não quero falar sobre isso e
não preciso de sua compaixão. HELEN:
Não se trata de compaixão... Eu melhor do que
ninguém sabe o que você está passando. Num
único dia minha vida virou de cabeça para baixo. CLÁUDIO:
E o que
você espera que eu faça? Surte que nem você? HELEN:
(erguendo a sobrancelha) Se fizer com que se sinta melhor,
por que
não? CLÁUDIO:
(bufando) Por Deus... Ouça, eu agradeço esse sinal de
preocupação com a minha pessoa, mas sinceramente eu
gostaria de ficar sozinho. HELEN:
Uhum, entendo... Mas eu já vim
preparada
para uma recepção negativada. Não vou sair daqui,
a não ser que você me pegue pelo braço e me jogue
para fora. CLÁUDIO:
E vai
ficar fazendo o quê? (olha para a
televisão) Eu não vou falar contigo. HELEN:
(sorrindo) Não precisa, eu falo por nós dois. (após
alguns segundos) Então, como
vai o time? CLÁUDIO:
Sério que a primeira coisa que você vai falar comigo
é sobre outra coisa que não tem me feito bem? HELEN:
(revirando os olhos) Perdão, como eu poderia saber se você
não fala mais comigo? Cláudio
balança
negativamente a cabeça e levanta. Helen o segue
com o olhar. HELEN:
Vai
aonde? CLÁUDIO:
Já que você vai ficar me enchendo a paciência a
noite inteira, vou preparar alguma coisa pra gente comer. Ele
sai,
indo na direção da cozinha. Helen esboça um
largo sorriso e levanta, indo atrás. Casa de Roger. Arthur e Vera estão sentados, cada um em um sofá, olhando fixamente par uma mesinha que está no meio. É possível ver vários papeis picotados e dobrados, espalhados na mesinha. Roger aparece. Cont. Matthew Ryan - Return to Me ROGER:
O que
vocês estão fazendo? ARTHUR:
(olhando para a mesinha) Escolhendo o nome do seu irmão. ROGER:
(se
inclinando e olhando os papeis) Fizeram o mesmo comigo? VERA:
(sem
olhá-lo) Uhum, e tinha mais
opções que agora. ROGER:
(juntando as mãos) Obrigado Deus por ter escolhido o papel
certo. (após alguns segundos)
Quais
são as opções? VERA:
(suspirando) Hércules, Nabucodonosor, Sansão, Emenergildo,
Dasolino, Sósteles,
Elvis, Telesforo, Etore, Cremildo, Estrogildo...
ARTHUR:
Osmiodo, Flugstenio,
Xenorio, Hilo, Chaperona,
Vamino, Cleio,
Astolfo, Horebe, Hipérbole, Cayro, Altiere,
Ledegelson, Miguel e Fernando. ROGER:
Nossa!
Miguel ou Fernando, tomara que meu irmãozinho não tenha a
má sorte de ser escolhido com um desses nomes. Ele
sorri
e sai. Vera e Arthur se olham. VERA:
Ele foi
sarcástico, não foi? ARTHUR:
Não liga pra ele... Vamos nos concentrar aqui. VERA:
Vai
Arthur, fecha os olhos e pega de uma vez. Arthur
fecha
os olhos e bem devagar pega um dos papeis. Um som de
suspense
toma conta. Arthur olha para o papel. VERA:
(apreensiva) E então? Qual saiu? A
câmera se aproxima do rosto de Arthur que sorri. Casa
de
Cláudio. Cláudio e Helen continuam na sala, sentados
no sofá e assistindo televisão em silêncio.
Após alguns segundos, Helen pega o controle e desliga o
televisor. Cláudio a olha com reprovação. CLÁUDIO:
O que
você está fazendo? HELEN:
Já chega. Você e eu, vamos sair, agora! CLÁUDIO:
Acho
que não. Ele
se
movimenta para pegar o controle, mas Helen pega no braço
dele
e o puxa, levantando-o. CLÁUDIO:
Helen,
para! HELEN:
(puxando-o) Chega desse ar depressivo... Você vai na praça
comigo, sem desculpas. Ela
continua
puxando-o até a saída. Cláudio aceita,
sem resistir. Centro
da
cidade. Corta para algumas cenas da praça, lanchonete,
pessoas caminhando tranquilamente, conversando, em frente
ao carrinho
do Big-Chico, até parar em Cláudio e Helen caminhando
pela calçada da avenida. Música:
Dashboard Confessional - Hands Down HELEN:
Está uma noite linda, não acha? CLÁUDIO:
(sarcástico) Ah, perfeita. Sente o ar, que maravilha... As
pessoas se confraternizando. Por que será que eu não
pensei em vir aqui antes? Obrigado, Helen. HELEN:
Você nunca mais vai me perdoar, não é? CLÁUDIO:
Não é isso... É que eu não estou no clima
pra nada mesmo. Se fosse em outro dia a gente podia estar se
abraçando, chorando, renovando a promessa para toda a
vida...
