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Abre mostrando Larissa num corredor de hospital sendo carregada por enfermeiros em uma maca. Ela está desacordada e com o rosto bastante pálido.

 

::.Caught By The River” - Doves

 

CLÁUDIO: (em off) Diz a letra de uma famosa canção... “Você chora, você aprende. Você perde, você aprende. Você sangra, você aprende. Você grita, você aprende”. Mas a pergunta que fica é... Quantas vezes é preciso cair pra você começar de fato a aprender?

 

Eles entram em uma sala. Larissa é colocada em cima de uma mesa.

 

CLÁUDIO: (em off) Às vezes, muitas vezes, ainda é pouco.

 

A câmera foca o rosto de Larissa. A tela é invadida por um flash, desfazendo com Cláudio pegando Larissa no colo, carregando-a até a porta do quarto.

 

CLÁUDIO: (preocupado) Vamos lá, Larissa... Não faça isso comigo agora.

 

 

Fachada da casa. Felipe e Gustavo estão parados na varanda. Mais embaixo, no gramado, está Clayton e vários rapazes em volta.

 

::. “Caught By The River” – Doves (cont.)

 

CLAYTON: Então, quem vai ser o primeiro? Ou preferem os dois logo de uma vez?

 

FELIPE: Eu e você no mano a mano.

 

CLAYTON: Neste caso eu prefiro fazer valer o que você disse no restaurante... (sorri) Que eu só sei agir em bando.

 

Clayton e os rapazes se movimentam para a frente. Felipe ergue o ferro. Gustavo levanta os punhos. Próximo de chegar perto da escada, Clayton para ao olhar na direção da porta. Close em Cláudio saindo carregando Larissa, seguido por Gil. Felipe e Gustavo correm até eles. A cena chama a atenção de todos por perto.

 

FELIPE: Como ela está?

 

CLÁUDIO: (sem parar, nervoso) Mal, muito mal. Precisa de um médico, já!

 

Eles descem o degrau e passam pelo gramado. Clayton apenas acompanha com o olhar, preocupado. Cláudio chega até o carro no outro lado da rua. Gil abre a porta de trás e Cláudio coloca Larissa no banco. Clayton aparece.

 

CLAYTON: O que houve? (olha para o banco) Larissa!

 

Cláudio se vira e enfurecido acerta um soco no rosto de Clayton, que cai para trás.

 

CLÁUDIO: (nervoso, apontando o dedo) Se você se aproximar dela outra vez, eu juro que te mato, entendeu?

 

Clayton permanece no chão, olhando para Larissa, assustado. Cláudio e os demais entram no carro. Felipe dá partida e o veículo começa a se movimentar. Clayton levanta e acompanha tudo com o olhar.

 

 

Porta do hospital. Ela abre automaticamente e Clayton passa por ela. Ele chega na ala de espera, onde Cláudio, Gil, Gustavo e Felipe estão. Ao vê-lo, Felipe imediatamente se levanta e vai até ele. Clayton levanta os braços.

 

::. “Caught By The River” – Doves (cont.)

 

CLAYTON: Espera! Eu só vim saber como ela está.

 

Sem dar atenção, Felipe o pega pela gola da camisa e o conduz até a porta. Do lado de fora vemos a porta abrindo e Felipe empurrando-o até a calçada. Cláudio, Gustavo e Gil aparecem logo atrás.

 

CLAYTON: Eu preciso saber como ela está.

 

FELIPE: Está preocupado agora? Que pensasse nisso antes de deixá-la naquele estado.

 

CLAYTON: Ouça, ela estava passando mal, eu apenas pensei que...

 

CLÁUDIO: (interrompendo) Acho bom você sair logo daqui, porque se algo pior acontecer a ela, você será responsável. E eu juro que vou te denunciar com muito gosto.

 

Clayton fica sem reação por alguns instantes. Ele respira ofegante e olha para cada um deles.

 

CLAYTON: Eu não queria que isso tivesse acontecido... Eu quero muito que ela fique bem.

 

FELIPE: É bom torcer mesmo por isso.

