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Abre com Roger dirigindo seu carro em alta velocidade. Ele segura firme no volante. Sua aparência é de fúria e frustração.

 

ROGER: (em off) Dizem que sua vida inteira passa diante de seus olhos na hora da morte... É como se, num curto período de tempo, segundos, você pudesse arquivar vários pensamentos de uma só vez... Pensamentos que te levam a desistir de tudo...

 

Um flash toma conta da tela e várias cenas rápidas da temporada passada são mostradas, como, Roger terminando com a Amanda, no enterro de seu irmãozinho, dos olhos de Lívia cheios de lágrimas quando eles terminaram, brigando com Arthur, brigando com Cláudio.

 

Volta para o carro. Close no rosto de Roger por alguns instantes.

 

ROGER: (em off) ... Ou podem te salvar.

 

Ele gira o volante para a direita. Um clarão toma conta da tela, deixando tudo branco, enquanto apenas ouvimos o som do carro se chocando contra o muro. Desfaz com Roger deitado na cama do quarto de sua casa. O ambiente está escuro. Ele abre bem os olhos, assustado, e fica pensativo por alguns instantes. Em seguida, vira o rosto para a esquerda. Close no celular em cima da mesinha. Ele estica o braço e pega o aparelho, discando.

 

ROGER: Hei... Desculpa estar te ligando outra vez, mas eu preciso muito falar com você... Por favor, retorna a ligação ou apareça aqui em casa.

 

Ele desliga o aparelho e novamente fica pensativo. A câmera vai se afastando lentamente do quarto, e conforme vai se afastando, a tela vai escurecendo e introduzindo a música da abertura.

 

 

 

 

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Casa de Amanda. Amanda está no quarto, de frente para o espelho, experimentando um vestido. Ela olha para o seu reflexo por alguns segundos, demonstrando insatisfação.

 

::. “Ripe” - Ben Lee

 

AMANDA: Acho que não ficou legal.

 

A câmera se desloca para trás. Nathalia está sentada na cama, expressando tédio.

 

NATHALA: Qual é o defeito dessa vez?

 

AMANDA: Não parece apertado demais na cintura?

 

NATHALA: Aham, assim como o anterior estava apertado no busto, o anterior do anterior pequeno demais... E as demais vinte e três tentativas frustrantes que você conseguiu encontrar um defeito diferente para cada... Por que tanta insegurança?

 

AMANDA: Estou nervosa... É o nosso primeiro encontro como casal.

 

NATHALIA: Corrija-me se estiver errada, mas vocês já não passaram dessa fase de primeiro encontro quando namoraram por quase 1 ano?

 

AMANDA: Mas agora é diferente, é como se estivéssemos começando do zero. Me sinto uma adolescente.

 

NATHALIA: Você é uma adolescente.

 

AMANDA: Que seja, vovó... (torce a boca ao se olhar) Não, vou experimentar outro.

 

NATHALIA: (revirando os olhos) Como se eu não soubesse disso.

 

Amanda se desloca para um closet. Nathalia deita na cama, pega um urso de pelúcia e fica olhando para ele.

 

AMANDA: (em off) Você vai na festa hoje à noite, não vai?

 

NATHALIA: Não sei... Não tô a fim de deixar a Lliy sozinha.

 

AMANDA: (em off) Leva ela... Já tá mais do que na hora da cidade conhecer sua habitante mais linda.

 

Nathalia fica pensativa por alguns segundos. Depois, coloca o urso do lado.

 

NATHALIA: Acho que a Dinda ou a mamãe não se incomodarão de ficar com ela por algumas horas.

 

Amanda aparece com outro vestido e vai diretamente para o espelho.

 

AMANDA: Certo, mas mais cedo ou mais tarde meus amigos terão que conhecer minha sobrinha predileta.

 

Ela se vira para Nathalia e abre os braços.

 

AMANDA: O que achou?

 

NATHALIA: (fazendo careta) Eu acho que...

 

AMANDA: (interrompendo) Perfeito! Vai ser esse então! 

 

NATHALIA: (boquiaberta) Ótimo, fico muito feliz em ser útil. Me lembre de trazer meu MP4 da próxima vez que me chamar para dar alguma palpite sobre o que vai vestir e não levar em conta a minha opinião.

 

AMANDA: Relaxa, te chamei aqui mais pela companhia.

