Praça
do
centro da cidade. Cláudio está parado em frente ao
carrinho de pipocas. É noite. Música: Train - When I Look To The Sky CLÁUDIO:
(em
off) Há coisas importantes na vida. Coisas do
passado que dificilmente serão esquecidos. Como alguém
que desde muito cedo tocou o meu coração, num sentimento
que parecia não ter fim. Ele
pega
o saquinho de pipocas, entrega uma nota ao pipoqueiro e
sai. A
câmera o acompanha até chegar em Helen que está
sentada no banco. Ele entrega o saquinho de pipocas a ela,
que
sorrindo, o pega. CLÁUDIO:
(em
off) Mas nos últimos meses, aprendi que não
importa o momento em que conhecemos as pessoas. E sim o
momento em que
elas passam a ser importantes para nós. Ele
senta
ao lado dela. Helen pega um queijinho e coloca na boca,
fechando
os olhos e sorrindo em seguida. Eles começam a conversar,
mas
suas vozes são encobertas pela música. Um
bosque.
Roger está sentado em cima do capô de seu carro.
Ele está pensativo, com uma feição triste. Cont. Train - When I Look To The Sky ROGER:
(em
off) No caminho pra cá, ouço o locutor do
rádio dizendo... “Só quando tudo está
perdido na vida, é que a gente descobre que na vida, nunca
tudo
está perdido”. Ele
desde
do capô do carro. Anda alguns passos, pega uma pedra e
joga
no lago. ROGER:
(em
off) Sábias palavras. Em outros tempos me
fariam
parar e refletir, sorrir e seguir em frente. O problema é
que,
quanto mais eu olho para a frente, mais eu vejo um caminho
longo, sem
fim... (abaixa a cabeça) Eu estou perdido e estou longe de
me
encontrar. Ele
coloca
as mãos no bolso e senta em um tronco. Seus olhos
brilham. Um
quarto.
Temos a visão de uma mão que está
calçando uma sandália nos pés. A imagem sobe,
mostrando que se trata de Amanda inclinada em uma cama. Cont. Train - When I Look To The Sky AMANDA:
(em
off) Às
vezes, eu me pergunto se estou fazendo as escolhas certas. Será
que devo arriscar mais ou seguir pelo caminho seguro? Ela
levanta
e a câmera se movimenta para o lado, mostrando David
dormindo. Ele está sem camisa e um lençol cobre a parte
de baixo. AMANDA:
(em
off) O
caminho seguro pode ser tentador, mas viver uma vida com medo de ousar
é desperdiçar a própria essência. Ela
o
olha, sorri e levanta. Se inclina e beija o rosto dele.
Depois vai
até a porta, saindo. Casa
de
Helen. Rosa está deitada na cama, dormindo. A porta do
quarto
abre e Helen aparece. Ela observa a avó por alguns
segundos. Cont. Train - When I Look To The Sky HELEN:
(em
off) Às vezes, a vida nos reserva segredos e mentiras que parecem impossíveis de perdoar... Ela
se
aproxima de Rosa, pega um cobertor e a cobre, beijando o
rosto da
avó em seguida. HELEN:
(em
off) ...
Mas, apesar de tudo, eu encontrei força para perdoar. Afinal, o
amor é maior que qualquer decepção. Ela
sorri
e segundos depois sai do quarto, fechando a porta. A
câmera
permanece no mesmo ambiente, mostrando a porta fechada.
Lentamente a
tela escurece.
Um
quarto.
Felipe está sentado de frente para o computador,
concentrado em algo. A câmera abre, mostrando Roger um
pouco
atrás, colocando uma jaqueta. Pela claridade da janela,
nota-se
que é dia. FELIPE:
(sem
olhá-lo) Vai sair? ROGER:
Preciso
fazer algo. Chega de adiar as coisas. Nesse
instante
Cláudio aparece na porta que já está
aberta. CLÁUDIO:
Hei...
A empregada disse que eu podia subir. FELIPE:
(sorrindo) Claro, entra aí, você é de casa. Cláudio
entra,
cumprimenta Felipe e depois vai até Roger. ROGER:
Então? Cláudio
levanta
uma bolsa e joga em cima da cama. Roger sorri para ele. ROGER:
Obrigado. CLÁUDIO:
Eu
não tô muito certo disso...
Por que você não fica lá em casa? ROGER:
Porque,
você sabe... É o primeiro lugar que ele iria atrás. CLÁUDIO:
Mas ele
sabe que você está aqui. ROGER:
(dando
os ombros) Pelo menos não estamos perto. CLÁUDIO:
Ele
perguntou bastante de você. ROGER:
Cláudio, pode parar. Eu não vou conversar com ele. Nem
tente vir com essa conversa. CLÁUDIO:
Mas ele
é seu pai, Roger. ROGER:
(rindo) Sério que você, justo você, está me
dizendo isso? Quem relutou em perdoar o pai, mesmo com a mãe
à beira da morte, implorando para que você fizesse? Se sua
mãe tivesse morrido naquela sala de operação,
você jamais perdoaria o seu pai. Eu te conheço,
Cláudio. CLÁUDIO:
É diferente... Meu pai veio se redimir agora. O seu sempre
foi
bom com você e sua mãe. ROGER:
(incomodado) Chega, não quero mais ouvir. Se você é
meu melhor amigo, vai respeitar minha decisão e não vai tocar mais nesse assunto. Roger
toca
o ombro do amigo e sai. Cláudio o observa saindo, ergue as
sobrancelhas e respira fundo em seguida. FELIPE:
Outra
Helen? CLÁUDIO: (fechando os olhos) Nos dê uma folga, meu Pai do céu. Casa
de
Helen. Rosa caminha até a porta, abrindo-a. Marcia aparece
do
outro lado, sorrindo. Rosa se mostra surpresa. MARCIA:
(falando que nem criança) Quem é a vovó mais linda
do mundo? Quem é? Quem é? ROSA:
O que
faz aqui, criatura? Marcia
imediatamente
se aproxima e a abraça. Rosa fica sem jeito, mas
cede ao abraço. Depois Marcia aperta as bochechas dela. MARCIA:
Deus,
quem diria há alguns anos que eu sentiria saudades dessa
velha
ranzinza? (entrando) Como é bom
voltar pra casa. Rosa
fecha
a porta e acompanha Marcia, ainda expressando surpresa.