 

Clayton ainda os encara por alguns segundos. Ele se vira e começa a andar. A câmera se desloca até Cláudio. Ele se afasta um pouco dos demais e pega o celular.  

 

 

Quarto de Helen. Close no celular tocando em cima do criado mudo. A imagem se movimenta para o lado, onde vemos Helen deitada na cama, apenas olhando para o aparelho. Ouve-se duas batidas na porta. Ela abre pela metade, mostrando Amanda.

 

::. “Caught By The River” – Doves (cont.)

 

AMANDA: Hei...

 

HELEN: (surpresa) Hei... Entra.

 

Amanda entra e fecha a porta. Helen se afasta um pouco da cama, dando espaço para Amanda que senta e fica em silêncio. Após alguns segundos ela olha para Helen.

 

AMANDA: Você está bem?

 

HELEN: Não muito... E você?

 

AMANDA: (olhar distante) Também não... (volta a olhar para Helen) Posso dormir aqui hoje?

 

HELEN: Claro que pode.

 

Amanda se deita na cama e fica olhando para o teto. Helen a encara.

 

HELEN: O que houve?

 

AMANDA: Meus pais voltaram pra casa.

 

HELEN: E as coisas não saíram bem para a sua irmã?

 

AMANDA: Muito pelo contrário.

 

Helen franze as sobrancelhas, sem entender. Amanda continua olhando para cima, como se estivesse longe. A câmera se afasta um pouco delas, escurecendo em seguida.

 

 

Tela preta. A imagem abre e fecha, se formando aos poucos e um pouco embaçada. Logo é possível ver um teto branco. A câmera desce, mostrando Cláudio perto de uma cama, de braços cruzados e olhando seriamente para alguém. Corta para Larissa deitada na cama do hospital. Ela olha para Cláudio e sorri sem graça.

 

LARISSA: Quanto tempo fiquei apagada?

 

CLÁUDIO: Umas doze horas, mais ou menos.

 

Ele continua olhando seriamente para ela. Larissa abaixa o olhar, envergonhada.

 

LARISSA: Parece que você foi predestinado a ser o meu herói... Obrigada.

 

CLÁUDIO: O que fazer com você, Larissa?

 

LARISSA: Pode dizer a famosa frase “eu avisei”.

 

CLÁUDIO: Não adianta... Você já ouviu essa frase várias vezes.

 

LARISSA: Vai brigar comigo?

 

CLÁUDIO: Eu queria, mas tem alguém aqui muito mais apta a fazer esse papel hoje.

 

Ele se vira e sai pela porta que já estava aberta. Larissa balança a cabeça, confusa. Close na porta. Segundos depois, Rosangela aparece. Corta para Larissa que abre bem os olhos e sorri amarelo.

 

LARISSA: Oi mãe.

 

ROSANGELA: (séria) A gente tem muito o que conversar, mocinha.

 

Larissa desfaz o sorriso amarelo, dando lugar a uma expressão de medo. A tela escurece.

 

 

 

 

 

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Vista panorâmica de Bom Destino. O dia está amanhecendo e aos poucos a cidade começa a tomar movimento. A imagem transparece para do quarto de Cláudio. Ele está com o celular no ouvido.

 

::. “Into the Light” - The Chemistry Set

 

CLÁUDIO: Vamos lá, Helen...

 

Após alguns segundos ele abaixa o celular e coloca na mesinha. Vai até a janela e se apoia, respirando fundo.

 

 

Apartamento de Larissa. Rosangela abre a porta, deixando com que Larissa entre primeiro. Larissa anda devagar, falando ao celular.

 

::. “Into the Light” - The Chemistry Set (cont.)

 

LARISSA: Tudo bem senhor Jonatas... Eu prometo que vou me cuidar. (para e senta no sofá) Okay... E não, você não vai precisar vir me buscar. (sorri) Tá bom, beijo... (pausa longa e sorri outra vez) Pai.

 

Ela levanta e entrega o celular para Rosangela.

 

LARISSA: Ele quer falar com você.

 

Rosangela pega o aparelho e se desloca até a cozinha.

 

ROSANGELA: Oi meu amor.

