http://i190.photobucket.com/albums/z119/lindaum458/7fb303f6-6bcd-438f-ba7e-8d0be75aaf6b.png


CALVIN GOLDSPINK: (em off) O caminho até aqui...

 

ARTHUR: (puxando uma cadeira) Senta aqui... O médico disse que você precisa de muito repouso.

VERA: (sentando) Arthur, não vou ficar agindo como inválida.

ARTHUR: Mas você sabe muito bem o que ele disse.

VERA: (girando os olhos) Que é uma gravidez de risco... Agora me conte uma novidade? A do Roger também foi e olha como ele está hoje?

_______________________________________________

 

ARTHUR: Foi uma excelente ideia essa viagem em família, Lucio. Esse ar vai fazer muito bem para a Vera e o bebê...

 

_______________________________________________

SILVIA: Essa criança fofa, nasce quando?

VERA: (sorrindo e alisando a barriga) Mês que vem. Estou contando os dias. Logo o Roger se forma e vai para a faculdade, vai querer mais sua independência. Esse pimpolho vai nos revigorar, sabe. Trazer aquele sentimento maravilhoso de um ser tão pequeno e dependente de nós.

SILVIA: (sorrindo) Eu entendo muito bem. E qual será o nome dele?

VERA: (sorrindo) Cayro.

_______________________________________________

LUCIO: O que houve?

ARTHUR: (com as mãos no volante, tremendo) Alguma coisa está errada... Precisamos levá-la ao hospital.

 

Lucio olha para o banco do passageiro. Vera está chorando, com dor. Abaixo dela, na saia, é possível ver muito sangue escorrendo.

_______________________________________________

 

ARTHUR: Mas ela vai ficar bem não é doutor? Ela e meu filho ficarão bem, não é?

DOUTOR: (após alguns segundos) Lamento, mas receio que o senhor terá que se preparar. Um dos dois tem grande chance de não sobreviver à cirurgia.

 

A câmera se aproxima do rosto de Arthur que fica em choque. Ele abaixa o olhar e fica boquiaberto.

 

 

http://i190.photobucket.com/albums/z119/lindaum458/Titulos/b8cd6761-ef75-455d-9b48-f05184ce9961.png?t=1398130275

 

 

Casa de Roger. Vera está na sala, sentada no sofá, assistindo televisão. Ouve-se a porta abrindo e fechando. Segundos depois Arthur aparece. Ele se senta ao lado dela, apreensivo.

 

ARTHUR: E então?

 

VERA: (olhando para a televisão) Então o quê?

 

ARTHUR: Já que resolveu não atender meus telefonemas, o mínimo que poderia fazer é não brincar neste momento e responder de uma vez.

 

VERA: Não atendi porque não queria te deixar desanimado.

 

ARTHUR: (entortando a boca, encostand0-se no sofá) Outro alarme falso então... Bom, o negócio é esperar o Roger se casar e nos dar um netinho pra bajular.

 

VERA: Pois é... (morde os lábios) Mas acho que não.

 

Vera o olha e sorri. Arthur imediatamente desencosta do sofá.

 

ARTHUR: Você estava brincando comigo? Você estava brincando comigo?

 

Vera sorri ainda mais e balança a cabeça, fazendo em sinal de sim. Arthur arregala os olhos e coloca a mão na barriga da esposa.

 

ARTHUR: (emocionado) Isso quer que nós estamos grávidos?

 

VERA: (feliz) Estamos grávidos!

 

Arthur imediatamente a abraça. Eles permanecem assim por alguns segundos. Roger aparece na sala. Ele franze as sobrancelhas ao vê-los.

 

ROGER: Quem morreu?

 

ARTHUR: (olhando-o) Sua mordomia.

 

VERA: A partir de hoje você terá novas responsabilidades por aqui, mocinho.

 

ARTHUR: E a maior delas é ser um bom modelo para o seu irmão.

 

VERA: Ou irmã.

 

ROGER: (incrédulo) Não mesmo.... (se aproxima de Vera) Você está...

 

Vera e Arthur, felizes, balançam positivamente a cabeça. Roger esboça um largo sorriso.

 

ROGER: (feliz) Oh meu Deus, isso é demais! (pensativo) Vocês não estão um pouco velhos para serem pais novamente?

 

ARTHUR: (para Vera) Eu seria um pai ruim se escolhesse esse pimpolho que ainda está em formação, como meu preferido?

 

ROGER: (rindo) Estou brincado. Vocês estão na flor da idade ainda. Isso vai ser demais, demais!

 

VERA: Por que estou achando que não ele não está feliz apenas pelo fato de que vai ter um irmão?

 

ROGER: É claro que eu estou feliz. Mas estou feliz também porque agora vocês terão alguém para dedicar 100% de atenção... Liberdade para o Roger. 

 

ARTHUR: Respondido... Ele acha que vai pode aprontar à vontade.

 

VERA: Como é inocente esse menino... Muito inocente. (para Roger) Rapaz, não importa se vamos ter um bebê, você sempre será nosso bebezão e sempre vamos estar de olho em você.

 

ARTHUR: Sempre.

 

ROGER: (entortando a boca) É, de certa forma estou feliz em saber que não serei trocado.

 

ARTHUR: Abraço em família?

 

VERA: (sorrindo) Abraço em família!

 

Vera e Arthur abrem espaço no meio para Roger sentar-se. Roger senta e os três se abraçam, felizes. A imagem começa se afastar lentamente até que a tela congela.

