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Frente da casa de Roger. É noite. Chove e venta bastante. A câmera se aproxima da porta, transparecendo para dentro.

 

Música: Jimmy Eat World - Over

 

Arthur sobe a escada com um copo de água nas mãos. Chega na parte de cima e caminha pelo corredor, parando em um quarto. Em câmera lenta, vemos o copo cair e se quebrar. Arthur corre para dentro e encontra Vera caída ao lado do berço, desacordada. Ele ajoelha e a segura, dando leves tapas em seu rosto, tentando acordá-la.

Corta para a parte interna de um hospital. Cláudio, Helen e Amanda caminham por um corredor até chegarem em uma sala. Dentro, vemos Roger sentado num sofá. Livia está ao seu lado, segurando sua mão. Cláudio, Helen e Amanda se aproximam. Roger levanta e fica de frente para Cláudio. Cláudio abre os braços e abraça o amigo. A câmera se afasta devagar, focando-os abraçados. As garotas estão em pé, bem próximas a eles. A tela escurece. 

 

 

 

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Colégio Esplendor. É dia. Helen está sozinha na sala de música, sentada em uma almofada. Ela faz algumas anotações em um fichário, olhando para alguns CDs. A câmera muda para a porta, mostrando Cláudio parado, olhando para ela. Ele esboça um sorriso. Corta para o rosto de Helen. Ela coloca a caneta na boca e fica pensativa. Depois olha na direção da porta e sorri ao ver Cláudio.

 

Música: Remy Zero - Perfect Memory

 

HELEN: (sorrindo) Por que está parado aí? Entra.

 

CLÁUDIO: (entrando) Você estava tão concentrada no que estava fazendo, que eu não quis atrapalhar. (senta ao lado dela) Organização do baile, huh?

 

HELEN: Pois é, já estamos próximos de mais um baile de inverno. O tempo passa muito rápido.

 

CLÁUDIO: E dessa vez não apareceu nenhum bad boy pra você curar?

 

HELEN: Não, mas apareceu um lobinho em pele de cordeiro que engravidou a ex-namorada.

 

CLÁUDIO: (bufando) Nem me fale dessa criatura... Já sabe com quem vai ao baile?

 

HELEN: Pra ser bem sincera, nem pretendo ir. E você?

 

CLÁUDIO: Bom, o baile do ano passado não me traz boas lembranças... Talvez não esteja muito no clima também.

 

HELEN: E devido aos últimos acontecimentos, não parece muito certo dançar.

 

CLÁUDIO: Mas não podemos ficar deprimidos... Aliás, não podemos deixar o Roger deprimido. A gente precisa fazer alguma coisa para tentar animá-lo.

 

HELEN: Você tem toda razão... Nós vamos pensar em alguma coisa.

 

Ela toca o braço dele com a mão. Eles se encaram por alguns segundos. Cláudio sorri para ela.

 

 

Quarto de Vera e Arthur. Da porta, Roger observa a mãe que está deitada na cama, dormindo. Após alguns segundos ele abaixa a cabeça e se desloca. A câmera o acompanha pelo corredor até entrar em seu quarto. Livia está sentada na cama. Roger senta ao lado dela.

.

Cont. Remy Zero - Perfect Memory

 

ROGER: Eu disse que estava morrendo de medo das consequências, não disse?

 

LIVIA: Ela vai sair dessa, meu amor.

 

ROGER: Será mesmo? Porque já estou começando a ficar apavorado. Digo, lógico que é tudo muito recente e não espero que ela fique bem da noite para o dia, mas já está um pouco preocupante seu estado atual.

 

LIVIA: Sabe outro estado que está preocupando? O seu. Há dias tento te convencer a sair um pouco de casa e você reluta em fazê-lo.

 

ROGER: (suspirando) Eu não posso, ainda mais depois de encontrá-la desacordada daquele jeito.

 

LIVIA: Okay... Mas não se esqueça que o trabalho de cuidar não é o mesmo que definhar. Porque se não os dois acabarão na mesma situação.

 

ROGER: Eu sei... Eu prometo que vou melhorar um pouco.

 

LIVIA: (sorrindo) Eu sei que vai... Bom, preciso ir pra casa. Mas pai vem me visitar hoje. Mais tarde eu volto, tá bom?

 

Roger concorda com a cabeça, esboçando um leve sorriso. Livia se movimenta e beija demoradamente o rosto dele. Segundos depois ela levanta e sai do quarto. Roger abaixa o olhar, ficando pensativo.

 

 

Parte interna da lanchonete do centro da cidade. Espalhados por algumas mesas no fundo estão, Cláudio, Helen, Priscila, Felipe, Gustavo e Amanda.

 

Música: Missy Higgins - Scar

 

FELIPE: Uma sessão de cinema lá em casa?

 

CLÁUDIO: Não... Filme, por mais engraçado que seja, pode remeter a alguma cena que o faça lembrar do ocorrido. Precisamos de algo diferente.

 

GUSTAVO: Vamos ao parque.

 

PRISCILA: Em que parque iríamos, gênio? No playground do shopping?

 

GUSTAVO: Não, pigmeu... O parque chega mês que vem aqui, o que quer dizer que está na cidade vizinha. Menos de uma hora daqui.

 

HELEN: Você tem certeza?

 

GUSTAVO: Sério que vocês nunca foram lá nessa época? Eles vivem invadindo aqui quando o parque chega.

 

FELIPE: Ele tem razão, antes do parque chegar aqui, ele desloca por toda a região. Como a nossa temporada é mês que vem, é certeza que está aqui ao lado.

 

GUSTAVO: (para Felipe) Obrigado, ô papagaio... (olha para os demais) Então, nada como andar de montanha russa, roda gigante, elefantinho ou carrossel, para distrair a mente.

 

CLÁUDIO: Okay, vamos invadir a cidade vizinha então.