 

A câmera fixa em Larissa. Ela volta a sentar no sofá. Segundos depois, sorri.

 

 

Casa de Helen. Helen passa pela sala, onde Rosa se encontra sentada no sofá.

 

::. “Into the Light” - The Chemistry Set (cont.)

 

ROSA: Vai sair meu amor?

 

HELEN: Vovó, talvez eu passe o dia inteiro fora de casa. Se o Cláudio aparecer, diz que eu mudei.

 

Rosa esboça um leve riso e concorda com a cabeça. Helen sai.

 

 

Restaurante/Bar da família da Nicole. Gustavo está sentado de frente para o balcão. Nicole está do lado de dentro, fazendo algumas anotações em um bloco.

 

::. “Pretty Girl” - Sugarcult

 

GUSTAVO: Você tinha que ver. Eram mais ou menos uns vinte contra quatro. Os caras estavam apavorados, mas eu assumi o controle da situação.

 

NICOLE: Já sei, você puxou o coro da corrida?

 

GUSTAVO: Claro que não, engraçadinha. Pode perguntar para o Felipe ou o Gil... Não é, Gil?

 

GIL: (passando apressadamente) É, ele foi o herói da noite.

 

GUSTAVO: (sorrindo e olhando para Nicole) Viu?

 

NICOLE: Tenho uma fantasia perfeita para você quando fizermos uma noite de fantasias aqui.

 

GUSTAVO: He-Man? Rambo? Schwarzenegger? (imitando) Hasta la vista, baby... Boom!

 

NICOLE: (debruçando-se sobre o balcão) Pinóquio.

 

GUSTAVO: Você me ama, admita.

 

NICOLE: (sarcástica) Do fundo do meu coração.

 

Moises passa por eles, carregando um caixa. Ele atravessa o balcão e vai até a cozinha. Gustavo acompanha com o olhar a trajetória dele.

 

GUSTAVO: Qual é a do novato?

 

NICOLE: Sei lá, ele me assusta às vezes.

 

GUSTAVO: Por quê?  

 

NICOLE: Ele é meio caladão. Tem hora que fica parado observando tudo, lançando alguns olhares estranhos para mim.

 

GUSTAVO: Isso é quase a descrição de um psicopata.

 

NICOLE: Ainda bem que eu tenho você, o Schwarzenegger de Bom Destino pra me defender, certo?

 

GUSTAVO: (sorrindo) Comigo por perto você não precisa se preocupar com nada.

 

Nicole sorri e balança negativamente a cabeça. Gustavo olha na direção da cozinha e depois se volta para Nicole.

 

GUSTAVO: Mas sério, se você não gosta do sujeito, por que não manda ele embora?

 

NICOLE: É capaz de o George promovê-lo, se eu disser que não gosto dele. Vide o Gil.

 

GIL: (passando por eles) O que tem eu?

 

NICOLE: Nada, meu querido colega de trabalho.

 

Gil balança a cabeça, em reprovação. Gustavo e Nicole se olham e sorriem.

 

 

Apartamento de Larissa. Larissa está no quarto, sentada na cama, segurando o controle da televisão. Ela está coberta da cintura para baixo por um cobertor. Rosangela entra no quarto. Ela puxa uma cadeira e se senta próxima da filha. Larissa sem encarar a mãe, continua segurando o controle, mudando de canal de forma insistente. Rosangela balança a cabeça e se inclina, tirando o controle da mão de Larissa e desligando a televisão.

 

ROSANGELA: Acho que deu tempo para você descansar.

 

LARISSA: Mamãe, acabei de levar alta no hospital. Não dá para aliviar só um pouquinho?

 

ROSANGELA: “Mamãe” não vai me deixar flexível... E tivesse pensando nas consequências antes de se empanturrar de drogas.

 

LARISSA: Não era droga.

 

ROSANGELA: (nervosa) Era droga sim! E mesmo que não fosse, não era para você sequer ingerir bebida alcoólica. Onde você estava com a cabeça, minha filha?

 

Larissa abaixa o olhar, constrangida. Rosangela passa as mãos nos cabelos.