 


Um clarão toma conta da tela, deixando-a branca por alguns segundos. Quando a imagem se desfaz, somos apresentados a um céu claro com pássaros voando ao fundo.

Música: Max Richter - On the Nature of Daylight

A câmera desce suavemente, revelando um cemitério gramado com túmulos baixos. Em certo ponto, diversas pessoas vestidas de luto se encontram próximas a um túmulo aberto. Transparece para Roger com uma expressão bastante triste e abatida. Ao seu lado está Lívia.

CLÁUDIO: (em off) A qualquer um, custa falar da dor dos outros. Porque por mais que digamos que entendemos e imaginamos o quão grande ela pode ser, na verdade nem estamos perto de saber...

Roger abaixa a cabeça. A câmera então se move lentamente para a direita, focalizando o rosto perdido e desolado de Arthur, enquanto Vera está com seus olhos ocultos por óculos escuros.

CLÁUDIO: (em off) ... Principalmente em casos tão dramáticos quanto a perda de um filho. Uma dor para a qual acredito que nenhuma mãe esteja preparada.

A imagem se desloca para um pequeno caixão próximo, e vemos um reverendo com uma Bíblia em mãos, falando, mas a música preenche o áudio, impedindo que ouçamos suas palavras.

A cena corta para o rosto de Cláudio, mantendo o foco por alguns segundos. Em seguida, a câmera passeia entre as pessoas presentes - Helen, Amanda, David, Gustavo, Felipe, Nicole, Priscila, Gabriel, Lucio e Silvia, esta última com os olhos marejados de lágrimas.

A música diminui, permitindo que ouçamos o que o reverendo diz:

REVERENDO: Em momentos como este, quando a dor é tão intensa e a saudade aperta nossos corações, nos unimos em oração e pedimos a Deus que nos conceda força para enfrentar a jornada da perda do pequeno Cayro. Mesmo sem ter conhecido o mundo como a maioria de nós, sua breve existência trouxe amor e esperança aos corações de todos aqueles que o ansiavam...

O caixão começa a descer lentamente. Close em Vera, que se desaba em choro. Arthur, como dor, a abraça, tentando ser forte.

REVERENDO: Que ele descanse em paz, protegido pelo amor e luz divina, enquanto suas memórias permanecem vivas em nossos corações. Que possamos encontrar conforto na certeza de que ele foi recebido nos braços amorosos de nosso Criador, e que um dia, em um plano maior, todos nós nos reencontraremos. 

Novamente a câmera foca no caixão descendo, acompanhado pelos soluços das pessoas presentes.

CLÁUDIO: (em off) E como se não bastasse toda dor e sofrimento, os envolvidos precisam passar por estágios para aceitar o que aconteceu.

Roger abaixa a cabeça e, angustiado, se afasta, caminhando para longe. Lívia, sem saber o que fazer, fica parada, observando-o se afastar.

CLÁUDIO: (em off) Os Estágios da Perda.

A imagem começa a subir lentamente, enquanto algumas pessoas se aproximam para consolar Vera e Arthur. A tela escurece.

 

http://i190.photobucket.com/albums/z119/lindaum458/ep%20especial/8dfa1e10-567c-4243-a836-a734d631b487.png%7Eoriginal
http://i190.photobucket.com/albums/z119/lindaum458/ep%20especial/8635d0ef-5cf4-43b2-9e29-ce3ed8615c5e.png%7Eoriginal
http://i190.photobucket.com/albums/z119/lindaum458/ep%20especial/236f6ca1-157c-45b5-8d8f-4fde5d4c307e.png%7Eoriginal
http://i190.photobucket.com/albums/z119/lindaum458/ep%20especial/381e6137-d056-4ec0-9acd-f4754abfd830.png%7Eoriginalhttp://i190.photobucket.com/albums/z119/lindaum458/ep%20especial/bac71c6c-9dca-43b2-8f57-a05468758291.png%7Eoriginalhttp://i190.photobucket.com/albums/z119/lindaum458/ep%20especial/2a581b40-6a43-4c88-a9cd-64c8b9bc8dac.png%7Eoriginal
http://i190.photobucket.com/albums/z119/lindaum458/ep%20especial/fd8c05da-6c05-4b2d-85f3-479319c7587e.png%7Eoriginalhttp://i190.photobucket.com/albums/z119/lindaum458/ep%20especial/c2484a0d-dd5b-4729-92ce-33a71cd41864.png%7Eoriginalhttp://i190.photobucket.com/albums/z119/lindaum458/ep%20especial/163c5e5d-38c0-4cd5-bcb0-9b61ff65f24e.png%7Eoriginal
http://i190.photobucket.com/albums/z119/lindaum458/ep%20especial/932a16f2-fb57-4e03-9df6-e7e71aab732e.png%7Eoriginalhttp://i190.photobucket.com/albums/z119/lindaum458/ep%20especial/7e54bc8d-0d6f-4571-bcd0-be63bfeec2f7.png%7Eoriginalhttp://i190.photobucket.com/albums/z119/lindaum458/ep%20especial/0eb9c395-88e2-4886-824e-8f64959bd488.png%7Eoriginal
http://i190.photobucket.com/albums/z119/lindaum458/ep%20especial/93128710-ff5a-4f8d-b86b-0b1703311633.png%7Eoriginal

http://i190.photobucket.com/albums/z119/lindaum458/ep%20especial/98561a1a-ad1b-4a76-8085-399bce843bfb.png%7Eoriginal
http://i190.photobucket.com/albums/z119/lindaum458/ep%20especial/510c85f9-7c53-4027-9fcd-e467027e8735.png%7Eoriginal

 

 

 

Casa de Roger. Vera está no quarto, sentada na cama, olhando para um espelho grande que está na sua frente. Ela parece perdida, desorientada. Roger se aproxima e coloca a mão no ombro da mãe.

