Abre
mostrando
o céu estrelado. A câmera desce e podemos ver a
fachada da casa de Amanda. Livia
está de frente para a porta. ::.
“A Bad Dream” - Keane CLÁUDIO:
(em off) É
quando mergulhamos nas profundezas do nosso ser, dispostos a enfrentar
as tempestades interiores, e nos entregamos ao sacrifício por
amor, que descobrimos o verdadeiro significado desse sentimento. Ele
transcende as aparências e se fortalece nos momentos mais
desafiadores. A
porta abre e Amanda aparece do lado de dentro. Ela franze
as
sobrancelhas, surpresa. LIVIA:
Podemos conversar? AMANDA:
(surpresa) O que faz
aqui? LIVIA:
Posso entrar? Amanda
parece
receosa e encara Livia por
alguns
segundos. Depois ela abre a porta por completo e Livia
acena com a cabeça, entrando. A cena muda para a parte de
dentro. Livia está parada no
meio
da sala, perto do sofá. Amanda está alguns metros dali,
encarando-a. LIVIA:
(se aproximando) Eu
sempre soube que você é uma vagabunda... Mas com alto
índice de insensibilidade, isso eu confesso que me
surpreendeu
um pouco. AMANDA: Pra isso que você veio aqui? Me ofender? Pega a senha. LIVIA:
Um mês que ele
está preso naquele maldito hospital e mesmo sabendo o que
ele
sente por você, ainda assim não fez questão nenhuma
de visitá-lo, mesmo que por dois minutos... Por quê? AMANDA:
(balançando a
cabeça, em negação) Vá embora, Livia...
Você não sabe de nada. LIVIA:
Quer saber o que eu sei? Sei que o Roger está mal, muito mal, e
nesse momento precisa de todo apoio possível. Sei o que ele
sente por você e também sei que tem parte da culpa pelo
que aconteceu com ele. Mas mesmo sabendo disso tudo, eu não
esperava que você agisse com tamanha indiferença e
desprezo, ignorando o que ele está passando. AMANDA:
(com os olhos brilhando) Se eu tenho mesmo parte da culpa por ele estar
naquele maldito lugar, o que faz aqui? Deveria agradecer por eu
ter me afastado. LIVIA:
Seria mesmo, muito
melhor ver o Roger longe de você... E não é
fácil para eu estar aqui... Eu queria que você sumisse de
vez, Amanda. Mas acontece que mesmo com todos os seus
defeitos, ele
precisa de você. AMANDA:
(com os lábios
tremendo) Por que ele precisa de mim? LIVIA:
Porque ele precisa
sentir o calor das pessoas que ele mais ama... (se segura
para
não chorar) E quem sabe sua presença o estimule a voltar
mais rápido. (breve pausa) Não
é fácil te dizer algo assim. No meu íntimo, eu
queria ser a pessoa que ele tivesse lutado, brigado,
amado... Mas mesmo
depois de tudo o que você fez, ele ainda te escolheu... E eu
o
amo muito pra deixar qualquer ato egoísta, atrapalhe sua
recuperação. AMANDA:
(segurando o choro) Eu
não posso... LIVIA:
(indignada) Por
quê? Por que se nega tanto a vê-lo? AMANDA:
(caindo em
lágrimas) Eu não posso porque não teria coragem de
olhar para ele daquele jeito, e não sentir vontade de me
matar
por causa disso. Ela
senta
no sofá e chora.. Livia
apenas a encara com certa expressão de pena. AMANDA:
(se acalmando) Todos os
dias eu me cobro pelo que fiz... Pelas duras palavras que
disse a ele
naquela noite. Eu não consigo sair de casa, não consigo
encarar as pessoas que presenciaram nossa discussão. Eu
não consigo sequer me encarar no espelho... E como vou
conseguir
encará-lo? Como vou conseguir olhar para os pais dele? Ela
passa
as mãos na cabeça e coloca as mãos sobre o
rosto, caindo no choro outra vez. Livia
se
aproxima devagar e senta ao lado dela. LIVIA:
Ficar se remoendo, com
vontade de sumir do planeta, não fará diferença
alguma... Levanta e faça alguma coisa, nem que seja apenas
para
mostrar solidariedade. Não deixe que essa culpa toda que
está sentindo agora, se torne ainda maior. Amanda
levanta
o rosto e enxuga as lágrimas. Ela olha para Livia.
AMANDA:
Eu sinto tanto, tanto...
Eu não queria que nada disso tivesse acontecido.
LIVIA:
Ninguém queria...
Mas aconteceu. Então foque-se em mudar o que vai acontecer.
Amanda
concorda com a cabeça, soluçando. Livia toca a perna
dela, levanta e depois sai. A câmera permanece focando em Amanda.