 

ROSANGELA: Na verdade a pergunta mais sensata seria onde eu estava com a cabeça, quando resolvi deixar minha filha adolescente e com histórico de irresponsabilidades, viesse morar sozinha em outra cidade. Eu sou uma péssima mãe mesmo.

 

LARISSA: Não é verdade... Eu sou responsável. E você não é uma péssima mãe.

 

ROSANGELA: Eu deixei que você visse para cá porque estava deprimida na capital, e havia me prometido de pés juntos que se comportaria. Mas foi uma péssima ideia deixar que você fugisse dos seus problemas, se metendo em outros. Olha no que deu? Saindo com marginais, ficando bêbada, drogada.

 

LARISSA: (sentida) Eu sei que errei, reconheço que saí do que foi prometido. Mas por favor, não podemos passar por cima disso?

 

ROSANGELA: Pra daqui a dois meses acontecer de novo? Você não aprende, minha criança. E eu não vou errar com você outra vez. Nós vamos voltar para a casa amanhã.

 

LARISSA: (arregalando os olhos, desesperada) Voltar para a capital? Não, não faz isso comigo... Por favor?

 

ROSANGELA: Não tenho outra opção. Não vou te deixar sozinha aqui de novo.

 

Um breve silêncio toma conta da cena. Larissa abaixa o olhar, ficando pensativa, ao mesmo tempo boquiaberta. Após alguns segundos ela volta a olhar para Rosangela.

 

LARISSA: Ouça... Sair da capital do jeito que saí, não muda nada para mim. As pessoas nem vão se lembrar que um dia eu estive ali. Mas aqui é diferente, todos me conhecem. E se for embora agora, não quero que essa seja a última lembrança que vão ter de mim. Eu errei com muita gente e preciso consertar as coisas... Por favor, me dê a oportunidade de mudar isso?

 

ROSANGELA: (após alguns segundos) Eu não sei se posso confiar em você outra vez.

 

LARISSA: Por favor, um último voto de confiança. E a primeira reclamação que ouvir de mim, prometo que faço as malas na hora.

 

Rosangela fica pensativa por alguns segundos. Larissa lança um olhar esperançoso a ela.

 

ROSANGELA: Se é tão importante para você a forma como será lembrada por aqui, não serei eu a barreira que vai impedi-la de tentar mudar. Mas tem uma condição. São dois meses, no final do ano letivo você volta pra casa.

 

LARISSA: De acordo. Eu prometo que não vai se arrepender dessa decisão.

 

ROSANGELA: Veremos... E praticamente todo final de semana eu e seu pai vamos estar aqui.

 

LARISSA: (sorrindo) Perfeito.

 

Rosangela ainda a olha com desconfiança. Larissa abre os braços e faz expressão de coitada.

 

LARISSA: Mas agora será que poderia parar de brigar comigo e me dar aquele abraço forte que ainda não deu?

 

Rosangela sorri e balança a cabeça, indo ao encontro da filha e abraçando-a fortemente.

 

ROSANGELA: (abraçando-a, com os olhos fechados) Você merecia umas palmadas, isso sim. Não faz ideia do que senti quando o Cláudio me ligou informando a sua situação.

 

LARISSA: (de olhos fechados) Eu sei. Me desculpa.

 

A câmera começa a se afastar. Elas param de abraçar. Rosangela passa a mão no rosto da filha, que sorri.

 

 

Floricultura da Marcia. Helen mexe em algumas flores. Ela está com uma expressão distante e pensativa. Atrás do balcão, Marcia observa a filha.  

 

::. “She Says” - Howie Day

 

MARCIA: Algum problema, querida? Não disse uma palavra desde que chegou.

 

HELEN: Só estou um pouco desanimada.

 

Marcia sai do balcão e se aproxima da filha.

 

MARCIA: Vamos, conte-me... O que anda aborrecendo minha unigênita?

 

HELEN: Já se sentiu como azarada em alguma coisa, especialmente no que se refere ao coração?

 

MARCIA: Bom, eu não tenho um histórico muito favorável nesse assunto.

 

HELEN: (suspirando) Deve ser herança de família então.

