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Fachada da casa de Livia. É dia. A câmera se aproxima da janela do andar de cima, transparecendo para dentro. Livia está sentada na cama, com um caderno apoiado na coxa esquerda. Ela escreve algo e parece concentrada no que faz.

 

::. “Great Companion” - Landon Pigg

 

ROGER: (em off) Está escrevendo o quê?

 

LIVIA: (ainda escrevendo) Minhas previsões pra daqui dez anos.

 

ROGER: (em off): Hm, interessante... Por acaso estou incluso nesse seu futuro planejado?

 

LIVIA: (ainda escrevendo) Se você for bem comportadinho, talvez.

 

ROGER: (em off) Prometo que serei um anjo sem asas.

 

Livia para de escrever e coloca a caneta na boca, olhando para a frente.

 

LIVIA: E você... O que está pesquisando aí na internet?

 

A câmera se movimenta para a frente, mostrando Roger na mesinha, concentrado no computador.

 

ROGER: Escolhendo um presente especial para o seu aniversário.

 

LIVIA: (confusa) Meu aniversário? Mas é só daqui a quatro meses. 

 

Roger gira a cadeira e fica de frente para Liva. Ele sorri.

 

ROGER: Eu sei, mas já estou contando os meses e começando a preparar algo bem bacana pra você.

 

Livia não responde e o olha com desconfiança. Roger ri.

 

ROGER: (rindo) O quê? Isso também são planos para o futuro.

 

LIVIA: E quem garante que estaremos juntos até lá?

 

ROGER: E por acaso passa pela sua cabecinha que não?

 

LIVIA: (dando os ombros) Não sei... Mas muitas coisas mudam em pouco tempo.

 

Roger a encara por alguns instantes. Ele levanta e vai até a cama, sentando de frente para ela.

 

ROGER: Pois então, senhorita pessimista, vou te dar um ultimato... Ouse não estar comigo pelo menos nos próximos duzentos anos, que eu juro que você vai se arrepender profundamente.

 

LIVIA: Nossa, que medo! Conte-me mais o que pretende fazer.

 

ROGER: Bom, imagina aqueles vilões bem caricatos que fazem de tudo para ficar com a pessoa amada? Agora multiplica por 100 e você vai poder ter uma pequena ideia do que vou me tornar, caso você me deixe.

 

Livia sorri e segura o rosto dele com as duas mãos, indo ao seu encontro e dando um selinho nele. 

 

LIVIA: Hm que namorado psicótico eu fui arrumar.

 

ROGER: (sorrindo) Você adora esse meu lado meio bad boy, não adora?

 

LIVIA: (sorrindo) Você não faz ideia.

 

Eles começam a se beijar. Livia deita na cama, enquanto Roger se inclina por cima. Após alguns segundos eles param de se beijar e Roger fica olhando-a com ternura.

 

LIVIA: Mas falando sério... Está mesmo preparando uma surpresa para o meu aniversário?

 

ROGER: Mas é claro que sim. Um evento do tipo requer meses de planejamento.

 

LIVIA: Mas caso aconteça alguma coisa entre nós, eu gostaria de receber mesmo assim.

 

ROGER: Mas não vai acontecer nada de ruim entre nós... Tira isso da sua cabeça.

 

Ele beija delicadamente os lábios dela. Depois se olham e sorriem.

 

LIVIA: Como posso estar amando tanto?

 

ROGER: E vai estar assim nos próximos quatro meses?

 

LIVIA: Nos próximos duzentos anos.

 

Roger se inclina e novamente eles se beijam. A câmera começa a se afastar e conforme vai se afastando, a imagem deles vai sumindo até desaparecer por completo. O som dá lugar a um instrumental.

 

A câmera se movimenta para trás, mostrando Livia em pé perto da janela. Ela olha tristemente para a cama vazia. Após alguns segundos a porta abre e Clarice aparece.

 

CLARICE: (animada) Feliz aniversário, meu anjo!

 

Ela se aproxima da filha e lhe dá um forte abraço. Livia retribui com um sorriso.

 

LIVIA: Obrigada, mãe.

 

CLARICE: Não acredito que já se passou mais um ano. Aproveita, porque quando chegar na minha idade, o tom de comemoração não vai ser tão intenso como agora.

 

Livia esboça um leve sorriso. Clarice beija o rosto da filha.

 

CLARICE: Te espero para almoçarmos juntas depois da aula, okay?

 

LIVIA: (concordando com a cabeça) Okay.

 

Clarice acaricia o rosto dela e depois sai. A câmera se aproxima do rosto de Livia que olha novamente para a cama. Seus olhos brilham.

 

CLÁUIDO: (em off)  Já dizia o poeta... "As saudades são como vestígios de momentos vividos, entrelaçando o presente com o passado, até que a promessa de reencontro se torne realidade".

LIVIA: (voz embargada) Você prometeu.

 

Ela se movimenta e abaixa, pegando uma mochila. Depois sai do quarto, fechando a porta. A tela escurece.

 

 

 

 

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Sala de aula. Gustavo e Helen estão nas últimas mesas, conversando, enquanto o resto dos alunos estão espalhados na sala que parece ter pouco movimento.

 

GUSTAVO: Então quer dizer que o meliante mesmo sabendo que você queria um tempo, se arriscou batendo na sua porta?

 

HELEN: Exatamente.

 

GUSTAVO: E mesmo assim você o dispensou?

 

HELEN: Preciso mesmo repetir o que acabei de dizer?