Ela olha para a frente, pensativa. CLÁUDIO:
(em off) A
principal e grave punição para quem cometeu uma culpa,
é sentir-se culpado, carregar o fardo das escolhas que nos
assombram até decidirmos enfrentá-las de frente.
Abre
mostrando
o sol nascendo. Em seguida corta para alguns takes
da cidade até parar na frente do
colégio Esplendor. Vários alunos transitam pelo gramado
indo na direção do portão. ::.
“Forget It” - Breaking
Benjamin Sala
de
Aula. Cláudio aparece na porta e entra. Ele passeia por
uma
fileira até parar no meio. A câmera se movimenta,
mostrando a última mesa vazia. Close no rosto de Cláudio
que parece abatido. Ele abaixa a cabeça e volta a
caminhar,
sentando na penúltima mesa. Ele olha para a frente e
avista Livia em pé no meio da
outra fileira,
olhando tristemente para a mesma mesa vazia. Os olhares
dela a e de
Cláudio se encontram. Eles sorriem levemente um para
outro. Livia se aproxima e
senta na mesa ao lado de
Cláudio. Outra
sala.
A câmera segue Amanda caminhando até o fundo da sala
e sentando na última mesa. Ela coloca o fichário em cima
da mesa, mas acaba derrubando-o. Ela se inclina para o
lado para pegar
o fichário. Uma mão pega o fichário antes da dela.
A imagem sobe, mostrando se tratar de Larissa na mesa ao
lado. Ela
coloca o fichário em cima da mesa de Amanda e sorri.
Amanda
retribui com um aceno com a cabeça e olha para a frente. ::.
“Forget It” - Breaking
Benjamin (cont.) LARISSA:
Quem diria que
voltaríamos para a mesma sala? Amanda
não
responde e começa a escrever em uma folha. Larissa a
olha por alguns segundos. LARISSA:
Como você
está? Fiquei preocupada com seu sumiço. Amanda
continua
ignorando-a. Larissa balança a cabeça,
impaciente. Ela se inclina e tira a caneta da mão da
amiga.
Amanda lança um olhar furioso a ela. AMANDA:
(nervosa) Hei! LARISSA:
Até quando
você vai me ignorar? AMANDA:
Sei lá... Pra
sempre? LARISSA:
Eu sei que você
está chateada comigo, e entendo que esteja. Mas não
podemos passar uma borracha em cima de tudo? Hei, somo nós,
melhores amigas... A irmã que você nunca teve apesar de
ter. (sorri). AMANDA:
Melhores amigas?
Irmãs? Nem amigas nós somos mais, Larissa. Que tipo de
amiga muda de cidade e não retorna os telefonemas da outra?
Tem
noção do quanto eu precisei de você enquanto se
divertia em sua nova vida? LARISSA:
Eu sei... É tudo
culpa minha. Mas estou aqui tentando consertar as coisas. AMANDA:
(rindo) Besteira... (para de rir) Você não está
aqui tentando consertar as coisas. Você quer é sua vida de
volta... Está mais do que óbvio que você se
decepcionou por lá, viu que não podia contar com
ninguém, se sentiu sozinha, e resolveu voltar para onde era
centro das atenções... Mas vou te dizer uma coisa...
Não pense que ter voltado para a cidade fará as coisas
entre nós voltarem a ser como antes... Não, não
irão. Ela
volta
a escrever na folha. Larissa se vira para a frente e cruza
os
braços, bufando em seguida. Após alguns segundos Amanda
se vira para ela novamente. AMANDA:
E não vai
pensando que vai roubar o Cláudio da Helen, pois você
não o merece. E se depender de mim, minha melhor amiga
é que vai ficar com o coração dele. LARISSA:
Vocês são
melhores amigas agora? Ótimo. Amanda
a
olha em tom ameaçador. Larissa entorta a boca e volta a
fixar
o olhar para a frente. Outra
sala.
Helen está sentada na fileira do meio. Ela parece prestar
atenção no que o professor escreve na lousa. Corta para o
seu braço, onde vemos um lápis cutucando-a. Helen entorta
a boca. ::.
“Forget It” - Breaking
Benjamin (cont.) HELEN:
Tem dever na lousa. A
câmera se movimenta mostrando Gustavo na mesa ao lado. Ele
está sorrindo. GUSTAVO:
Eu tenho um ritual de
não fazer nada no primeiro dia de retorno. HELEN:
Você tem um ritual
de não fazer nada o ano inteiro. GUSTAVO:
E não é
engraçado que mesmo assim meu boletim é melhor que o seu? HELEN:
Era melhor... Agora eu
voltei a levar a sério. GUSTAVO:
(sorrido) Aí
é que tá... Pra você obter notas razoáveis,
precisa levar a sério. Já eu, não. HELEN:
(erguendo as
sobrancelhas) Bom pra você. Agora me deixa voltar a me
concentrar. GUSTAVO:
Para... Não tem
nada de relevante na lousa e sua mente está em outro lugar.