 

Ela volta a se olhar no espelho, sorrindo de satisfação com o vestido. Nathalia novamente fica pensativa.

 

NATHALIA: A festa vai ser naquele bar sem nome, certo?

 

AMANDA: (acenando com a cabeça) Sim.

 

NATHALIA: Digamos que, em alguns momentos que passeei pela cidade, eu tenha ido umas duas, três vezes naquele lugar e tipo, pegado amizade com um de seus amigos... Você ficaria brava comigo?

 

AMANDA: (estranhando) Por que eu ficaria brava por você fazer amizade com os meus amigos, se é isso mesmo que eu quero que aconteça? Nathy, sei que esse lance de irmãs amigas, unidas, começou recentemente, mas você tem que parar de ter medo de me magoar... Irmãs fazem isso.

 

NATHALIA: Eu sei, é que, fiquei com medo que pudesse pensar que eu estaria invadindo o seu mundo, roubando a atenção de seus amigos.

 

AMANDA: Meus amigos não são quem nem os bobinhos dessa casa... Eles têm bom gosto.

 

NATHALIA: Okay, não vou levar isso como ofensa... Mas é um alívio saber que está bem.

 

AMANDA: Estou... Mas quem é a pessoa? Se for a Nicole, lamento dizer, mas nós não somos amigas.

 

NATHALIA: Não... Não é a chatinha filha do dono... É o garçom.

 

AMANDA: O Gil? E é possível conversar algo útil com aquele troglodita?

 

NATHALIA: Ah, ele está diferente, mais maduro... Não é mesmo do passado.

 

Amanda franze as sobrancelhas e se vira para Nathalia.

 

AMANDA: Como assim “não é mais o mesmo do passado”? Você não acabou de conhecê-lo?

 

Nathalia sorri sem graça, e tenta disfarçar.

 

NATHALIA: É modo de dizer... Vocês não namoraram? Então, eu meio que cheguei a topar com ele algumas vezes no corredor depois que ele saia do seu quarto. Dava aqueles sorrisinhos, nariz em pé, típico adolescente que se acha.

 

AMANDA: Argh, nem lembre desse triste passado.

 

NATHALIA: (após alguns segundos) O que vocês tiveram não foi nada sério, certo?

 

AMANDA: Ah, vamos dizer que eu nunca vou poder esquecer aquele idiota. Se é que você entende.

 

NATHALIA: Ele foi o seu primeiro?

 

AMANDA: (entortando a boca) Nem tudo nessa vida é perfeito.

 

Amanda coloca a mão na testa e faz cara de drama, sorrindo em seguida.

 

NATHALIA: Mas você gostava muito dele?

 

AMANDA: No começo posso até dizer que sim, mas o cachorro dormia comigo e pegava a primeira vagabunda que via pela frente.

 

Nathalia engole a seco, esboçando um sorriso amarelo. Amanda continua a se olhar no espelho, medindo o vestido no corpo.

 

AMANDA: Mas por que esse interesse todo no meu passado com o barman? Por acaso está interessada nele? O canalha até que é bonitinho, mas você estaria pegando para criar.

 

NATHALIA: Não estou interessada nele, e por favor, ele é só três anos mais novo que eu.

 

AMANDA: (sorrindo maliciosamente) Sua pervertida, gosta de pegar garotos mais novos, huh? 

 

Nesse instante ouve-se o choro do neném vindo de outro ambiente. Nathalia levanta.

 

NATHALIA: Graças a Deus!

 

AMANDA: (sorrindo) Não fuja da questão! 

 

NATHALIA: (saindo) Nem uma palavra a mais sobre isso.

 

Amanda ri. Nathalia sai de cena. Amanda volta a se olhar no espelho admirando-se com o vestido.

 

 

Quarto de Roger. Roger está sentando de frente para a janela, pensativo. Após alguns segundos ouve-se passos de alguém se aproximando.

 

CLÁUDIO: (em off) Hei, companheiro.

 

A imagem abre. Roger está sentando em uma cadeira de rodas. Ele se vira na direção de Cláudio, que senta na cama.

 

CLÁUDIO: Vim saber se você quer sair um pouco... Andar pelas ruas do condomínio?

 

ROGER: Ótima ideia. Estive até pensando em você pegar o skate e a gente apostar quem desce mais rápido a ladeira. Mas já vou avisando, essas rodas aqui são de primeira.

