Tela
preta.
Grito ensurdecedor da torcida. Abre dentro do ginásio
lotado. Close em Felipe em quadra, chutando a bola, que
passa longe do
gol. Ele coloca as mãos na cabeça. A câmera gira
mostrando Cláudio correndo, nervoso. Ao seu lado está
Bruno. Música:
Forty
Foot Echo – Drift BRUNO:
Quer
tentar se acalmar? CLÁUDIO:
(nervoso) Você, eu quero longe de Helen. BRUNO:
(parando) O quê? A
imagem abre, mostrando as arquibancadas lotadas, principalmente com
torcedores dos Gladiadores vestindo vermelho e branco. Em seguida,
volta para Bruno, que alcança Cláudio em quadra. BRUNO:
Do que
você está falando? CLÁUDIO:
(apontando o dedo) Eu quero você longe da Helen. Você
não passa de um mentiroso, cretino... Bruno
abre
os braços, confuso. Felipe se aproxima deles. FELIPE:
Hei,
não sei se perceberam, mas está tendo um jogo aqui. Corta
para
Helen e Amanda no topo da arquibancada. Elas observam a
discussão. AMANDA:
Parece
que as coisas azedaram entre o Cláudio e seu namorado... HELEN:
(preocupada) Alguma coisa muito séria aconteceu. Volta
para
dentro de quadra. Cláudio aponta o dedo para Bruno. CLÁUDIO:
Está avisado! BRUNO:
Eu
não sei que bicho te mordeu hoje cedo, mas eu não vou
ficar longe da Helen. CLÁUDIO:
(inconformado) Como é que é? BRUNO:
Por que
você não volta pro o banco e tenta atrapalhar um pouco
menos o time? CLÁUDIO:
(esboçando um leve riso) Claro... Ele
imediatamente
fecha a cara e dá um soco no rosto de Bruno,
fazendo-o cair para trás. Cláudio corre até ele.
Do chão, Bruno chuta Cláudio, que se desiquilibra, dando
passos para trás. Bruno levanta e vai para cima de
Cláudio e ambos começam a trocar socos e chutes. Os
jogadores correm até eles, se amontoando e tentando
separá-los. A câmera muda para o rosto de Paulo, que
observa a cena, furioso. Close nos jogadores do outro
time, que
estão de uniforme preto. Eles se cutucam e riem da cena.
Volta
para Paulo que olha para cima, incrédulo. PAULO:
Eu
não acredito, não acredito nisso! Ele
começa
a caminhar na direção do bolo de jogadores.
A imagem muda para uma vista aérea da cena, mostrando todo
o
alvoroço dentro da quadra. Corta para o placar eletrônico
que marca “Gladiadores 0x2
Visitantes”. A tela escurece.
Frente
da
casa de Cláudio. A câmera se aproxima da janela de seu
quarto, transparecendo para dentro. LEGENDA:
Horas
antes... Cláudio
está
em pé, de frente para a cama, colocando o uniforme
do time dentro da mochila. Ele está bastante sério. A
câmera abre, mostrando Silvia encostada na porta. SILVIA:
O que
você pretende fazer? CLÁUDIO:
Quem
mudaria de cidade só porque foi traído? Estava na cara
que tinha alguma coisa errada nessa história. Mas o bobo
aqui
preferiu acreditar que, de repente, ele resolveu largar a
cidade natal,
a mãe, tudo, por constrangimento. SILVIA:
Filho,
não faça nada de cabeça quente. Ouça
primeiro o que ele tem a dizer. CLÁUDIO:
(olhando-a) Sabia que ontem ele pediu a Helen em namoro,
mesmo sabendo
de tudo o que ela passou nos últimos meses? (balança
negativamente a cabeça) Acredite, mãe, conversar é
a última coisa que passa pela minha cabeça agora. SILVIA:
Eu sei,
eu entendo que esteja nervoso, eu estou nervosa. Mas não se
esqueça, que independente disso tudo, ele ainda é seu
primo. Aquele que estendeu a mão quando você precisou. Por
favor, não faça nada de cabeça quente. Cláudio
não
responde e senta na cama, ainda inconformado. Silvia se
aproxima e senta ao lado dele. SILVIA:
Prometa-me que não irá agir por impulso? CLÁUDIO:
(segundos depois) Tá, eu prometo. Silvia
acena
levemente a cabeça. A câmera muda para o lado de
fora da casa. A porta abre e Cláudio sai, carregando sua
mochila. Ele começa a andar pela rua, visivelmente sério.