 

ROGER: Mãe... Posso te trazer alguma coisa para comer?

 

Vera não responde, continuando a olhar para o espelho. Roger insiste.

 

ROGER: Mãe?

 

Vera continua sem responder. Arthur se aproxima e coloca a mão no ombro de Roger.

 

ARTHUR: Deixa que eu cuido dela.

 

Roger encara Vera por alguns segundos. Depois ele abaixa a cabeça e sai do quarto. Arthur se senta ao lado da esposa.

 

ARTHUR: Querida, você precisa comer alguma coisa... Faz dias que não a vejo colocando nada na boca.

 

VERA: Não estou com fome.

 

ARTHUR: Você não pode ficar fraca desse jeito.

 

VERA: E o que me importa? Quer que eu fique forte pra quê? Não sei se você percebeu, mas eu acabei de enterrar meu filho. O que você espera que eu faça, levante e fique bem?

 

ARTHUR: Não, não foi isso que eu quis dizer...

 

VERA: Me deixe sozinha...

 

ARTHUR: Vera...

 

VERA: (exaltada) Eu disse pra me deixar sozinha!

 

Arthur concorda levemente com a cabeça. Ele levanta devagar e sai do quarto. Vera olha novamente para o espelho. A câmera se aproxima de seu reflexo, até fixar-se em seu rosto. Um clarão toma conta da tela. Quando se desfaz, temos a visão de Vera deitada em uma cama hospitalar. Ela abre os olhos devagar, franzindo as sobrancelhas, estranhando. A imagem abre mostrando Arthur sentado em um sofá perto da janela. Ele levanta o olhar e ao vê-la, vai ao seu encontro.

 

ARTHUR: Graças a Deus você acordou.

 

VERA: Quanto tempo estou aqui? 

 

ARTHUR: Dois dias praticamente.

 

Ela olha para o lado. Segundos depois fica pensativa e coloca a mão na barriga.

 

VERA: O Cayro... Como ele está? (sorri) Como ele é?

 

Arthur abaixa o olhar, expressando tristeza. Vera o olha com desconfiança.

 

VERA: Pede para trazê-lo aqui... Eu quero muito conhecê-lo.

 

ARTHUR: (sem saber o que dizer) Vera...

 

VERA: (séria) Arthur... Onde está meu filho?

 

ARTHUR: (com dor, mal conseguindo falar) Vera, houve complicações durante o parto...

 

Ele para de falar. Os olhos de Vera começam a brilhar.

 

VERA: (incrédula) Não, não... Onde está meu filho, Arthur? Eu quero ver o Cayro agora!

 

ARTHUR: (com dor) Me desculpa... Eu sinto muito.

 

VERA: Por que está me dizendo isso? (levanta) Eu quero ver o meu filho.

 

ARTHUR: (segurando-a) Hei... Você não pode sair da cama ainda...

 

VERA: (empurrando-o) Sai de perto... Ele está no berçário, não está? Eu sei que está.

 

Ela caminha até a porta. Arthur novamente a segura. Vera tenta se soltar, desesperada.

 

VERA: O que você está fazendo? Me solta! Eu quero o meu filho!

 

ARTHUR: (segurando-a) Não! (segurando ainda mais forte) Não!

 

Vera o encara por alguns segundos e depois desaba a chorar. Arthur tenta se controlar.

 

VERA: (chorando) Não... Meu Cayro... Meu menininho...

 

Ela chora com ainda mais amargura. Arthur a abraça fortemente. O choro de Vera se torna ainda desesperador. A câmera se afasta lentamente. O clarão toma conta de tela outra vez, voltando para Vera sentada na cama, de frente para o espelho. Ela abre bem os olhos, enfurecida. Pega um objeto no chão e atira contra o espelho, quebrando-o. Arthur e Roger entram apressadamente no quarto, assustados. Vera deita na cama e se vira do lado oposto de ambos. Roger e Arthur se olham, pesarosos.

 

 

Casa de Cláudio. Cláudio está no quarto, sentado na cama, visivelmente abatido. Ele ainda veste as mesmas roupas do enterro. Helen, que também permanece vestida do mesmo jeito, se aproxima dele, sentado ao seu lado e acariciando seu cabelo.

 

Música: Gavin DeGraw - We Belong Together

 

CLÁUDIO: Nós fomos praticamente criados juntos. A dor que ele está sentindo, é a mesma que estou. (olha para Helen) Mas sabe o que é pior? Eu não consegui me aproximar dele. Ele é meu melhor amigo e eu nem sei o que dizer num momento como esse.

 

HELEN: (com pesar) Acho que ninguém sabe. Por mais que procuremos palavras de conforto, nada vai conseguir amenizar a dor que eles estão sentindo neste momento.

 

CLÁUDIO: Eu sei que não... Mas sinto impotente.

 

HELEN: Palavras às vezes não é tudo. Mas um abraço do melhor amigo, isso sim pode significar muito.