 

GUSTAVO: Não... E que tal ouvir isso... Helen, de toda estupidez que eu já te presenciei fazendo, com certeza essa foi a estupidez da estupidez.

 

HELEN: Huh, cômico ouvir o rei da estupidez querendo julgar a estupidez alheia.

 

GUSTAVO: Mas eu sou estúpido de carteirinha, sempre fui. Agora, a sua estupidez é tão grande que supera muitas das minhas.

 

HELEN: (ofendida) Deixa de ser estúpido!

 

GISTAVO: Estúpida é você que se deixa vencer por qualquer estupidez.

 

HELEN: Ah claro, por qualquer estupidez? (nervosa) E chega de pronunciar essa palavra!

 

GUSTAVO: Qual? Estúpida ou estupidez?

 

HELEN: Posso te beliscar?

 

GUSTAVO: (rindo) Okay, parei... Mas agora é sério... Helen, pensa bem no que você está fazendo.

 

HELEN: Mas eu pensei. Enquanto ele vestia o capuz e salvava o universo, eu pude pensar muito bem. Mas sabe o que está me incomodando nessa estúpida conversa? O fato de você parecer estar do lado do Cláudio... Virou “miguxo” e defensor dele agora?

 

GUSTAVO: Não é pelo Cláudio que eu estou intercedendo, minha doce e meiga amiga revoltada com a vida... Estou fazendo isso por você.

 

HELEN: (sarcástica) Ai que lindo! Obrigada madre Tereza, mas eu fiz o que achava correto.

 

GUSTAVO: E desde quando dispensar alguém que você gosta e sempre gostou é atitude correta? A menos que você esteja com alguma doença terminal e esteja guardando segredo para nos poupar da obrigação de ficar ao seu lado.

 

HELEN: Se eu estivesse morrendo, seria obrigação para você ficar do meu lado?

 

GUSTAVO: Se já tá ruim de te aguentar agora, imagina sentindo dor?

 

Helen fica pasma. Gustavo sorri e passa a mão no rosto dela.

 

GUSTAVO: Estou brincando. Estarei contigo o tempo todo independente do estado físico. 

 

HELEN: (sorrindo) É bom mesmo... Mas voltando ao assunto principal, você não entende.

 

GUSTAVO: Claro que eu entendo, eu sou um grande entendedor desses lances românticos, você sabe... O que está difícil de engolir é essa sua relutância. De que adiantou tanta espera então? E a coragem de enfrentar a Miss Bom Destino? Foi tudo em vão?

 

HELEN: Agora conta quantas vezes eu me aborreci depois disso... Conta? Estou cansada de ficar em segundo plano. No prazo de uma semana ele se preocupou mais com ela do que comigo... Eu não quero mais disputar com isso. Chega, cansei de ser boba.

 

GUSTAVO: Você não é boba, nunca foi... Quer dizer, está sendo agora, mas não no sentido de ser passada para trás. Vamos, não pense mais nisso.

 

HELEN: Era o que eu queria fazer antes de você resolver dar uma de doutor Phill. Podemos ficar em silêncio agora?

 

GUSTAVO: O que você quiser, minha flor.

 

Helen acena com a cabeça e se vira para a frente. Gustavo fica encarando-a por alguns instantes, ao mesmo tempo em que fica pensativo.

 

 

Biblioteca. Livia está numa mesa redonda, olhando para um livro e fazendo algumas anotações. De repetente ela olha para a frente e coloca a caneta na boca. Foca apenas seu rosto.

 

::. "Pictures Of You" - The Last Goodnight

 

ROGER: (em off) Isso é realmente necessário?

 

LIVIA: Se você não quiser fechar o primeiro semestre no vermelho, sim.

 

A câmera se desloca mostrando Roger sentado de frente para ela, entediado.

 

ROGER: Como eu odeio física.

 

A câmera a se desloca novamente para Livia. Dessa vez ela está com uma roupa diferente.

 

LIVIA: E qual matéria você não odeia?

 

ROGER: (sorrindo maliciosamente) Anatomia do corpo humano... Que tal a gente dar uma pausa pra dar uns amassos no corredor? (sobe e desce as sobrancelhas) Huh? Huh?

 

LIVIA: Tive uma ideia melhor... Que tal a cada acerto, dois minutos no corredor?

 

ROGER: Espertinha, você sabe que eu não vou acertar.

 

LIVIA: Tem certeza? Ouvi dizer que as pessoas tendem a superar suas próprias limitações quando querem muito uma coisa.

 

ROGER: (pensativo) Okay, vamos tentar... Mas cinco minutos no corredor.

 

LIVIA: Três.

 

ROGER: Sete e não se fala mais nisso.

 

LIVIA: (rindo) Acha que pode me enrolar? O interessado aqui é você. Se eu quiser diminuir para um selinho rápido, eu posso.

 

ROGER: Tá bom, vamos fingir que eu estou no controle só um pouquinho... Quatro minutos.

 

LIVIA: Está bem... Mas vai ter que acertar duas questões ao invés de uma.

 

ROGER: Você é muito trapaceira, sabia?

 

LIVIA: (sorrindo) Eu gosto de estar no comando. 

 

ROGER: E se por acaso eu acertasse todas... (sorri em tom provocativo) Qual seria o prêmio?

 

LIVIA: (balançando a cabeça, em reprovação) Que menino malicioso, meu Deus.

 

ROGER: (boquiaberto) Sério que você pensou nisso? Como sua mente é pervertida.