Mas por esses dias eu não estou a fim desse tipo de
emoção. HELEN:
Entendo... Olha, eu sinto muito pelo que aconteceu entre
você e a
Larissa... E sinto muito mais pelo que aconteceu com a
gente. Mesmo
você não estando no clima, eu me arrependo e muito por
não ter te tratado do jeito que merece. Eu te amo, muito. Eles
param
e ficam de frente um para o outro. Cláudio abaixa o olhar,
arrependido. Ele abre a boca para falar, mas Gustavo
aparece,
interrompendo-os. GUSTAVO:
(sorrindo) Olha se não é minha duplinha preferida? (pensativo)
Se bem que pelo que me lembre, a dupla
não existia mais... Mas que bom que estão voltando a se
falar, a Helen estava meio carrancuda por sua causa. CLÁUDIO:
Era
só o que faltava para a noite ficar perfeita. HELEN:
(séria)
Gustavo,
agora não. GUSTAVO:
O
quê? Estamos numa boa aqui, nem provoquei ninguém. (para
Cláudio) Ouça meu amigo, que
barra você está passando. Quero que saiba que me
solidarizo com a causa. Um dia elas se arrependerão de nos
chutar. HELEN:
(para
Gustavo) Gu, querido, sem
querer parecer
chata... CLÁUDIO:
(interrompendo) Deixa ele. HELEN:
(estranhando) Deixa? GUSTAVO:
(estranhando) Deixa? CLÁUDIO:
Ele vai
insistir mesmo... Pode até ser bom a presença de um
palhaço para animar a noite. GUSTAVO:
(sorrindo) Meu caro, se tem uma coisa que eu entendo é de
tirar
alguém do desespero... (olha para Helen) Não é meu
amor? Helen
entorta
a boca e sobe as sobrancelhas. Cláudio revira os olhos e
volta a andar. Helen e Gustavo o acompanham.
Corta
para
uma rua qualquer. Roger e Livia
caminham, conversando. Música: Sixpence None the Richer - Kiss Me
[instrumental] ROGER:
Minha
vez... Um sonho? LIVIA:
Saltar
de paraquedas. ROGER:
(surpreso) Mesmo? LIVIA:
Instinto de aventura, emoção, adrenalina... Sentir que
por um minuto que estou voando. ROGER:
Legal,
muito legal. Eu não teria coragem de saltar nem de bungee
jumping, por
isso admiro sua coragem. LIVIA:
Mas eu
também não sei se teria coragem se realmente tivesse a
oportunidade de fazer. Só que é interessante um dia
você poder dizer que a realizou a maioria de seus sonhos,
das
mais fáceis aos impossíveis. (após
alguns segundos) Minha vez agora... O que te atrai em mim? ROGER:
(pensativo) Difícil dizer... LIVIA:
(séria) Eu troco de pergunta então... ROGER:
(sorrindo) Estou brincando. Numerar qualidades em você é
muito fácil... Seu jeitinho de falar, sempre de alto astral,
tentando me colocar para cima... Sua mania doida que de
contar os
números das casas que passamos... Poderia ser um defeito,
mas eu
amo... Suas covinhas quando sorri. Livia
sorri, um pouco envergonhada, dando ênfase as suas covas.