 

HELEN: E como vamos fazer para convencê-lo a sair de casa? Ultimamente ele anda bem enclausurado no quarto.

 

AMANDA: Eu faço isso.

 

GUSTAVO: (rindo) Certo...

 

AMANDA: (para Gustavo) Pro seu governo, palhaço, a gente tem se entendido bem nos últimos dias.

 

GUSTAVO: Oh, saquei, flashback... Boa! 

 

AMANDA: (revirando os olhos) Ignorando o que ele disse, podem deixar que eu vou convencê-lo.

 

CLÁUDIO: Okay, combinado então... A gente faz a divisão dos carros... (olha para Gustavo) E sem atalhos dessa vez.

 

GUSTAVO: Sem atalhos... Mas se perder naquele dia fez bem pra todo mundo, confesse.

 

HELEN: E gente, a intenção é que ele se distraia. Então não vamos ficar muito em cima dele e ou deixar transparecer alguma feição de piedade. Ao chegar lá, não precisamos ficar todos juntos no mesmo brinquedo, se não quiserem.

 

Todos concordam com a cabeça e começam a se deslocar para sair. Cláudio vai até Amanda.

 

CLÁUDIO: Hei... Ouça, sem querer fazer restrições...

 

AMANDA: (sorrindo) Fica tranquilo, o David não vai.

 

CLÁUDIO: Você entende, não é?

 

AMANDA: (sorrindo) Totalmente. O momento é do Roger.

 

CLÁUDIO: (sorrindo) Certo, a gente se vê mais tarde então.

 

Amanda sorri outra vez e sai. Helen se aproxima de Cláudio. Eles se olham e sorriem um para outro. Depois se deslocam para a saída.

 

 

Fachada da casa de Nicole. Priscila está de frente para a porta. Após alguns a porta abre e Nicole aparece.

 

Cont. Missy Higgins - Scar

 

NICOLE: (cruzando os braços) O que você quer, peste?

 

PRISCILA: Esqueceu que marcamos de tomar um chazinho?

 

NICOLE: Perdão, esqueci de comprar o veneno de rato.

 

PRISCILA: Acabou? Não vai me dizer que tomou tudo só para provar que vazo ruim não quebra mesmo?

 

NICOLE: O Gabriel não está, Priscila. Viajou.

 

PRISICLA: Vamos deixar as provocações de lado só agora?

 

NICOLE: Não estou provocando, ele viajou mesmo. Deve voltar amanhã, talvez.

 

PRISCILA: (desconfiada) E ele foi pra onde então?

 

NICOLE: Quer mesmo saber?

 

PRISCILA: Não quer confirmar algo que pode jogar na minha cara?

 

NICOLE: Verdade... Ele foi visitar a namorada dele.

 

PRISCILA: (desanimando) Ah...

 

NICOLE: (sorrindo debochadamente) Eu mesma não acreditava na existência dessa tal namorada, mas não é que ela além de ser real, é uma belezinha? Conheci-a via webcam.

 

Priscila não responde, apenas ergue uma das sobrancelhas, mostrando-se desapontada. Nicole desfaz o tom debochado, percebendo.

 

NICOLE: Você gosta mesmo dele, não é? Por que disse a ele para não alimentar nada entre vocês então?

 

PRISCILA: E o que eu deveria ter feito? Ele não continua namorando?

 

NICOLE: (solidária) Sinto muito. Por mais que você seja insuportável, eu gostava de vocês dois juntos. (pensativa) Quer entrar um pouco para conversar?

 

PRISCILA: (virando e saindo) Adeus Nicole.

 

NICOLE: Eu não estou brincando... Estou sendo solidária de verdade.

 

Priscila para e se vira novamente para Nicole. Nicole sorri para ela. Priscila se aproxima.

 

PRISCILA: Tá a fim de andar no carrossel?

 

NICOLE: (sem entender) O quê?

 

 

Quarto de Arthur e Vera. Arthur entra devagar no quarto. É possível ouvir o barulho da televisão ligada. Ele se aproxima e pega o controle na cama, desligando a tv. Close em Vera deitada, dormindo. Arthur a olha por alguns segundos.

 

Quarto de um hospital. Vera está deitada na cama, desacordada. Ela toma soro. A câmera se afasta, passando por um vidro. Arthur e um médico conversam enquanto a observam.

 

DOUTOR: Ela desmaiou por causa da fraqueza... Os exames detectaram princípio de anemia também.

 

ARTHUR: Desde que perdemos nosso filho, ela não tem se alimentado direito. Quando dorme, é através de calmantes. Eu não sei mais o que fazer, doutor.

 

DOUTOR: Os cuidados terão que ser redobrados... Eu posso receitar...

 

ARTHUR: (interrompendo) Ela anda tendo alucinações... Mima o berço e às vezes conversa com o travesseiro, como se fosse uma criança.

 

DOUTOR: (após alguns segundos) Talvez seja o caso de procurar um especialista na área.

 

ARTHUR: Acha que pode ser grave? Talvez apenas o efeito inicial por causa do trauma que ela viveu?

 

DOUTOR: Eu não posso afirmar com precisão, sem uma avaliação mais profunda. Mas se isso está atrapalhando a saúde da sua esposa, recomendo que imediatamente procure ajuda profissional. Sua esposa pode estar em um caso sério de depressão... Eu vou te passar o telefone de uma clínica.

 

O médico tira um cartão do bolso e começa a escrever. A cena volta para Arthur no quarto de sua casa, observando Vera dormir. Ele abaixa o olhar. A câmera dá um close na mão dele segurando o cartão que o médico deu.

 

 

Quarto de Roger. Roger está deitado na cama, olhando para o teto. Pela janela aberta, é possível perceber que é noite. Ouve-se duas batidas na porta. Seus olhos se voltam na direção do som.

 

Música: Starsailor - Silence Is Easy

 

ROGER: Entra...