 

Ele começa a rir. Livia sorri e novamente balança a cabeça. Lentamente a imagem de Roger começa a desaparecer. A câmera se desloca para Livia, mostrando-a com a mesma roupa do início da cena. Ela está distante, sorrindo. Amanda aparece e para na frente dela.

 

AMANDA: Você está bem?

 

LIVIA: (estranhando) O que está fazendo aqui?

 

AMANDA: O quê? Acha que só porque eu pareço uma patricinha não me interesso por livros?

 

LIVIA: Eu não diria nesses termos.

 

AMANDA: (sorrindo e sentando) Mas em todo caso é verdade. Não me interesso por literatura e das vezes que pisei na biblioteca foi pra dar uns amassos no corredor.

 

LIVIA: E posso saber com quem foi?

 

AMANDA: (pensativa) Acho que com todo mundo.  

 

Elas riem. Após alguns segundos Amanda olha em volta.

 

AMANDA: É grande isso aqui... O motivo de minha ilustre visita foi para pegar um livro que eu não faço a mínima ideia de como pronunciar

 

Ela pega um papel e fica olhando-o. Livia pega o papel da mão dela.

 

LIVIA: Corredor três, primeira fileira... É um livro grosso de capa branca.

 

AMANDA: (boba) Isso foi uma tentativa de me humilhar?

 

LIVIA: (sorrindo) A professora Isabel já me mandou pegar umas quatro vezes esse livro também. É uma forma discreta de mandar para fora da sala um aluno que não para de falar.

 

AMANDA: (incrédula) Não mesmo! Você perturbando a professora?

 

LIVIA: O Roger às vezes não me deixava quieta.

 

Elas sorriem um tom de saudosismo.

 

AMANDA: Aquele palhacinho faz tanta falta, não faz?

 

LIVIA: (respirando fundo) Cada minuto... E hoje parece que sinto um aperto ainda mais forte.

 

AMANDA: Alguma data em especial?

 

LIVIA: (entristecida) É meu aniversário.

 

AMANDA: (sorrindo e apertando a mão de Livia) Meus parabéns.

 

LIVIA: (sorrindo levemente) Obrigada... Acordei meio saudosista e esperançosa, mas estou voltando ao mundo real.

 

AMANDA: (solidária) Mas de qualquer jeito, não se sinta mal em celebrar, okay? É seu dia.

 

Livia concorda com a cabeça. Amanda beija o rosto dela e levanta.

 

AMANDA: Deixe-me ir antes que a professora pense que eu fui fabricar o livro... Obrigada pela dica, e mais uma vez, parabéns.

 

LIVIA: (sorrindo) Disponha.

 

Amanda sai. A câmera fixa no rosto de Livia. Ela olha para o lado. A câmera se movimenta, mostrando ela e Roger se beijando encostados em uma estante de livros. Close novamente no rosto de Livia que sorri.

 

 

Fachada do colégio. Ouve-se o sinal tocando. Corta para o corredor. Alguns alunos transitam pelo local. Vemos Helen caminhando na direção do refeitório. Do outro lado, Cláudio também caminha para o mesmo destino. Seus olhares se encontram. Eles param na entrada e se encaram.

 

::. “If You Leave” - Nada Surf

 

CLÁUDIO: Surreal, não acha?

 

HELEN: O quê?

 

CLÁUDIO: Você se escondendo de mim.

 

HELEN: Não estou me escondendo. Apenas evitando te ver.

 

CLÁUDIO: O que dá no mesmo. E a situação deveria ser ao contrário, já que mesmo batendo na sua porta, você fez questão de me dispensar.

 

HELEN: Perfeito, sou uma péssima pessoa. Aproveita e não fala mais comigo.

 

Ela entra no refeitório. Cláudio a segue.

 

CLÁUDIO: Eu tenho buscado uma explicação lógica para as coisas terem mudado assim, tão de repente entre a gente.

 

HELEN: O que você espera de mim, Cláudio? Que eu te beije, te abrace e briguemos cada vez que eu discordar de suas atitudes?

 

CLÁUDIO: Você me ama. Eu te amo. Isso tem que significar algo.

 

HELEN: Não estou negando o que sinto por você. Mas estou afirmando que não quero mais sentir. 

 

Eles param no meio do refeitório. Cláudio abre a boca, sem saber o que dizer.

 

HELEN: Ouça, não é só você, sou eu. Tem coisas passando pela minha cabeça, coisas que ando questionando ultimamente. Eu preciso mesmo de um tempo.

 

CLÁUDIO: E o que pretende fazer nesse tempo? Regredir ao início do ano?

 

HELEN: Pelo menos eu não me importava com nada.

 

CLÁUDIO: Está errada. Você não pode associar o que aconteceu no passado com que vai acontecer no futuro.

 

HELEN: (abrindo e fechando a mão) Blá, blá, blá.

 

CLÁUDIO: Ah, muito maduro da sua parte.

 

HELEN: Acabou? Tchau.

 

Ela se vira e volta a andar. Cláudio permanece parado, observando-a enquanto se afasta. Ele balança a cabeça, em reprovação. Depois bufa e sai andando. A tela escurece.

 

 

Cozinha da casa de Livia. Clarice e Livia estão à mesa, almoçando.

 

CLARICE: (sorrindo) O que quer fazer no restante do dia? Estive pensando da gente pegar um cinema, sair para comemorar. O que acha?

 

LIVIA: É legal... Mas na verdade eu estive pensando em acabar de almoçar e...

 

CLARICE: (bufando) Passar no hospital, claro... Como não pensei nisso antes?

 

LIVIA: Mãe...