CLÁUDIO:
(em
off) Já dizia o poeta... “A verdade pura e
simples, jamais é pura e raramente é simples”. Ginásio
do
colégio Esplendor. Amanda está no corredor
atrás da quadra, olhando para cima. Música:
Maroon
5 - Harder To Breathe AMANDA:
Cola
essas bexigas um pouco mais pra cima. Corta
para
um rapaz no topo de uma escada, colando algumas bexigas
vermelhas
e brancas na parede. AMANDA:
Mais
para cima... RAPAZ:
Se
tiver um meio de colocar mais degraus na escada, eu farei. AMANDA:
Pois
arrume um jeito. RAPAZ:
(resmungando) Coisinha chata, meu Deus do céu. AMANDA:
O que
você disse? RAPAZ:
(sorrindo forçadamente) Nada demais. AMANDA:
Acho
bom mesmo. O
rapaz revira os olhos e faz caretas. Amanda balança a
cabeça em reprovação e começa a andar pelo
corredor. Uma garota se aproxima dela. AMANDA:
Trouxe
os confetes? GAROTA:
(entusiasmada) Sim! Vem comigo! Elas
caminham
até a arquibancada, onde outras garotas estão
sentadas. Close em dois sacos grandes de confetes com as
cores pretas e
brancas. Amanda lança um olhar furioso para a garota. AMANDA:
Mas que
diabos? Preto é a cor do time adversário, criatura! GAROTA:
(sem
graça) Jesus, é mesmo. Desculpa. AMANDA:
(bufando) Brr, desisto! Ela
se
vira a começa a andar. Helen aparece e para na frente
dela. HELEN:
(sorrindo) Olá, tirana. Como vai a organização? AMANDA:
Por que
tirana? HELEN:
Esse
foi
o apelido mais simpático que ouvi sobre você, desde que
entrei no colégio até chegar aqui. AMANDA:
Ninguém faz nada direito... E foi a senhorita que disse para
que
eu me ocupasse com alguma coisa. Aliás, onde estava a
manhã inteira, que eu precisei de você aqui? HELEN:
(sorrindo) Eu estava com o Bruno. AMANDA:
(sorrindo) Isso é lindo, muito fofo e bonito... (para de
sorrir)
Mas você tinha tarefas para cumprir. HELEN:
Relaxa,
tirana... Você fez um ótimo trabalho, o ginásio
está lindo. AMANDA:
Eu
não sou tirana... (puxa um rapaz) Estou exigindo muito de
vocês? RAPAZ:
Vou
apanhar se responder que sim? AMANDA:
(revirando os olhos) Sai daqui. Helen
ri.
As duas começam a andar pelo corredor, enquanto a imagem
abre, mostrando uma visão ampla do ginásio.
Casa
de
Roger. Roger e Livia estão sentados no sofá,
abraçados, assistindo televisão. LIVIA:
Não vai mesmo ficar chateado de perder o jogo de hoje? ROGER:
(sorrindo) Reafirmo que não. Sem você não ia ter a
menor graça mesmo. LIVIA:
É que é a semana em que meu pai estará em casa,
então se vamos mesmo fazer isso, tem que ser hoje, sem
falta. ROGER:
Não se preocupe com isso. Prometo fazer sua família se
encantar comigo. LIVIA:
(sorrindo) Mas toma bastante cuidado. Depois que passar pela
prova de
fogo, o negócio vai ficar sério de verdade. ROGER:
Ele
não vai apontar uma espingarda pra mim e me obrigar a subir
no
altar semana que vem, vai? LIVIA:
(sorrindo) Só se ele descobrir que você me desonrou... O
que ainda não foi o caso. ROGER:
(aliviado e sorrindo) Estou aliviado por ainda não estar no alvo dele. Eles
riem.
Segundos depois se beijam carinhosamente e voltam a
prestar
atenção na tv. Ginásio
do
colégio Esplendor. Os jogadores estão no
vestiário, concentrados, mas ainda não vestem o uniforme
da equipe. Felipe, em pé, se aproxima do banco onde a
maioria se
encontra. FELIPE:
Todo
mundo lá em casa na festa da vitória. GUSTAVO:
E se a
gente perder ou empatar, cara pálida? FELIPE:
A festa
rola do mesmo jeito, já que está tudo pronto mesmo. Mas
pensamento positivo, Gladiador. A gente só entra pra
vencer. GUSTAVO:
Você tem toda razão, ainda mais quando o maior talento
estará em quadra hoje... (aponta para si) Não
haverá empate, nem derrota. BRUNO:
(levantando) Maior talento na classificação de quem? Sua? Ele
caminha
até o bebedouro e esbarra em Cláudio que acaba de
chegar. Cláudio o olha com fúria. BRUNO:
(sorrindo) Hei, já estava na hora de chegar. Pronto para
recuperar a titularidade hoje? CLÁUDIO:
(sério) A gente precisa conversar. Bruno
franze
a testa, curioso. Paulo aparece. PAULO:
Quero
todos se alongando na quadra, já. (olha
para Cláudio) E o atrasadinho aí, se trocando,
rápido. Os
jogadores
começam a se dispersar. Bruno se desloca para sair,
mas Cláudio segura firme em seu braço. CLÁUDIO:
Eu
disse que precisamos conversar. BRUNO:
(olhando para a mão de Cláudio) Depois a gente
conversa... Já sabe a reação do general se eu me
atrasar. Bruno
o
encara com estranheza, puxa o braço e sai. Close na mão
de Cláudio, fechando de nervosismo. Casa
de
Gabriel. Gabriel caminha pelo corredor, parando na porta
do quarto
de Nicole, que se encontra com a porta aberta. Nicole está
de
frente para o espelho, se maquiando. Gabriel entra e para
perto da
cama. NICOLE:
(olhando-o através do espelho) Quer um batom emprestado? GABRIEL:
(sorrindo) Engraçadinha... Vai ao jogo? NICOLE:
Yeap! E
você? GABRIEL:
Também. Quer vir comigo? NICOLE:
Não vai com a sua enfermeira? GABRIEL:
Vamos
nos encontrar no ginásio. Nicole
olha
seu reflexo por alguns instantes e depois se vira,
satisfeita. NICOLE:
Qual é o
lance entre vocês? GABRIEL:
(dando
os ombros) Amizade, nada mais. NICOLE:
(incrédula) Sei... Se eu fosse você aproveitaria a
oportunidade para começar a sair de um relacionamento de
fantasia e entrar num de verdade. GABRIEL:
Só porque você não conhece a Jessica, não
quer dizer que ela não exista. Ele
balança
a cabeça negativamente e bufa, se virando para
sair do quarto. GABRIEL:
Não sei por que eu insisto em ser simpático com
você. NICOLE:
(arrependida) Espera! Foi mal... Eu vou com você. GABRIEL:
(sorrindo) Te espero lá embaixo então. Ele
sai
do quarto. Nicole se vira para o espelho e entorta a boca,
não gostando do que viu. Ela se desloca até a mesinha e
pega um rímel. A tela escurece. Abre
mostrando
a vista panorâmica da cidade. É noite. A imagem
transparece para dentro do ginásio todo enfeitado e quase
cheio.