 

CLÁUDIO: Isso foi uma tentativa de ser engraçado como nos velhos tempos, ou algum tipo de deboche ao meu convite?

 

ROGER: Deixe-me pensar sobre isso... Até lá, saiba que eu estou bem.

 

CLÁUDIO: (sorrindo) Mas eu não perguntei se estava bem.

 

ROGER: Mas duvido que não estava pensando em perguntar... Ouça a minha situação... Minha mãe quer me dar comida na boca, meu pai quer construir uma rampa na escada, a Amanda se ofereceu para me dar banho na frente da dona Vera.

 

Cláudio começa a rir. Roger revira os olhos.

 

ROGER: E tem você...

 

CLÁUDIO: Eu?

 

ROGER: Você mesmo... Não faz nem uma hora que você saiu daqui. Se a intenção de todos é fazer com que eu não me sinta inválido, acho melhor partir para outra estratégia, porque é exatamente assim que eu estou me sentindo... Resumindo, vocês estão me enlouquecendo!

 

CLÁUDIO: (rindo) Dá um desconto... Isso tudo é saudades... E pra dizer a verdade, acho que você está inquieto, não por estar sendo paparicado, mas por estar faltando alguém nesse paparico.

 

Roger não responde, apenas o encara. Cláudio levanta as mãos.

 

CLÁUDIO: Deixa pra lá... (após alguns segundos) Então, está animado com a festa?

 

ROGER: (sorrindo de forma exagerada) Isso responde? (desfaz o sorriso) Não estou em clima de festas... Não quero que me vejam assim.

 

CLÁUDIO: Bobagem, quase todo mundo já te viu assim. E é a sua festa de boas-vindas, não pode deixar de ir. A Amanda se empenhou tanto em realizá-la... Não vai querer frustrá-la, certo?

 

ROGER: Claro... (suspira) A Amanda.

 

CLÁUDIO: (desconfiado) Okay, o que está havendo? O que você não está me contando?

 

Close no rosto de Roger. Ele está bastante pensativo. Depois, mexe a cadeira para mais perto de Cláudio.

 

ROGER: Está bem, preciso colocar isso pra fora de uma vez.

 

 

Casa de Cláudio. A porta abre e Lucio entra.

 

LUCIO: (falando alto) Cheguei! 

 

Lucas aparece no corredor, correndo ao encontro do pai, feliz.

 

LUCAS: (empolgado) Pai! 

 

Lucio se abaixa e pega o filho no colo.

 

LUCIO: Hei, garotão! Como você está?

 

LUCAS: Bem! (mostrando uma nota) Olha o que eu ganhei.

 

LUCIO: (pegando a nota e estranhando) Uma nota de 100? A Silvia enlouqueceu?

 

LUCAS: Não foi a tia que me deu... Foi o tio doido.   

 

LUCIO: Tio quem?

 

Corta para a cozinha. Vemos um rapaz de costas sentado à mesa. Ele segura uma xícara. Em pé, encostada na pia, e também segurando uma xícara, está Silvia. Ambos estão rindo. Lucio aparece na entrada da cozinha, carregando Lucas no colo. O rapaz permanece de costas.

 

LUCIO: O que está acontecendo aqui?

 

SILVIA: (sorrindo) Olha quem veio nos fazer uma visita.

 

O rapaz [Scott Foley] se vira, esboçando um largo sorriso.

 

RAPAZ: (sorrindo) E ai, maninho!

 

Lucio coloca Lucas no chão e também esboça um largo sorriso.

 

LUCIO: (sorrindo) Michael, seu pilantra! O que está fazendo aqui?

 

Michael levanta. Lucio e ele se abraçam, dando leves tapas nas costas um do outro.

 

MICHAEL: Como “o que estou fazendo aqui”? Vim visitar minha família preferida, e meu irmão preferido.

 

LUCIO: É, seriam lindas palavras se você não tivesse sumido por alguns anos, e eu não fosse seu único irmão.

 

MICHAEL: (sorrindo) Não mais o único.

 

LUCIO: Espera aí... O quê? 

 

MICHAEL: Estava esperando encontrar um rapagão, mas parece que o Cláudio encolheu um pouco de uns anos para cá.