Do
contrário estaria copiando e não parada olhando o
professor escrever. HELEN:
(respirando fundo) O que
você quer? GUSTAVO:
(sorrindo) Quero saber
como andam as coisas... Faz tempo que a gente não tem um
papo
legal. HELEN:
Se não ficasse
atrás da Nicole pra cima e para baixo que nem um cãozinho
carente, talvez a gente tivesse mais tempo de conversar. GUSTAVO:
Eu não fico
atrás da Nicole que nem um “au,
au”, fala sério! E
você também tem culpa no cartório, já que
também ficou as férias inteiras atrás do
Cláudio. HELEN:
Pois é...
E neste caso admito que fui meio trouxa mesmo. GUSTAVO:
As coisas não
andam nada bem entre vocês, presumo? HELEN:
Nossa! Chegou a essa
conclusão sozinho? GUSTAVO:
(sorrindo) Estava
sentindo falta do sarcasmo... Mas relaxa, a princesinha de
Bom Destino
voltou com a bola meio murcha. Não vai ser tão
fácil assim perdê-lo para ela. HELEN:
Nem é bem isso
que estou preocupada... Mas quer saber? Eu acho que não
tenho
sorte para essas coisas de relacionamentos. GUSTAVO:
Não fala assim,
leite condensado... Você é criança ainda... Se
não for com ele, até o final do ano você se acerta
com outro jogador. HELEN:
(olhando cinicamente)
Muito engraçado... Lembra da última vez que me chamou de
Maria chuteira? GUSTAVO:
(rindo) Lembro... (para
de rir) E doeu muito meu braço... Mas falando sério... Se o banana escolher ficar com a Miss
Esplendor ao invés de você, provará que é o
cara mais burro do planeta, e que você, meu pedacinho de
céu, merece alguém muito, mas muito melhor que ele. HELEN:
(sorrindo timidamente)
Obrigada, Gu. Você sabe como me colocar para cima. GUSTAVO:
Mas você
também precisa partir para o ataque. HELEN:
Partir para o ataque? GUSTAVO:
Claro! O que você
aprendeu na sua época de rebeldia? Ser mais ousada. Então
coloque isso em prática. Não fique se lamentando e corra
atrás do que quer. Assim como eu estou fazendo. HELEN:
(sorrindo) No seu caso a
palavra certa seria gado. GUSTAVO:
(sorrindo ironicamente)
Muito engraçado... Mas é sério, coloque-o na
parede. Chega nela também e diz assim...
Escuta aqui ô sua biscate, o
bofe
é meu e você não vai roubá-lo de mim! Helen
começa
a rir. Gustavo sorri, satisfeito. GUSTAVO:
Mandei bem, não
foi? HELEN:
Muito bem... E sabe o
que foi melhor? Você não ter tido noção do
tom dessa última frase. Gustavo
franze
as sobrancelhas. A câmera abre, mostrando a classe inteira
olhando para ele, inclusive o professor. PROFESSOR:
Sua opção
sexual não me interessa, jovem... Mas se continuar
atrapalhando
minha aula, você vai dar “piti”
lá na diretoria. Entendeu? A
classe toda começa a rir. Gustavo balança a
cabeça, em negação. GAROTO:
(em off) Hei, Gu... Não
conhecia esse seu lado
“mulher fatal”. GUSTAVO:
(virando-se para o
rapaz) Você pegou um texto isolado, ô idiota... Eu estava
dando um exemplo a ela... (olhada geral) Todos vocês são
idiotas. Hospital.
Vera
está em uma sala, sentada em uma poltrona. Silvia aparece
segurando uma xícara. Ela entrega a xícara para Vera e
senta no sofá ao lado, ficando de frente para ela. ::.
“Suffering” - Satchel VERA:
(pegando a
xícara) Obrigada. SILVIA:
Apesar das
circunstâncias, estou feliz que esteja de volta... (toca a
perna
da amiga) Como você está? VERA:
A dor do último
mês, é uma dor que não vai sarar... Mas meu
primogênito precisa de mim. E é por ele que eu vou
levantar a cabeça e seguir em frente. SILVIA:
Eu queria que soubesse
que eu quis te visitar na clínica, mas não sabia se era o
momento certo. VERA:
(sorrindo levemente)
Não se preocupe com isso... Do jeito que eu estava, era bem
capaz de eu nem te reconhecer. Aliás, talvez até te
convidaria para pegar o travesseiro no colo um pouco. SILVIA:
(sem jeito) Sobre
isso... VERA:
(interrompendo)
Não, eu não tenho mais alucinações com o Cayro.