Várias pessoas aparecem entrando e tomando lugares nas
arquibancadas. Em sua maioria, as pessoas estão de
camisetas
vermelhas. Algumas garotas em destaque estão com pompons
vermelhos e brancos. Corta
para
o vestiário. Gustavo está na porta, observando o
alvoroço do ginásio. Ele se vira para os rapazes,
demonstrando certo nervosismo. Todos já estão
uniformizados. GUSTAVO:
Viram
como está lotado lá fora? FELIPE:
Nunca
assistiu um jogo do time? GUSTAVO:
Alguns,
mas eu estava do lado de fora, não desse aqui. BRUNO:
(sorrindo) Será que alguém está amarelando? GUSTAVO:
(fazendo careta) Não estou amarelando... (senta rapidamente
no
banco) Okay, estou apavorado! Pronto, falei. CLÁUDIO:
Se
preferir pode ficar no banco até se acostumar com o clima. GUSTAVO:
(olhando-o) Bela tentativa, mas vou continuar com sua vaga,
se
não se importa. BRUNO:
(para
Cláudio) Tranquilo, do jeito que ele está, logo no
primeiro tempo você já entra. (sorrindo)
E todos nós sabemos que você é muito melhor. CLÁUDIO:
(sério) Eu não preciso que tome partido por mim. GUSTAVO:
Ouch!
Doeu até em mim essa. Cláudio
se
movimenta até o espelho. Bruno vai até ele. BRUNO:
Eu te
fiz alguma coisa? CLÁUDIO:
Eu
não sei, como está sua consciência? Super
tranquila? Bruno
franze
as sobrancelhas. Paulo aparece. PAULO:
Bom,
chegou a hora. Vão lá, deem o melhor de vocês e
acabem com eles! Os
jogadores
concordam com a cabeça e começam a sair.
Cláudio se aproxima de Felipe. CLÁUDIO:
Definitivamente, esse foi o melhor discurso pré-jogo que eu
já ouvi. Felipe
ri.
A cena muda para o lado de fora. Conforme os jogadores
começam a entrar em quadra, a torcida grita euforicamente.
Gustavo, meio tímido, acena para as pessoas, mas logo se
solta,
dando pulos e vibrando. Bruno corre até a grade, onde
Helen o
espera do outro lado. Música: Jack's Mannequin - The Mixed Tape BRUNO:
Me
deseja boa sorte? HELEN:
(sorrindo) Quebre as pernas. BRUNO:
(rindo)
Certo. Eles
se
beijam. A câmera se afasta, mostrando Cláudio em
pé ao lado do banco, assistindo a cena com cara de poucos
amigos. Nesse
instante,
o time adversário entra em quadra. Eles vestem uniforme
totalmente preto. Grande parte da torcida vaia. A câmera
gira
até um dos lados da arquibancada, onde vemos Priscila,
Gabriel e
Nicole sentados juntos. Gabriel está no meio das duas. PRISCILA:
(sorrindo falsamente) Que bom que esteja acompanhando o
evento conosco,
Nick. NICOLE:
(sorrindo falsamente) Obrigada por guardar esse lugar pra
gente, Pri. PRISCILA:
(para
Gabriel) Na verdade eu guardei um lugar pra você, apenas. GABRIEL:
(para
Priscila, sorrindo) Não provoca. Priscila
sorri
para ele, que retribui. A câmera desce até a quadra,
onde os jogadores formam um círculo com as mãos juntas.
Segundos depois, eles gritam “Gladiadores, vai, vai, vai” e
se dispersam. Varanda
da
casa de Livia. Roger está parado de frente para a porta.
Ele
respira fundo e toca a campainha. Após alguns segundos a
porta
abre e Livia aparece. Roger sorri para ela. ROGER:
(dando
um selinho nela) Hei! LIVIA:
(sorrindo) Entra... Roger
entra.
Livia fecha a porta. Eles caminham até a sala, onde
chegam até um homem [Tate Donovan]
que está de costas para a câmera e de frente para a
televisão. LIVIA:
Pai,
esse é o Roger, meu namorado. O
homem se vira e lança um olhar extremamente sério para
Roger. Ele levanta e vai até eles. Conforme ele se
aproxima,
Roger demonstra certo nervosismo. ROGER:
(estendendo a mão) Prazer, senhor Dominic. DOMINIC:
(segurando a mão de Roger, sem soltar) Então
você é o safado que anda beijando a minha
princesinha? ROGER:
(assustado) Não senhor... DOMINIC:
Não? Então vocês namoram de que jeito? Cortejando? ROGER:
(nervoso) Não senhor... Quer dizer, sim senhor... DOMINC:
Se
decida, rapaz! Sim ou não? ROGER:
(para
Livia) Livia, me ajuda aqui. Livia
começa
a rir. Dominic também. Roger os olha, confuso. LIVIA:
(rindo,
olhando para Roger) Devia se olhar no espelho agora. DOMINIC:
(rindo)
Vem cá me dar um abraço... (puxa Roger) Te peguei de
jeito, huh? LIVIA:
(sorrindo) Ele sempre faz isso. ROGER:
Sempre
faz? LIVIA:
Quer
dizer, você é o primeiro namorado que estou apresentando.