 

Ele coloca a mão na cabeça de Lucas, que ri. Lucio encara Michael por alguns segundos, feliz.

 

LUCIO: Como é bom te ver, seu maluco... Mas que história é essa de eu não ser mais seu único irmão? Por onde tem andado? E onde arrumou esse dinheiro que deu ao Lucas?

 

MICHAEL: (rindo) Calminha aí, detive, tudo no seu tempo... Que tal me dar mais um abraço, antes de eu começar a responder seus questionamentos?  

 

Lucio sorri outra vez e abraça o irmão. Close no rosto de Silvia, que também sorri assistindo a cena. A tela escurece. 

 

 

Abre com Lucio e Michael na garagem. Lucio está encostado em um balcão, enquanto Michael está encostado no carro. Ambos estão com pequenas garrafas de cerveja nas mãos.

 

MICHAEL: Você está bem, irmão... A família parece bem. Diferente da última vez que estive aqui, os sorrisos dessa vez parecem verdadeiros.

 

LUCIO: E são... As coisas mudaram bastante, graças a Deus. Silvia e eu estamos mais felizes e apaixonados do que nunca estivemos antes... Mas corta o papo furado e vai direto ao assunto.

 

MICHAEL: (sorrindo) Okay, okay... Lembra depois que nossa mãe morreu, eu disse que precisava dar um tempo, respirar novos ares, buscar meu eu interior? Na verdade não foi tão verdade assim... Eu estava tentando encontrar meus pais biológicos.

 

LUCIO: E pelo visto encontrou...

 

MICHAEL: Sim e não... Eu sou oficialmente órfão de pais adotivos e biológicos. Mas conheci pessoas da família.

 

LUCIO: Quantos irmãos?

 

MICHAEL: Três... Dois rapazes e uma moça.

 

LUCIO: E como eles são? Como te receberam?

 

MICHAEL: São boas pessoas, mas nada comparado ao meu irmão verdadeiro... Você.

 

LUCIO: Isso é bom, porque eu não ia aceitar perder o posto de preferido depois de ter limpado a sua barra milhões de vezes.

 

MICHAEL: (sorrindo) Centenas só.

 

Eles riem e se encaram, sorrindo por alguns instantes.

 

LUCIO: Pretende ficar até quando dessa vez?

 

MICHAEL: Talvez algumas semanas...

 

LUCIO: O quarto de hospedes está...

 

MICHAEL: (interrompendo) Eu vou ficar num hotel.

 

LUCIO: (estranhando) Por quê?

 

MICHAEL: Por que é exatamente o que você espera de mim... Sem falar que também espera que eu peça que assine algum cheque. Acertei?

 

LUCIO: Bom, levando em consideração as últimas vezes que nos encontramos...

 

MICHAEL: Exato. Por isso quero te mostrar que o meu novo eu, sabe se virar sozinho, mesmo que um pouco tardio.

 

LUCIO: (desconfiado) Michael, aquele dinheiro que você deu ao Lucas, da onde saiu?

 

MICHAEL: De um emprego?

 

LUCIO: Se você estivesse empregado, não estaria aqui.

 

MICHAEL: É... Mas se eu contar a verdade, você não vai acreditar.

 

LUCIO: Tente.

 

MICHAEL: Está bem... Ganhei 10 mil numa raspadinha.

 

LUCIO: (rindo) Certo.

 

MICHAEL: O que foi que eu disse?

 

LUCIO: Qual é, não quer que eu acredite que ganhou na loteria?

 

MICHAEL: Olha só, ô incrédulo, só porque eu fui um pouco azarado em quase toda a minha vida, não quer dizer que de vez em quando a sorte não possa sorrir para mim.

 

LUCIO: Tá bom, me mostre o comprovante.

 

MICHAEL: Joguei fora depois que peguei o dinheiro.

 

Lucio força a vista, desconfiado. Michael revira os olhos.

 

MICHAEL: O que você quer que eu diga? Que eu roubei um banco? É mais fácil acreditar? Desse jeito eu vou atrás de meus irmãos biológicos.

 

LUCIO: Okay... Vou te dar um voto de confiança... Mas irmão, por favor, não se meta em encrencas dessa vez.

 

MICHAEL: Estou livre de encrencas há 1 ano, 8 meses e 19 dias. Foi quando me prenderam embriagado.