 

Cláudio a olha e esboça um leve sorriso. Helen segura na mão dele e a beija de forma carinhosa.

 

CLÁUDIO: Enquanto isso eu posso receber um abraço de minha melhor amiga?

 

HELEN: (sorrindo) Sempre.

 

Ela o abraça fortemente. Cláudio retribui na mesma intensidade, fechando os olhos. Helen também fecha os olhos.

 

 

Frente da casa de Nicole. O carro de Felipe estaciona. Corta para dentro. Nicole está ao lado de Felipe, no banco do passageiro. Gabriel no banco de trás.

 

Cont. Gavin DeGraw - We Belong Together

 

FELIPE: Estão entregues.

 

GABRIEL: Obrigado, Felipe.

 

Ele abre a porta e sai. Nicole faz menção de sair, mas Felipe coloca a mão no braço dela.

 

FELIPE: Posso falar com você um instante?

 

Nicole desiste de sair. Eles se encaram por alguns segundos.

 

FELIPE: Que coisa ruim nós presenciamos, não é mesmo? Especialmente você que estava dentro do carro na hora do ocorrido...

 

NICOLE: Não gosto nem de pensar no momento... Foi muito triste.

 

FELIPE: Mas se você se sentir mal e quiser conversar, pode me procurar, okay?

 

NICOLE: (concordando com a cabeça) Okay... (abre a porta) Até mais.

 

FELIPE: Eu queria falar sobre o que eu disse na praia.

 

NICOLE: (desistindo de sair) Não há nada a ser dito, Felipe... Você deixou bem claro que éramos apenas amigos. A culpa foi minha de ter alimentando alguma coisa.

 

FELIPE: Mas não era verdade o que eu disse. Eu gosto de você. Eu quero ficar com você.

 

NICOLE: Agora é um pouco tarde pra isso. O que aconteceu antes e o que aconteceu agora, só veio provar que a gente não funciona como casal e nem funcionaria.

 

FELIPE: Então de repente a gente não tem mais futuro juntos?

 

NICOLE: Acho que nunca tivemos... Sinto muito. 

 

FELIPE (desanimado): É... Eu também.  

 

Nicole sai do veículo, fechando a porta em seguida. Felipe permanece olhando-a se afastar, entristecido. Após alguns seguidos, dá partida no carro. A tela escurece.

 

 

Abre mostrando algumas cenas da cidade, cortando para a lanchonete. Amanda e David estão em uma mesa do lado de fora do estabelecimento. Eles também ainda vestem as mesmas roupas do enterro. Amanda está com uma expressão distante, deixando o lanche e o suco que está na sua frente, intacto. David a olha por alguns instantes, solidário. 

 

Música: Radiohead - High And Dry

 

DAVID: No que está pensando?

 

AMANDA: No Roger... No Arthur... E especialmente na dona Vera. Eu acompanhei o começo da gestação, o modo como eles estavam felizes com a oportunidade de serem pais de novo. (abaixa o olhar) Eu só queria poder abraçá-los agora.

 

Close no rosto de David. Ele sorri de leve e passa a mão no rosto de Amanda, carinhosamente.

 

AMANDA: Eu não devia estar falando disso com você.

 

DAVID: E você acha que eu sou algum insensível? Pode falar à vontade... Aliás, você deveria ir até o Roger e dar esse abraço que ele está precisando.

 

AMANDA: (surpresa) Está falando sério?

 

DAVID: Claro que estou... Vocês tiveram uma história juntos. E agora ele vai precisar de todo apoio possível.

 

AMANDA: É, mas não acho que eu seja a pessoa que ele gostaria de ver agora.

 

DAVID: Num momento como esse, não há espaço para ressentimentos. 

 

AMANDA: (sorrindo) Você tem uma autoconfiança exagerada, sabia?

 

DAVID: (sorrindo) Eu sei que o que quer que aconteça, nossa história ainda está começando.

 

AMANDA: (colocando a mão na mão dele) Eu gosto de você, bastante.

 

DAVID: (sorrindo e acariciando a mão dela) Eu posso dizer o mesmo.

 

Amanda sorri. David pega na mão dela e beija de forma carinhosa. O som toma conta da cena por alguns instantes. A imagem sobe, mostrando a lanchonete numa visão aérea.

 

 

Quarto de Roger. Roger está deitado na cama, olhando para o teto, com uma expressão de puro abatimento. A câmera se movimenta até a porta. Ela abre e Livia aparece, entrando devagar no quarto.

 

Música: Susie Suh - Light On My Shoulder

 

LIVIA: Oi meu amor.

 

ROGER: Hei Liv.

 

LIVIA: Você quer dar uma arejada... Sair do quarto um pouco?

 

ROGER: Obrigado... Mas acho que prefiro ficar aqui mesmo.

 

Livia o encara tristemente por alguns segundos. Ela se aproxima e se senta na cama.

 

LIVIA: Eu não sei o que posso fazer para que você se sinta um pouquinho melhor... Eu queria fazer algo, mas não sei o quê.

 

ROGER: Eu agradeço sua atenção, sua preocupação... Mas não há nada, nada mesmo que possa fazer para que mude um pouco a dor que estou sentindo agora.

 

LIVIA: Eu sei que não... E se preferir ficar sozinho, eu vou entender. Mas se precisar de mim, a qualquer momento, qualquer hora, mesmo que seja de madrugada, eu estarei pra ti, okay?