Mas me refiro a pregar peças nas pessoas. ROGER:
(sorrindo) Já vi que nossos pais vão se dar muito bem
então. Nesse
instante
Clarice aparece e olha para Dominic, balançando a
cabeça, em reprovação. CLARICE:
Não acredito que você assustou o menino, Dominic. DOMINIC:
(sorrindo) Foi só um quebra-gelo. Assim a gente evita aquela
situação chata de silêncio tímido e
constrangedor. (olha para Roger)
Não
foi divertido, Roger? ROGER:
(aliviado) Agora sabendo que era brincadeira, sim. Porque na
minha
mente eu estava fazendo conta de quantos segundos eu
chegaria na porta
se começasse a correr. DOMINC:
(sorrindo) Que bom que você levou na esportiva. E já
adiantando, nada de senhor Dominic, tudo bem? Venha se
sentar comigo,
assim você me conta suas reais intenções com a
minha filha predileta. Roger
sorri
e em seguida se dirige até o sofá com o Dominic.
Livia e Clarice se olha e sorriem uma para a outra.
Ginásio.
Um
jogador do time adversário está com a bola. Ele toca
para um companheiro, que toca para outro. Gustavo tenta
tirar, mas leva
um drible seco. Close no rosto de Paulo que demonstra não
gostar
do que está vendo. Felipe
rouba
a bola e toca para Bruno. Bruno passa por um adversário e
toca para outro rapaz, que ao receber a bola, perde de
imediato,
fazendo com o time adversário avance. O jogador
adversário passa por Gustavo e chuta em gol. A bola entra.
O
time adversário corre e comemora. A pequena torcida de
preto
também. Felipe corre até Gustavo. FELIPE:
Tem
como a madame entrar no jogo? GUSTAVO:
Eu
fiquei entre dois. Reclama de quem perdeu a bola lá na
frente. Corta
para
Helen e Amanda na arquibancada, atentas ao jogo. HELEN:
Não está tão fácil como parecia... AMANDA:
É a responsabilidade de vencer o primeiro jogo em casa, como
favoritos, junto com a falta de entrosamento, causa um certo
impacto
negativo. Do time campeão do ano passado, apenas o Felipe e
o
goleiro estão em quadra agora, o que faz o time demorar um
pouco
para render, já que o time anterior já se conhecia
há algum tempo. Helen
a
olha com extrema surpresa. Amanda sorri para ela. AMANDA:
O
quê? Anos convivendo com essa loucura fez de mim um
pouquinho
especialista no assunto. Helen
ri e a cena volta para dentro da quadra. Bruno toca a bola para
Felipe,
que dribla um jogador adversário e chuta. A bola vai bem
para o
alto, passando longe do gol. O goleiro adversário rola a
bola
para um companheiro, que toca para outro, que rapidamente
toca para
outro, deixando o terceiro na cara do gol, que só chuta de
leve.
Bola entra. Os jogadores e torcida rival comemoram. Parte
da torcida
dos Gladiadores se silencia. Paulo
do
banco balança a cabeça, em sinal de
reprovação. A câmera mostra os jogadores olhando
uns para os outros, desanimados. A imagem começa a ficar
lenta e
quase não se ouve mais som algum. A tela escurece. Abre
no
vestiário. Os jogadores estão espalhados pelo local,
em silêncio. Felipe vai até Gustavo que está em
pé perto do espelho. FELIPE:
Já passou a ansiedade? Que tal tentar acertar um passe a
partir
de agora? GUSTAVO:
Hei, eu
não sou o pior em quadra. Pelo menos não fico fazendo
firulas, para me exibir pra namorada. Ele
aponta
com a cabeça para Bruno. Bruno levanta e vai até
ele. BRUNO:
E desde
quando dar dez chutes em perigo no gol e três assistências,
pode ser considerado firula? GUSTAVO:
Perdão, mas estamos ganhando de quanto mesmo? Bruno
fecha
a cara e empurra Gustavo. Nesse instante Paulo aparece,
visivelmente nervoso. PAULO:
Tudo que vocês estão fazendo é muito, mas muito
pouco. Não sei que esporte pensam que estão praticando
lá fora, mas posso garantir que futebol não é. Ele
caminha
até um armário, puxa uma lousa e começa a
escrever nela. PAULO:
Prestem
atenção, vocês vão fazer exatamente o que eu
mandar. Nada de improvisos, passes errados, ou firulas. É
isso aqui e
ponto final. Casa
de
Livia. Roger, Livia, Clarice e Dominic estão na copa,
sentados à mesa, jantando e conversando animadamente. DOMINC:
“Manhê”, hoje a professora ensinou pra gente qual
é a mão direita. Muito bem, mostra para a mamãe...
Ele, orgulhoso levanta mão para a mãe. Ela orgulhosa o
parabeniza e pede para que ele mostre a esquerda. Então ele
diz,
ah, isso ela vai ensinar só amanhã. Ele
começa
a rir e bater na mesa. Roger e Livia riem também.