 

A porta abre e Amanda entra. Roger franze as sobrancelhas e senta na cama.

 

ROGER: Hei... O que está fazendo aqui?

 

AMANDA: (olhando em volta) Vim te tirar um pouco dessa clausura... (o olha) Você tem tomado banho pelo menos?

 

ROGER: (se cheirando) Por quê? Meu cheiro tá entregando alguma coisa?

 

AMANDA: (sorrindo) Não... É que parece que você não anda se importando muito com nada nos últimos dias.

 

ROGER: Estou bem, Amanda.

 

AMANDA: Não, não está... E é por isso que eu vim te tirar do quarto esta noite.

 

ROGER: Sério, Amanda... Eu estou bem... E não quero sair do...

 

AMANDA: (interrompendo) Eu até ouviria e aceitaria sua desculpa esfarrapada, se eu não estivesse determinada a fazer o que vim fazer... Roger, não estou apenas te convidando, estou te intimando. Não existe sua vontade aqui, apenas a minha.

 

Roger sobe as sobrancelhas e sorri de leve. Amanda se aproxima e senta ao lado dele.

 

AMANDA: Ouça, eu sei que está triste, que quer ajudar sua mãe... Mas não vai adiantar ficar o tempo todo aqui no quarto, desanimado, confinado. Uma hora você pode acabar entrando em depressão, adoecer e dar mais preocupação a seus pais, do que eles podem aguentar no momento. Não é bom pra ninguém isso aqui.

 

ROGER: Mas eu tenho medo de deixá-la sozinha... Você viu o que aconteceu há dois dias.  

 

AMANDA: Sim, mas seu pai está aqui. E é óbvio que atenção dele deve estar redobrada agora. Além do mais, é ficando forte e bem, que você ajudará sua mãe a sair dessa. Se ficar o tempo todo com essa carinha triste e abatida, revogando o seu direito de voltar a sorrir, só vai atrasar o processo de cura da dona Vera também.

 

Roger fica pensativo por alguns segundos. Ele passa a mão na nuca, coçando-a. Depois olha para Amanda.

 

AMANDA: O que me diz? Uma noite. E se você não se sentir bem, prometo não te importunar mais e até posso ajudá-lo a se trancar aqui dentro.

 

ROGER: (sorrindo) Okay, uma noite... (balança levemente a cabeça) Havia me esquecido o quanto você consegue ser insistente. 

 

AMANDA: (sorrindo) E nem precisei beijar seu pescoço dessa vez... (para de sorri e cai em si) Oh droga... Desculpa, eu não quis dizer isso.

 

ROGER: (rindo levemente) Tá tudo bem. (levanta) Bom, eu vou tomar banho, já que não faço isso há algumas semanas.

 

AMANDA: Eu sabia... Estava quase quando indo conversar com você encostada na janela.

 

ROGER: Eu estou brincando.

 

AMANDA: (sorrindo) Eu não... (levanta) Vou te esperar lá embaixo.

 

Roger acena com a cabeça. Amanda sai. Roger olha na direção da porta e sorri.

 

 

Quarto de Cláudio. Helen está sentada na cama, enquanto Cláudio está na mesinha do computador, digitando algo.

 

Música: Hawk Nelson - Right Here

 

CLÁUDIO: Será que a Amanda vai conseguir tirar o Roger de casa?

 

HELEN: Muito provavelmente... O que me leva a uma certa preocupação.

 

CLÁUDIO: Está com medo que seja um problema essa reaproximação dos dois?

 

HELEN: É, levando em consideração o passado deles... Mas ele vive dizendo que ama a Lívia, não é?

 

CLÁUDIO: Mas o que ele teve com a Amanda foi mais forte... Ela marcou a vida dele naquele sentido, sabe?

 

HELEN: (revirando os olhos) Sexo não é tudo, seu pervertido.

 

CLÁUDIO: (sorrindo) Para um adolescente na puberdade que teve a primeira experiência sexual com a primeira namorada, é sim.

 

HELEN: Léo e eu não transamos e ele me idolatra.

 

CLÁUDIO: (sorrindo) É diferente...

 

HELEN: Não é... Okay, então quer dizer que a Larissa sempre vai ser uma sombra, não importa quantos relacionamentos futuros você tiver, só porque ela foi sua primeira? 

 

CLÁUDIO: (pensativo) Que tal a gente parar de falar de sexo?

 

HELEN: (sorrindo) Concordo. Mas ainda estou em dúvida se foi uma boa ideia em relação aos dois ex-namorados.

 

Um celular vibra. Helen o tira da jaqueta e olha no visor.

 

HELEN: Mas seja o que for, agora foi... (levantando) Ele topou.

 

CLÁUDIO: Ótimo, eu vou avisar o Felipe.

 

Ao som da mesma música, a cena muda para uma visão aérea de um parque de diversões. Corta para alguns takes do local, como pessoas caminhando, crianças correndo, segurando balões, pessoas comendo algodão doces.

 

A câmera gira até Cláudio, Helen, Roger, Amanda, Felipe, Priscila, Nicole e Gustavo que transitam por dentro do parque.

 

GUSTAVO: E aí, vamos em qual brinquedo primeiro?

 

PRISCILA: Confessa que você tá morrendo de vontade de ir no elefantinho?

 

GUSTAVO: Na verdade em solidariedade a sua pessoa, estive pensando que podíamos ir no pula-pula, afinal, é o único que permite tão baixa estatura.

 

Eles mostram a língua um para o outro. Roger ri. Amanda o olha e sorri.

 

AMANDA: Viu só? Eu disse que ia te fazer bem.

 

ROGER: (sorrindo) É, acho que vai ser legal sim.

 

GUSTAVO: Eu sei qual brinquedo podemos ir primeiro... Só pra dar uma aquecida leve e básica.

 

FELIPE: E qual?