 

Roger concorda com a cabeça. Livia se inclina e beija carinhosamente o rosto dele. Ela levanta e vai até a porta. Roger levanta e senta na cama.

 

ROGER: A vida é tão injusta. Como uma coisa dessas pôde acontecer com uma pessoa tão boa?

 

LIVIA: Eu sei que você se questiona e quer alguma resposta... Mas infelizmente elas não existem. Coisa ruins acontecem o tempo todo.

 

ROGER: (indignado) Ela mal come, não dorme, fica vagando pela casa... E sabe quando você acorda no meio da noite, suado, com o coração acelerado e respira aliviado, agradecendo a Deus por ter sido apenas um sonho ruim?

 

Close no rosto de Livia que acena de leve com a cabeça. Roger a olha tristemente.

 

ROGER: Eu estou esperando acordar.

 

LIVIA: (se ajoelhando na frente dele) Não carregue esse fardo todo sozinho... (segura nas mãos dele) Divida comigo.

 

ROGER: (após alguns segundos) Fica aqui comigo um pouco.

 

Ele volta a deitar na cama e abre o braço. Livia levanta e se deita, colocando a cabeça no peito dele. Ela acaricia os cabelos do namorado, enquanto Roger volta a olhar para o teto.

 

 

Casa de Cláudio. Lucio está deitado no sofá. Sua expressão é de tristeza. Silvia aparece e se senta, colocando a perna dele em seu colo.

 

Cont. Susie Suh - Light On My Shoulder

 

SILVIA: O Lucas pegou no sono.

 

LUCIO: Que bom...

 

SILVIA: (após alguns segundos) Você está bem?

 

LUCIO: Quando descemos do carro, ela apertou forte a minha mão, implorando para que eu não deixasse nada acontecer ao seu neném... (abaixa o olhar) E eu disse que tudo ia ficar bem.

 

SILVIA: Lucio, você fez tudo que podia ser feito. E qualquer um no seu lugar diria a mesma coisa.

 

LUCIO: Mesmo assim, essa imagem desesperadora não sai da minha cabeça. Ali ela não se importava mais com usa vida, contanto que a criança sobrevivesse.

 

SILVIA: (balançando a cabeça, em reprovação) Há coisas que me parecem imagináveis... Perder um filho em final de gestação, ou nos primeiros anos de vida, é uma delas. Deve ser uma dor que não eu não seria capaz de suportar, especialmente por saber que os filhos são a razão completa e nossa existência. (respira fundo) A lei natural da vida dita que os pais devem partir antes dos filhos... Essa premissa jamais deveria ser quebrada... Jamais.

 

LUCIO: (entristecido) Jamais.

 

Silvia olha para a frente, pensativa por alguns instantes. Lucio abre os braços. Silvia o olha e esboça um leve sorriso, deitando-se no peito dele. Ele acaricia os cabelos dela, enquanto a câmera vai se afastando lentamente.

 

 

Casa de Roger. Vera está na cozinha, lavando a louça. Ela aparenta estar bem concentrada no que faz. Segundos depois, o prato cai na paia, quebrando-se com a queda. Ela passa o braço na testa e olha para cima, respirando fundo. Arthur aparece, se aproximando rapidamente.

 .

Cont. Susie Suh - Light On My Shoulder

ARTHUR: (preocupado) O que aconteceu?

 

VERA: Um prato escorregou.

 

Ela começa a juntar os cacos. Arthur tenta tomar a frente.

 

ARTHUR: Deixa que eu faço isso.

 

VERA: (determinada) Não, eu faço.

 

ARTHUR: (pegando os cacos) Deixa apenas eu...

 

VERA: (interrompendo, exaltada) Eu já disse que eu faço!

 

Arthur se afasta alguns centímetros, mas continua a olhá-la. Vera volta a juntar os cacos.

 

ARTHUR: Você não precisa se fingir de forte.

 

VERA: Decida o que você quer, Arthur. Que eu fique deitada aos prantos ou levante e faça alguma coisa.  

 

ARTHUR: Você entendeu errado... Todos nós estamos sofrendo, Vera. Se soubesse como meu coração está em pedaços...

 

VERA: (encarando-o seriamente) Espero que esteja mesmo, já que isso tudo foi culpa sua.

 

ARTHUR: (em choque) O quê?

 

VERA: Se não fosse um covarde e não tivesse travado na hora em que comecei a perder sangue, talvez meu filho estaria aqui comigo agora.

 

Arthur fica sem respostas. Seus olhos começam a brilhar. Vera o encara com sinal de condenação e segundos depois sai da cozinha. Arthur continua no mesmo lugar. Seus lábios começam a tremer. A tela escurece.

 

 

Abre mostrando Nicole no quarto, sentada de frente para o espelho, penteando o cabelo. Ela olha para o reflexo de alguém e sorri. A câmera se movimenta mostrando Gabriel encostado na porta que está aberta. Ele sorri levemente, desencosta e vai até ela.

 

Música: Jeff Buckley - Hallelujah

 

GABRIEL: Você está bem?

 

NICOLE: (concordando com a cabeça) Uhum, estou sim.

 

Gabriel se senta na cama. Nicole para de pentear o cabelo e se vira para ele.

 

NICOLE: Na verdade, não muito. Os gritos e choros dentro do carro não param de ecoar nos meus ouvidos. Meu coração acelera quando chego a pensar. 

 

GABRIEL: Você está impressionada com tudo que aconteceu. Todos nós estamos. Cinco minutos atrás eles estavam felizes, dizendo que o ar fez bem ao bebê, pra mais tarde estarem chorando com a perda dele. É surreal.