Agora eu sei que ele permanece vivo, mas
aqui. Ela
coloca
a mão no coração e fecha os olhos. Silvia
sorri emocionada e depois segura a mão da amiga. Um
bar. Lucio e Arthur estão sentados de frente para o
balcão, conversando descontraidamente. Há dois copos pela
metade, mas sem que possamos distinguir a bebida. Abre
mostrando
Paulo na sua mesa, sentado e folheando uma revista.
Ouve-se
duas batidas na porta. PAULO:
Entra. A
porta abre e Cláudio aparece. CLÁUDIO:
O senhor queria falar
comigo? PAULO:
Sente-se, por favor. Cláudio
fecha
a porta e vai até a cadeira da frente, sentando. Paulo o
observa por alguns segundos. Cláudio franze a testa,
confuso. CLÁUDIO:
Fiz alguma coisa errada? PAULO:
Você sabe que eu
não sou de rodeios, então vou direto ao assunto... Quero
você de volta no time. CLÁUDIO:
(surpreso) Está
falando sério? PAULO:
O time está
desfalcado desde a sua saída e a de seu primo. Parece que
pelo
novo regulamento, não podemos inscrever mais ninguém
depois de dois jogos, e sinceramente, fazer testes agora é
perda
de tempo. Precisamos de você. CLÁUDIO:
Então precisa de
mim porque o time está desfalcado? Mais precisamente porque
tá sobrando espaço no banco? PAULO:
Preciso de você
porque é bom jogador. Cláudio
fica
sem reação, completamente surpreso. PAULO:
Indisciplinado, é
fato... Mas ainda assim, bom jogador. Esse mês que ficamos
parados, me fez rever um pouco certos conceitos e refletir
melhor sobre
certas coisas, como por exemplo, sua exclusão permanente no
time. CLÁUDIO:
(indeciso) Eu não
sei... Ouça, eu agradeço a segunda chance, mas naquela
época eu já não estava com a cabeça no jogo
e agora muito menos. Vocês ficarem desfalcados ainda é melhor
do que me ter no time. PAULO:
A decisão é sua... Mas vou compartilhar uma
experiência pessoal com você. Às vezes, direcionar a
mente para outras atividades pode ser uma terapia eficiente. É
como se você se transportasse para outro mundo por um instante, e
nesse momento consegue esquecer temporariamente dos problemas. E
acredite em mim, não há melhor refúgio do que
estar aqui, na quadra, com a bola rolando. Então, sugiro que
pense bem sobre o assunto e, caso decida se dar uma nova chance, esteja
presente no treino amanhã à tarde. CLÁUDIO:
(sorrindo) Obrigado, treinador... Prometo que vou pensar no assunto. Paulo
acena
com a cabeça. Cláudio levanta e vai até a
porta, abrindo-a. Antes de sair ele se vira novamente para Paulo. CLÁUDIO:
Treinador... Lamento por
sua perda. PAULO:
(após alguns
segundos) Obrigado. Ginásio.
Cláudio
caminha pelo corredor, indo na direção da
porta. LARISSA:
(em off) Essa quadra
não te traz boas lembranças? Cláudio
para
e olha para cima. Close em Larissa sentada na última
fileira da arquibancada. CLÁUDIO:
Um treinador morreu
nessa quadra e eu saí no soco com meu primo... Não,
não me traz boas lembranças. LARISSA:
(levantando e descendo)
Refiro-me a nós dois. CLÁUDIO:
Também
não... Aqui você me ignorou a vida inteira e vira e mexe
se esfregava com o Léo na minha frente. LARISSA:
Meu Deus, como
você está mal-humorado... Custa ser um pouquinho
simpático? CLÁUDIO:
Pra você, sim...
Me deixa em paz, Larissa. Ele
volta
a caminhar. Larissa o acompanha. LARISSA:
Vai na fogueira hoje
à noite? Eu ajudei a organizar. CLÁUDIO:
O que você acha? LARISSA:
Vamos fazer o
seguinte... Se você for na fogueira hoje à noite, eu
prometo te deixar um pouquinho em paz. Caso contrário, eu
grudarei
em você que nem carrapato. CLÁUDIO:
(sorrindo) E não
é o que já está fazendo? LARISSA:
(sorrindo) Ainda
não explorei todas as minhas especialidades de stalker
e posso te garantir que tem muito mais
escondido... O que diz? Uma noite apenas. Eles
param
em determinado ponto do lado de fora do ginásio.
Cláudio fica pensativo. Larissa insiste com o olhar. CLÁUDIO:
Promete me deixar em paz
depois? LARISSA:
(dando os ombros) Se
você conseguir ficar muito tempo longe de mim, prometo. CLÁUDIO:
Mas não é
um encontro. LARISSA:
(sorrindo) Não
é um encontro. Cláudio
entorta
a boca e segundo depois sai. Larissa permanece parada,
sorrindo
de forma vitoriosa. Quarto
de
Amanda. Ela está sentada de frente para o espelho, se
penteando. A câmera abre, mostrando Helen sentada na cama.