Marcia
fica parada no meio da sala, sorrindo. Helen aparece e se
aproxima
timidamente. HELEN:
(contida) Olá. MARCIA:
(feliz)
Oi minha linda! Marcia
se
aproxima e a abraça forte. Helen, ainda com timidez,
retribui. MARCIA:
(com os
olhos fechados) Hhm, você não
imagina o quanto eu sonhei com esse momento. ROSA:
Alguém pode me dizer o que está acontecendo? MARCIA:
(para
Rosa) Não se preocupe, eu pago a conta do telefone. ROSA:
(confusa) Que conta? HELEN:
(para
Rosa) Eu telefonei e pedi para que ela viesse. MARCIA:
Espero
que eu ainda seja bem-vinda aqui. ROSA:
Bom,
agora sim você é bem-vinda. (sorrindo)
Sinta-se em casa, Marcia. MARCIA:
(sorrindo) Obrigada! (para Helen)
Você
está tão linda. HELEN:
(envergonhada) Não tô
não... (sorri) Está com fome? MARCIA:
(sorrindo) Faminta. ROSA:
Eu vou
preparar alguma coisa enquanto vocês conversam. Helen
sorri
para a avó que retribui com um sorriso. Rosa sai de cena.
Marcia, sem conter a euforia, abraça Helen mais uma vez.
Helen
ri. Bosque.
Roger
está encostado em uma árvore, apreensivo.
Atrás dele, vemos Amanda se aproximando. Música:
Switchfoot & Jars
of Clay - Let
That Be Enough AMANDA:
(sorrindo) Olá estranho. Há alguns dias eu não te
vejo. ROGER:
Se
lembra desse lugar? AMANDA:
(pensativa) Foi onde paramos depois de correr do Gil naquela
festa? ROGER:
(sorrindo) Exatamente. E quando começou uma forte
ligação entre nós. Amanda
sorri,
um pouco constrangida. Roger desencosta da árvore e se
aproxima dela. ROGER:
Andei
um pouco sumido, porque queria tomar algumas decisões...
Amanda,
estou no meio de uma fogueira nos últimos dias... O que tenho
passado,
está difícil de suportar. Mas se tem uma coisa que eu
posso classificar como boa, em meio a esse turbilhão de
problemas, foi nossa reaproximação. Amanda
esboça
um sorriso meigo. Roger se aproxima ainda mais. ROGER:
Estar
perto de você outra vez, me fez lembrar o quanto eu me
sentia bem
naquele tempo em que estávamos juntos. AMANDA:
Roger... ROGER:
Eu
pensei, pensei muito e cheguei à conclusão que quero
sentir tudo aquilo outra vez. Quero você de volta na minha
vida,
como minha namorada. Amanda
fica
sem reação. Roger sorri de nervosismo e ergue as
sobrancelhas, esperando que ela responda. Amanda balança a
cabeça, em sinal de reprovação. AMANDA:
Não posso. ROGER:
É o surfista, não é? Tem medo de magoá-lo
porque ele teve o trabalho de mudar de cidade por sua causa
e tudo
mais. (segura na mão dela) Mas
ele
vai entender que a gente se ama. AMANDA:
(tirando a mão) Não é isso, Roger... (se afasta um
pouco) Eu amo você, mas agora é diferente do que era no
passado. Eu amo você, mas como amigo. ROGER:
(incomodado) Eu não acredito em você. Até poucos
meses você dizia que amava. AMANDA:
Mas eu
estou com o David agora... E é com ele que eu quero ficar.
Me
perdoe se eu fiz você entender errado. ROGER:
(passando a mão no rosto e suspirando) Oh, merda!
Você não pode estar falando sério...
Hei, somo nós, lembra? A dupla inseparável. O casal
preferido de todos. Você não pode estar sentindo por esse
cara, o mesmo que sentiu por mim. Por favor, me dê uma
chance? AMANDA:
(abaixando o olhar) Não posso. ROGER:
(nervoso) Eu sei bem o que quero. Mas você, toma cuidado com
o
que realmente quer. Essa aqui pode ser a nossa última
chance. Ele
se
vira e começa a andar, saindo do local. Amanda fica
parada,
acompanhando-o com o olhar, com expressão de tristeza. A
tela
escurece. Abre
com
Gustavo parado na frente da porta da casa de Nicole. Ele
aperta a
campainha e segundos depois Nicole aparece. Música:
Goo Goo
Dolls - Sympathy GUSTAVO:
(sorrindo) Nick, Nick... “Mim” e você, baile, noite,
dois juntos. NICOLE:
Você é bobo todos os dias ou só no final de semana? GUSTAVO:
Sete,
sete e meia, qual horário você prefere? NICOLE:
Enlouqueceu? Eu não vou no baile com você. De onde tirou
essa ideia maluca? GUSTAVO:
Bom,
tirando o fato que você me adora e me agarrou no parque? NICOLE:
Você me agarrou e não gostei do beijo. GUSTAVO:
Sua
expressão na hora não condiz com essa
afirmação. Mas tudo bem, sei que você é
difícil, o Lipe que o diga
(ri)...
Vai ao baile com outra pessoa? NICOLE:
Eu
não vou a esse baile idiota. GUSTAVO:
Coitada, não recebeu convites, certo? Bom, eu estou aqui. NICOLE:
Eu
não sei o que te deram no café da manhã, mas
não tome de novo. GUSTAVO:
(bufando) Okay... Vê se isso
serve pra mudar sua opinião...
Prometi ao meu
amigão Gabe que não deixaria você se isolar da
sociedade. NICOLE:
Prometeu ao Gabriel? E ele foi confiar em você? Justo você?
GUSTAVO:
Na realidade, ele teria pedido a outra pessoa se mais alguém
além de mim conseguisse lidar contigo. O problema é que,
vou ser sincero, ninguém parece gostar muito de você,
Nick. NICOLE:
Como se
eu me importasse com isso... Fala sério. GUSTAVO:
Ah, se
importa. Eu sei que se importa. Eu me importo. E olha que eu
dizia o
contrário também. Nicole
encosta
na porta e torce a boca. Gustavo sorri e insiste. GUSTAVO:
Qual
é? É o baile! NICOLE:
(se
rendendo) Okay, eu vou. Mas com
algumas
condições... GUSTAVO:
O que
você quiser. NICOLE:
Vamos
como conhecidos. Nada de beijos roubados ou andar de mãos
dadas
pelo salão. GUSTAVO:
Podemos
dançar pelo menos? NICOLE:
Podemos. Mas nada de mão boba durante a dança
também. GUSTAVO:
Eu
estava me referindo a danças mais agitadas, mas já que
você vai querer dançar abraçadinho, eu prometo que
não tirarei minhas mãos da sua cintura. NICOLE:
Ótimo, porque se sua mão descer poucos
centímetros, eu te farei chorar no meio da pista. GUSTAVO:
(sorrindo) Combinado! Dezenove horas? NICOLE:
Dezenove e meia. Gustavo
sorri
outra vez, se vira e sai. Nicole o acompanha com o olhar.
Ela
sorri e balança a cabeça, entrando em seguida. Shopping.