Roger
sorri. ROGER:
Viu
só? Amo esse sorriso. (a olha com
admiração) Esses seus olhos azuis, que são os mais
lindos que eu já vi. Eles
param
e ficam de frente um para o outro. Roger passa a mão
carinhosamente no rosto dela. Sixpence None the Richer - Kiss Me [formato
original] ROGER:
Mas o
que mais me atraiu em você, foi o modo que conseguiu em
tão pouco tempo, se tornar tão especial para mim. (breve
silêncio) Eu sei que está
bastante insegura em relação a nós dois... Livia
imediatamente o interrompe com um beijo. Roger abre bem os
olhos,
surpreso, fechando-os em seguida e cedendo ao beijo. Após
alguns
segundos eles se afastam e se encaram. LIVIA:
Isso
pode ser considerado um grave defeito, ser conquistada com
essa
facilidade. ROGER:
Quero
que fiquemos juntos oficialmente. LIVIA:
Oficialmente? ROGER:
Livia Christina... Quer ser
minha namorada? A
câmera se aproxima do rosto de Livia,
que parece sem reação. Corta para o rosto de Roger, que
morde os lábios, apreensivo. A tela escurece.
Abre
dentro
de um bar. Cláudio, Helen e Gustavo estão numa
mesa. O lugar está bastante movimentado. No palco é
possível ver uma pessoa cantando como se fosse um karaokê.
Volta para a mesa. Gustavo está com o cardápio aberto
tampando o rosto. GUSTAVO:
O que
vão beber? Whisky, tequila... Aqui tem ótimas batidas
também. Cláudio
e
Helen se olham. Gustavo abaixa o cardápio e os encara. GUSTAVO:
O que
foi? Aqui ninguém vai pedir nossas identidades, fiquem
frios. E
ai, Cláudio, o que será? CLÁUDIO:
(dando
os ombros) Qualquer coisa... GUSTAVO:
(sorrindo) Que contenha álcool? CLÁUDIO:
Que
seja. HELEN:
(para
Cláudio) Você não bebe, esqueceu? CLÁUDIO:
Você também não bebia e olha onde estamos? HELEN:
E
nós dois sabemos como isso terminou... CLÁUDIO:
(para
Gustavo) Peça o mais forte que tiver. GUSTAVO:
(sorrindo) Estou começando a gostar de você. HELEN:
(balançando negativamente a cabeça) Licença um
instante... Ela
levanta
e sai. Cláudio e Gustavo a acompanham com o olhar.
Gustavo volta-se para Cláudio. GUSTAVO:
Vou
fazer da sua noite, algo memorável, pode anotar. Casa
de
Adriana. Ela abre a porta e Lucio aparece, sorrindo. Ele
entra e
passa direto. Adriana franze as sobrancelhas e fecha a
porta. Corta
para a sala. Lucio mostra um envelope a ela. LUCIO:
Sabe o
que é isso? ADRIANA:
Eu
não faço a mínima ideia... Mas passa pra cá
antes que eu morra de curiosidade. LUCIO:
(entregando o envelope) Leia o que está em destaque. ADRIANA:
(abrindo e lendo o que tem dentro) Lucas Baptista Cambini...
(pensativa)
Cambini... Espera aí, Cambini?
LUCIO:
(sorrindo) É oficial. O garotão agora faz parte do meu
testamento. ADRIANA:
(emocionada) Lucio, eu nem sei o que dizer... (sorri olhando
para a
folha) Agora pela lei o Lucas tem um pai. LUCIO: E não só pela lei... Eu vou ser um pai presente na vida dele, pode confiar, Adriana. Nesse
instante
Lucas aparece na sala, correndo. Lucio se inclina e o pega no colo, dando-lhe um beijo
no rosto. O
garotinho olha para a mãe e estranha ao vê-la com os olhos
lacrimejando. LUCAS:
(para
Lucio) Por que a mamãe está chorando? ADRIANA:
(se
aproximando) Porque meu amor, a mamãe está feliz... Muito
feliz. Ela
beija
o rosto da criança, encostando o nariz ao dele. Lucio
sorri e beija o rosto do menino também. A câmera se afasta
alguns centímetros, parando em determinado ponto e fixando
essa
imagem por breves segundos. Bar
em
que Cláudio, Helen e Gustavo estão. Helen está
parada do lado de fora do estabelecimento. Amanda aparece.
AMANDA:
A gente
percebe que o mundo está do avesso, quando você, Helen,
chama eu, Amanda, para ajudá-los a se manterem sóbrios. HELEN:
Eu
prometo me manter sóbria se você fizer o mesmo. AMANDA:
E por
que eu faria isso? Esqueceu que eu tenho uma certa fraqueza por
álcool
também? HELEN:
Porque
você, minha amiga, é muito mais forte do que pensa. AMANDA:
(rindo) Okay, se você acha
mesmo... Eu promento que vou tentar. Elas
se
deslocam, entrando no bar. Corta para Cláudio e Gustavo
conversando e rindo como se fossem velhos conhecidos.