 

A cena corta instantaneamente para a montanha russa em ação. Roger e Amanda estão na frente do brinquedo, gritando empolgados com a adrenalina. Logo atrás, é possível notar Gustavo ao lado de Nicole e, um pouco mais atrás, Felipe também parece se divertir. A câmera então se afasta, revelando Cláudio, Helen e Priscila observando o brinquedo. 

 

HELEN: (para Cláudio) Eventualmente você vai precisar enfrentar esse seu medo de altura.

 

CLÁUDIO: Uma coisa de cada vez... Primeiro prefiro aprender a dançar.

 

Helen balança a cabeça, incrédula. Ela olha para Priscila que mantém o olhar para a montanha russa.

 

HELEN: Tem medo de altura também, Pri?

 

PRISCILA: Comi demais de tarde... Não ia fazer muito bem pra quem estivesse na frente.

 

HELEN: Sei... Vocês são muito medrosos. Eu aguento qualquer coisa.

 

CLÁUDIO: É mesmo, senhorita corajosa? E por que não está lá então?

 

HELEN: Solidariedade.

 

CLÁUDIO: (rindo) Certo.

 

 

Casa de Roger. Vera está na cozinha, sentada à mesa. Close em um prato de comida sendo colocado à sua frente. A imagem abre mostrando se tratar de Arthur.

 

ARTHUR: (sorrindo) E não quero ver nenhum arroz no prato.

 

VERA: Não estou com fome.

 

ARTHUR: Ou você come por livre e espontânea vontade, ou eu te forço a fazer isso, como, sei lá, te amarrar na cadeira... (sorri).

 

Vera olha para o prato por alguns instantes. Depois pega o garfo e coloca um pouco de arroz na boca, mastigando sem vontade e empurrando o prato depois.

 

VERA: Comi.

 

ARTHUR: (após alguns segundos) Meu amor, há dois dias te encontrei desmaiada por causa da fraqueza... Não pode continuar desse jeito.

 

Vera olha para o lado, sem responder. Arthur suspira, levanta e vai até ela. Ele puxa uma cadeira e se senta de frente para a esposa.

 

ARHTUR: Eu sei que você está sofrendo... Mas conversa comigo pelo menos... Vamos lidar com isso juntos.

 

VERA: (estranhando) Lidar com o quê?

 

ARTHUR: Você sabe do que se trata... E se a gente procurasse ajuda de alguém?

 

VERA: Ajuda de quem? Acha que estou ficando louca?

 

ARTHUR: Não, não... Claro que não. Mas você está passando por um trauma... Um pequeno distúrbio devido ao choque que sofreu.

 

VERA: (olhando-o com seriedade) Do que você está falando?

 

ARTHUR: Eu sei que você anda tendo visões com a criança, como se estivesse aqui conos...

 

VERA: (interrompendo, nervosa) Eu não estou ficando louca!

 

ARTHUR: Eu sei que não... Eu não disse isso. Só estou dizendo que seria bom você conversar com alguém...

 

VERA: Um psiquiatra? Interna logo num hospício? Não é  isso que está sugerindo?

 

ARTHUR: Não estou falando em internação...

 

VERA: Eu não vou falar com ninguém e não vou a lugar nenhum. (levantando a voz) Me deixe em paz!

 

Arthur tenta colocar a mão no braço dela, mas Vera o puxa, derrubando o prato no chão. Arthur encosta-se na cadeira, desanimado. Vera levanta o olhar.

 

VERA: Olha só o que você fez... (levanta e vai até a saída da cozinha) Acabou acordando ele.

 

Ela sai do ambiente. A câmera fecha no rosto de Arthur que a observa saindo, assustado. Após alguns segundos, a tela escurece.

 

 

Parque de diversões. Gustavo está de frente para uma barraca, segurando uma bolinha. Ele mira em algo e joga. A câmera acompanha a trajetória da bolinha indo na direção de algumas latinhas. Close nelas sendo derrubadas, mas sobrando quarto. Nicole aparece e se posiciona ao lado dele. Ela pega uma bolinha e joga. Close em todas sendo derrubadas. Ela olha para Gustavo e sorri, vitoriosa.

 

Música: Tegan and Sara - Walking With a Ghost

 

GUSTAVO: Sorte, pura sorte.

 

NICOLE: Eu diria boa mira, coordenação motora, e mais talento que você.

 

GUSTAVO: Tá bom, espertinha. Repete o ato então.

 

NICOLE: Que tal uma melhor de três?

 

GUSTAVO: Está mesmo querendo desafiar o Gustavo?

 

NICOLE: Por favor, não fale de você na terceira pessoa. E sim, estou mesmo desafinado o Gustavo.

 

GUSTAVO: Mas vou dizer uma coisa, não vai pensando que vou pegar leve só porque você é uma dama.

 

NICOLE: (sorrindo) Eu digo o mesmo...

 

GUSTAVO: Ótimo... (pensativo) Pera aí, o quê?

 

NICOLE: Menos papo e mais ação. (olha para o homem de barraca) Melhor de três, por favor.

 

 

Corta para Cláudio e Helen que caminham, conversando. Helen segura um saquinho de pipocas. Ele pega um queijinho quadrado e leva até a boca, fazendo expressão de prazer ao saborear.

 

Cont. Tegan and Sara - Walking With a Ghost

 

HELEN: Eu já disse como eu amo esse...

 

CLÁUDIO: (completando) Queijinhos quadradinhos? Levando em consideração que é o seu terceiro saquinho, está mais do que provado que você se tornou uma viciada nisso aí.

 

HELEN: Melhor nisso no que em álcool, concorda?

 

CLÁUDIO: (sorrindo) Absolutamente.

 

Eles riem e se aproximam de um banco, sentando. Eles observam o movimento do parque por alguns segundos. Helen oferece o saquinho a ele. Cláudio sorri e pega algumas pipocas.