 

CLARICE: Será que não dá pra você se desprender daquele lugar pelo menos um dia? A única coisa que você tem feito nos últimos tempos é, escola, casa, hospital. Isso não é vida, minha filha.

 

LIVIA: Nós já discutimos sobre isso.

 

CLARICE: E toda vez eu falo a mesma coisa e você insiste em ignorar... Eu não me importo que se preocupe e vá visitar o seu amigo. O problema está na frequência com que tem feito isso. Estou começando a ficar seriamente preocupada com você.

 

LIVIA: Por quê?

 

CLARICE: Você acabou de completar dezesseis anos e age como se tivesse um compromisso eterno com aquele rapaz. E piora se pensarmos que vocês nem estavam mais juntos quando ele se acidentou. E se ele demorar anos para acordar? Vai deixar de fazer faculdade, namorar, aproveitar a vida, pra ficar perto de alguém que nem te amava como você merecia? 

 

LIVIA: Eu não faço nada esperando algo em troca da parte dele. Eu amo a amo, mãe. E mesmo que ele acorde e nem se lembre que eu existo, não vou me arrepender da escolha que fiz. Eu não tenho a mínima esperança de que um dia ficaremos juntos de novo.

 

CLARICE: Você diz isso agora, mas nós sabemos como vai terminar. Com você sofrendo e querendo passar um tempo com o seu pai.

 

Livia balança a cabeça, em reprovação. Clarice passa a mão na cabeça.

 

CLARICE: Eu só quero que você viva a sua vida, minha filha. Não a dos outros.

 

LIVIA: (olhar baixo) Esse é o primeiro ano que passo o meu aniversário sem o papai... (levanta o olhar) Viu? Não me culpe por não ter o que comorar.

 

Ela levanta e sai da cozinha. Clarice encosta na cadeira e olha para cima, entristecida.

 

 

Ginásio do Colégio Esplendor. Cláudio está no vestiário, sentado em um banco, com uma toalha enrolada em torno do pescoço. Gustavo entra em cena, indo em direção ao seu armário e o abre. Cláudio fixa seu olhar nele por alguns momentos. 

 

CLÁUDIO: Hei, cara... Você fez um bom treino hoje.

 

GUSTAVO: Não posso dizer o mesmo de você... O que foi aqueles cinco pênaltis perdidos?

 

CLÁUDIO: A pontaria não estava muito boa... Diferente da sua. O que foi aquele gol?

 

GUSTAVO: (sorrindo) Golaço, né? (pensativo e parando de sorrir) Okay, fica tranquilo que nós não vamos voltar à “vida loka” como no começo do ano. Ela vai ficar bem. Então pode parar de puxar o meu saco.

 

CLÁUDIO: (aliviado) Graças a Deus, estava me dando coceira te elogiar... E é isso que eu não entendo... Como ela prefere ficar perto de um idiota e não comigo?

 

GUSTAVO: É só contar quantas vezes o idiota a magoou e quantas vezes você o fez. E claro, quantas vezes, mesmo que inconsciente, ainda irá fazer.

 

Cláudio fica reflexivo. Gustavo sorri e fecha o armário.

 

GUSTAVO: Acho que encontrou sua resposta.

 

Ele joga a toalha no ombro e sai. A câmera se aproxima de Cláudio que mantém a mesma expressão.

 

 

Casa de Amanda. Nathalia está no quarto, de frente para o espelho, usando o secador de cabelos. Pelo reflexo do espelho podemos ver Amanda deitada na cama junto com a neném.

 

NATHALIA: (desligando o secador) Obrigada por emprestar o seu sacador. Não sei o que aconteceu com o meu.

 

AMANDA: Sem problemas. Quando quiser não precisa pedir.

 

Close no bebê. Amanda passa a mão na barriguinha dela.

 

NATHALIA: Vai fazer alguma coisa hoje à noite? Posso pegar um filme pra gente ver juntas.

 

AMANDA: Na verdade eu tenho planos...

 

NATHALIA: (desanimada) Ah tá... Legal. Fica pra outra vez então.

 

AMANDA: Você pode vir junto se quiser.

 

NATHALIA: Não sei... Essa sapequinha aí tem dado muito trabalho para dormir.

 

AMANDA: (dando os ombros) Deixa com os avós, eles já não estão mega corujas com a netinha? Então... (olhando para a criança e mexendo no rostinho dela) Pelo menos isso nós temos em comum.

 

NATHALIA: (após alguns segundos) Você já tentou conversar com eles? Dizer o que sente de verdade?

 

AMANDA: Huh, é como conversar com a parede. Eles não vão aceitar que estão errados, mesmo que esfregue na cara deles. E quer saber de uma coisa? Eu desisti de vez disso, não quero mendigar o amor de ninguém. Especialmente se for por causa dessa minha implicância sem cabimento.

 

NATHALIA: Não é sem cabimento.

 

AMANDA: (estranhando) Mesmo? Pensei que você fosse concordar e ainda completar com frases do tipo... “Você está exagerando, eles gostam igual das duas”.

 

NATHALIA: Eu não gosto de alimentar esse tipo de conversa porque sei que vai te chatear ainda mais. Eu percebo coisas, e não quero que se machuque.

 

AMANDA: (entortando a boca) Eu sei... (olhando-a) Me desculpa por ter descontado em você nos últimos dias. É que eles me fazem perder a razão.

 

NATHALIA: Não tem problema. O importante é que você saiba que eu estou do seu lado, e qualquer decisão que resolver tomar, pode contar comigo.