::.
“Love
Story” - Katharine McPhee HELEN:
Fiquei tão feliz
por você ter me ligado. AMANDA:
Não
desconversa... Você entendeu o que eu disse? HELEN:
(revirando os olhos)
Entendi, a Larissa está atrás do Cláudio... Mas o
que eu posso fazer? AMANDA:
(virando-se para Helen)
O que você pode fazer? Que tal deixar de ser pacífica e
entrar na briga pelo garoto? HELEN:
Ouça, se o
Cláudio quer fazer leilão pelo coração
dele, que fique com ela de vez. E pelo que me consta, depois
de nossa
última conversa, acho difícil ele querer alguma coisa
comigo nesse momento. AMANDA:
Helen, deixa de ser
pessimista no que diz respeito ao seu coração. HELEN:
E eu não tenho
motivos pra ser? Cite um relacionamento meu que durou seis
meses pelo
menos? AMANDA:
Talvez você tenha
sido um pouquinho azarada em suas duas primeiras
tentativas... Mas
diferente dos outros dois, o Cláudio está aqui e
não vai embora... Bom, pelo menos até a faculdade. HELEN:
(sorrindo) Que bom que
você já está quase normal. AMANDA:
(irritada) Helen, já disse, não desconversa! Vai mesmo
permitir que a Larissa, que só está aqui porque
provavelmente levou um belo de um chute na capital, venha e roube o
Cláudio de você? HELEN:
Se ele ainda
mantém sentimentos por ela, não seria roubo. AMANDA:
(bufando) Brr, desisto!
HELEN:
(rindo) Estou brincando,
sua boba... Okay, diga-me
exatamente o que
eu devo fazer. AMANDA:
(sorrindo) Agora sim
estamos na mesma sintonia. Amanda
se
aproxima e senta na cama ao lado dela. Ela começa a
dialogar,
mas o som aumenta e encobre o que ela diz. Helen balança a
cabeça, atenta ao que a amiga está dizendo. A
imagem transparece para o céu escuro. A câmera desce
mostrando um campo aberto. Vários jovens estão no local.
Close em um carro com o porta-malas aberto, mostrando
potentes caixas
de sons. No centro é possível ver várias madeiras
onde a fogueira será acesa. A imagem se movimenta até
Felipe e Priscila que caminham conversando. Felipe segura
um copo
plástico. ::.
“Love Story” - Katharine McPhee (cont.) PRISCILA:
Quem inventou esse
evento? Não me lembro de ter alguma fogueira nos anos
anteriores. FELIPE:
Parece que é
ideia da Larissa. Deve ter tirado de alguma dessas séries
que
passam na TV. PRISCILA:
(sorrindo) Óbvio
que a patricinha precisava de alguma coisa para voltar a ser
o centro
das atenções. FELIPE:
(sorrindo) Está
com inveja? PRISICLA:
Eu? Da Larissa? Olha pra
mim Felipe, sou mais eu. FELIPE:
(sorrindo) Eu
também sou mais você. Eles
param
e se olham por alguns segundos. Depois olham para os
lados,
constrangidos. PRISCILA:
Como estão suas
notas? Será que finalmente você se formar este ano? FELIPE:
Boas... PRISCILA:
(desconfiada) Felipe? FELIPE:
Mais ou menos... Eu sou
péssimo na arte de estudar. PRISCILA:
E ótimo na arte
de vagabundar, eu sei. Pelo jeito ano que vem a gente pode
cair na
mesma sala então? FELIPE:
Deus me livre! Eu
não posso repetir outra vez. Se isso acontecer meus pais me
deserdam. O problema é que esse semestre é o mais
difícil. PRISCILA:
Eu posso te ajudar a
estudar se quiser. Posso te ensinar. FELIPE:
(rindo) Me ensinar?
Não me leva a mal, Pri, mas
você está no segundo ano. PRISCILA:
Mas com uma mente de
universitária. Apesar da aparência superficial, eu sou uma
das mais inteligentes do colégio. Até pensei em me formar
mais cedo, mas não quis perder a farra. FELIPE:
(pensativo) Não
vai me bater com a régua, vai? PRISCILA:
(sorrindo) Só se
você desobedecer. Eles
riem
e voltam a andar. A câmera se movimenta até Larissa
que caminha sorridente. Ela para perto de um rapaz e
gesticula algo
para ele, voltando a andar em seguida, sorrindo ainda
mais ao ver
Cláudio logo à frente. LARISSA:
(se aproximando, feliz)
Você veio mesmo! CLÁUDIO:
(sorrindo) Bom, com a
proposta tentadora de você me deixar em paz, não poderia
deixar de vir. LARISSA:
(sorrindo) Sei, fala que
tentador de verdade não é estar comigo agora? CLÁUDIO:
(mudando de assunto)
Está legal aqui. A fogueira... LARISSA:
Uhum...