Clarice apenas balança a cabeça, sorrindo. CLARICE:
(sorrindo) Esse era o meu maior medo, que você começasse a
contar suas piadas. DOMINIC:
(sorrindo) Você ama essa minha veia humorística, admita? ROGER:
(para
Livia) Seu pai é muito gente boa. Se juntar com o meu a
gente
passa o dia inteiro rindo. Livia
sorri
e beija o rosto dele. Um celular começa a tocar. Dominic o tira do bolso e olha no visor. DOMINIC:
Me deem
licença rapidinho, preciso atender... Ele
levanta
e vai até a sala. Clarice olha para Roger. CLARICE:
Gostou
da comida, Roger? ROGER:
Estava
simplesmente maravilhosa. Só não repeti uma terceira vez, pra não causar má
impressão. CLARICE: Que bonitinho, mente pra sogra para agradar a namorada. ROGER:
Mas
estava realmente muito boa. Mentindo eu estaria se a Liv
tivesse
cozinhado. LIVIA:
(indignada) Como assim? Eu cozinhei duas vezes pra você e o
senhor disse que estava delicioso. ROGER:
(sorrindo) Essa sim é a verdadeira parte em que a gente mente
para
agradar a namorada. Livia
fica
de boca aberta, incrédula. Clarice ri. CLARICE:
Nessa
eu preciso concordar com ele, meu amor. Você não tem
mão para o fogão. LIVIA:
Até você, mãe? CLARICE:
Roger!
Não fala desse jeito da comida de sua namorada! Roger
e
Clarice começam a rir. Livia ainda os olha com
indignação. Ginásio.
Os
jogadores já estão de volta. Gustavo
está com a bola. Ele tenta tocar para o lado, mas o
adversário intercepta. A câmera se movimenta até o
banco. Paulo bufa e olha para Cláudio. Música: Hawk Nelson - Is Forever Enough PAULO:
De
pé, você vai entrar. Cláudio
acena
com a cabeça e levanta. Paulo se aproxima. PAULO:
É sua chance de provar que eu estava errado em te manter no
banco. Não estrague tudo. CLÁUDIO:
(concordando com a cabeça) Pode deixar. Corta
para
Amanda e Helen na arquibancada. Amanda cutuca Helen. AMANDA:
Seu
preferido vai entrar... Helen
olha
na direção do banco e esboça um largo
sorriso. A imagem volta para a quadra. Um dos Gladiadores
sai e
Cláudio entra. Ele corre até Felipe e os demais. FELIPE:
(sorrindo) Eu sabia que você ia entrar! Vamos acabar com
eles! CLÁUDIO:
(sorrindo) Como nos velhos tempos. A
torcida volta a gritar e pular, incentivando o time. Corta
para
Cláudio com a bola. Ele olha para Felipe e Gustavo, mas
ambos
estão marcados. Bruno aparece livre, erguendo os braços.
Cláudio ignora e tenta tocar para Gustavo que não
consegue alcançar. Bruno olha para Cláudio e abre os
braços. Cláudio mexe os ombros, fazendo-se de
desentendido. A
música toma conta da cena, e várias cenas do jogo
são mostradas. Como as pessoas nas arquibancadas pulando e
gritando, Paulo olhando para o relógio e olhando no
placar.
Cláudio correndo com Bruno perto dele, pedindo a bola e
sendo
mais uma vez ignorado. Felipe chutando a bola longe do
gol. A
câmera dá um giro rápido e para em Bruno que se
aproxima de Cláudio. BRUNO:
Existe
algum motivo pra você não estar me passando a bola? CLÁUDIO: Não enche, Bruno! Cláudio
começa
a correr. Bruno, sem entender, vai atrás. BRUNO:
Que
merda deu em você pra me tratar
desse
jeito? Quer tentar se acalmar? CLÁUDIO:
(nervoso) Você, eu quero longe de Helen. BRUNO:
(parando) O quê? Ele
balança
a cabeça e corre, alcançando
Cláudio. BRUNO:
Do que
você está falando? CLÁUDIO:
(apontando o dedo) Eu quero você longe da Helen. Você
não passa de um mentiroso, cretino... Bruno
abre
os braços, confuso. Felipe se aproxima deles. FELIPE:
Hei,
não sei se perceberam, mas está tendo um jogo aqui. Felipe
volta
a correr. Cláudio aponta o dedo para Bruno. CLÁUDIO:
Está avisado! BRUNO:
Eu
não sei que bicho te mordeu hoje cedo, mas eu não vou
ficar longe da Helen. CLÁUDIO:
(inconformado) Como é que é? BRUNO:
Por que
você não volta pro o banco e tenta atrapalhar um pouco
menos o time? CLÁUDIO:
(esboçando um leve riso) Claro... Ele
imediatamente
fecha a cara e dá um soco no rosto de Bruno,
fazendo-o cair para trás. Cláudio corre até ele.
Do chão, Bruno chuta Cláudio, que se desiquilibra, dando
passos para trás. Bruno levanta e vai para cima de
Cláudio e ambos começam a trocar socos e chutes. Os
jogadores correm até eles, se amontoando e tentando
separá-los. A câmera muda para o rosto de Paulo, que
observa a cena, furioso. Close nos jogadores do outro time
que se
cutucam e riem da cena. Volta para Paulo que olha para
cima,
incrédulo. Cláudio
empurra
Bruno e lhe acerta outro soco no rosto. Paulo aparece e
segura
Bruno, levando-o para trás. Felipe e os outros jogadores
seguram
Cláudio, que tenta se soltar. A imagem se movimenta
rapidamente
até a arquibancada. Amanda e Helen observam a briga de
boca
aberta. AMANDA:
Que diabos deu neles? HELEN:
(preocupada, apreensiva) Eu não sei... Volta
para
a quadra. O árbitro se aproxima dos dois que aparentemente
estão mais calmos. Ele mostra um cartão vermelho para
Cláudio e depois para Bruno. Bruno abre os braços,
indignado. O árbitro se aproxima de Paulo. ÁRBITRO:
Sem dois jogadores é impossível continuar a partida. (aponta para o centro e apita) Jogo
encerrado e
vitória para o time visitante. Os
jogadores
da equipe de preto começam a comemorar. Paulo olha
para Cláudio e Bruno, extremamente furioso. Corta
para
dentro do vestiário. Felipe e mais dois rapazes entram
trazendo Cláudio. FELIPE:
O que deu em você para agir daquele jeito? Gustavo,
acompanhado
dos outros rapazes, também aparece. Bruno entra por último. BRUNO:
(para Cláudio) Por quê? CLÁUDIO: Você realmente não sabe? Não imagina por que, de repente, eu fiquei puto com você? Bruno
abaixa
o olhar, pensativo. Segundo depois ele olha para Cláudio
e arregala os olhos. Cláudio o encara com bastante
decepção. Paulo aparece. PAULO: (para Cláudio) Você tem ideia da merda que acabou de fazer? O time pode pegar uma séria punição pela confusão que arrumou na quadra. Parabéns pelo vexame da primeira derrota em casa.