 

Lucio ri e balança a cabeça, em reprovação. Michael se aproxima e levanta a garrafa.

 

MICHAEL: É bom te ver, irmão.

 

LUCIO: É bom te ver também, irmão.

 

Eles batem as garrafas e bebem em seguida.

 

 

Restaurante/Bar da família da Nicole. Gil está na cozinha, lavando pratos. Nicole surge por trás dele, esboçando um sorriso malicioso. Ela encosta na pia e continua com a mesma expressão. Gil apenas a encara.

 

::. “Light Up The Sky” - Yellowcard

 

GIL: Veio secar enquanto eu lavo?

 

NICOLE: Ainda não desci tanto.

 

GIL: O que você quer então? Não vou te cobrir outra vez.

 

NICOLE: Relaxa, eu resolvi trabalhar de verdade durante a semana...

 

GIL: Certo... Então por que não está fazendo nada enquanto eu trabalho?

 

NICOLE: Parada para o lanche... Posso te perguntar uma coisa?

 

GIL: Vai adiantar se eu disser que não?

 

NICOLE: Qual é o seu segredo com a irmã da Amanda?

 

Gil, que segurava um prato, deixa cair, quebrando-se na pia. Nicole sorri outra vez.

 

NICOLE: Isso vai ser descontado do seu salário.

 

GIL: Onde você ouviu sobre a Nathalia e eu?

 

NICOLE: As paredes daqui têm ouvidos... Especialmente eu.

 

GIL: E o que você sabe exatamente?

 

NICOLE: Então, se eu soubesse, soubesse mesmo, nem estaria te questionando, na verdade, estaria te provocando... Mas pelo que pude pegar no ar, parece que você dava uns amassos na irmã mais nova, e pulava a janela da mais velha.

 

GIL: Tá, eu não preciso te responder e não vou. E te peço, por favor, por mais difícil que seja não destilar seu veneno, mantenha a boca fechada.

 

NICOLE: E o que eu ganho com isso?

 

GIL: O que você quer?

 

NICOLE: (pensativa) Sei lá, não vim aqui com a intenção de te chantagear... Posso pensar a respeito?

 

GIL: Ou, a gente pode fazer uma troca.

 

NICOLE: Que troca?

 

GIL: Você mantém a boquinha fechada sobre o que você pensa que sabe a respeito do meu lance com a Nathalia... E eu fico de boca fechada sobre o que sei a seu respeito.

 

NICOLE: Meu filho, eu sou um livro aberto... O que poderia saber sobre mim a ponto de me calar?

 

GIL: Ah, algo pequeno, como furto ao caixa quando fica nele. 

 

Nicole abre a boca, em choque. Gil sorri.

 

NICOLE: Do que diabos você está falando, eu não...

 

GIL: (interrompendo) As paredes têm olhos... Especialmente eu. E sorte sua, que o George ainda não se deu conta que falta algumas notas no fechamento.

 

NICOLE: Apesar do meu passado me condenar, e dele confiar em você, ainda assim é a sua palavra contra a minha.

 

GIL: (tirando o celular do bolso) Por isso eu filmei, olha só.

 

Ele se aproxima de Nicole. A câmera dá um close no celular. Nele podemos ver a imagem de Nicole contando o dinheiro do caixa. Após alguns segundos, ela olha para os lados e dobra algumas notas, colocando-as no bolso, voltando a contar as outras notas. Volta para Gil e Nicole.

 

NICOLE: Isso é invasão de privacidade, sabia?

 

GIL: Isso é roubo, Nicole. E você está fazendo isso com a sua própria família.

 

NICOLE: Hei, foi só algumas vezes, e coisa imperceptível. Quem vai se importar?

 

GIL: Eu me importo... E garanto que seu padrasto e sua mãe também se importarão.

 

NICOLE: (contrariada) Está bem, você venceu. Deleta esse vídeo e eu não toco mais no assunto do sexo com as irmãs.

 

GIL: Mas tem mais uma coisa.

 

NICOLE: (bufando) E eu nem ia te chantagear.

 

GIL: Você vai parar com essa atividade criminosa antes que alguém te pegue no flagra.

 

NICOLE: Ah, está preocupado comigo agora?

 

GIL: Estou preocupado com a decepção que meus patrões teriam ao saberem que a própria filha os rouba. Eles não merecem isso.