 

Amanda sorri emocionada. Nathalia também sorri. Segundos depois Amanda se inclina e beija o rosto da sobrinha.

 

AMANDA: (levantando) Então deixe-me tomar um banho para sair... Você vai, certo?

 

NATHALIA: (sorrindo) Se a Lily dormir mais cedo, prometo dar uma passadinha por lá, onde quer que seja esse lugar.

 

AMANDA: É lá naquele restaurante/bar sem nome que eu te levei um tempo atrás. Lembra?

 

NATHALIA: Lembro sim.

 

Amanda pisca para a irmã e sai do quarto. Nathalia fica pensativa por alguns segundos, depois levanta, vai até a cama e acaricia o rosto da filha.

 

 

Quarto de Livia. Temos a visão do teto por alguns segundos.

 

::. “Chaper One” - Lifehouse

 

ROGER: (em off) Eu estive pensando... A gente podia fazer uma viagem também. E além da minha surpresa, você pode escolher outro presente.

 

A imagem desce, mostrando Livia e Roger sentados na cama. No meio deles tem uma bandeja com vários doces.

 

LIVIA: Ainda estamos falando do meu aniversário? Roger, de que planeta você veio?

 

ROGER: Uma coisa bem planejada é algo bem executado, aprenda isso... (pega um docinho e come) Mas se fosse escolher algo, o que você gostaria de ganhar?

 

LIVIA: Que meus pais ficassem juntos de novo.

 

Roger a olha com pesar. Livia abaixa o olhar e sorri de leve.

 

ROGER: Infelizmente é algo que está além do meu alcance... Mas o meu coração, esse sim eu posso te dar. Sempre e para sempre.

 

LIVIA: E quando os duzentos anos passarem?

 

ROGER: Aí a gente renova por mais duzentos anos.

 

LIVIA: (sorrindo) Você não existe... Consegue me fazer sorrir mesmo nos momentos mais difíceis... Como eu tenho sorte de ter você.

 

ROGER: (sorrindo) Não, a sorte é minha. Se eu fizer um levantamento do começo do ano até agora, te conhecer foi a melhor coisa que me aconteceu. E posso ter certeza que vai ser assim até o final do ano, e do outro ano, e do outro, do outro, e outros.

 

Livia se inclina e o beija de forma intensa e apaixonada. Após alguns segundos eles afastam seus rostos.

 

ROGER: Adoro beijo melado, cheio de doces. Vamos experimentar outros sabores.

 

Livia sorri e coloca outro doce na boca. Eles voltam a se beijar. A imagem começa a subir.

 

LIVIA: (voz distante) Então?

 

ROGER: (voz distante) Com brigadeiro agora.

 

Ouve-se Livia rindo, mas bem fraco, até cessar. A câmera mostra o teto do quarto, desce e vemos Livia deitada sozinha cama. Ela está sorrindo em tom de nostalgia. No travesseiro perto de sua cabeça está seu celular. Ele começa a tocar. Livia pega o aparelho e atende.

 

AMANDA: (off, celular) Se arruma que em vinte minutos estou passando aí.

 

LIVIA: (sentando na cama) Como assim?

 

AMANDA: (em off, celular) Sem perguntas... Vinte minutos.

 

LIVIA: Mas...

 

AMANDA: (em off, interrompendo) Sem “mas” também.

 

Ouve-se o barulho da ligação sendo encerrada. Livia franze a testa, em seguida suspira, olhando para o guarda-roupas. A tela escurece.

 

 

Abre mostrando a praça do centro. É noite. Helen e Gustavo caminham devagar pela calçada.

 

::. “Human” - Skye Sweetnam

 

HELEN: E então? O que vamos fazer?

 

GUSTAVO: Cineminha com pipoca?

 

HELEN: (fazendo careta) Ai cinema? Faz tempo que a gente não sai e você quer ir ao cinema?

 

GUSTAVO: Mas não é qualquer filme... Tem muito sangue e pra maior de dezoito anos. Além do mais, essa é a última semana que vai ficar em cartaz. Por favor?

 

HELEN: (bufando) Okay... Mas depois eu escolho o lugar.

 

GUSTAVO: (sorrindo) Fechado.

 

 

Restaurante/Bar da família da Nicole. Close em uma caixinha de madeira em cima de uma mesinha no palco. Ao lado tem um cartaz com os dizeres “Ajude a escolher o novo nome do Bar e ganhe uma semana de jantar grátis”.

 

A câmera dá uma passada rápida, mostrando o lugar bastante cheio. Corta para Priscila sentada de frente para o balcão. Do lado de dentro está Nicole.

 

::. “Human” - Skye Sweetnam (cont.)

 

PRISCILA: Sabe que esse avental caiu muito bem em você? Não existe coisa pior do que falsa riquinha.

 

NICOLE: Mas com ou sem avental, eu consigo chamar mais atenção que você, admita.

 

PRISCILA: (sorrindo) Especialmente do Gustavo, que tal?

 

NICOLE: Nem me lembre daquele carrapato... Que por sinal, estranho não ter aparecido por aqui ainda hoje.

 

PRISCILA: Nossa, alguém está morrendo de saudades.

 

NICOLE: (fazendo careta) Eu? Saudades daquela peça? Nunca.

 

PRISCILA: Está estampado na sua testa, Nicole. A boca nega o que o coração sente.

 

NICOLE: Você anda assistindo muitos romances.

 

PRISCILA: (sorrindo) Diria que estou vivendo um.