 

CLÁUDIO: Então, já conseguiu tomar uma posição quanto àquele negócio que estava te incomodando?

 

HELEN: Sobre a Marcia? Acho que não terei coragem de fazer.

 

CLÁUDIO: (após alguns segundos) Ouça, se tem uma coisa que aprendemos diante tudo o que aconteceu em um curto período de tempo, é que a vida é imprevisível demais. Um dia estamos bem, no outro, podemos estar lamentando muito por algo...

 

HELEN: (pensativa, respirando fundo) A vida é curta. 

 

CLÁUDIO: A vida é curta.

 

Helen sorri levemente, expressando um ar pensativo. Cláudio coloca o braço envolta dela. A câmera abre, mostrando-os numa visão aérea por alguns segundos.

 

 

A cena muda para Amanda e Roger em um brinquedo em formato de cisne que flutua devagar na água. Amanda mexe os lábios de um lado para o outro, como um tique.

 

Música: Counting Crows - Hard Candy

 

AMANDA: Não era bem esse tipo de adrenalina que eu estava buscando pra você hoje. Desculpa, assim que pararmos a gente vai no barco pirata, okay?

 

ROGER: (rindo) Não se preocupe... Estou me sentindo bem melhor só de ter vindo pra cá. Obrigado por ter me intimado.

 

AMANDA: (sorrindo) Bom, pelo menos alguma coisa boa eu pude te fazer esse ano.

 

Eles sorriem e trocam olhares por alguns segundos. Roger fica reflexivo, depois olha para Amanda.

 

ROGER: No tempo em que ficamos de cara virada um para o outro, eu disse coisas que não devia. Me desculpe por tudo.

 

AMANDA: Não precisa pedir desculpas... Não é como se eu não tivesse merecido, né? 

 

ROGER: Mesmo assim... Certas palavras marcam, mesmo sendo ditas em momentos de raiva...

 

AMANDA: Eu não guardarei nenhum rancor, se você não guardar. O que acha?

 

ROGER: (sorrindo) Que fique tudo para trás então.

 

AMANDA: (sorrindo) Tudo para trás... E para a frente, o recomeço de uma boa amizade.

 

ROGER: (sorrindo) O recomeço de uma boa amizade.

 

Eles se encaram por alguns segundos, depois desviam o olhar. A câmera fica parada, enquanto o brinquedo se distancia.  

 

 

Priscila está sentada em um banco, de frente para um lago. Ela parece um pouco distante. Felipe aparece, segurando um algodão doce. Ele senta ao lado de Priscila.

 

Cont. Counting Crows - Hard Candy

 

FELIPE: Oi pequenina.

 

PRISCILA: Oi Felipe...

 

FELIPE: Se serve de algum consolo, eu também estou mal.

 

PRISCILA: E por que isso me serviria de consolo? Você está assim porque mereceu. Foi burro ao alimentar a esperança da garota, pra depois se agarrar com outra na frente dela.

 

FELIPE: (rindo) Wow, esqueceu de tirar a ferradura hoje? Pior é não saber diferenciar amizade de outro sentimento.

 

PRISCILA: Sabe que fica estranho ver um cara do seu tamanho comendo algodão doce?

 

FELIPE: Perdão, você quer?

 

PRISCILA: (pegando o algodão doce) Já estava na hora... E pro seu governo eu estava muito disposta a manter apenas a amizade. Quem veio com outro tipo de ideia foi ele.

 

FELIPE: Priscila, laços fortes de irmandade são raros de acontecer assim, de uma hora para outra. Você nem conhecia o coitado direito e já grudou nele.

 

PRISCILA: Você é bruto, um verdadeiro homem das cavernas, sabia?

 

FELIPE: Tentar me ofender não muda o fato que você teve mais culpa nesse lance com o Gabriel, do que eu com a irmã dele.

 

PRISCILA: (sorrindo) Felipe... (para de sorrir) Cala a boca... Ele tem namorada, esqueceu? Queria que eu desse em cima dele também?

 

FELIPE: (respirando fundo) É, pensando por esse lado... Mas ô sina essa de se interessar por caras comprometidos, huh?

 

PRISCILA: (respirando fundo) Eu estou quase grudando esse negócio na sua cabeça.

 

FELIPE: (entortando a boca) Okay, vou parar... (breve pausa) Você gosta dele?

 

PRISCILA: (bufando) Eu não tenho certeza, acho que sim. Mas seja o que for, agora é tarde.

 

FELIPE: Você ainda é uma criança que está no 2º ano... Não desista e corra atrás.

 

PRISCILA: E devo supor que você seguirá seu próprio concelho?

 

FELIPE: Exatamente... Eu não vou desistir. Só tô dando um tempo pra ela.

 

PRISCILA: (balançando a cabeça, em reprovação) Um tempo... Um tempo... Não percebe que esse tal tempo que está afastando vocês de vez? Deixa de ser bobo, Felipe. Nós garotas não queremos espaço. Nós queremos que vocês lutem pela gente.

 

FELIPE: (concordando com a cabeça) Okay, você está certa!  Eu farei isso. Hoje.

 

PRISCILA: Isso, aproveita o parque. Não perca seu tempo aqui comigo.

 

FELIPE: (sorrindo) Bobinha. Apesar de só me dar patada desde que sentei aqui e ainda roubar meu algodão doce, eu não estou perdendo meu tempo com você. Houve um tempo em que fomos próximos e eu gostava disso.

 

PRISCILA: (sorrindo) É... Eu também. Você é legal na maior parte do tempo.

 

Felipe continua sorrindo. Priscila oferece o algodão doce a ele, que tira um pedaço e coloca na boca. Priscila tira um pedaço também. Eles continuam conversando, mas o som aumenta, encobrindo o que eles falam.