 

NICOLE: (entortando a boca) Capachão.

 

GIL: (estendendo a mão) Temos um trato?

 

NICOLE: (apertando a mão dele) Temos um trato.

 

Gil sorri. Nicole revira os olhos e sai da cozinha. Gil vira para a pia e se inclina, tirando os cacos do prato quebrado.

 

 

Vista panorâmica da cidade. É noite. A imagem transparece para o lado de dentro da casa de Roger. Roger, sentado na cadeira de rodas, abre a porta. Amanda aparece do lado de fora. Ela veste o mesmo vestido que experimentou por último.

 

::. “Thank You” - The Little Heroes

 

AMANDA: (sorrindo) Oi.

 

ROGER: (sorrindo) Hei.

 

Ela se inclina e beija os lábios dele de forma delicada, levantando em seguida.

 

AMANDA: Vamos?

 

Roger concorda com a cabeça. Amanda vai até as costas dele e começa a empurrar a cadeira pelo gramado. Vera aparece na porta. Arthur aparece logo atrás.

 

VERA: Hei, cuida bem do meu bebê, okay?

 

AMANDA: (virando-se para ela e sorrindo) Pode deixar... A senhora sabe que ele também é o meu bebê.

 

VERA: E querido, peça para alguém te ajudar no banheiro, se precisar fazer pipi.

 

ROGER: (para Amanda) Vamos logo, antes que eles consigam me constranger mais.

 

Amanda ri e apressa o passo. Corta para Vera e Arthur observando-os enquanto se afastam.

 

ARTHUR: Você não pode ficar falando esses tipos de coisas na frente dos amigos dele, especialmente da namorada... Vai deixar o menino sem graça, se sentindo inválido.

 

VERA: Disse o homem que quer construir um elevador dentro de casa por causa da cadeira temporária.

 

ARTHUR: Pior você que pensou em colocar aquele treco de babá eletrônica no quarto dele. 

 

VERA: E é algo muito bem pensado... E se ele quiser ir ao banheiro no meio da noite? Quem vai levar? ... Pior é querer esperar dentro do banheiro, ele fazer suas necessidades.

 

ARTHUR: (rindo) E se ele se afoga lá dentro? Pior você... 

 

O som aumenta e encobre a voz de Arthur. Eles continuam discutindo, mas em tom animado. A câmera muda para uma vista aérea dos dois, subindo para o céu estrelado. Quando desce, temos a visão da frente do Restaurante/Bar da família da Nicole.

 

 

Corta para dentro. Close numa faixa com os dizeres “Seja bem-vindo de volta, Roger”. E por toda a parte da faixa, várias assinaturas. A câmera gira, mostrando vários jovens no local, parando em uma mesa, onde Roger, Amanda, Cláudio, Helen, Priscila, Gustavo e Felipe, conversam animadamente.

 

::. “Thank You” - The Little Heroes (cont.)

 

GUSTAVO: Mas diz aí Roger... Como foi sua passagem pelo outro mundo?

 

ROGER: Passagem pelo outro mundo?

 

GUSTAVO: É... Vai dizer que não se lembra de nada enquanto esteve dormindo?

 

ROGER: (balançando negativamente a cabeça) Não lembro não.

 

GUSTAVO: Mesmo? Dormiu por meses e não foi a lugar algum... Já a Helen dormiu um dia e viu versões bem tortas de nós.

 

HELEN: Gustavo!

 

ROGER: Como assim?

 

HELEN: Nada demais... É que eu fui atropelada, tive um sonho...

 

GUSTAVO: (interrompendo) Que o Cláudio era o maior chapadão da cidade, e o Lipe era esposa do Léo.

 

Todos da mesa riem, com exceção de Felipe que dá um tapa na nuca de Gustavo.

 

FELIPE: Pior é enlouquecer e matar geral depois de servir de saco de pancadas da turma.

 

GUSTAVO: Pra você ver como todos nós temos um vilão querendo sair. E no final eu viveria mais que todos aqui.

 

PRISCILA: E serviria de mulher na cadeia.

 

GUSTAVO: Pior é ser tão insignificante que nem apareceu no sonho. 

 

PRISICLA: O que prova que eu sou perfeita e não preciso da influência de ninguém, pra chegar onde eu quero.