 

NICOLE: Então aproveite bem. Eu estou muito bem solteira e pretendo ficar assim por um bom tempo.

 

Nicole olha na direção da porta. Priscila sorri em tom provocativo. Nicole percebe.

 

NICOLE: O quê?

 

PRISCILA: Perdi a conta de quantas vezes você desviou o olhar para a porta. Está ansiosa para que alguém passe por ela?

 

NICOLE: Vai pedir alguma coisa ou me encher a noite toda?

 

PRISCILA: Tem notícias do Gabi?

 

NICOLE: Nos correspondemos por e-mail, às vezes por telefone... Na maioria das vezes ele briga comigo. Mas é bom falar com alguém que parece nos conhecer melhor que nós mesmos.

 

PRISCILA: (sorrindo) É, ele é assim mesmo... E tem previsão pra quando ele volta?

 

NICOLE: Em breve, mas sem uma data precisa.

 

PRISCILA: Ele sabe que eu estou namorando o Felipe?

 

NICOLE: Eu não contei... Sei lá o que vocês tiveram até a metade do ano e não faço ideia do que ele está sentindo agora. É melhor deixar que ele venha a saber aqui, e não em terras estrangeiras.

 

PRISCILA: (receosa) Alguma vez ele perguntou de mim?

 

NICOLE: Algumas, mas ultimamente parou de tocar no seu nome... Por que vocês não se correspondem?

 

PRISCILA: Eu não sei... Tanto ele, quanto eu, não arriscamos manter contato.

 

NICOLE: Ainda gosta dele?

 

PRISCILA: Que pergunta... Eu estou com o Felipe agora, é dele que eu gosto. Só não sei como vai ficar o clima entre nós depois que ele voltar.

 

NICOLE: Não se preocupe com isso. Ele parece bastante feliz. Quem sabe volte apaixonado por uma gringa.

 

PRISCILA: (sorriso amarelo) É, tomara.

 

Nicole sorri e sai. Priscila fica pensativa. A câmera gira até Amanda e Livia que estão em uma mesa.

 

::. “Teenage Dirtbag” - Wheatus

 

AMANDA: Está feliz?

 

LIVIA: Posso ironizar a resposta?

 

AMANDA: Já parou para pensar que pode estar em depressão?

 

LIVIA: Mas eu não estou. Apenas não quero sair, só isso.

 

AMANDA: Seria compreensível se hoje não fosse um dia especial.

 

LIVIA: É um dia comum com os outros.

 

CLÁUDIO: (aparecendo) Oi meninas... Vocês viram a Helen?

 

AMANDA: Celular desligado. Não quer contato com quem pode estar em contato com você.

 

CLÁUDIO: (respirando fundo) As pessoas reclamam que eu me preocupo demais, mas eu pareço ser o único com maturidade por aqui.  

 

AMANDA: (sorrindo) Tá bom, ô senhor maduro. E pra te deixar mais preocupado, o Gustavo também não está aqui.

 

CLÁUDIO: Gustavo e Helen em tempo ruim... Ótima combinação.

 

Ele balança a cabeça, em reprovação, saindo em seguida. A câmera o acompanha, mostrando Larissa passando pela porta. Seus olhares se encontram.

 

LARISSA: (sorrindo) Hei.

 

CLÁUDIO: Você não tinha que estar em repouso? (pensativo) Quer saber? Estou feliz que esteja bem. Aproveite a noite.

 

Ele abaixa a cabeça e passa por ela. Ela se vira na direção dele, franzindo as sobrancelhas.

 

LARISSA: (falando alto) Obrigada... E por se preocupar comigo também.

 

CLÁUDIO: (sem olhá-la) Não vamos tornar isso um hábito.

 

Larissa sorri outra vez e vai até o balcão. Gil está do outro lado.

 

GIL: Deseja alguma coisa?

 

LARISSA: Que tal uma cerveja?

 

GIL: Posso ver sua identidade?

 

LARISSA: Serve uma falsa?

 

GIL: (sorrindo) Acho que não.

 

LARISSA: Estou brincando, vou tentar ficar sóbria por uns tempos... Me vê uma tônica aí.

 

Gil se abaixa, levanta e coloca uma latinha amarela na frente dela.

 

GIL: Você está bem?

 

LARISSA: Depois da experiência de quase morte, estou me sentindo muito bem... Obrigada por ter acompanhado os garotos ao meu resgate.

 

GIL: Não foi nada... Eu sei como é se sentir excluído. No final do ano passado até com o Léo eu resolvi implicar. Mas se me permite um conselho, não vale a pena se revoltar. O máximo que você vai conseguir é uma pequena, mas bem pequena compaixão. O mais provável é que se torne uma pessoa que ninguém sente a mínima falta.

 

LARISSA: (reflexiva) Eu sei. De um jeito doloroso, eu aprendi. O jeito que eu pretendo me comportar daqui pra frente, é como eu quero que se lembrem de mim.

 

GIL: (sorrindo) É disso que eu estou falando.

 

Eles se olham e sorriem um para o outro. Larissa abaixa o olhar, depois levanta.

 

LARISSA: Você está bem assim, Gil. Continue nesse passo.

 

GIL: (sorrindo) Obrigado, eu também estou gostando desse meu novo eu. E se precisar de mim, pode me procurar.

 

Larissa acena com a cabeça e sorri. Gil sai. Ela abre a lata de tônica e dá um gole, olhando para o lado em seguida. Close em Livia e Amanda na mesa. Amanda levanta a mão, acenando para Larissa. Larissa faz o mesmo.