 

MARCIA: (sorrindo) Não fala assim, meu amor. Você é tão novinha ainda. É normal que se decepcione alguma vezes até encontrar a pessoa certa... Lembro muito bem do meu primeiro namoradinho, acho que eu tinha uns 13, 14 anos. Fiquei tão arrasada quando ele terminou comigo. Foi então que minha mãe aparece com uma grande frase de consolo.  

 

HELEN: (curiosa) O que ela disse?

 

MARCIA: Que não seria a última vez que eu passaria por aquilo.

 

HELEN: Um grande conforto pra quem estava desesperada. 

 

MARCIA: Quando se é adolescente, a gente pensa que todo amor é pra sempre, e que toda dor de um rompimento, também é para sempre. Mas o passar dos anos a gente aprende é possível amar mais vezes.

 

HELEN: (após alguns segundos) Por que você nunca se casou?

 

MARCIA: Primeiro porque passei boa parte da minha vida empenhada em encontrar você. Não tinha tempo e nem cabeça para romances. Segundo porque depois que se conhece alguém como seu pai, fica difícil achar alguém que se iguale a ele.

 

HELEN: Talvez ele fosse o último da face da terra.

 

MARCIA: (sorrindo) Você herdou dele a capacidade de mudar as pessoas... Então, azar daquele que não te der o devido valor. Quem está perdendo é ele, somente ele.

 

Helen sorri. Marcia acaricia o rosto da filha. Cláudio aparece, com as mãos no bolso, e olhando de forma receosa para Helen.

 

CLÁUDIO: Podemos conversar?

 

Helen olha para Marcia que acena a cabaça para que Helen vá.

 

HELEN: (pegando na mão da mãe) Obrigada pela conversa.

 

MARCIA: (sorrindo) Eu tenho estudado a apostila de como ser mãe de uma filha adolescente.

 

HELEN: E está tirando boas notas... Espero que esse seu namorado misterioso venha a ser para você, o que o meu pai um dia foi.

 

MARCIA: (boquiaberta) Como você... Como...

 

HELEN: (rindo) Ainda precisa aprender a esconder melhor as coisas.

 

Marcia sorri. Helen se vira e olha para Cláudio, desfazendo o sorriso.

 

CLÁUDIO: (sem jeito) Hei.

 

HELEN: Oi.

 

Ela passa por ele. Cláudio a acompanha. A câmera permanece em Marica que observa a filha saindo, com um olhar emocionado.

 

 

Praça do centro. Cláudio e Helen caminham pela calçada. Cláudio está com as mãos para trás, enquanto Helen está de braços cruzados.

 

::. “She Says” - Howie Day (cont.)

 

CLÁUDIO: Pra quem queria evitar o namorado, a floricultura da mãe não foi uma boa escolha.

 

HELEN: Não estou fugindo de você. Mas também sem entusiasmo para te ver. Era fácil perceber isso depois de vários telefonemas não atendidos.

 

CLÁUDIO: Você pelo menos escutou alguma mensagem?

 

HELEN: A curiosidade falou mais alto.

 

CLÁUDIO: Então está ciente de que eu tive um bom motivo para anteder ao pedido de socorro dela, não tive?

 

HELEN: Mas não é esse o ponto a ser levado. O fato dela saber que agora mais do que nunca é possível chamar a sua atenção, será sempre um trunfo a seu favor.  

 

CLÁUDIO: Helen, aquilo foi um caso à parte. Eu teria agido da mesma forma com qualquer pessoa que tivesse me pedido ajuda... Eu não posso me desculpar por isso. Não por ter socorrido alguém. Se eu não estivesse lá, ela poderia ter morrido. Isso não te comove?

 

HELEN: Claro que sim, eu não desejo mal a ela... O problema é que ela sabia aonde estava se metendo. E se ela se drogou, foi porque quis. Olha a vida que ela tem.

 

Eles param de andar e ficam de frente um para o outro.

 

CLÁUDIO: Ela não vai fazer de novo.

 

HELEN: E você acredita mesmo nisso? Especialmente agora, que ela sabe que tem o herói dela sempre à disposição? Vai dizer que você não vai passar o mês inteiro preocupado com a Larissa, e cada passo diferente que ela der, você não vai querer saber o que está acontecendo?