 

 

Barraca onde Nicole e Gustavo estão. Nicole joga a bolinha, derrubando várias latinhas. A câmera mostra que sobrou apenas uma latinha. Ao lado, vemos uma pilha de latinhas com apenas a parte de cima derrubada. A imagem abre mostrando Gustavo segurando uma bolinha.

 

Cont. Counting Crows - Hard Candy

 

GUSTAVO: Eu tô achando que a parte de baixo está com algum tipo de cola.

 

NICOLE: Não seja mau perdedor, admita que sua mira é péssima e que, Deus, eu sou muito, muito boa.

 

GUSTAVO: E uma péssima vencedora também. Mas admito, você é boa. Muito boa no jogo... Talvez por isso seja ruim em relacionamentos.

 

NICOLE: Não acho que esse ditado seja tão válido assim. Veja você, por exemplo... É azarado no jogo e não pega ninguém também.

 

GUSTAVO: (pensativo) Me responde uma coisa... Você e o Felipe terminaram mesmo? Sem chances de reconciliação dessa vez?

 

NICOLE: Sem chances de reconciliação... Por quê?

 

GUSTAVO: (sorrindo) Ótimo, então vamos elevar o nível dessa aposta. Se você ganhar, pode me pedir qualquer coisa, até me fantasio de mulher e danço a hula se quiser.

 

NICOLE: (pensativa) Tentador... Mas está mais do que óbvio que você vai perder. Pra que se sujeitar a tal constrangimento?

 

GUSTAVO: Aí é que tá... Se eu vencer, o que obviamente não deve acontecer, você vai me tirar da seca, me dando aquele beijo cinematográfico.

 

NICOLE: (pensativa) Eu não sei...

 

GUSTAVO: Qual é? Quem está se arriscando aqui sou eu. Você é a boa aqui. A menos que não esteja tão confiante assim na sua pontaria.

 

NICOLE: Okay... Tenho a sua palavra que vai cumprir qualquer coisa que eu pedir?

 

GUSTAVO: Tem... Assim como espero que cumpra a sua, caso um milagre aconteça.

 

NICOLE: (sorrindo) Melhor de cinco então... E que meu trinfo comece.

 

 

Corta para Cláudio e Helen caminhando perto da roda gigante. Eles param e Cláudio fica olhando para a roda por alguns instantes. Helen sorri para ele.

 

Cont. Counting Crows - Hard Candy

 

HELEN: (sorrindo) Vamos?

 

CLÁUDIO: Esse brinquedo não me traz boas recordações...

 

HELEN: Então é hora de superar dois traumas de uma vez...

 

Ela pega na mão dele e faz sinal com a cabeça para eles se deslocarem. Cláudio a olha por alguns segundos. Ele sorri e respira fundo. Ambos caminham na direção da entrada do brinquedo. A tela escurece.

 

 

Abre mostrando o parque numa visão aérea por alguns segundos. Instantes depois corta para Cláudio e Helen no topo da roda que está parada.

 

Música: Butch Walker - Mixtape

 

CLÁUDIO: Droga... Odeio quando a roda para justamente quando estou no topo.

 

HELEN: (segura na mão dele) Pensa em coisas boas...

 

CLÁUDIO: Por exemplo?

 

HELEN: Olha como é lindo olhar tudo aqui de cima? Parece que estamos bem mais perto da lua, das estrelas.

 

Cláudio olha para cima e depois sorri. Ele volta o olhar para Helen.

 

CLÁUDIO: É verdade... É realmente lindo olhar para cima. (após alguns segundos) É lindo olhar pra você também.

 

HELEN: (timidamente) Para... O que há de bonito ficar olhando pra mim?

 

CLÁUDIO: Tudo...

 

Eles se encaram por alguns segundos, depois desviam o olhar, constrangidos.

 

CLÁUDIO: (após alguns segundos) A propósito, obrigado.

 

HELEN: Pelo quê?

 

CLÁUDIO: Por me ajudar a superar várias coisas desde que nos conhecemos... Por me ajudar com o Roger. (sorri) Eu não sei o que faria sem você.

 

HELEN: (sorrindo) Você sabe que você também é meu porto seguro, não sabe? (suspira) E agora que voltei a me comportar, só preciso recuperar minhas notas que foram péssimas no primeiro bimestre.

 

CLÁUDIO: Isso você tira de letra...

 

HELEN: Mas eu sou bolsista, esqueceu? Não posso me dar ao luxo de ter notas baixas.

 

Cláudio mexe os lábios e franze a testa, ficando pensativo. Helen percebe e estranha.

 

HELEN: O quê?

 

CLÁUDIO: (hesitante) Você não é mais bolsista desde o começo do ano, Helen.

 

HELEN: (confusa) Como não?

 

CLÁUDIO: A Marcia está pagando os seus estudos.

 

Helen fica boquiaberta, extremamente surpresa. Segundos depois fecha a cara.

 

CLÁUDIO: Você está bem?

 

Helen não responde. A roda volta a andar. Cláudio permanece encarando-a.

 

 

Barraca onde Nicole e Gustavo estão. Nicole joga a bolinha e segundos depois bate no balcão, nervosa. Close em duas latinhas que permanecem intactas. Gustavo, sorrindo, joga uma bolinha e comemora segundos depois. Close em todas as latinhas derrubadas.

 

Cont. Butch Walker - Mixtape

 

GUSTAVO: (comemorando e cantando) E quem é o campeão? Quem é campeão? Você é a campeã? Não, não, eu sou o campeão, eu sou campeão.

 

NICOLE: (dando um tapa no braço dele) Seu idiota! Você me manipulou desde o começo, não foi?

 

GUSTAVO: Melhor do que saber usar a pontaria, é usar a mente.

 

NICOLE: Você trapaceou, não vale. Fez que não sabia jogar. A aposta está desfeita.

 

GUSTAVO: Estou começando a achar que não se pode escrever nada que você diz. É a segunda vez que você se recusa a pagar uma aposta entre a gente.