 

 

A câmera dá um giro de 360º graus, cortando para jovens dançando na pista. Encostados em uma pilastra estão Cláudio e Livia, conversando.

 

::. “On The Ride” - Aly & AJ

 

CLÁUDIO: Estou muito feliz que você tenha saído um pouco.

 

LIVIA: (sorrindo) De casa ou do hospital?

 

CLÁUDIO: Ambos... Se distrair também é importante.

 

LIVIA: (sorrindo) Quem te viu e quem te vê, Cláudio. Lembro muito bem que tinham que te carregar para fora da sala, para você descansar um pouco.

 

CLÁUDIO: É verdade. Mas o Arthur me disse algo uma vez que faz muito sentido... Nossa dedicação prova mais do que nunca o quanto amamos ele. O que nós poderíamos ter feito, nós fizemos, o resto é com os médicos. Nós somos jovens e precisamos de momentos de descontração. O próprio Roger se pudesse se comunicar com a gente, iria querer que nos divertíssemos de vez em quando.  

 

LIVIA: Eu sei... É que ultimamente eu tenho pensado tanto nos bons momentos que passamos juntos que me bate uma ansiedade de estar lá, mesmo que seja apenas para ficar observando-o. É difícil explicar.

 

CLÁUDIO: Eu te entendo... Nós somos parecidos em muitas coisas. Mas enquanto ele não acorda, precisamos continuar com as nossas vidas. Não abdicar delas.

 

Livia concorda com a cabeça e sorri. Nesse instante Amanda aparece e puxa Livia, abraçando-a.

 

AMANDA: Que bom ver que certas pessoas ainda podem sorrir. Vem comigo.

 

LIVIA: (curiosa) Pra onde?

 

Amanda puxa Livia até o balcão, onde um bolo está sendo colocado em cima de uma mesa próxima. Livia abre a boca, surpresa ao ver. Várias pessoas se aglomeram em volta, entre eles Priscila, Gil e Nicole. As pessoas começam a bater palmas e cantar parabéns. Os olhos de Livia começam a brilhar, emocionada. Amanda segura nas mãos dela.

 

AMANDA: Eu sei que é clássico dizer isso... Mas era o que ele teria feito se estivesse aqui. E era o que ele queria que você fizesse se pudesse se comunicar. 

 

LIVIA: (emocionada) Eu não sei o que dizer... Obrigada.

 

Elas se abraçam forte. A câmera se muda para uma visão aérea da cena. Após alguns segundos, a tela escurece.

 

 

Abre com Gustavo e Helen passeando por uma calçada.

 

HELEN: Um filme, vitrines, praça de alimentação do shopping... O que quer fazer agora? Visitar uma loja de Pet Shop?

 

GUSTAVO: (animado) Podemos?

 

HELEN: (olhando seriamente para ele) Estou sendo sarcástica... O que está acontecendo com você?

 

GUSTAVO: Nada... Não está se divertindo?

 

HELEN: (olhando para o lado) Vou me divertir agora.

 

Ela puxa Gustavo para dentro de um bar. Eles se aproximam do balcão. Um atendente aparece.

 

RAPAZ: Pois não?

 

GUSTAVO: Duas latinhas de Coca. Uma light... (olha para Helen) O general disse que estou fora de forma, vê se pode?

 

HELEN: (incomodada) Por que pediu refrigerante? E por que está agindo todo estranho esta noite? Antigamente eu nem precisava te chamar para farrear que você já estava pronto. Quer enganar quem agindo dessa maneira? Coca light, sério?

 

GUSTAVO: (respirando fundo) Okay, você está certa, estou agindo estranho. Não que eu não quisesse farrear com você, mas é que as coisas mudaram. Antigamente você era apenas uma companheira de farra... Hoje você é como se fosse uma irmã pra mim. Não posso e não quero te ver daquele jeito de novo, não importa o quanto fique brava comigo.

 

HELEN: (bufando) Deus do céu, eu criei um monstro.

 

GUSTAVO: (sorrindo) Na verdade você criou alguém capaz de enxergar além de si.

 

Helen entorta a boca e apoia o cotovelo no balcão. Gustavo toca a mão dela.

 

GUSTAVO: Você não faz ideia do impacto que causa na vida dos que te rodeiam, não é?

 

HELEN: E quem impacta a minha vida? Estou cansada de ouvir o que fiz, quando não fazem nada por mim. Pare de me colocar num pedestal e citar como exemplo de virtude. Estou farta dessas coisas.

 

GUSTAVO: Você está agindo como uma criança boba e infantil.

 

HELEN: Se é criança, já é infantil, seu idiota... (se movimentando) Eu vou pra casa e não venha atrás de mim.

 

GUSTAVO: Helen, vamos, espera.

 

HELEN: E se me encontrar na mesma calçada, atravesse a rua.

 

Ela sai. Gustavo respira fundo e se vira para a frente. Pega a latinha em cima do balcão e abre.

 

GUSTAVO: Pelo menos consegui que ela fosse pra casa... (bebe o refrigerante e ri) Gustavo, Gustavo, recusando álcool? E ela ainda se questiona sobre a importância que tem em nossas vidas.

 

 

Restaurante/Bar da família da Nicole. O local está um pouco mais vazio que antes. Nathalia passa pela porta e olha para os lados, procurando alguém. Corta para Gil no balcão, olhando-a.

 

::. “City Of Devils” - Yellowcard

 

GIL: Sua irmã já saiu. 

 

NATHALIA: Nos desencontramos então.