CLÁUDIO:
Eu sei que deveria ter me controlado, mas não venha jogar a
culpa do placar em cima de mim... Não sei se você
percebeu, mas esse time é medíocre e muito mal treinado,
nada mudaria, era capaz da gente tomar mais gols. Os
jogadores
o olham com reprovação. Paulo passa a
mão no rosto, tentando se controlar. PAULO:
Eu não sei o que você está passando fora daqui e
nem me interessa saber. Mas você não vai descontar suas
frustrações no time, isso eu não vou permitir. CLÁUDIO:
E você não faz o mesmo? (se aproxima) Um fracassado que
foi limitado a treinar um time juvenil do interior, que vomita
arrogância o tempo todo, dando ordens na gente como se
estivéssemos num quartel... Fica falando em vitória,
quando o maior dos perdedores está bem na nossa frente. Close
no
rosto de Paulo, que fica vermelho, mas tenta se controlar.
Cláudio se acalma um pouco e esboça um leve sorriso
provocativo. CLÁUDIO:
Nós aqui ainda somos jovens, estamos no começo da vida.
Já pra você, isso tudo é fim de carreira. PAULO:
(após alguns segundos) Está bem. Se não quer ficar
no meu time. Não faço questão de tê-lo aqui.
CLÁUDIO:
Não diga? (olha para os rapazes) Bom campeonato para os que ficam. Cláudio sai
do vestiário, furioso. A câmera permanece no mesmo
ambiente. Um breve silêncio toma a cena. Paulo olha para
os
demais. PAULO:
Alguém mais quer acompanhá-lo? BRUNO:
(saindo) Eu preciso falar com ele... Corta
para
um estacionamento. Bruno caminha apressadamente pelo
local. Ao
passar por um carro, vemos Cláudio encostado em um dos
carros,
de braços cruzados. CLÁUDIO: Achou mesmo que podia engravidar uma garota e
simplesmente
fugir pra cá, fingindo que nada aconteceu? Bruno
para.
Ele abaixa a cabeça. Cláudio desencosta do carro e
se aproxima um pouco. Bruno se vira para ele. BRUNO:
Quem
ligou pra sua casa? CLÁUDIO:
Quem
você acha? BRUNO:
Oh
merda! Minha mãe deve estar querendo me matar. CLÁUDIO:
(se
aproximando) Então é só com isso que você
está preocupado? BRUNO:
(sentido) Não, claro que não. CLÁUDIO:Na
sua ingenuidade, você acreditou mesmo que a garota ia aceitar
criar um filho sozinha? Que a barrigada dela não fosse
crescer e que logo seria questionada quem era o pai? Eu não te
reconheço, Bruno. BRUNO:
Você fala como se fosse a coisa mais fácil do mundo,
descobrir que vai ser pai aos dezesseis anos. Olha pra mim,
Cláudio, a vida que eu levava naquele fim de mundo. Acha mesmo
que eu teria condições tanto financeiras, quanto
psicológicas de cuidar de uma criança? Não
são todos que têm sorte de nascer em berço de ouro
que nem você. CLÁUDIO:
Isso não pode, em hipótese alguma, justificar seu ato de
canalhice. Você poderia muito bem ter contado comigo. A gente
daria um jeito, meu pai arrumaria um bom emprego pra você,
sei lá, mas alguma coisa poderia ser feita para amenizar o
impacto que ter um filho causaria na sua vida. BRUNO:
É muito mais fácil falar, quando se está do lado
oposto. CLÁUDIO:
Meu
Deus, quem é você? Não hesitou nem um pouco em se
aproximar da Helen... Investiu em conquistá-la, pedi-la em
namoro,
mesmo sabendo de seu passado turbulento. Como você pôde
fazer isso? Bruno
não
responde. Seus lábios tremem e seus olhos se enchem
de lágrimas. CLÁUDIO:
Eu
confiei em você... Meus pais confiaram em você... A Helen
confiou em você. BRUNO:
Eu
gosto dela, Cláudio... De verdade. CLÁUDIO:
Isso
não muda o fato de que, mais uma vez, o coração dela
será partido. BRUNO:
(sentido) Eu não queria ter mentido pra você, primo... Eu
não queria magoar a Helen... Eu sinto muito. CLÁUDIO: Sente pelo quê? Por ter mentido pra gente ou porque a verdade veio à tona? Você ao menos pensa na garota que está esperando um filho seu?
BRUNO: Lógico que eu penso, Cláudio. Eu não sou um monstro, eu estava assustado, na verdade, eu estou apavorado.
CLÁUDIO: E ela? Como você acha que deve estar nesse momento? Não gaste seu tempo se desculpando comigo. Eu te dei a chance de ser sincero e você preferiu inventar uma história de traição para que eu não questionasse mais sua vinda repentina pra cá... No que diz respeito a nós, a amizade acabou, eu não consigo sequer olhar pra você.