 

CLÁUDIO: Isso não é verdade. Reafirmo em dizer que foi um caso isolado.

 

HELEN: Pense o que achar melhor. Eu não quero mais saber disso.

 

Ela se vira e começa a andar. Cláudio a segue.

 

CLÁUDIO: O que isso quer dizer?

 

Ela continua andando, mas Cláudio se apressa e segura o braço dela, parando-a.

 

CLÁUDIO: Você não está terminando o nosso namoro, está?

 

HELEN: Não estou terminando... Só acho que nunca começou de fato. E nós vamos bater sempre na mesma tecla sem sair do lugar... Você tem essa sua sina de herói, preocupado com tudo e com todos. Sempre vai colocar em segundo plano coisas deveriam ser mais importantes, em prol dos problemas que os outros mesmo se metem... Estou cansada dessas coisas.

 

Ela se vira a volta a andar. Cláudio permanece parado.

 

CLÁUDIO: Engraçado que eu conheci e me encantei por alguém que era exatamente assim.

 

HELEN: (parando e virando) Acontece que em algum momento eu percebi que não valia a pena. Por mais que você faça o bem, você continua recebendo rasteiras. Chega um momento que você percebe que o melhor é pensar mais em você do que nos outros.

 

CLÁUDIO: (se aproximando devagar) Olha, nós estamos de cabeça quente, muitas coisas acontecendo ultimamente... Eu te peço, não tome uma decisão, especialmente do que diz respeito a nós, de forma precipitada.

 

HELEN: (após alguns segundos) Okay... Vamos dar um tempo. Quem sabe assim você percebe que nosso relacionamento foi um erro.

 

CLÁUDIO: Assim como você já percebeu?

 

HELEN: (concordando com a cabeça) Exatamente.

 

Cláudio fica sem palavras, extremamente desapontado. Helen abaixa o olhar, depois balança a cabeça e se vira, voltando a andar. Cláudio permanece parado, observando-a se afastar, com um olhar triste. A tela escurece.

 

 

Parte interna da casa de Amanda. A porta abre e Amanda entra. Ela passa pelo corredor até chegar na sala. Vanessa está sentada no sofá, lendo um livro. Ela abaixa o livro e olha para Amanda.

 

VANESSA: É impressão minha ou você não dormiu em casa nos últimos dois dias?

 

AMANDA: E se dormi, te incomoda?

 

VANESSA: Claro que me incomoda... Você é minha filha, e tem casa para dormir.

 

AMANDA: Bom, se se importasse de verdade, teria me ligado no primeiro dia.

 

VANESSA: (se ajeitando no sofá) O que está acontecendo, Amanda?

 

AMANDA: Esquece. É implicância minha. Coisa de adolescente... Uma conversa com um terapeuta resolve.

 

VANESSA: Você quer conversar com um especialista?

 

AMANDA: (indignada) Você está falando sério?

 

VANESSA: Você acabou de dizer...

 

AMANDA: (interrompendo) Eu estava sendo sarcástica, mãe. Se me conhecesse mais, saberia.

 

VANESSA: (levantando) Okay, eu sei que você pensa que eu seu pai não nos importamos com você. Mas não é verdade. Os cabelos do seu pai estão brancos, justamente por sua causa.

 

Vanessa sorri. Amanda balança a cabeça, em reprovação.

 

VANESSA: Não entendeu?

 

AMANDA: Não foi engraçado... E já que se importam de verdade, como você acabou de dizer, por que nunca conversam comigo? Por que passam mais tempo fora de casa, do que dentro? E por que sempre me olham como se estivessem me julgando e me comparando com a Nathalia? E por que mesmo depois de tudo o que ela fez, vocês continuam agindo como se nada tivesse mudado?

 

Vanessa abre a boca para falar, mas fica sem resposta. Amanda entorta a boca e mais uma vez balança a cabeça, em reprovação.

 

AMANDA: Seu silêncio te condena... Como sempre.

 

Amanda se vira e vai até a escada, subindo. Vanessa a acompanha com o olhar, reflexiva.