Helen
e Cláudio caminham olhando as vitrines. Cláudio
segura uma sacola. Cont.
Goo Goo
Dolls - Sympathy HELEN:
Nunca
vi um garoto demorar tanto pra
comprar
sapatos. CLÁUDIO:
A culpa
é do funcionário. Aliás, estou pensando em
seriamente ano que vem encomendar minha roupa pela internet,
pois
é o segundo ano que tenho a sorte de pegar um vendedor
desmiolado. HELEN:
(rindo)
Só sei que você ia ficar lindo na pista com sapatos
fluorescentes. CLÁUDIO:
O que
foi aquilo? Eles
riem
e se sentam em um banco. Cláudio olha para o
relógio. CLÁUDIO:
Quer ir
ao cinema? Tem uma sessão bem agora. HELEN:
Não posso. A Marcia está vindo pra cá. Ela vai me
ajudar a escolher um vestido. CLÁUDIO:
(sorrindo e cutucando-a com o ombro) Hhm,
fazendo compras com a mamãe... Quem diria? HELEN:
(sorrindo) Pode parar. É só um vestido... E é
só um começo. CLÁUDIO:
E como
foi a recepção? HELEN:
Um
pouco tímido da minha parte e bem eufórico da parte dela. CLÁUDIO:
E a
dona Rosa? HELEN:
Reagiu
bem. Fez até bolo. Acho que as duas já se entenderam
melhor do que eu. CLÁUDIO:
São os bons ventos soprando. Estou muito feliz por você. HELEN:
(sorrindo) Obrigada. E eu estou muito feliz por ter me
convidado para o
baile. Acho que não teria forma melhor de terminar esse dia
que
já está maravilhoso. CLÁUDIO:
(sorrindo) Eu prometo que você terá uma noite
inesquecível. Eles
sorriem
de forma admirada um para outro. O celular de Helen toca.
Ela
olha no visor. HELEN:
Ela
está aqui... (beija o rosto dele) Nos vemos à noite. CLÁUDIO:
(sorrindo) Mal posso esperar. Helen
sorri
e depois sai. Cláudio permanece sentado, observando-a
enquanto se distancia. Casa
de
Cláudio. Close na porta. Ela abre e Lucio entra trazendo
algumas sacolas. Ele vai até a sala, onde Lucas está
sentado no chão, brincando com vários brinquedos
espalhados. Lucio se aproxima e o surpreende com um beijo
no rosto. Música:
Ingrid
Michaelson - Everybody LUCAS:
(feliz)
Hei pai! LUCIO:
(sorrindo) Olha o que eu trouxe pra você. Ele
tira
um boneco da sacola. Lucas pega o brinquedo, feliz. LUCAS:
(boquiaberto) Uau! Era o que eu queria! Obrigado papai. Lucio
bagunça
o cabeço da criança e depois levanta.
Silvia aparece. SILVIA:
Sabe
que dar brinquedo fora de época é um jeito errado de
mimo? LUCIO:
(sorrindo) Eu sei... Vou tentar me controlar mais um pouco.
(olha para o chão e força a
vista)
Mas eu não me lembro de ter comprado aquele carro de controle remoto. SILVIA:
(rindo) Okay, culpada... Vou
tentar me
controlar também. LUCIO:
Mas
não é o só o Lucas que será mimado agora. Lucio
pega
a sacola e tira uma pequena caixa e entrega a ela. Silvia
pega a
caixa e abre. Close em uma correntinha de prata. SILVIA:
(sorrindo) Eu amei. Ela
se
aproxima e o beija carinhosamente. Segundos depois, eles
sentam no
sofá. Lucio olha para Lucas e depois para a esposa e sorri
de
satisfação. LUCIO:
É tão bom estar assim. Parece surreal. SILVIA:
(sorrindo) Concordo... E Deus queria que pelo menos até o
final
do ano, eu, você e nossos filhos possamos ter um pouco de
paz. Lucio
a
olha por alguns segundos. Ele sorri emocionado. Silvia
franze a
testa, sem entender. SILVIA:
O que
eu disse? LUCIO:
Você disse, eu, você e nossos filhos. Não sei se foi
intencional. Mas... SILVIA:
(sorrindo) Foi intencional... (olha para Lucas) Ele é parte
desta família agora. É meu filho também. LUCIO:
(emocionado) Obrigado, por ser essa mulher, mãe e esposa
maravilhosa. SILVIA:
Obrigada,
por
ter se tornado esse homem, pai e esposo maravilhoso. Eles
aproximam
seus lábios e se beijam apaixonadamente. Lucas olha
para os dois e faz cara de nojo. LUCAS:
Eca! Silvia
e Lucio param de se beijar e começam a rir. Lucio se inclina e
pega Lucas no colo. Silvia começa a fazer cócegas na
criança que ri descontroladamente. Quarto
de
Felipe. Close em Roger segurando e olhando para uma camisa
social.
Felipe entra e se aproxima da mesinha do computador. Cont.
Ingrid
Michaelson - Everybody
FELIPE:
O que
está fazendo? ROGER:
Dando
um trato na roupa para o baile. FELIPE:
Você vai ao baile? ROGER:
Aham... E de lá nós vamos pegar
estrada e sumir de Bom Destino por um tempo. FELIPE:
(confuso) Nós quem? ROGER:
Amanda
e eu. FELIPE:
Huh... Vocês voltaram então? ROGER:
Não necessariamente. Ela ainda pensa que sente alguma
coisinha
por aquele surfista de ondas pequenas. Mas eu tenho uma
vantagem... Faz
exatamente um ano que nós começamos a namorar
sério. Claro que na hora ela vai ficar toda balançada. FELIPE:
Bom,
boa sorte com isso. Eu já cansei de tentar entender as
mulheres. ROGER:
(sorrindo) Um dia você pega jeito. FELIPE:
(rindo)
Minha moral está muito baixa mesmo pra
ter que ouvir isso de um ex
rejeitado do
colégio. Roger
continua
sorrindo e estende uma calça na cama. Felipe
balança a cabeça e se volta para o computador.
Após alguns segundos, a tela escurece. Abre
mostrando
a cidade numa visão aérea. É noite.
Corta para algumas partes do centro e depois transparece
para dentro do
quarto de Helen. Música: Dishwalla -
Somewhere In
The Middle Close
no
rosto de Marcia. Seus ombros se mexem como se estivesse
mexendo em
algo. A imagem desce, mostrando Helen de costas. Marcia
mexe nos
cabelos da filha. Após alguns segundos, ela para e sorri.