Amanda e Helen
aparecem. Close na mesa que possui aproximadamente seis
copos vazios e
uma garrafa não identificável quase no fim. AMANDA:
Acho
que cheguei um pouquinho atrasada. HELEN:
Droga! (para Cláudio) Você está
bem? CLÁUDIO:
(animado) Helen! Onde esteve? Agora eu sei porque você
ficava
tão alegre rápido, esse negócio... (apontando para
a garrafa) É terrível. Esse cara... (aponta para Gustavo)
É terrível... (olha para Amanda) Você é
terrível também. Senta aí. Amanda
ri
e se senta. Helen faz o mesmo. Amanda faz que vai pegar um
copo, mas
Helen dá um tapa na mão dela. AMANDA:
Ouch! Não há mais nada que eu
possa fazer por eles. HELEN:
(sorrindo) Pode me ajudar tirando eles daqui. CLÁUDIO:
Ninguém vai a lugar algum... (para Amanda) Você vai
beber... E você... (para Helen) Não vai estragar nossa
festa. GUSTAVO:
(alegre) Helen, a gente tava
lembrando
aquela vez que você deixou o Cláudio todo sujo de bolo... CLÁUDIO:
(rindo)
Aquilo foi hilário e ao mesmo tempo o ato de maior
ingratidão do mundo... GUSTAVO:
(rindo)
Não foi? Exceto pela parte que eu levo um soco... Mas foi
muito
hilário. CLÁUDIO:
(sério) Desculpa pelo soco, parceiro... Vou te pagar uma
bebida. GUSTAVO: (sério) Desculpas aceitas... Você mora no meu coração, sabe disso.
CLÁUDIO:
(para
Amanda) Saudades de você... Agora que você o Roger se
separaram e eu me separei da Helen e daquela coisa lá que
era
minha vizinha, a turma anda meio se dispersando. Triste...
Tão
triste, não acha? Amanda
começa
a rir. Helen a cutuca. AMANDA:
O
quê? Tem que admitir que ele é uma gracinha bêbado. HELEN:
Sóbrias, entendeu? AMANDA:
(respirando fundo) Fica tranquila chatinha... Deixa comigo.
Corta
instantaneamente
para os quatro rindo e visivelmente bêbados. Na
mesa há uma quantidade incontáveis de copos vazios. CLÁUDIO:
(levantando o copo) Quero propor um brinde... Um brinde aos
verdadeiros
amigos. Close
no
rosto de Gustavo que faz sinal de positivo com a cabeça. CLÁUDIO:
Ao
amor... Que é uma droga! À minha ex-namorada que me
trocou por um loiro metido a besta. AMANDA:
(levantando o copo) Isso, um brinde ao amor, que é uma
droga! A
mim, que joguei meu ex-namorado nos braços de outra, por
quê? Por causa de um maldito surfista lindo e atencioso! HELEN:
(levantando o copo) Ao amor que é uma droga! Ao meu
ex-namorado
que me trocou por uma bola e nunca mais deu notícias, nem um
simples telefonema ou uma carta, nada... GUSTAVO:
(levantando o copo) Hei, eu também tive uma namorada lá
na minha antiga cidade... Linda demais, muito linda, lindona, mas que me trocou por um
gostosão da escola... (balança negativamente a
cabeça) Sofri demais... Muito... (levanta mais o copo)
Então, ao amor, que é uma droga! Eles
batem
os copos, brindando e bebendo em seguida. A câmera
dá um giro de 360º graus, indicando uma passagem de tempo.
Na mesa vemos apenas Helen e Amanda. AMANDA:
Estamos
todos com problemas amorosos. HELEN:
(suspirando) Verdade... Mas no seu caso a culpa é toda sua.
AMANDA:
(olhando-a) Você é péssima bêbada, sabia? HELEN:
(sorrindo)
Eu
disse para se controlar. Ouve-se
o
barulho de duas batidas de dedos no microfone. A câmera
corta
mostrando Cláudio e Gustavo no palco. CLÁUDIO:
Um
momento da atenção de todos, por favor... GUSTAVO:
Eu e
meu amigo vamos fazer uma homenagem a todos os apaixonados
da noite...