Cláudio
se
vira e começa a andar. Bruno faz menção de ir
atrás, mas para. Ele coloca as mãos na cabeça e se
abaixa, atordoado. A câmera começa a se afastar, subindo
devagar. A imagem sobe aos céus, descendo na frente da
casa de
Livia. Roger
e Livia estão na varanda, sentados na rede que balança
devagar. Cada um segura um prato com o que parece ser uma torta doce. Música:
Creed
- Higher ROGER:
Delicioso! Você que fez? LIVIA:
Não. E não fale mais nada. ROGER:
(rindo)
Eu não ia dizer nada. LIVIA:
Sei...
Quer mais? ROGER:
Claro... (pega o prato da mão dela) Mas pode deixar que eu
busco. Já sou de casa mesmo. Ele
dá
um selinho nela e levanta. Livia sorri, feliz. A cena muda
para dentro da casa. Roger está na cozinha, olhando para a
geladeira aberta. ROGER:
Cadê a espátula? Do
quintal,
ouve-se alguns sussurros. Roger levanta e fecha a
geladeira. ROGER:
É melhor perguntar. Ele
vai
até o quintal. Conforme vai se aproximando, as vozes
vão aumentando. DOMINIC:
(em
off) Quando pretende contar a ela? CLARICE:
(em
off) Até o final da semana eu conto. Roger
para
e encosta na parede. Corta para Dominic e Clarice
conversando no
gramado. DOMINIC:
Tem
certeza que não quer mesmo que eu esteja presente? Talvez
seja
um pouco menos dolorido para ela, se eu estiver junto na
hora de
explicarmos o porquê do divórcio. Close
no
rosto de Roger que abre bem os olhos. Vota para Clarice e
Dominic,
que ao mesmo tempo em que falam baixo, inclinam as cabeças
para
o fundo, se precavendo da presença de alguém. CLARICE:
Não. Deixa que eu mesma converso com ela. Nós duas temos
um diálogo mais aberto e saberei o jeito certo de contar... E
tem esse garoto, a Livia gosta muito dele, espero que ele possa ser um
apoio importante para ela. Close
no rosto pensativo de Roger enquanto ele olha para o chão.
Após alguns segundos, ele ergue a cabeça e sai de cena. A
câmera muda para a varanda, onde Livia está sentada na
rede, balançando-a suavemente. Roger se aproxima cautelosamente
e para ao lado dela. Livia vira o rosto para olhá-lo, com uma
expressão de surpresa e curiosidade. LIVIA:
Por
favor, não vai me dizer que meu pai acabou com a torta? Roger
sorri
e se senta ao lado dela na rede, beijando seu rosto de
forma
bastante carinhosa. ROGER:
(sorrindo) Não... Mas vamos deixar a torta para mais tarde.
Agora eu quero ficar assim, agarradinho com você. LIVIA:
(sorrindo e fechando os olhos) Bem melhor. Eles
se
deitam na rede. A câmera começa a se afastar, subindo,
ao mesmo tempo em que a tela vai transparecendo e
transitando de cena. Mansão
de
Felipe. Algumas pessoas estão no local, mas o movimento
parece bem menor do que de costume. Gabriel está parado em
determinado lugar do jardim. Ele observa Priscila
conversando com um
rapaz, um pouco afastados. Gustavo aparece e coloca a mão
no
ombro dele, olhando na direção em que Priscila
está. Cont-
Creed
-
Higher GUSTAVO:
O que
foi que eu disse? A fila anda, meu amigo! Resolve logo esse
entrave. Ele
sai.
Gabriel continua olhando para Priscila. Corta para o rosto
dela,
que desvia o olhar para Gabriel. Ela sorri para ele.
Gabriel retribui o sorriso. Varanda.
Felipe
está sozinho, sentando em cima da mesa de bilhar. Nicole
se aproxima. Cont-
Creed
-
Higher NICOLE:
Hei...
Você está bem? FELIPE:
Eu
devia ter cancelado isso aqui. Não há animo para festa. Nicole
dá
um impulso e se senta ao lado dele na mesa. Um breve
silêncio toma conta da cena. Felipe a olha. FELIPE:
O que
nós somos, Nicole? NICOLE:
Eu
não sei... Amigos? Me diz você. O que nós somos? FELIPE:
(deitando na mesa) Amigos. NICOLE:
(sorrindo) Amigos então. Ela
se
deita ao lado dele. Ambos ficam em silêncio, olhando para
cima. Piscina.
Amanda
está sentada na beira da piscina, com os pés na
água. Gustavo aparece e se senta ao lado dela. Cont-
Creed
-
Higher GUSTAVO:
E nossa
amiga, aonde está? AMANDA:
Foi
tentar saber o que houve entre o namorado e o primo. GUSTAVO:
Aquilo
foi tenso mesmo. (olha para a
água)
Está muito gelada? AMANDA:
Gustavo, eu não vou te beijar. GUSTAVO:
(sorrindo) Por que você pensou isso? AMANDA:
Porque
toda vez que você se aproxima de uma garota, é com essa
intenção. GUSTAVO:
Neste
caso, lamento decepcioná-la... Hoje eu não estou no
clima para ficar distribuindo beijos. Quero apenas
conversar. AMANDA:
(desconfiada) Apenas conversar? GUSTAVO:
Uhum...
A não ser, lógico, se daqui algumas horas, você
quiser t0car seus lábios nos meus, não vou
deixá-la passando vontade. Amanda
balança
a cabeça e ri. Gustavo também. Eles
começam a dialogar, mas a música aumenta, encobrindo o
que eles dizem. Uma
rua
qualquer. Bruno caminha sem direção, pensativo e
abatido. A câmera o segue até parar em um orelhão.