MARCIA:
Prontinho. Ela
gira
a cadeira, colocando Helen de frente para o espelho. Close
em seu
reflexo. Seus cabelos estão presos, com algumas mexas
soltas do
lado esquerdo. Helen sorri e levanta, virando-se para
Marcia. A
câmera a mostra da cabeça aos pés. Seu vestido
é tomara que caia, longo e preto. Marcia a olha com
emoção. MARCIA:
(admirada) Você está tão linda. HELEN:
(sorrindo com timidez) Obrigada. MARCIA:
(com os
olhos lacrimejando) Obrigada por me deixar fazer parte
disso. HELEN:
(sorrindo) Por favor, não chore. MARCIA:
(limpando os olhos) Não posso evitar. Lado
externo
da casa. Ainda ao som da mesma música, Cláudio
sobe o degrau e se posiciona de frente para a porta. Ele
está
todo de social e aparenta certo nervosismo. Ele respira
fundo e aperta
a campainha. Quarto
de
Helen. Marcia termina de arrumar alguns detalhes no
vestido de
Helen. Rosa abre a porta e entra. Ela para ao ver Helen e
fica
emocionada. Helen sorri para ela. Cont. Dishwalla
- Somewhere
In The Middle HELEN:
Gostou? ROSA:
Querida, você está ainda mais linda que no ano passado. Helen
sorri
outra vez. Rosa a olha por alguns segundos. ROSA:
Se
já terminou, tem um bonitão te esperando lá na
sala. Helen
acena
com a cabeça e caminha até a porta. Rosa se afasta
e fica ao lado de Marcia. Helen para na porta e se vira,
olhando para
as duas. Após alguns segundos ela sorri e ambas retribuem
o
sorriso. Depois sai. Rosa e Marcia continuam lado a lado.
MARCIA:
(suspirando) Meu amor, você vai ter que me aturar por algum
tempo
na cidade. ROSA:
Já te aturei quando não te aturava, então pode
ficar com o sofá se quiser. Elas
se
olham e segundos depois sorriem uma para a outra. Sala.
Helen
aparece. A câmera mostra Cláudio em pé,
olhando para o lado. Quando percebe a presença de alguém,
ele olha para a frente. Sua feição se transforma ao ver
Helen e logo se aproxima. Cont. Dishwalla
- Somewhere
In The Middle CLÁUDIO:
(sem
palavras) Helen, você está tão, tão... HELEN:
(sorrindo)
Você
também. Eles
se
encaram por breves segundos. Helen ergue as sobrancelhas e
Cláudio cai em si. Eles caminham até a porta.
Cláudio abre a porta e Helen sai primeiro. Salão
de
festas. O lugar está todo enfeitado e cheio de jovens
ultrajados de vestes sociais, que dançam, passeiam, ou
estão sentados nas mesas fora da pista. Música: Hot Hot Heat -
Goodnight Goodnight A
câmera gira mostrando Priscila passeando entre as pessoas.
Ela
está de vestido azul marinho e seus cabelos estão presos.
Gira novamente mostrando Felipe dançando com uma garota.
Gira
novamente mostrando Roger na mesa de suco, com um copo na
mão. Corta
para
a entrada. Cláudio e Helen aparecem. Eles estão de
mãos dadas. Helen dá olhada geral no lugar. HELEN:
Parece
bem mais cheio que o ano passado. CLÁUDIO:
Coisas
mudam, evoluem, mas eu continuo ruins das pernas. HELEN:
(rindo)
Pare. Eu sei que a Amanda te deu umas aulinhas na festa de
apresentação dos Gladiadores. Você vai se sair bem. CLÁUDIO:
(balançando negativamente a cabeça) Vinte minutos
não mudam uma vida, mas se te fizer rir, já vou ficar
feliz. Eles
sorriem
e se movimentam para a frente. A câmera muda para uma
visão aérea mostrando o movimento do salão por
alguns segundos. Um
bar.
Arthur está no balcão, extremamente abatido. A
imagem desce e mostra um copo grande e vazio. Em seguida
vemos o barman
segurando uma garrafa de vinho e indo na direção do copo.
Close em uma mão tampando a boca do copo. A imagem sobe,
mostrando se tratar de Lucio. ARTHUR:
Vinho
não embriaga muito. LUCIO:
Chega.
Vou te levar pra casa. ARTHUR:
Pra
onde, Lucio? Minha vida acabou. Meu filho me odeia, minha
esposa
está internada... (indignado) Que tipo de homem eu sou? Como
pude fazer isso com a minha mulher? O que fiz no carro não
foi o
suficiente? (balança
negativamente a
cabeça) Eu mereço morrer. LUCIO:
Hei, eu
visitei os médicos com você. Se não fosse realmente
grave, eu jamais apoiaria. Pare de se martirizar tanto por
conta disso. ARTHUR:
Mas o
Roger me odeia pelo que fiz. E ela vai me odiar pra sempre
quando se
recuperar. LUCIO:
Para o
Roger é difícil entender... E posso garantir que se fosse
com o Cláudio, seria do mesmo jeito. Arthur, tanto a Vera,
como
seu filho, vão enxergar as coisas de outro jeito, assim que
tudo
começar a voltar a ficar bem. ARTHUR:
Lucio,
nada vai voltar a ser como antes. LUCIO:
Não como antes... Mas vai melhorar, eu prometo que vai...
(toca
o ombro do amigo) Mas por favor, não se entregue desse
jeito.
Não desista de lutar. Eles precisam de você. ARTHUR:
Você é um bom amigo, Lucio. Um bom amigo. Bebe comigo. LUCIO:
(sorrindo) Prefiro te levar pra casa. Você precisa dormir um
pouco. ARTHUR:
O que
é dormir? LUCIO:
Vai
saber quando chegar em casa... Vamos lá. Lucio
segura
Arthur, que coloca os braços em volta do pescoço
dele. Eles caminham na direção da saída. Lucio
olha para o amigo, solidário. Arthur esboça um leve
sorriso. Salão.
Close
em alguns jovens dançando na pista. Depois corta para
Cláudio, Helen, Roger, Felipe e Priscila que estão perto
da mesa de sucos. Priscila faz caretas ao beber um suco. Música: Fall Out Boy – Little Less Sixteen Candles,
A
Little More Touch Me, A PRISCILA:
Que
gosto horrível. FELIPE:
Foi
batizado. PRISCILA:
Mesmo?