Quer beber alguma coisa? Cláudio
concorda
com a cabeça. A câmera gira até Helen e
Gustavo que caminham entre as pessoas. HELEN:
Por que me arrastou
até aqui, Gustavo? Sabe muito bem que foi a Larissa que
organizou. GUSTAVO:
Fontes muito seguras
afirmam que o Cláudio aceitou o convite da Miss e estará
aqui hoje. Seja lá o que você combinou com a Amanda, a
noite é esta! HELEN:
Não tenho certeza
se estou preparada. GUSTAVO:
Hei, sem arregar... Você quer
beber primeiro?
Talvez um pouco bêbada te deixe mais solta. Helen
o
olha com o canto dos olhos. Gustavo ri. GUSTAVO:
(rindo) Estou
brincando... Já passamos dessa fase... Vamos. Corta
para
uma porta abrindo e David aparecendo. Ele expressa
surpresa e
sorri em seguida. A câmera gira mostrando Amanda parada do
lado
de fora. AMANDA:
Posso entrar? DAVID:
(feliz) Mas é
claro, meu amor. Ele
abre
a porta por completo. Amanda entra. A cena muda para a
parte de
dentro. Amanda se aproxima da cama. David permanece perto
da porta que
já está fechada. ::.
“What About
Now (Acoustic)”
-
Daughtry DAVID:
Você está
bem? Não faz ideia do quanto estou feliz em te ver. Senti
tantas
saudades. Ele
se
aproxima para abraçá-la, mas Amanda coloca a
mão no peito dele, barrando-o. David dá um passo para
trás. AMANDA:
Eu não vim aqui
pra gente se acertar, David. DAVID:
(confuso) Não? AMANDA:
(respirando fundo) Vim
porque precisava colocar um ponto final nesse
relacionamento. Close
no
rosto de David que desfaz a expressão alegre. Um breve
silêncio toma os dois. DAVID:
Por quê? Eu pensei
que a gente... E-eu pensei
quê... AMANDA:
David, no fundo
você sabia que eu faria isso... Eu fiquei um mês sem sair
de casa... Um mês sem ver meus amigos. Mas de todos que eu
me
afastei, de quem eu mais queria distância, era você. DAVID:
Eu sei que você
está abalada pelo que aconteceu com o Roger e se culpa por
isso... Me culpa especialmente... Mas qual é, Amanda...
Nenhum
de nós teve culpa no que aconteceu. AMANDA:
Eu o traí, eu
trouxe você pra cá, disse tantas barbaridades a ele...
Como dizer que não somos culpados de alguma coisa? DAVID:
(após alguns
segundos) Mas e aquele lance forte a gente sentia um pelo
outro? AMANDA:
Foi algo passageiro...
Sentir que eu podia perder o Roger para sempre, me fez
perceber o
quanto ainda é forte o que sinto por ele. E do quanto eu me
arrependo de ter destruído a imagem que ele tinha de mim. David
abaixa
a cabeça, entristecido. Os olhos de Amanda começam
a brilhar. AMANDA:
Mas agora eu quero
passar o maior tempo possível ao lado dele, esperando que
ele se
recupere... E nesse tempo, não posso me distrair com outras
coisas... Especialmente você. DAVID:
(se segurando para
não chorar) Então é isso? Acabou? AMANDA:
Acabou. Eles
se
encaram por alguns segundos. Amanda abaixa a cabeça e se
desloca para sair. Ao passar por David, ele segura o braço
dela. DAVID:
(com voz chorosa) O que
eu faço agora? AMANDA:
(com pesar) Eu
não sei... Volta para a sua cidade, ou fique aqui... Mas eu
gostaria muito que não me procurasse mais. David
solta
o braço de Amanda. Ela abre e porta e sai. David fica
parado, sem reação. Segundos depois, ele vai devagar
até a cama e se senta. Seus olhos se enchem de lágrimas.
A câmera começa a se afastar devagar, ao mesmo tempo em
que a tela vai escurecendo. Abre
no
campo. Helen avista Cláudio sozinho e ameaça ir
até ele, mas para, demostrando falta de coragem. Segundos
depois
ela esboça a mesma reação, mas é
interrompida por Larissa que aparece atrás dela. ::.