 

NICOLE: (sentida) Só espero que eles consigam encontrar conforto de alguma forma.

 

GABRIEL: Eu também...

 

Breve silêncio por alguns instantes. Ambos ficam expressivos. Gabriel levanta.

 

GABRIEL: Bom, você deve estar querendo ficar sozinha. Estarei no meu quarto se precisar de mim.

 

Ele caminha até a porta. Nicole levanta.

 

NICOLE: Espera... Fica mais um pouco. Conversa comigo.

 

Gabriel sorri e volta para a cama, sentando de frente para ela. Eles começam a dialogar, mas o som encobre o que eles dizem. A câmera começa a se afastar, ao mesmo tempo em que a imagem transparece, transitando de cena.

 

 

Vera está no quarto, sentada na beirada da cama. Roger se aproxima sorrateiramente, levantando a mão para tocá-la.

 

Cont. Jeff BuckleyHallelujah

 

VERA: (sem olhá-lo) Eu quero ficar sozinha. 

 

Roger para e fica olhando-a por alguns segundos. Depois se aproxima mais.

 

ROGER: Mãe...

 

VERA: (em tom mais agressivo) Eu quero ficar sozinha!

 

Roger para imediatamente, abaixando a mão. Vera abaixa o olhar.

 

VERA: (em tom mais calmo) Por favor...

 

ROGER: (fechando os olhos) Okay... Eu te amo.

 

Ele sai do quarto. A câmera se aproxima de Vera, focalizando seu rosto. Um leve sorriso se forma em seus lábios, enquanto segura delicadamente uma roupinha de bebê entre suas mãos trêmulas. Com carinho, ela aproxima a roupa do rosto, inspirando profundamente.Seus olhos se fecham, e instantes depois, lágrimas começam a escorrer por suas bochechas.  

 

 

Um bar. Arthur está sentado, cabisbaixo, próximo a um balcão. Na sua frente tem um copo cheio de cerveja. Lucio aparece e senta ao lado dele.

 

Cont. Jeff BuckleyHallelujah

 

LUCIO: Oi Arthur.

 

ARTHUR: Obrigado por ter vindo, Lucio. Eu estava precisando conversar com alguém antes de pular da ponte mais alta da cidade.

 

LUCIO: Por favor, nem brinque com isso.

 

ARTHUR: (choroso) A Vera me culpa por tudo o que aconteceu... E como não culparia? Eu travei no momento mais crucial de nossas vidas. Que tipo de homem eu sou?

 

LUCIO: (solidário) Hei, não se torture desse jeito... Você entrou em choque. Acontece com muita gente.

 

ARTHUR: (batendo no balcão) Mas não devia ter acontecido comigo! Eu que deveria protegê-la... Eu que deveria segurar ter segurado na mão dela.

 

LUCIO: Arthur, você parou por pouquíssimos segundos. Nós estávamos logo atrás de você. O que aconteceu, infelizmente teria acontecido se você não tivesse parado. Pare de se culpar por isso.

 

ARTHUR: Nós não podemos ter certeza, Lucio.

 

LUCIO: Mas é a verdade... No momento em que ela começou a perder sangue, a situação já estava crítica.

 

ARTHUR: (após alguns segundos) O Roger não falou comigo desde que voltamos do hospital. Seus olhos deixam claro o desapontamento, a ira... Como não me torturar com um fato que deixa claro quem é o vilão de tudo?

 

LUCIO: Escute... Sua esposa está vulnerável. É normal que ela queira encontrar um culpado. É mais fácil enfrentar os estágios da perda dessa forma. Mas no fundo, ela sabe que não há culpa a ser atribuída, embora talvez pense que poderia ter feito algo para evitar aquele momento... Quanto ao Roger, bem, ele só está confuso, é compreensível, afinal, ele ainda é um adolescente.

 

Arthur passa a mão no rosto, entristecido. Lucio o olha por alguns segundos.

 

LUCIO: Sendo a mais frágil, ela vai precisa muito de você... (empurra o copo) Sóbrio.

 

ARTHUR: Eu só pedi isso aí, mas não tomei uma gota. Eu não posso.

 

LUCIO: Ótimo... Agora vem, vamos pra casa. Apenas, deixe-a viver esse período de luto. Serão meses difíceis, mas se permita agora chorar um pouco. Você precisa disso.

 

O som preenche o ambiente. Arthur concorda com a cabeça, mostrando que entendeu. Eles se levantam, apoiando-se mutuamente, e caminham em direção à saída. Lucio coloca a mão carinhosamente no ombro de Arthur, demonstrando apoio. A câmera permanece fixa no lugar, observando-os passarem pela porta, seguindo o seu caminho. 

 

 

Quarto de Roger. Roger está encostado na janela, olhando para fora. É noite. Ouve-se duas batidas na porta. Roger ignora. Segundos depois ela abre e Cláudio aparece.

 

Música: Michael Andrews - Mad World

 

CLÁUDIO: Posso entrar?

 

ROGER: (sem olhá-lo) Desde quando você precisa de permissão para isso?

 

Cláudio acena com a cabeça e entra. Ele senta na cama, enquanto Roger continua na mesma posição, na janela.