Só se for com algo bem barato. CLÁUDIO:
(para
Helen) A senhorita longe da mesa de sucos então. HELEN:
(sorrindo) Estou sóbria há alguns meses. Gustavo
e
Nicole aparecem. Nicole veste um vestido longo, verde
metálico e
cabelos soltos. GUSTAVO:
(sorrindo) Olá povo que me ama! Quem ficou sem par aí? PRISCILA:
Vocês estão juntos? NICOLE:
Não como casal. GUSTAVO:
(sorrindo) Ainda. Nicole
revira
os olhos. Gustavo olha para Felipe e sorri. Felipe força
a vista. HELEN:
Meninas, vocês estão lindas. Onde compraram seus vestidos? Nicole
e Priscila se juntam a Helen e começam a conversar animadamente,
enquanto os rapazes ficam próximos entre si. GUSTAVO:
(para
Felipe) Amigão, espero que você não se importe de
eu ter trazido a Nick. Ela ficou sem par e meio que implorou
que eu a
trouxesse. Você sabe. FELIPE:
Eu
não tô nem aí pra
vocês pra dizer a verdade. (pensativo) É, acho que não tô
mesmo. GUSTAVO:
(incomodado) Não tá por quê? Até outro dia
você andava de quatro por ela. FELIPE:
Ela
ficou bem menos interessante depois que te beijou... (olha
para os
outros) Fala sério, beijar o Gustavo é desespero,
não acham? Cláudio
e
Roger começam a rir. Gustavo faz caretas. Cláudio olha
para Roger. CLÁUDIO:
Você está bem? ROGER:
Claro,
por que não estaria? É um baile. (olha
para a frente e se anima) Ela chegou. Corta
para
Amanda que aparece na entrada. Ela está de vestido vinho e
cabelos presos. Logo atrás David aparece e se posiciona ao
lado
dela. Ela olha para ele e sorri, segurando sua mão em
seguida.
Volta para Roger e Cláudio. ROGER:
Por que
toda vez ela aparece primeiro, pra
segundos
depois ele aparecer? Parece combinado. CLÁUDIO:
Você não vai fazer nenhuma bobagem, né? ROGER:
Relaxa,
eu tô na minha. Cláudio
o
olha com desconfiança. Roger sorri para ele.
A
câmera sobe e mostra o movimento da pista. Há alguns
cortes rápidos de cenas, indicando uma passagem de tempo.
A
imagem desce para uma mesa onde Amanda e Helen estão
sentadas. Música:
The
All-American Rejects
- Dirty Little Secret HELEN:
Você e o David estão namorando então? AMANDA:
Eu
tentei adiar um pouco por causa do Roger... Mas não posso
também viver em função dele. Eu gosto do David e
quero ficar com ele sem culpa. HELEN:
(sorrindo) Eu te entendo. E parabéns, que vocês sejam um
casal feliz. AMANDA:
(sorrindo) Obrigada. (olha de
forma
maliciosa) E você e o Cláudio, huh?
Huh? HELEN:
(timidamente) Amanda, não começa. Nós somos como
irmãos. AMANDA:
Aham, sei... Irmão não traz a
irmã para o baile, não se produz e não a olha com
tanto desejo como ele tem te olhado ultimamente. HELEN:
(entortando a boca) Pura impressão sua. Helen olha
na direção de Cláudio e David que
estão conversando em outra mesa. Ela fica pensativa.
Amanda a
olha e sorri. Paulo
está
perto de uma pilastra, observando os jovens. Ele
também está de social. Isabel aparece. Ela está de
vestido branco e cabelos encaracolados. Ela fica ao lado
dele. Cont.
The
All-American Rejects
- Dirty Little Secret ISABEL:
Segunda
vez vestido de gala em meio ano. Está se superando,
professor. PAULO:
Eu
preferia estar em casa, de shorts, camiseta e assistindo
televisão. ISABEL:
(após alguns segundos) Não tive a chance de te dar os
parabéns pelo jogo. Os rapazes se superaram. Parece que
finalmente conseguiram te entender. PAULO:
Eles
buscaram inspiração em outras coisas... Não em
mim. E por causa disso vou entregar meu cargo como
treinador. ISABEL:
Não mesmo... Justo agora que vocês estavam se entrosando?
Todo começo é difícil. Você já deveria
saber disso. PAULO:
Eles
merecem outra pessoa. ISABEL:
Ouça, seus métodos são
pré-históricos... Você é
pré-histórico... Os garotos são... (pensativa)
Garotos. Por isso é bom que pessoas tão diferentes
convivam juntas. PAULO:
É um time de futebol, professora. Não vamos fazer disso
mais do que é. ISABEL:
Brr Carrancudo... Olha aqui, professor...
Se
entregar seu cargo agora, estará indo extremamente ao oposto
do que você vive pregando, que é perseverança e
todas aquelas frases chatas e prontas de vencedor. Não
faça isso, homem. PAULO:
Por que
estou com a impressão que você está sentindo mais
do que meus jogadores sentiriam? ISABEL:
Porque
eu acho que você evoluiu socialmente desde que chegou. Um
pouco,
claro, mas evoluiu. E acredito que vai continuar evoluindo.
PAULO:
(entortando a boca) Eu acho que não... Minha decisão
já está tomada. ISABEL:
(revirando os olhos) Covarde. Volta pra sua caverna então,
rei
da solidão. Ela
sai
de perto dele. Paulo franze as sobrancelhas e a observa
saindo. Ele
fica pensativo em seguida. A
cena muda para a pista. Um aluno está no meio dos demais,
fazendo movimentos e os outros imitando-o. Corta para
Cláudio e
Helen fazendo o mesmo. Eles se olham, felizes. A câmera se
movimenta, mostrando Amanda e David mais atrás, também
fazendo o mesmo. Se movimenta, mostrando Felipe com uma
garota, depois
se movimenta mostrando Nicole, Gustavo e Priscila juntos,
todos
aparentemente felizes. Muda para uma visão ampla do
salão. Após alguns segundos, a tela escurece. Abre
mostrando
os jovens dançando abraçados na pista. Corta
para Gustavo e Nicole dançando juntos. Música:
The
Moffatts - Love GUSTAVO:
Confessa... Foi muito melhor ter vindo, não foi? NICOLE:
(entortando a boca) Okay, vou
ter que dar
o braço a torcer. Foi melhor sim. GUSTAVO:
E minha
companhia? NICOLE:
Você sempre foi apaixonado por mim, ou isso é repentino? GUSTAVO:
Não comece a se sentir a rainha da cocada preta. Eu não
estou apaixonado por você. Mas tenho que admitir que sua
companhia não é ruim. NICOLE:
É, a sua companhia também não é ruim. Mas
vamos parar com esses elogios constrangedores. GUSTAVO:
Concordo, gosto mais quando apostamos. Eles
sorriem
um para o outro e depois colam seus rostos, continuando a
dançar. A câmera gira, parando em Cláudio e Helen.