 

Ela vai até o balcão. Gil a encara por alguns segundos.

 

GIL: Posso te oferecer alguma coisa para que pelo menos não perca a viagem?

 

NATHALIA: Não, obrigada. É melhor eu ir.

 

GIL: O que aconteceu entre nós no passado, não impede de conversarmos. Eu não vejo mal em um recomeço, afinal, acabamos de nos conhecer, lembra?

 

Nathalia parece hesitante. Gil insiste.

 

GIL: Vamos lá, você está num bar. É normal fazer amizade com o barman, eles são ótimos ouvintes.

 

NATHALIA: (pensativa) Acho que posso ficar por alguns minutos se me prometer não tocar naquele assunto.

 

GIL: Que assunto?

 

Nathalia sorri. Ela puxa a cadeira e senta.

 

NATHALIA: Então, barman... O que sugere para um fim de noite?

 

GIL: Isso depende de como você quer terminar a noite...

 

Ele continua conversando, mas a música aumenta, tomando conta da cena. A imagem começa a se afastar, enquanto vemos os dois conversando em tom animado. A câmera para na entrada da cozinha, onde é possível ver Nicole ali parada. Ela sorri de forma maliciosa, dando clara ideia de que estava ouvindo a conversa.  

 

 

Casa de Livia. A câmera acompanha Livia chegando na sala. Clarice está sentada no sofá, assistindo televisão. Livia se aproxima da mãe.

 

::. “City Of Devils” - Yellowcard (cont.)

 

LIVIA: Falta alguns minutos para a meia-noite... Ainda podemos celebrar se quiser. 

 

Clarice apenas a encara. Livia levanta uma sacola.

 

LIVIA: (erguendo as sobrancelhas) Eu trouxe um pedaço de bolo.

 

CLARICE: (balançando negativamente a cabeça) Acho que não.

 

Livia abaixa o olhar. Clarice sorri.

 

CLARICE: Tem um bolo inteirinho na geladeira... O seu preferido.

 

LIVIA: (se animando) Comprou as velinhas também?

 

CLARICE: (sorrindo) Um e seis.

 

Clarice levanta e ambas se abraçam fortemente.

 

LIVIA: Eu queria dizer que entendo toda sua preocupação. E agradeço por zelar por mim. Sei também que não tem sido um ano fácil para a senhora.

 

CLARICE: A única coisa que me importa é a sua felicidade. E é por isso que eu sempre vou lutar.

 

Livia sorri. Clarice beija o rosto da filha. Elas se movimentam até a cozinha, abraçadas. A câmera permanece na sala, e se desloca até o sofá. Livia e Roger estão sentados, abraços, concentrando na televisão. Após alguns segundos Roger começa a olhá-la. Livia percebe e faz o mesmo. Eles sorriem e dão um selinho demorado, se beijando com ternura em seguida. Após alguns segundos Roger coloca o braço atrás do sofá e Livia encosta a cabeça no peito dele. A câmera se afasta devagar, focando os dois por alguns instantes.

 

 

Gustavo está saindo do bar. Ele para na frente da porta e se espreguiça, bocejando ao mesmo tempo. Do lado esquerdo dele, lá no fundo, é possível ver uma aglomeração de pessoas. Gustavo olha na mesma direção e franze as sobrancelhas, curioso.

 

Corta para alguns carros parados, especialmente um mais à frente de todos. Um senhor conversa com duas mulheres. Ele parece nervoso.

 

::. “City Of Devils” - Yellowcard (cont.)

 

SENHOR: Eu não sei o que aconteceu. Ela apareceu assim, de repente. Não consegui frear a tempo.

 

Da calçada vemos Gustavo caminhando e olhando para a multidão. Ele para perto de uma mulher e dialoga com ela. Em seguida ele abre bem os olhos e se apressa até o bolo de pessoas na rua, tentando abrir caminho. 

 

GUSTAVO: (tentando passar) Com licença... Sai da frente.

 

Quando a última pessoa sai do caminho, podemos ver Helen estirada no chão. Ela está desacordada e com sangue na cabeça. Gustavo se ajoelha até ela, desesperado.

 

GUSTAVO: (desesperado) Oh meu Deus! (aumenta o tom da voz) Helen! (desesperado) Não, não, não, não, não, não... Por favor.

 

O som aumenta e toma conta da cena. A câmera dá um close no rosto de Helen, mudando para uma visão aérea em seguida.

 

CLÁUDIO: (em off) Disse o poeta... Não devemos fugir do nosso destino e nem apagar cada linha por ele traçada em nosso coração. Por mais difícil que seja, devemos nos acostumar a aceitar cada provação, cada situação que temos de enfrentar.

 

Ainda numa vista aérea, vemos mais pessoas se aproximando. Um som de sirene começa a surgir. Lentamente a tela escurece.

 

 

 

 

 

   

 

 CREDITOS FINAIS:

 

CRIADO E ESCRITO POR:

 

Thiago Monteiro

 

PARTICIPAÇÕES ESPECIAIS

 

Jennifer Ehle como Clarice  

 

MÚSICA TEMA

 

“Meant To Live” - Switchfoot

 

TRILHA SONORA

 

“Great Companion” - Landon Pigg 

"Pictures Of You" - The Last Goodnight

 “If You Leave” - Nada Surf 

  “Chapter One” - Lifehouse

 “Human” - Skye Sweetnam 

“Teenage Dirtbag” - Wheatus

 “On The Ride” - Aly & AJ 

  “City Of Devils” - Yellowcard

 

Copyright © 2007

 

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