 

NICOLE: Isso porque não houve fidelidade em ambas.  

 

GUSTAVO: Mas alguém falou em regras aqui? Alguém?

 

Nicole se aproxima e dá um rápido selinho dele. Gustavo balança a cabeça, confuso. Nicole sorri.

 

NICOLE: Ninguém falou em regras quanto ao beijo.

 

GUSTAVO: Eu deixei bem claro que era um beijo cinematográfico.

 

NICOLE: Quem disse que precisa o uso da língua pra isso?

 

GUSTAVO: Por Deus! Que beijo de cinema não se usa a língua?

 

NICOLE: Beijo técnico?

 

GUSTAVO: (sem saber o que dizer) Você é boa... Tenho que admitir.

 

Nicole sorri, vitoriosa. Gustavo a puxa.

 

GUSTAVO: Mas eu sou melhor...

 

Ele a beija de forma intensa. Nicole tenta resistir, mas acaba cedendo. O beijo demora alguns segundos. A câmera se movimenta para o lado, mostrando Felipe e Priscila centímetros dali, boquiabertos.

 

FELIPE: Mas que merda está acontecendo aqui?

 

Nicole e Gustavo logo se afastam. Nicole suspira e sorri. Gustavo sorri para ela, olha para Felipe e desfaz o sorriso.

 

GUSTAVO: Lipe, não é nada disso que você está pensando.

 

FELIPE: (se aproximando) Não me chame de Lipe... E sim, é exatamente o que eu estou pensando.

 

Felipe olha com indignação para Nicole. Ela olha para os lados e se faz de desentendida.

 

NICOLE: O quê?

 

FELIPE: Não vai dizer nada? Justificar pelo menos?

 

NICOLE: Ele que me beijou...

 

GUSTAVO: Foi uma aposta.

 

FELIPE: E é só isso?

 

NICOLE: Por que eu estou com a impressão que você espera que eu lamente por isso?

 

GUSTAVO: (sorrindo) Não lamenta?

 

NICOLE: Lamento por ter sido você a me beijar, mas não por beijar... Nós não temos mais nada um com o outro, Felipe.

 

FELIPE: Você está me testando, certo? Usando esse idiota pra me provocar, acertei?

 

GUSTAVO: Não importo em ser usado... Quer também me usar quando o Gabe voltar, Pri?

 

PRISCILA: Fecha a boca, Gustavo.

 

FELIPE: É, fica quieto, Gustavo.

 

GUSTAVO: Quer saber, vocês são muito chatos e indecisos. Complicam coisas descomplicáveis. Eu vou comprar uma maçã do amor.

 

Gustavo sai. Felipe e Nicole se encaram. Priscila entorta a boca e revira os olhos, saindo também.

 

 

Corta para Cláudio e Helen caminhando por determinado local do parque. Helen está séria a olhando para a frente.

 

Música: 1969 – Save A Place

 

CLÁUDIO: Por que eu estou com a impressão que você está brava comigo?

 

HELEN: Pensei que a gente já tinha superado esse negócio de segredos. Você sabia que eu buscava uma brecha para procurá-la. Por que não me disse antes?

 

CLÁUDIO: Primeiro, ela pediu para que eu não contasse. Ela não queria que você sentisse que ela estivesse tentando comprar o seu afeto. Segundo, eu nem lembrava mais disso até você tocar no assunto. Eu sinto muito, devia ter te contado... E antes que fique ainda mais furiosa, eu acredito que nem sua avó sabia.

 

Helen respira fundo, desfazendo a expressão séria. Eles param e ficam de frente um para o outro.

 

HELEN: Okay... Desculpa por ter ficado assim.

 

CLÁUDIO: Eu entendo, há uma mistura de sentimentos aí neste momento. 

 

HELEN: O que eu devo fazer?

 

CLÁUDIO: Helen, faça o que o seu coração está pedindo há tempos... Você sabe o quê. O que ela fez no passado, não pode ser apagado. Mas o presente e o futuro, só depende de vocês. 

 

HELEN: Eu tenho medo.

 

CLÁUDIO: Eu sei que tem... Mas ela é sua mãe. É algo que você sempre sonhou.

 

Helen abaixa o olhar, ficando pensativa. Cláudio pega nas mãos dela e em seguida a abraça. Helen fecha os olhos ao abraçá-lo.

 

 

Ao som da mesma música a tela escurece e abre mostrando Roger e Amanda caminhando pelo parque, conversando animadamente. A tela escurece e abre mostrando Felipe sentado sozinho no banco, desanimado. Um algodão doce aparece na sua frente. Ele olha para o lado e sorri. A câmera se movimenta, mostrando se tratar de Priscila. A tela escurece e abre mostrando Nicole indo sentar sozinha na roda gigante. Após alguns segundos vemos o movimento de alguém sentando ao lado dela. Ela entorta a boca e revira os olhos. A câmera se movimenta, mostrando Gustavo sorrindo. A roda começa a andar.

 

A tela escurece e abre mostrando o parque numa visão aérea por alguns segundos. Depois escurece e abre mostrando o carro de Roger estacionado na frente da casa de Amanda. Do banco do carona, ela abre a porta.

 

ROGER: Eu me diverti bastante hoje.

 

AMANDA: (sorrindo) Eu também. Até mais.

 

Ela beija o rosto dele e sai do carro. Roger a acompanha com o olhar até ela chegar na porta.

 

 

Ainda ao som da mesma música, a tela escurece a abre mostrando Vera no quarto de Cayro. Ela está dormindo sentada em uma cadeira de balanço, de frente para o berço. A câmera se abaixa devagar, mostrando um livro infantil aberto em sua perna. Em seguida se desloca para a porta, onde vemos Arthur parado observando-a com expressão de tristeza e preocupação.