 

CLÁUDIO: Desculpe por não ter vindo antes... Sinceramente, fiquei buscando palavras, algo que não soasse clichê e pudesse, sei lá, trazer algum conforto. Mas a verdade é que não existe nada que eu possa dizer que vá aliviar sua dor, meu amigo. Só posso dizer que sinto muito, de todo coração.

 

ROGER: Está tudo bem... Eu no seu lugar não teria nada também.

 

CLÁUDIO: Não está. Você é meu irmão e é meu dever estar contigo nesse momento ruim que está vivendo... Mas quero que saiba, que vocês sempre foram minha segunda família e sua dor, é minha dor.

 

ROGER: (virando-se para ele, com olhos cheios de angústia) Como pode Deus permitir que uma criança que sequer teve o primeiro suspiro de vida venha a falecer? Qual o propósito disso? Por que fazer milhares de famílias sofrerem, para quê? (indignado) Enquanto pais abandonam seus filhos, os jogam em lagos, os deixam em lixeiras para morrerem, quem ama incondicionalmente os perde. É simplesmente insuportável. Não consigo aceitar uma coisa dessas. Eu não posso... é demais para suportar.

 

CLÁUDIO: Eu acredito em Deus... Mas entender o que acontece nesse mundo é algo que vai além da nossa compreensão. Às vezes, somos confrontados com situações tão dolorosas e injustas que fica difícil encontrar um sentido para tudo isso. E é perfeitamente normal sentir raiva, revolta e questionar os propósitos divinos diante de uma perda tão devastadora. Mas acredite, mesmo nos momentos mais obscuros, Deus está presente, segurando a sua mão e enxugando suas lágrimas.

 

ROGER: (entristecido) Eles queriam tanto ter outro filho. Estavam tão felizes com a chegado do Cayro... Por quê?

 

CLÁUDIO: (com os olhos brilhando) Eu não sei, meu amigo... Eu não sei... (levanta e se aproxima) Mas de uma coisa eu sei... Eu estou aqui. E não vou deixar que sofra sozinho, okay

 

Roger acena com a cabeça e sorri de leve. Cláudio toca o ombro dele e aperta.

 

CLÁUDIO: A turma vai se encontrar na praça logo mais... Você não quer ir, tentar aliviar um pouco a mente?

 

ROGER: Obrigado... Mas eu prefiro ficar sozinho pelo menos por hoje... Se não se importa?

 

CLÁUDIO: Claro que não, eu entendo... Mas não se esqueça, eu estou à sua disposição. Me ligue se precisar de qualquer coisa, tá certo?

 

Roger novamente acena com a cabeça. Cláudio se aproxima mais e lhe dá um forte abraço. Em seguida o olha uma última vez e sai do quarto. A câmera permanece no quarto. Roger olha para cima e senta na cama.

 

 

Quarto de Vera e Arthur. Vera está deitada na cama, aparentemente dormindo. A câmera se move até a porta, mostrando Arthur entrando. Ele a olha por alguns segundos e depois se inclina, puxando um lençol e cobrindo-a. Ele passa a mão no rosto dela e depois a beija com ternura. Segundos depois caminha até a janela. Ouve-se um som de carro freando.

 

Música: Snow Patrol - Run

 

ARTHUR: (em off, voz ecoada) Meu Deus.

 

ROGER: (em off, voz ecoada) Por que você parou? Segue logo com essa droga de carro! Precisamos de um hospital...

 

Os olhos de Arthur começam a se encher de lágrimas. Ele olha para Vera que continua dormindo. Ele senta na beirada da cama, coloca as mãos no rosto e começa a chorar amargamente. A câmera começa se distanciar devagar, mostrando-o aos prantos por alguns instantes.

 

Ao som da mesma música, a imagem transparece para dentro do quarto de Roger. Ele continua sentado na cama, perdido. Após alguns segundos, ele olha para a mesinha do computador e fica pensativo. Esboça um leve sorriso e levanta, saindo do quarto. A câmera permanece no mesmo ambiente e se movimenta até a mesinha, focando em um porta-retratos com a foto de Roger e Livia juntos. Ele está sorrindo e ela está beijando a bochecha dele. A tela escurece segundos depois.

 

 

Abre mostrando Gustavo sentado no banco da praça do centro. Ele se mostra bastante pensativo. Cláudio aparece e se senta ao lado dele.

 

Música: The Fray - How To Save A Life

 

CLÁUDIO: Hei...

 

GUSTAVO: Hei... O que faz aqui sozinho? Cadê nossa amiga em comum?

 

CLÁUDIO: Está ali na casa dela tomando banho. Eu disse que esperaria na praça, já que marcamos com o Felipe e os outros. Mas por enquanto só encontrei você aí, perdido.

 

GUSTAVO: Eu estava pensando em algumas coisas.

 

CLÁUDIO: (após alguns segundos) Eu vi que você ficou bastante impressionado com o que aconteceu... Disse poucas palavras desde que voltamos... E isso é uma coisa muito, muito rara.

 

GUSTAVO: Fiquei pensando em como tudo vai ser diferente para eles daqui pra frente. Era família tão feliz... Acho que a mais feliz que eu já conheci. Ela não merecia isso... A vida nunca deveria ser amarga desse jeito.  

 

CLÁUDIO: É difícil aceitar uma tragédia em todos os sentidos... Seja pai, filho, um amigo, o que for. É complicado.

 

Nesse instante, Helen aparece, se aproximando dos dois. Ela franze as sobrancelhas, estranhando.