“So Small”
- Carrie Underwood LARISSA:
Não vai dar em
nada você ir até ele. Helen
para
e se vira, ficando de frente para Larissa. LARISSA:
Ouça, Helen... Eu
não tenho nada contra você, e até comecei a me
simpatizar com a sua pessoa antes de me mudar. Mas não tente
competir comigo, especialmente no que diz respeito ao
coração do Cláudio. HELEN:
E desde quando existe
uma placa de “Propriedade da Larissa” pregada nele? LARISSA:
Desde que ele é
apaixonado por mim desde criança. E isso não some em
poucos meses... Querendo ou não, estou em plena vantagem
aqui. HELEN:
Mas antes de você
reaparecer, ele havia dito que queria ficar comigo. LARISSA:
Escutou bem o que
você disse? Antes de eu reaparecer... Quando ele pensava que
a
gente não ia mais se ver. Claro que ele ia tentar seguir em
frente. Mas acontece que eu estou de volta, e as coisas
mudaram agora.
Por mais chateado que ele ainda deve estar, no final, ele
vai voltar
pra mim. Helen
fica
sem ter o que dizer, expressando abatimento. Larissa a
olha com
pesar. LARISSA:
Você tem todo o direito de tentar... Vá em frente, tente.
Mas vai ser de cortar o coração quando ele te disser a
mesma coisa que disse à Priscila quando terminou com ela para
ficar comigo... Na verdade, algo próximo também de quando
ele te trocou para ir ao baile comigo no ano passado. Eu tenho todo um
histórico a meu favor, e você sabe muito bem.
Ela
sorri
e sai. Helen morde os lábios e abaixa a cabeça.
Depois levanta o olhar na direção em que Cláudio
está e fica pensativa. Cláudio,
Felipe
e Gustavo conversam encostados em um carro. ::.
“So Small”
- Carrie Underwood
(cont.) FELIPE:
Isso é
ótimo! Volta sim para o time, cara. GUSTAVO:
Ainda mais agora que
sobrou uma vaga de titular, você não vai mais precisar ficar se
humilhando, tentando roubar a vaga do craque aqui. Ele
sorri
e aponta para si. Cláudio ri e balança a
cabeça. FELIPE:
Mas é
sério... O time precisa de você, e tenho certeza que o
Roger ficaria feliz em saber que você voltou a jogar. GUSTAVO:
E em breve ele vai
demonstrar essa felicidade aí, torcendo por você lá
da arquibancada. CLÁUDIO:
(reflexivo) Eu vou
pensar direito sobre essa possibilidade. Nesse
instante,
Helen aparece e fica de frente para Cláudio. HELEN:
Posso falar com
você um instante? CLÁUDIO:
Claro, Helen. FELIPE:
(para Gustavo) Que tal
irmos encontrar algumas garotas? GUSTAVO:
Ótima ideia. Mas
estive pensando em passar na casa da Nicole... O que acha? FELIPE:
Ainda tentando me
provocar com isso? Está mais obsessivo por ela do que eu na
época. Eles
se
deslocam para sair. Ao passar por Helen, Gustavo fala ao
seu ouvido. GUSTAVO:
Mete bronca, minha
garota. Ela
sorri
para ele. Felipe e Gustavo saem. Cláudio e Helen se
encaram por alguns instantes. HELEN:
Eu insistindo tanto pra
você sair um pouco e ela consegue te arrastar até para uma
festa. CLÁUDIO:
Helen, não
é o que você está pensando. HELEN:
Tudo bem... (suspira) Eu
sei que ainda está com raiva de mim pelas coisas que eu
disse no
parque e pelo conselho no baile... Mas eu não vou me
desculpar
por isso, porque eu sei que lá na frente você vai perceber
que eu não estava errada. Cláudio
observa
atentamente, mas sem dizer nada. Helen se aproxima um
pouco. HELEN:
Eu poderia também
deixar pra lá, porque nós sabemos que nossa amizade
não vai ter fim, uma hora ou outra a gente se acerta... Mas
acontece que você mexeu comigo, Cláudio, e temo até
em pensar que esse sentimento não é recente. Cláudio
continua
ouvindo com atenção. Helen se aproxima mais. HELEN:
Sei que a volta dela
mexeu com você... E não adianta negar porque
está estampando no seu rosto... Mas eu já perdi tanto
sendo pacífica, desistindo sem ao menos lutar pelo que
quero...
(se aproxima ainda mais dele) Um único beijo naquele baile,
algo
pego de surpresa ainda, é pouco pra
mostrar alguma coisa. Ela
aproxima
seu rosto ao dele. Cláudio fica ofegante. CLÁUDIO:
(ofegante) Helen... HELEN:
O intenso, o verdadeiro,
o que poderia significar algo, estava guardado para depois.
E
nós não tivemos a chance de fazê-lo. O
som aumenta e toma conta da cena. Helen aproxima seus
lábios e
beija Cláudio. Ele não resiste e fecha os olhos. Eles
começam a se beijar com ternura, aumentando a intensidade
em
seguida. Após alguns segundos, eles afastam seus rostos e
se
olham fixamente. Cláudio a beija outra vez e dessa vez com
um
beijo ainda mais intenso. Corta
para
Larissa caminhando e segurando dois copos nas mãos. Ela
para imediatamente ao ver Cláudio e Helen se beijando.