 

 

Frente da casa de Cláudio. O carro de Roger está estacionado em frente. Corta para dentro. Cláudio dessa vez está no banco da frente.

 

ROGER: (sorrindo) Obrigado meu amigo, por ter organizado essa noite.

 

CLÁUDIO: Foi ideia de todos... Não se esqueça que estamos juntos com você, okay? Eu, a Helen, a Amanda... A Lívia.

 

Close no rosto de Roger que desfaz de leve o sorriso. Cláudio o encara por alguns instantes.

 

CLÁUDIO: Ela te ama, passa o tempo todo preocupada com você... Não a exclua de sua vida. Deixa-a fazer parte desse processo de cura.

 

Roger balança a cabeça, concordando. Cláudio toca o ombro do amigo, depois sorri e sai do carro. A câmera foca o rosto de Roger que está pensativo. Corta para o lado de fora, onde vemos o carro se movimentando e saindo. Segundos depois, a tela escurece.

 

 

Abre dentro do quarto de Roger. Ele está sentado de frente para a mesinha do computador. Após alguns segundos, pega o celular e começa a discar. Ouve-se a porta abrindo. A câmera se movimenta, mostrando Livia entrando. Roger a olha e sorri.

 

Música: David Gray - This Year's Love

 

ROGER: (sorrindo) Hei... Estava prestes a te ligar. O que faz aqui tão tarde?

 

LIVIA: É a terceira vez que eu venho pra cá. Na última, seu pai me disse que você havia saído... Com a Amanda.

 

ROGER: (após alguns segundos) Ouça, não é nada demais... Nós saímos em grupo e eu te convidaria para ir junto, se não fosse o dia que seu pai estaria aqui para visitá-la.

 

LIVIA: (entristecida) E esqueceu de me ligar, pelo menos?

 

ROGER: Eu não queria atrapalhar...

 

LIVIA: Besteira... Todo santo dia eu venho aqui tentando fazer o possível e o impossível para te tentar tirar um pouco desse quarto. Implorando para que você deixe eu entrar na sua vida, que compartilhe essa dor e sentimento comigo. Todo santo dia eu me sinto impotente por não conseguir tirar sequer um sorriso no canto da sua boca... (se segura para não chorar) Então ela aparece e simplesmente as coisas acontecem?

 

ROGER: Livia...

 

LIVIA: Você sabia que resmunga dormindo?

 

ROGER: Alguém já me disse algo do tipo.

 

LIVIA: (com os lábios tremendo) Eu levei em consideração seu estado atual, então nem reclamei e fiz-me de desentendida. Fiquei sabendo que vocês andam se encontrando e também fechei os olhos pra isso... (deixando as lágrimas escorrerem) Mas esse é o meu limite. A última coisa que eu preciso, é perder o respeito próprio.

 

ROGER: (sentido) Hei... O que quer que tenha ouvido eu resmungar enquanto dormia, por favor, Liv, foi apenas um sonho.

 

LIVIA: (chorando) Eu não acho tenha sido apenas um sonho. Tua expressão agora, mostra que ela mexeu com você outra vez.

 

ROGER: Não é verdade. Quer dizer, minha cabeça anda dando mil voltas ultimamente... E sim, talvez eu tenha ficado um pouco balançado com nossa reaproximação, mas não quer dizer que eu a esteja amando de novo ou muito menos que quero voltar a namorá-la. Nós estamos juntos, Liv. Eu e você.

 

LIVIA: (com os olhos lacrimejando) Como eu queria acreditar nisso...

 

Ela se aproxima e beija delicadamente o rosto dele. Depois o olha com profundidade.

 

LIVIA: Mas a boca não condiz com que está se passando aí dentro do seu coração.

 

Ela se vira para sair. Mas Roger segura na mão dela, entristecido.

 

ROGER: Por favor... Não vá embora assim, magoada comigo.

 

LIVIA: (após alguns segundos, sem olhá-lo) Adeus, Roger.

 

Ela sai do quarto. Roger abaixa o olhar, triste. Ele senta na cama e seus olhos começam a se encher de lágrimas.

 

 

Sala da casa de Helen. Ela está sentada na cadeira próxima à mesinha do telefone. Ela respira fundo, tira o aparelho do gancho e começa a discar, esperando alguns segundos.

 

Cont. David Gray - This Year's Love

 

MARCIA: (em off) Rosa?

 

Um breve silêncio toma conta. Helen faz que vai colocar o aparelho no gancho, mas desiste.

 

MARCIA: (em off) Helen, meu amor, é você?

 

HELEN: (hesitando) Hei... Eu queria falar com você...

 

O som aumenta, tomando conta da cena. Vemos os lábios de Helen se mexendo e em algum momento, ela sorri. A câmera começa a se afastar do cômodo, parando em determinado ponto.

 

 

Vista do céu estrelado. Aos poucos começa a amanhecer. Ao som da mesma música, a imagem transparece para Arthur dentro de seu carro. Ele olha para a frente, pensativo. Após alguns segundos, ele abre a porta, sai do carro e começa a andar. A câmera permanece parada, enquanto o vemos andando indo na direção da entrada de um estabelecimento. A câmera se movimenta e mostra a placa do local que diz “Clínica Psiquiátrica”. Lentamente a tela escurece.

 

 

 

 

 

 

 

 

CRÉDITOS FINAIS:

 

CRIADO E ESCRITO POR:

 

Thiago Monteiro

 

MÚSICA TEMA

 

Switchfoot - Meant To Live

 

TRILHA SONORA

 

Jimmy Eat World - Over

Remy Zero - Perfect Memory

Missy Higgins - Scar

Starsailor - Silence Is Easy

Hawk Nelson - Right Here

Tegan and Sara - Walking With a Ghost

Counting Crows - Hard Candy

Butch Walker - Mixtape

1969 - Save A Place

David Gray - This Year's Love

 

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