Ele se aproxima e tira o fone do gancho. Hesita um pouco,
mas
começa a discar. Após alguns segundos ouve-se uma voz
feminina do outro lado. Cont- Creed - Higher
VOZ
FEMININA:
Alô? BRUNO:
Mãe... (começa a chorar) Me perdoa mãe... (chora
ainda mais) Me perdoa... Lentamente
a
câmera se afasta, mostrando Bruno se abaixando com o
telefone
no ouvido, aos prantos. Após alguns segundos, a tela
escurece. Abre
na
frente da casa de Cláudio. É dia. Corta para dentro do
quarto. Cláudio está deitado na cama, pensativo. A porta
está aberta. Bruno aparece, bastante acanhado. BRUNO:
Posso
entrar? Cláudio
não
responde. Bruno abaixa o olhar e entra. CLÁUDIO:
Nós não temos nada para conversar e eu não vou te
desculpar nem que implore por isso. BRUNO:
Eu sei,
eu mereço isso... Eu fui imaturo, mentiroso, canalha e tudo
de
ruim que está se passando na sua cabeça a meu respeito...
Mas quando ela me disse que estava grávida, eu surtei. Vi
meu
mundo acabando, meus sonhos, minha juventude, tudo indo
embora de forma
tão precoce. Fiquei com tanto medo, que a única
alternativa foi fugir. CLÁUDIO:
E
quanto a ela? Não acha que ela teve os mesmos medos,
sentimentos? BRUNO:
Sim,
claro que sim. Mas ela tinha uma grande vantagem sobre mim.
Ela
não era eu. CLÁUDIO: Tá, mas e agora? O que você pretende fazer? BRUNO:
O que
é certo. Vou voltar pra casa hoje mesmo. Vou conversar com
ela,
assumir minhas responsabilidades e ajudar a criar o meu
filho que vai
nascer. Só preciso arrumar minhas coisas, tomar um banho...
CLÁUDIO:
Já conversou com a Helen? BRUNO:
Marcamos de nos encontrar na praça mais tarde, antes de eu
ir
pra rodoviária. (após alguns
segundos) Eu gosto dela de verdade, Cláudio. E essa conversa
vai
ser mais difícil do que ter que encarar minha mãe quando
eu chegar em casa. Cláudio
não
responde e olha para o teto. Bruno o encara por alguns
instantes. Música:
Feeder
- Feeling a Moment BRUNO:
Eu
sinto muito por ter te decepcionado, decepcionado a Helen,
seus pais.
Espero que um dia me perdoe por isso. Cláudio
continua
sem responder. Bruno ainda o encara por breves segundos e
depois abaixa a cabeça, saindo do quarto. A câmera se
aproxima lentamente do rosto de Cláudio. A imagem começa
a transparecer, transitando de cena. Centro
da
cidade. É noite. Helen está sentada no banco da
praça, apreensiva. Bruno aparece, caminhando até ela,
carregando uma bolsa. Helen o olha com ainda mais
apreensão. Cont.
Feeder
- Feeling a Moment HELEN:
(preocupada) O que houve, Bruno? Essa bolsa aí, é pra
quê? BRUNO:
(com
dor) Precisamos conversar, Helen... (abaixa o olhar) Eu não
fui
totalmente honesto com você. Ele
senta
ao lado dela e começa a falar. Helen ouve com bastante
atenção. O som encobre o que ele diz e a câmera
começa a se distanciar devagar. CLÁUDIO:
(em
off) O medo faz parte da vida de todos. Algumas
pessoas
por não saber enfrentá-los, acabam por fugir. Outras
são obrigadas a conviver com ele e aprendem a encará-lo
não como uma coisa negativa, mas como um sentimento de
autopreservação. A
imagem transparece para a rodoviária. Bruno caminha até o
ônibus. Ele para no primeiro degrau e dá uma última
olhada na cidade. Cont.
Feeder
- Feeling a Moment CLÁUDIO:
(em
off) Você ganha força, coragem e
confiança a cada experiência em que enfrenta o medo. Pois
é preciso fazer exatamente aquilo que acha que não
consegue. Quarto
de
Helen. Helen entra e fecha a porta. Ela respira fundo se
senta na
cama, infeliz. Após alguns segundos Rosa abre a porta do
quarto
e a olha. Cont.
Feeder
- Feeling a Moment ROSA:
Querida, tem alguém aí na sala querendo te ver. HELEN:
Eu
não quero ver ninguém. ROSA:
Eu
sei... Mas acho que essa pessoa você vai querer receber sim.
Helen
a
olha e franze as sobrancelhas. Corta para a sala. Helen
aparece e
para em determinado ponto, abrindo bem os olhos,
extremamente surpresa. HELEN:
(surpresa) Léo? A
câmera se movimenta, mostrando Léo em pé, perto do
sofá. Ele está sorrindo. A imagem se aproxima lentamente
do rosto de Helen que não esboça outra
reação. Depois, a câmera se aproxima do rosto de Léo, que
continua sorrindo. A tela escurece.
CRÉDITOS
FINAIS CRIADO
E
ESCRITO POR: Thiago
Monteiro PARTICIPAÇÃO
ESPECIAL Jennifer
Ehle
como Clarice Tate
Donovan
como Dominic David
Gallagher
como Léo
MÚSICA
TEMA Switchfoot - Meant To Live TRILHA SONORA Forty Foot Echo - Drift Maroon 5 - Harder To Breathe Jack's Mannequin - The Mixed Tape Hawk Nelson - Is Forever Enough Creed - Higher Feeder - Feeling a Moment |