Gustavo
se aproxima e fica ao lado dela. ::.
“So Small”
- Carrie Underwood
(cont.) GUSTAVO:
(sorrindo) Aposto que
quando você me convidou para a fogueira, e citou o nome do
Cláudio, na clara intenção de provocar a Helen,
não contava que estaria dando um tiro no próprio
pé, huh? Larissa
olha
para ele, surpresa. Gustavo sobe e desce as sobrancelhas.
GUSTAVO:
Isso prova que minha
amiga não é boba e inocente como você pensava... E
você não é tão esperta e manipuladora,
quanto imaginava. Ele
abre
um largo sorriso provocativo. Larissa fecha a cara. GUSTAVO:
Te vejo por aí,
princesinha de Bom Destino... Cinco a zero para a Helen. Ele
pisca
para ela e sai. Larissa olha novamente na direção
de Cláudio e Helen e joga os copos no chão, saindo em
seguida. Corta
para
Helen e Cláudio parando de se beijar. Eles voltam a se
olhar fixamente, e depois Helen se afasta. Cláudio fica
boquiaberto. Helen sorri para ele e se afasta ainda mais. ::.
“Don't
Wait” - Dashboard
Confessional CLÁUDIO:
(sem fôlego)
Espera, espera... Aonde você vai? HELEN:
(sorrindo) Pra casa,
onde mais? Não precisa vir atrás de mim, fica aí
refletindo. Acho que agora você tem material pra poder
escolher. Cláudio
continua
boquiaberto. Helen sorri mais uma vez e sai com uma
expressão completamente vitoriosa. A câmera permanece em
Cláudio, que parece confuso. Ele coloca a mão na boca e
sorri em seguida. A
câmera se afasta e sobe mostrando o céu estrelado por
alguns segundos. Aos poucos começa a amanhecer. A imagem
desce,
mostrando a frente do colégio Esplendor, cortando para
dentro da
quadra. Paulo
está
em pé, próximo da trave, fazendo algumas
anotações em um caderno. No meio da quadra vemos os
jogadores se alongando. Close em Gustavo que cutuca Felipe
e aponta
para a frente com a cabeça. A câmera se movimenta
mostrando Cláudio caminhando pelo corredor até entrar na
quadra. Ele se aproxima de Paulo. ::.
“Don't
Wait” - Dashboard
Confessional (cont.) CLÁUDIO:
(em off) É
no desenrolar de certos fatos que a vida se torna ainda
mais
surpreendente... Você descobre que aquilo que um dia
julgou
não fazer mais parte, hoje é sua melhor
opção para seguir em caminhando. Cláudio
e
Paulo se encaram por alguns segundos. Cláudio abre a boca
para
falar, mas Paulo intercepta. PAULO:
Está cinco
minutos atrasado... Próximo atraso vai observar o treino da
arquibancada. CLÁUDIO:
(sorrindo) Sim senhor. Ele
sai
e vai na direção do vestiário. Enquanto
caminha, ele olha para Gustavo e Felipe, que estão
sorrindo.
Cláudio sorri também. Close no rosto de Paulo. CLÁUDIO:
(em off) E
descobre que tem muito mais em comum com alguém que um dia
tanto
criticou, do que poderia imaginar. Paulo
sorri
e depois se movimenta, colocando o apito na boca e
assoprando. Hospital.
A
câmera se aproxima da cama em que Roger está. Uma
mão acaricia seu cabelo. A imagem sobe, mostrando se
tratar de
Amanda. Seus olhos estão vermelhos, cheios de lágrimas, e
seus lábios tremem. Ela fecha os olhos, derramando
lágrimas no rosto. ::.
“Don't
Wait” - Dashboard
Confessional (cont.) AMANDA:
(chorando) Me perdoa meu
amor... Me perdoa. Ela
aproxima
seu rosto e beija carinhosamente a testa dele. A câmera
se afasta, passando por um vidro e mostrando Livia
observando a cena. CLÁUDIO: (em off) E descobre que amar de verdade requer sacrifício... Nem que para isso seja necessário renunciar. Ela
abaixa
a cabeça e fecha os olhos. Lentamente a tela escurece.
CREDITOS
FINAIS:
CRIADO
E
ESCRITO POR: Thiago
Monteiro
PARTICIPAÇÕES
ESPECIAIS Jesse
McCartney
como David MÚSICA
TEMA “Meant
To Live” - Switchfoot TRILHA
SONORA “A Bad Dream”
- Keane “Forget It”
- Breaking Benjamin “Suffering”
- Satchel “Love Story”
- Katharine McPhee “What
About Now
(Acoustic)”
- Daughtry “So
Small”
- Carrie
Underwood “Don't Wait”
- Dashboard Confessional Copyright
© 2007 |