 

 

Vista externa do apartamento de Larissa. É noite. A imagem transparece para dentro. A campainha está tocando insistentemente. Larissa aparece na sala, andando com certa dificuldade. Ela abre a porta. Clayton aparece do lado de fora. Larissa suspira ao vê-lo.

 

LARISSA: O que você quer?

 

CLAYTON: Podemos conversar?

 

Larissa sai da porta e caminha até o sofá. Clayton entra.

 

CLAYTON: Larissa, eu sinto muito. Se eu imaginasse que sua situação era séria daquele jeito, jamais teria a teria deixado sozinha no quarto.

 

LARISSA: (sorrindo forçadamente) Ah, que gentil da sua parte. A preocupação realmente transborda em suas ações.

 

CLAYTON: Estou falando sério. Não sei o que faria se tivesse acontecido algo mais crítico com você. Eu gosto de você.

 

LARISSA: Bom, mas eu estou bem. E agora que já viu, pode ir embora.

 

CLAYTON: Mas nós estamos bem, não estamos?

 

LARISSA: Isso depende de sua definição de bem... Se estou com raiva de você? Não, não estou. Se vamos continuar saindo? Não, não vamos. Acabou, Clayton. 

 

CLAYTON: Por quê? A gente estava se dando tão bem antes desse imprevisto.

 

LARISSA: Clayton, a gente não estava se dando bem. A gente nem conversava. O que fazíamos era enlouquecermos juntos e só. Foi um momento de fuga, de prazer, mas nada mais, chega. Eu preciso de alguém que me ajude a subir, não descer ainda mais.

 

CLAYTON: Okay, eu entendo, aceito. Passamos um pouco dos limites... Mas temos uma química, e podemos fazer diferente.

 

Larissa o olha por alguns segundos, depois franze as sobrancelhas, percebendo algo.

 

LARISSA: Está apaixonado por mim?

 

CLAYTON: (tentando disfarçar) O quê? Não... (pensativo) Quer dizer... Não. Qual é?

 

LARISSA: (sorrindo) Você está totalmente na minha... Que bonitinho. Mas deixe-me esclarecer as coisas... Eu não gosto de você, e não tem a menor possibilidade disso acontecer. Eu te usei pra tentar provocar as pessoas daqui, e me envolvi um pouco além da conta. E uma vez que consegui atingir o meu principal objetivo, que era a atenção de alguém em especial, você não tem mais função pra mim... (aponta a saída) Saí da minha casa.

 

CLAYTON: (inconformado) Você não pode estar falando sério... (nervoso) Ouça-me... Ninguém me usa e descarta desse jeito, entendeu?

 

LARISSA: (sorrindo) Bom, eu usei e estou te descartando. Liga para a Janine, ela deve estar louquinha para ouvir a sua voz.

 

CLAYTON: Se eu fosse você, escolheria um pouco melhor as palavras.

 

LARISSA: Está me ameaçando? 

 

Nesse instante ouve-se baralho de sacolas. A câmera se movimenta, mostrando Rosangela parada na porta ainda aberta.

 

ROSANGELA: O que está acontecendo aqui?

 

LARISSA: Nada, mãe... Ele já está de saída. Não está, Clayton?

 

ROSANGELA: Clayton... (se aproxima) Preste bem atenção numa coisa, seu deliquentezinho de merda... Se chegar perto da minha filha outra vez, eu juro que não medirei esforços para te colocar atrás das grades, entendeu?             

 

Clayton não responde, fecha a cara e sai, contrariado. Rosangela se aproxima de Larissa.

 

ROSANGELA: Você está bem?

 

LARISSA: Estou ótima... Obrigada por me defender. (sorrindo) Adorei o tom de ameaça e as palavras chulas.

 

Rosangela ri e balança negativamente a cabeça, indo para a cozinha. Close no rosto de Larissa, ela encosta no sofá e sorri satisfeita.

 

 

Vista aérea do centro da cidade. Corta para o movimento de algumas pessoas na praça, no carrinho de pipocas, conversando no banco.