Eles também dançam abraçados, com os olhos
fechados. Gira outra vez, parando em Felipe e Priscila em
uma das
mesas. FELIPE:
É impressão minha, ou nós dois somos os mais
solitários deste lugar? PRISCILA:
E
pensar que ano passado eu tive tantos convites que foi
difícil
acertar com apenas um. O que aconteceu com a gente? FELIPE:
(sorrindo) Acho que ficamos um pouco menos superficiais. PRISCILA:
(pensativa) É, eu amadureci bastante mesmo. FELIPE:
Eu
também. PRISCILA:
Não... FELIPE:
(rindo)
Não? PRISCILA:
(sorrindo) Não. FELIPE:
Tá bom, dona madura. Quer dançar? PRISCILA:
(levantando) Pensei que não fosse pedir. Eles
dão
as mãos e se dirigem até a pista. A
câmera gira até Cláudio e Helen que continuam
dançando abraçados. CLÁUDIO:
Já disse o quanto você está linda esta noite? HELEN:
(sorrindo) Na décima vez eu parei de contar. E talvez eu
comece
a me sentir estranha nos dias em que estarei com vestes
normais. CLÁUDIO:
(sorrindo) Para... Você é linda todos os dias. Até
quando está descabelada porque acabou de acordar. HELEN:
Eu
não acordo toda descabelada... CLÁUDIO:
(rindo)
Acorda... E não deixa de estar linda. HELEN:
Esses
mimos não podem parar aqui. CLÁUDIO:
Não vai, eu prometo. Eles
voltam
a se abraçar e fechar os olhos. A câmera gira
até Amanda e David que também dançam
abraçados. DAVID:
Obrigado por tornar nosso namoro público. Isso é muito
importante pra mim. AMANDA:
É o mínimo que eu poderia fazer por alguém que se
mudou por minha causa. David
sorri
e passa mão no rosto dela, em seguida eles começam
a se beijar. A música muda e Amanda afasta o rosto,
incomodada. Música:
Lifehouse - You
And Me DAVID:
O que
foi? AMANDA:
Essa
música... ROGER:
(em
off) Te traz boas lembranças? Amanda
se
vira. Close em Roger próximo a ela. ROGER:
(sorrindo) Foi a música que demos nosso primeiro beijo como
namorados. AMANDA:
Roger... ROGER:
Hei,
vamos sair daqui. Vamos pegar a estrada e ficar longe de Bom
Destino
por um tempo? Eu e você, numa grande aventura. Amanda
olha
para David e faz sinal com a cabeça para ele. Depois pega
no braço de Roger e ambos se afastam alguns metros. AMANDA:
Por
favor, Roger, pare com isso... Eu pensei que tinha sido bem
clara com
você à tarde. ROGER:
Mas
você me ama, eu sei que ama. Nós é que
temos uma história juntos, não aquele idiota. AMANDA:
Eu amo
o David. Roger
fica
boquiaberto e sem palavras por alguns segundos. Amanda o
olha com
pesar. AMANDA:
Eu
não queria te dizer isso... Mas eu preciso que você
desencane, siga em frente. Esqueça da gente... Por favor? Roger
não
responde. Amanda se vira e vai até David. Roger
permanece parado, inconformado. Ele passa as mãos nos
cabelos e
olha para o lado. Depois olha para Amanda e David juntos.
Roger respira
ofegante e começa a andar na direção deles. Corta
para Amanda e David abraçados. Roger aparece e segura firme no
braço de Amanda. AMANDA:
(falando alto) Hei! O que você pensa que está fazendo? ROGER:
(nervoso) Vem comigo! Ele
começa
a puxar Amanda pelo salão. Amanda tenta se soltar. AMANDA:
(tentando escapar) Roger, me solta! David
logo
se aproxima e empurra Roger, soltando Amanda. Roger o empurra também. ROGER:
(nervoso) Se manda daqui, imbecil! Volta pra sua praia e
deixa Bom
Destino em paz! DAVID:
Eu
não vou sair daqui e você vai ficar longe da minha
namorada. AMANDA:
Vá embora, Roger. Roger
e
David ficam de frente um com o outro. Roger fecha a cara e
acerta um
soco no rosto de David, que cai entre as pessoas. Amanda
empurra Roger. AMANDA: Idiota! Por que fez isso? David
levanta
e corre até Roger, derrubando-o no chão. Ele fica
por cima de Roger e começa a socá-lo várias vezes
no rosto. Alguns rapazes logo tiram David de cima de
Roger. Roger
levanta e tenta ir para cima de David, mas é segurado por
Cláudio e Felipe que aparecem. CLÁUDIO:
O que
está havendo? ROGER:
(furioso) Essa merda ambulante aí... Não era pra ele estar aqui! AMANDA:
O David
não fez nada, Cláudio. Só se defendeu desse louco
aí. ROGER:
O que
você disse? AMANDA:
(com voz firme) Você, seu louco...Eu tentei te explicar da melhor
maneira possível, mas parece que nada entra na sua
cabeça. O que tivemos acabou, definitivamente. Eu gosto dele,
não de você, e não há mais espaço
para nós. Entenda de uma vez por todas, não há
volta! Então, por favor, faça-me um favor e esquece que
eu existo! Eu te odeio neste momento! Roger
fica
sem reação, sentido. Seus olhos ficam bem abertos.
Amanda se vira e vai na direção de David. AMANDA:
(para
David) Você está bem? David
faz
que sim com a cabeça. Ela passa a mão no rosto dele.
Roger continua encarando-os. Cláudio coloca a mão no
ombro de Roger, conduzindo-o para fora. Lado
de
fora do salão. Cláudio e Roger passam pela porta e
vão para perto do estacionamento. CLÁUDIO:
O que
diabos deu em você pra agir
daquele
jeito? ROGER:
Eu
pensei que se insistisse, ela talvez... (abaixa a cabeça e
depois levanta, transtornado) Quer saber? Dane-se ela
também.
Ela que se reaproximou de mim. A culpa não é minha. CLÁUDIO:
Talvez
ela tenha se reaproximado com outra intenção. Você
que imaginou errado. ROGER:
E
aquele idiota? Cara, eu vou esperar ele sair e vou... CLÁUDIO:
(interrompendo) Você não vai fazer mais nada, Roger. Chega
por hoje. ROGER:
(olhando-o com seriedade) Espera um momento... É
impressão minha, ou você está contra mim? CLÁUDIO:
Você tem todo o direito de estar com raiva, mas não pode
descontar nos outros. Ela fez a escolha dela, respeite isso.
Assim como
você fez a sua meses atrás e
ela teve que respeitar. ROGER:
(inconformado) Não é possível que você
esteja mesmo defendendo aqueles dois... (passa a mão no
cabelo)
Inacreditável. CLÁUDIO:
Mas
você não pode obrigar ninguém a ficar com
você... Desencana, cara. ROGER:
Desencanar? (exaltado) Eu perdi
tudo,
Cláudio! Eu perdi meu irmão, minha mãe, meu pai
morreu pra mim... (se acalmando) Mas ela não, ela não vou
perder. Roger
balança
a cabeça, em negação.