Quem está apaixonado aqui? Algumas
pessoas
gritam e aplaudem. CLÁUDIO:
Bom,
muito bom... Mas fiquem cientes... GUSTAVO:
O amor
é uma droga! (grita) Solta o som
dj! Nesse
instante
começa a tocar apenas do instrumental de “The
Trouble With
Love Is de Kelly Clarkson” CLÁUDIO:
(cantando) O amor pode ser algo muito
esplêndido...
Não se pode negar as alegrias que ele traz... Uma dúzia
de rosas, anéis de diamantes... Sonhos pra
vender e contos de fadas... GUSTAVO:
(cantando) Faz você ouvir uma sinfonia... E
você simplesmente quer que o mundo veja, mas como uma
droga que
te deixa cego, vai te enganar o tempo todo. CLÁUDIO:
(cantando) O problema do amor é, pode te
destruir
por dentro, faz seu coração acreditar numa mentira...
GUSTAVO:
(cantando) A história sempre termina na
mesma...
Você parado na garoa, feito um bobo... Os
dois
cantam muito mal, mas tanto eles, quanto as pessoas no bar
parecem
não se importar. Close em Amanda e Helen que observam a
cantaria, pasmas. Um homem se aproxima delas. HOMEM:
Mocinhas, posso ver a identidade de vocês? Helen
e
Amanda arregalam os olhos e se olham. Corta novamente para
Cláudio e Gustavo cantando no palco, dessa vez abraçados.
Segundos depois, a tela escurece. Abre
dentro
da casa de Helen. O ambiente está escuro. A porta abre e
Helen aparece, apoiando Cláudio em seu ombro. Cláudio
continua alegre, cantarolando, enquanto os dois caminham
até o
sofá. HELEN:
(colocando-o no sofá) Shh,
minha
avó vai escutar. CLÁUDIO:
Helen... HELEN:
Sim? CLÁUDIO:
Por quê? (respira fundo) Por que
ela
fez isso comigo? HELEN:
Hei... Você ainda é jovem, vai superar essa perda. Confie
em mim, essa dor que está sentindo agora, ainda vai ficar
por
algum tempo, mas depois, eu prometo que vai se perguntar o
porquê
estava sofrendo tanto. Helen
passa
a mão no cabelo dele, fazendo carinho. Cláudio
sorri e passa a mão no rosto dela. CLÁUDIO:
Eu te amo também, okay?
HELEN:
(sorrindo) Okay, alegrinho.
Espero que
continue me amando quando acordar. CLÁUDIO:
Nunca deixei de te amar... Estava com raiva, só isso... Ele
fecha
os olhos. Helen o desloca, fazendo-o deitar no sofá. Ela
beija o rosto dele e sai. A câmera se aproxima de seu
rosto,
ficando nele por alguns segundos. Vista
panorâmica
da cidade. É dia. Corta para dentro da casa de
Helen. Cláudio está sentado no sofá, com as
mãos na cabeça. Ele olha para a frente e Rosa está
em pé, perto da cozinha. ROSA:
Noite difícil? CLÁUDIO:
Acho que eu extrapolei um pouco. ROSA:
(sorrindo) Bem feito... No meu tempo, a gente lidava com os
problemas
emocionais de forma simples sabe, como chorando. CLÁUDIO:
Vou seguir essa cartilha da próxima vez. ROSA:
Ótimo, porque eu não vou contar para a sua mãe
sobre o estado que você chegou aqui ontem, quer dizer,
vocês dois... Ela
olha
para o lado. Helen aparece. Ela esboça um sorriso sem
graça para a avó, que aponta para ela sentar-se no
sofá. Helen vai e se senta ao lado de Cláudio. ROSA:
Como eu estava dizendo ao Cláudio, eu não vou contar a
mãe dele o que aconteceu, mas vocês dois estão de
castigo. E pra começar, a
arrumação da casa fica por conta de vocês, com ou
sem dor de cabeça. Cláudio
e
Helen balançam a cabeça, concordando. Rosa entorta a
boca e sai. Helen olha para Cláudio. HELEN:
Desculpa por ontem... Eu devia fazê-lo se sentir melhor,
não deixá-lo com ressaca. CLÁUDIO:
Está tudo bem... Eu fiz porque quis. Estava precisando jogar
pra
fora um pouco esse acúmulo dentro de mim. Helen
concorda
com a cabeça. Depois o encara por alguns segundos. Música:
Saliva
- Rest In Pieces HELEN:
Antes de pegar no sono, você disse que ainda me amava... É
verdade, ou só efeito do álcool? CLÁUDIO:
(sorrindo) É verdade, sua boba. Não importa o que
aconteceu, nós fizemos uma promessa. E também tenho uma
dívida com o Léo, não posso deixar de cumprir. HELEN:
(curiosa) Que dívida? CLÁUDIO:
Prometi que cuidaria de você como a mais preciosa das joias.