 

HELEN: (estranhando) É uma miragem ou vocês dois estão mesmo juntos, conversando civilizadamente sem que estejam alcoolizados?

 

GUSTAVO: (sorrindo) Qual é, somos homens civilizados. Você já devia saber disso.

 

CLÁUDIO: (sorrindo) E de vez em quando é possível nos suportarmos. Mas só de vez em quando.

 

GUSTAVO: Concordo. Seria estranho nos tornarmos grandes amigos.

 

CLÁUDIO: Não é pra gente uma coisa dessas.

 

Helen sorri e se senta no meio de ambos, apoiando os braços de cada um.

 

HELEN: Seja qual o motivo, eu sei que vou ganhar muito perto dos meus dois grandes amigos.

 

CLÁUDIO: (para Gustavo) Ela disse isso, mas vamos deixa algo bem claro aqui... Eu sou o preferido.

 

GUSTAVO: Óbvio que não. Se formos registrar tudo que eu e Helen já passamos juntos, daria um livro. Então, claro que o preferido sou eu.

 

CLÁUDIO: E tudo que já passamos juntos, daria mais que um livro, daria livros, versões cinematográficas, séries televisivas... Conta pra ele, Helen...

 

Helen começa a rir, enquanto Cláudio e Gustavo continuam a discutir, de forma amigável. O som aumenta e encobre o que eles dizem. A câmera se afasta, ao mesmo tempo em que a imagem transparece.

 

 

Frente da casa de Livia. Roger está encostado em seu carro, com as mãos no bolso. Livia aparece.

 

Cont. The Fray - How to Save A Life

 

ROGER: Você tinha razão... Eu não posso sofrer sozinho e preciso dividir essa dor com você...

 

Ele abaixa o olhar e seus lábios começam a tremer, se segurando para não chorar. Livia o olha com compaixão. Roger levanta os olhos, lacrimejando.

 

ROGER: Eu estou apavorado, Livia. Estou com medo do que será de nossas vidas depois do que aconteceu. Tenho medo da minha mãe fazer algum tipo de loucura. Tenho medo do meu pai não saber lhe dar o suporte necessário... Eu estou com medo...

 

As lágrimas de seus olhos começam a escorrer. Livia se segura para não chorar.

 

ROGER: Nunca passei por uma prova desse jeito e morro de medo das consequências... (começa a chorar) Medo de ficar sozinho.

 

LIVIA: (se aproximando) Vem cá...

 

Ela o abraça fortemente, enquanto Roger desaba a chorar.

 

LIVIA: Você nunca estará sozinho, porque aconteça o que acontecer, eu estarei com você... (passa a mão no cabelo dele) Mas agora é tempo de chorar, meu amor... Então chora, chora bastante. Coloca tudo pra fora.

 

A câmera foca o rosto de Roger, que chora com ainda mais amargor. Close no rosto de Livia que fecha os olhos, que também chora. Lentamente a câmera se afasta, subindo ao céu estrelado.

 

 

Aos poucos começa a amanhecer e quando desce, temos uma visão aérea do condomínio. Transparece para a casa de Roger, cortando para dentro do quarto de Vera. Arthur está de olhos fechados. Após alguns segundos ele abre os olhos e a câmera abre, mostrando-o deitado sozinho na cama. Ele olha para o lado, levanta e vai até a porta. A câmera o segue, caminhando pelo corredor.

 

Música: Third Day - Offering

 

CLÁUDIO: (em off) A morte é sempre o limite para o qual não estamos preparados... Seja a de um filho, seja a dos pais...

 

Arthur chega até uma porta. A câmera corta para dentro, mostrando Vera em pé, balançando um berço como se estivesse fazendo uma criança dormir. A câmera se aproxima lentamente do rosto de Arthur.

 

CLÁUDIO: (em off) Os limites da coragem são constantemente desafiados nestas alturas. E só o amor é maior que tudo o mais... Mesmo a morte.

 

 

Cemitério. Roger está parado em frente ao túmulo de seu irmão. Olhando tristemente para a lápide.

 

Cont. Third Day -  Offering

 

Nesse instante, a tela é tomada por alguns flashes de Vera e Arthur durante a temporada, momentos felizes, sorrindo, Vera alisando a barriga de grávida. Eles escolhendo o nome da criança por sorteio. A cena volta para Roger no cemitério, seus olhos lacrimejam. Atrás dele, vemos Amanda se aproximando devagar. Ela para ao seu lado. Eles se olham por alguns instantes e depois seus olhos se voltam para a lápide.

Close na mão de Amanda, que se aproxima e segura na mão de Roger, apertando-a com carinho. A imagem se afasta, mostrando-os de costas, de mãos dadas. A tela escurece segundos depois.

 

 

 

 


 

CRÉDITOS FINAIS:

 

CRIADO E ESCRITO POR:

 

Thiago Monteiro

 

PARTICIPAÇÕES ESPECIAIS

 

Jesse McCartney como Davi

 

MÚSICA TEMA

 

Switchfoot - Meant To Live

 

TRILHA SONORA

 

Max Richter - On the Nature of Daylight

Gavin DeGraw - We Belong Together

Radiohead - High And Dry

Susie Suh - Light On My Shoulder

Jeff Buckley - Hallelujah

Michael Andrews - Mad World

Snow Patrol - Run

The Fray - How to Save A Life

Third Day - Offering

 

http://i190.photobucket.com/albums/z119/lindaum458/rodapes2.png%7Eoriginal

www.000webhost.com