Cláudio o olha por alguns segundos, perplexo. CLÁUDIO:
Oh meu
amigo, você não está nada bem... Talvez se... (para
de falar) Talvez... ROGER:
Vamos lá, completa... Talvez o quê? Que eu devo procurar
um psiquiatra ou quem sabe, me internar ao lado de minha mãe?
É isso que você ia dizer? CLÁUDIO:
Não era isso que eu ia dizer. ROGER:
Imagina... Eu entendi. Adeus, Cláudio.
Ele
se
vira e começa a andar. Cláudio o acompanha e tenta
segurá-lo. CLÁUDIO:
Roger,
espera. Roger
puxa
o braço, se vira e olha com ódio para
Cláudio. ROGER:
Se meu
melhor amigo está contra mim, achando que estou pirando,
não tenho mais nada pra fazer
nessa
merda de lugar. CLÁUDIO:
Eu
não estou contra você. Estou tentando te ajudar. ROGER:
(nervoso) Então pare de tentar, porque eu não preciso da
sua ajuda. Aliás, faça que nem a Amanda lá dentro
e esquece que eu existo. Porque eu vou tratar de esquecer
também. Roger
se
vira e volta a andar. Cláudio fica parado, observando o
amigo
se afastando. Ele abaixa o olhar, triste. Salão.
Cláudio
passeia entre as pessoas, cabisbaixo. Ao levantar a
cabeça, ele avista Helen alguns metros à frente. Ele
sorri de leve e vai até ela. Música:
Splender - I Think
God Can
Explain HELEN:
Hei...
Você está bem? Cláudio
acena
com a cabeça, demonstrando chateação. Helen
passa a mão no rosto dele, solidária. HELEN:
Eu sei
que você se preocupa com todos à sua volta. Mas deixa essa
noite apenas para você. Você merece um descanso depois de
ter se doado tanto por nós nos últimos meses. O Roger vai
ficar bem. Cláudio parece refletir por alguns segundos, enquanto Helen continia com a mão no rosto dele. Ele fecha os olhos, sentindo a mão dela e depois segunda nessa mão e beija de forma carinhosa.
CLÁUDIO: Quer saber? Você tem razão.
Lavo as minhas mãos. Tudo o que eu poderia ter feito, eu
fiz.
Chega de me preocupar com os outros por hoje. (segura a outra mão dela) Quero pensar apenas em nós dois... Vamos
dançar? Helen
sorri
e faz sinal de sim com a cabeça. Eles se dirigem
até a pista e param em determinado ponto. Se abraçam e
fecham os olhos. Isabel
está
encostada na mesa de sucos, observando os alunos. Paulo se
aproxima e se posiciona ao lado dela. Cont.
Splender - I Think
God Can
Explain PAULO:
Não vai ser fácil te dizer isso, mas eu vou tirar um
tempo para pensar melhor e adiar a decisão de sair. ISABEL:
(sorrindo) Eu sabia que no fundo minhas palavras tocariam
esse
coração bem escondido no seu peito. PAULO:
Não se dê tantos créditos. ISABEL:
Continue
negando...
Você dança? PAULO:
(rindo)
Eu? ISABEL:
(revirando os olhos) Claro que não, que pergunta besta a
minha. PAULO:
A
pergunta certa é... Você
dança? ISABEL:
(surpresa) Uau, será que estou conversando com um verdadeiro
pé de valsa aqui? Prove-me. PAULO:
(sorrindo) Tente me acompanhar. Ele
estende
a mão a ela, que sorri e segura na mão dele.
Ambos caminham até a pista e começam a dançar
abraçados. Isabel sorri para ele, que retribui. Casa
de
Arthur. Ainda ao som da mesma música, vemos Arthur
passeando
pela casa, desnorteado. Em sua mão direita há uma garrafa
de whisky. A câmera gira sobre ele, que leva a garrafa até
a boca e bebe em seguida. Um
flash
toma conta da tela, desfazendo em um jardim. Vera está
sentada em uma cadeira, distante. Arthur está ao seu lado,
com
os olhos cheios de lágrimas. O flash volta a tomar conta
da
tela, voltando para a sala. Arthur, nervoso, joga a
garrafa contra a
parede, que se choca e quebra. Ele se desloca até a escada
e
começa a subir. VERA:
(em
off) Se não fosse um covarde e não tivesse
travado na hora em que comecei a perder sangue, talvez meu
filho
estaria aqui comigo agora. Ele
continua
subindo. ROGER:
(em
off) Você acabou com a vida da minha mãe.
Você acabou com a nossa vida... E sua covardia, matou o
meu
irmão. Corta
para
um banheiro. Close no espelho. Arthur se aproxima e olha
atentamente para o seu reflexo. Após alguns segundos ele
abre o
armarinho e pega uma embalagem de plástico e fica olhando para o objeto. ROGER:
(em
off) A partir de hoje, você morreu pra mim. Arthur
tira
a tampa da embalagem e despeja vários comprimidos em sua
mão. Ele olha para eles, decidido. A tela escurece
lentamente. Abre
com
Helen e Cláudio na pista, dançando abraçados.
Após alguns segundos, Cláudio a olha de forma profunda.
Helen sorri para ele. Música:
Counting Crows
- Colorblind HELEN:
Tudo
bem? CLÁUDIO:
Existem
algumas noites na vida da gente que são regidas por
forças incontroláveis. Romance, destino. E se a gente
não agir, é provável que as coisas nunca mais
voltem a ser as mesmas depois. HELEN:
(sem
entender) Cláudio, do que você está falando? CLÁUDIO:
(após alguns segundos) Eu vou explicar demonstrando... Ele
aproxima
seu rosto e beija carinhosamente os lábios dela. Helen
fica receosa no começo, mas acaba cedendo. Ambos começam
a se beijar de forma bastante intensa. Segundos depois,
seus rostos se
afastam e Helen se mostra assustada. HELEN:
O que
foi isso? CLÁUDIO:
Eu
quero ficar com você, Helen. HELEN: Por quê? CLÁUDIO:
Eu sei
que você já se frustrou bastante e que eu não tenho
o direito de fazer isso agora. Mas é o que eu sinto. Há
tempos eu deixei de gostar de você apenas como minha melhor
amiga. Helen
fica
sem reação, apenas encarando Cláudio.
Cláudio abaixa o olhar e depois levanta. CLÁUDIO:
Eu sei
que posso ser um grande motivo de insegurança pra você...