Posso ter falhado um pouco, mas pretendo continuar
cumprindo. HELEN: Isso significa que você me perdoa? CLÁUDIO:
Claro que te perdoo. Mas vai ter que prometer que não
fugirá mais dos problemas bebendo. HELEN:
Eu prometo, você nunca mais vai me ver daquele jeito. Mesmo
que
eu descubra outra versão mais sombria da história da
minha vida. CLÁUDIO:
E eu prometo também que ontem foi a primeira e última vez
que me viu daquele jeito. HELEN:
(sorrindo) Ótimo! Melhores amigos de novo? CLÁUDIO:
(sorrindo) Melhores amigos de novo... Eles
se
abraçam de forma bastante carinhosa, permanecendo assim
por
alguns segundos. CLÁUDIO:
(suspirando) Agora só preciso fazer uma coisa e fechar de
vez um
capítulo em minha vida. Corta
para
o corredor de uma casa. Gabriel aparece, trazendo consigo
sua
mochila. Ele para em frente a uma porta e bate. Cont.
Saliva
- Rest In Pieces GABRIEL:
Nicole? (bate outra vez) Nick? Após
alguns
segundos ele abre a porta e entra. Close no quarto vazio.
Olha
em volta, preocupado. Um flash toma conta da dela,
mostrando os dois na
mesa do refeitório. GABRIEL:
O que
é isso? NICOLE:
(sorrindo)
O que sobrou de minha mesada... Uma passagem sem data
definida. Assim
que eu chegar ao meu limite, o que está perto de acontecer,
me
mando de mala e cuia daqui. O
flash toma a tela outra vez, voltando para Gabriel no
quarto. Ele
caminha até o guarda-roupas e arregala os olhos. A câmera
mostra o móvel vazio. A
imagem transparece para dentro de um ônibus de viagem em
movimento. Nicole está sentada numa poltrona, olhando para
a
janela, triste. A câmera se movimenta devagar, mostrando
uma
bolsa em cima da outra poltrona. Transparece para fora,
onde vemos o
veículo na estrada até se distanciar por alguns metros. Jardim
secreto
da Helen. Cláudio está parado no mesmo lugar do
começo do episódio, pensativo e olhando para a cidade
iluminada. Música: The All-American Rejects - It Ends Tonight CLÁUDIO:
(em
off) Quase todos os sentimentos existentes no
mundo
são claros ao homem. Podem ser simples ou complexos,
porém nós os entendemos... Ele
olha
para baixo e ergue a mão direita. Close no anel de
compromisso em seu dedo. CLÁUDIO:
(em off) Mas
há um sentimento que nós sentimos, porém,
não o entendemos. Ou pelo menos não completamente. Ele
tira
o anel do dedo e toma impulso, jogando-o pelo penhasco.
Após alguns segundos ele sorri, fecha os olhos e respira
fundo.
A imagem muda para um ângulo aéreo, onde vemos
Cláudio se deslocando para sair do jardim. Mostra-o até
chegar na escada, e segundos depois a tela escurece.
CRÉDITOS
FINAIS CRIADO
E
ESCRITO POR: Thiago
Monteiro PARTICIPAÇÃO
ESPECIAL Paula
Marshall
como Adriana Michael
Strusievici como Lucas Lisa
Masterson com Dra. Katia
MÚSICA TEMA Switchfoot - Meant To Live TRILHA SONORA The All-American Rejects - It Ends Tonight The Calling - Unstoppable Matthew Ryan - Return to Me Dashboard Confessional - Hands Down Sixpence None the Richer - Kiss Me Saliva
- Rest In Pieces |