 

::. “Your Learn” - Alanis Morissette

 

CLÁUDIO: (em off) Às vezes, o caminhar é lento, mas o importante é não parar. Mesmo um pequeno progresso é um avanço na direção certa.

 

 

Quarto de Larissa. Ela está sentada na cama, assistindo televisão.

 

::. “Your Learn” - Alanis Morissette (cont.)

 

CLÁUDIO: (em off) E qualquer pessoa é capaz de fazer um pequeno progresso.

 

Rosangela aparece na porta, abrindo pela metade.

 

ROSANGELA: (sorrindo) Você tem visita.

 

LARISSA: (surpresa) Alguém lembrou que eu existo?

 

Rosangela sorri novamente e sai. Amanda aparece e entra no quarto. Larissa sobe um pouco na cama, surpresa ao vê-la.

 

AMANDA: Hei.

 

LARISSA: (surpresa) Oi.

 

AMANDA: Fiquei sabendo o que aconteceu e vim ver como você está.  

 

LARISSA: Eu estou bem... Nada que alguns medicamentos e uma lavagem estomacal, não resolvam. A propósito, jamais queira passar por isso. 

 

Ela sorri. Amanda apenas a encara. Larissa desfaz o sorriso.

 

LARISSA: Veio brigar comigo também?

 

AMANDA: Não vim pra sentir pena. Você fez isso, Larissa, não foi acidente... Mas mesmo assim, quero que saiba que apesar desse nosso afastamento, eu fiquei preocupada com você e não quero que se machuque. Então por favor, não faça mais isso.

 

LARISSA: Não se preocupe, acho que eu aprendi a lição dessa vez.

 

AMANDA: Okay então... Fique bem.

 

Amanda sorri levemente e se vira até a porta. Larissa a aborda.

 

LARISSA: Será que um dia teremos a chance de voltarmos a ser como éramos antes?

 

AMANDA: (olhando-a) Eu não sei... Mas quem sabe?

 

Larissa sorri emocionada. Amanda sorri também.

 

AMANDA: Se cuida.

 

LARISSA: Tchau.

 

Amanda sai. A câmera se aproxima de Larissa. Ela continua sorrindo. Seus olhos brilham. Ela se deita na cama e fecha os olhos.

 

 

Fachada da casa de Helen. Cláudio caminha até a varanda. Ele para perto da porta e aperta a campainha.

 

::. “Your Learn” - Alanis Morissette (cont.)

 

CLÁUDIO: (em off) Existe algo que pode ser feito agora mesmo, ainda hoje. Pode não ser muito, mas fará com que você continue no jogo.

 

A porta abre e Helen aparece do lado de dentro.

 

CLÁUDIO: Eu sei o que você está tentando fazer. Quer me afastar para não sofrer mais... Só que isso não vai dar certo, sabe por quê? Porque eu não vou desistir de você. Não vou te dar esse espaço que você acha que precisa. Eu te amo, e não disse isso da boca para fora. Eu te amo e vou fazer de tudo para que você acredite e aposte na gente.

 

Helen permanece em silêncio, apenas encarando-o. Cláudio abaixa o olhar e depois levanta.

 

CLÁUDIO: Eu vou lutar por nós.

 

A câmera dá um close no rosto de Helen, depois no de Cláudio. Em seguida a imagem começa a subir.

 

CLÁUDIO: (em off) Você ama, você aprende. Você ri, você aprende. Você escolhe, você aprende... Você vive, você aprende.

 

A tela escurece lentamente.

 

 

 


  


CREDITOS FINAIS:

 

CRIADO E ESCRITO POR:

 

Thiago Monteiro

 

PARTICIPAÇÕES ESPECIAIS

 

Faith Ford como Rosangela

John Patrick Amedori como Moises

Stephen Colletti como Clayton

Patricia Heaton como Vanessa

 

MÚSICA TEMA

 

“Meant To Live” - Switchfoot

 

TRILHA SONORA

 

“Caught By The River” - Doves

 “Into The Light” -  The Chemistry Set 

 “Pretty Girl” - Sugarcult  

 “She Says” - Howie Day   

 “You Learn” - Alanis Morissette   

 

Copyright © 2007

 

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