Mas eu não faria isso se não tivesse certeza dos meus
sentimentos. HELEN:
(em
choque) Eu não sei o que dizer... CLÁUDIO:
As
coisas podem estar acontecendo rápido demais... Talvez
possamos
esperar um pouco mais, eu não sei. Mas o que eu sei é que
tudo está perfeito. Estar contigo, é perfeito. Helen
abaixa
a cabeça e encosta no ombro de Cláudio. Cláudio a
abraça forte e fecha os olhos. A câmera começa a
subir devagar, mostrando a cena numa visão aérea. A
imagem transparece para o carro de Roger em movimento.
Através
do vidro da frente, vemos Roger com a mão no volante. Ele
parece
desnorteado. Um clarão toma conta da tela, desfazendo com
Amanda
e Roger no quarto. Cont.
Counting Crows
- Colorblind ROGER:
(olhando para a janela)
Você me traiu com ele? AMANDA:
Num dia
em que eu estava me despedindo para voltar ao hotel, ele me
beijou...
(treme os lábios) E eu correspondi. Outro
flash
toma conta da tela. Um pequeno caixão começa a
descer. Vera desaba a chorar. Arthur com dor, a abraça,
tentando
ser forte. Outro
flash
toma conta da tela. Livia e
Roger
estão no quarto dele. LIVIA: (com os lábios tremendo) Eu levei em consideração seu estado atual, então nem reclamei e fiz-me de desentendida. Fiquei sabendo que vocês andam se encontrando e também fechei os olhos pra isso... (deixando as lágrimas escorrerem) Mas esse é o meu limite. A última coisa que eu preciso, é perder o respeito próprio. ROGER:
Por favor... Não
vá embora assim, magoada comigo. LIVIA:
(após alguns
segundos, sem olhá-lo) Adeus, Roger. Outro
flash
toma conta da tela. Roger e Clarice estão na porta da casa
de Livia. CLARICE: ... Você tem noção do mal que fez à minha filha? Do quanto ela sofreu a semana inteira, a ponto de sequer sair de casa? Eu sei que você passou por coisas muito ruins ultimamente, mas eu te peço, não inclua mais a Livia em seus problemas. Quando ela voltar, deixa-a em paz. Outro
flash
toma conta da tela. Arthur e Roger estão do lado de fora
da casa. ROGER:
(agressivo) Não
me chame mais de filho! ARTHUR:
Isso vai curar sua
mãe. ROGER:
Não! O que ia
curar minha mãe seria o amor, o carinho, a
dedicação que nós daríamos a ela. Outro
flash
toma conta da tela. Roger e Amanda discutem no baile. AMANDA:
... O que tivemos acabou, definitivamente. Eu gosto dele, não de
você, e não há mais espaço para nós.
Entenda de uma vez por todas, não há volta! Então,
por favor, faça-me um favor e esquece que eu existo! Eu te odeio
neste momento! Outro
flash
toma conta da tela. Cláudio e Roger estão do lado
de fora do salão. CLÁUDIO:
(após alguns segundos) Oh meu amigo, você não
está nada bem... Talvez se... (para de falar) Talvez... ROGER:
Vamos
lá, completa... Talvez o quê? Que eu devo procurar um psiquiatra ou quem sabe, me internar ao lado de minha mãe?
É isso que você ia dizer? Outro
flash
toma conta da tela, dessa vez voltando para Roger no
volante. Ele
fecha os olhos e lágrimas começam a escorrer. De longe
é possível ouvir uma buzina insistente. Roger fecha a
cara, mostrando uma expressão de fúria. A imagem desce,
mostrando sua perna que faz o movimento de pisar fundo no
acelerador. Corta
para
uma visão aérea do lado de fora. O carro transita na
contramão de uma longa avenida. Uma Van vem na sua
direção, buzinando sem parar. Close em Roger segurando
firme no volante, ainda mais enraivecido. Volta
para
a vista aérea da cena. Os dois veículos se
aproximam. Quando estão prestes a se chocar, a Van freia
bruscamente e o carro de Roger desvia para a sua mão,
derrapando
e se chocando contra um muro. Imediatamente
a
tela fica branca e não se ouve mais som. Abre mostrando o
carro capotando quatro vezes até parar virado para baixo.
Silêncio perturbador. Close no carro totalmente destruído.
Salão.
Cláudio
e Helen continuam abraçados ao som da mesma
música que tocava antes. Cláudio levanta a cabeça
imediatamente. Cont.
Counting Crows
- Colorblind HELEN:
O que
foi, Cláudio? CLÁUDIO:
(pensativo) Nada... Nada não. HELEN:
(após alguns segundos) Eu quero também... (morde os
lábios) Eu quero ficar com você. Cláudio
esboça
um largo sorriso. Helen retribui. Eles aproximam seus
lábios e fecham os olhos. LARISSA:
(em
off) Me concede a honra desta dança? Rapidamente
Cláudio
e Helen afastam seus rostos e olham para o lado. A
câmera se movimenta mostrando Larissa bem próxima. Ela
está sorrindo. Cláudio e Helen se olham e depois voltam a
olhar para Larissa. A câmera dá um close no rosto de
Helen, depois no de Larissa e por fim no de Cláudio. O
som aumenta e a imagem sobe ao mesmo tempo em que começa a
transparecer e mudar de cena. Ao
som
da mesma música, a câmera passeia pelo chão da estrada,
mostrando vários cacos de vidros espalhados. Continua
passeando
até chegar no carro de Roger totalmente destruído. Corta
para a parte de frente, onde vemos Roger desacordado e com
o rosto
ensanguentado. CLÁUDIO:
(em off) Às
vezes
toda a perspectiva de um caminho desaparece. É preciso uma
esperança profunda, sem limites... Uma esperança que
nunca desvanece. Corta
para
a traseira do carro. Uma chama começa a acender. Volta
para
a imagem de Roger desacordado. Após alguns instantes a
tela
escurece lentamente.
CRÉDITOS
FINAIS: CRIADO
E
ESCRITO POR: Thiago
Monteiro PARTICIPAÇÕES
ESPECIAIS Jesse McCartney como David Heather
Tom
como Marcia Amy
Yasbeck como Isabel Michael
Strusievici
como Lucas Emma Roberts como
Larissa MÚSICA TEMA Switchfoot - Meant To Live TRILHA SONORA Train - When I Look To The Sky Switchfoot & Jars
of Clay - Let That Be Enough Goo Goo Dolls -
Sympathy Ingrid
Michaelson - Everybody Dishwalla - Somewhere
In The Middle Hot Hot Heat -
Goodnight Goodnight Fall Out Boy - Little Less Sixteen Candles, A
Little More
Touch Me, A The All-American Rejects - Dirty Little Secret The Moffatts - Love Lifehouse - You And Me Splender - I Think
God Can Explain Counting
Crows
- Colorblind Trecho
extraído
de um texto de
Amilton
Menezes
na última frase em off de Cláudio. |