 

Gustavo faz careta para ela, que responde mostrando a língua. Roger olha para Helen.

 

ROGER: E eu era o que no sonho?

 

HELEN: Que tal a gente mudar de assunto?

 

ROGER: (sorrindo) Vamos, o que poderia ser pior do que tudo que eu já passei?

 

GUSTAVO: Ficar preso num manicômio por múltiplas tentativas de suicídio, responde a sua pergunta? Se bem que a parte do suicídio também fez parte do mundo real.

 

Roger para de sorrir e abaixa o olhar. Helen dá um tapa no braço de Gustavo. Cláudio dá um tapa na cabeça dele.

 

HELEN: (para Gustavo) Você está impossível hoje, hein?

 

GUSTAVO: (arrependido) Desculpa, Roger... Falei demais.

 

FELIPE: É... Controla a euforia, “panacão”.

 

GUSTAVO: Já pedi desculpas, mina do Léo.

 

Felipe mostra o punho a ele, que faz sinal com o dedo de “depois”. Amanda olha para Roger, preocupada.

 

AMANDA: Você está bem?

 

ROGER: (sorrindo forçadamente) Estou... Estou sim.

 

Amanda sorri e beija o rosto dele. A câmera gira até o balcão. Gil serve algumas bebidas para algumas pessoas que estão de frente para ele. Logo, as pessoas se dispersam e Nathalia aparece, sentando numa cadeira. Gil sorri ao vê-la.

 

GIL: (sorrindo) Em que posso ser útil?

 

NATHALIA: (falando baixo) Você não disse que o que teve com a minha irmã não foi nada sério?

 

GIL: E não foi.

 

NATHALIA: É mesmo? O fato de ter tirado a virgindade dela, não conta como algo importante? Especialmente para ela?

 

Gil fica sem reação. Nathalia balança a cabeça, em reprovação.

 

NATHALIA: Você tem noção de que tudo se torna muito mais sério agora se ela vier a descobrir?

 

GIL: Ela só vai descobrir se você continuar tocando no assunto. Assunto, esse, que você mesma fez questão de me pedir para não tocar mais.

 

NATHALIA: Acontece que eu não fazia ideia da gravidade da coisa.

 

GIL: (após alguns segundos) Ouça, sua irmã não vai deixar de gostar de você por conta disso. Ela sabia que eu não prestava na época. Se tem um grande vilão nessa história, sou eu.

 

NATHALIA: Nisso eu concordo plenamente. 

 

GIL: Viu? E se caso ela vier a descobrir, o que não vai, eu me anteciparei para ela dar tapas no meu rosto quantas vezes quiser.

 

Nathalia esboça um leve riso, ainda mantendo o tom de preocupação. Gil se inclina no balcão.

 

GIL: Eu não fui o cara que mais a marcou... (aponta para Roger com a cabeça) Ele foi. No meu último ano, até tentei correr atrás dela, em vão. Ele a fez sentir algo diferente, não eu. Então não fica preocupada.

 

Nathalia concorda com a cabeça. Gil sorri e coloca uma latinha de refrigerante em cima da mesa. Nathalia também sorri e pega a latinha. 

 

 

Um hotel de beira de estrada. Lucio está de frente para uma porta. Após alguns segundos, a porta abre e Michael aparece do lado de dentro.

 

MICHAEL: (entrando e sorrindo) Veio ter certeza que eu não estou fazendo besteira?

 

LUCIO: (entrando segurando uma sacola) Você não ficou para o jantar, a Silvia mandou algumas sobras... (olha em volta) Esse é o hotel?

 

MICHAEL: Hei, eu disse que ganhei 10 mil, não 1 milhão. Se eu pagar um hotel três estrelas, o dinheiro vai embora rápido.

 

LUCIO: Por isso eu insisto para que fique em casa.

 

MICHAEL: Nós já falamos sobre isso. Esse é o meu modo independente de ser... Além do mais, na sua casa não dá para chamar quem está para chegar daqui a pouco (sobe e desce as sobrancelhas).  

 

LUCIO: E pagar por garotas de programas não vai fazer o dinheiro sumir rápido?

 

MICHAEL: (sorrindo) Essa faz um desconto especial.

 

Lucio ri. Michael senta na cama. Um breve silêncio toma conta.

 

MICHAEL: Você me culpa pela morte da mamãe?

 

LUCIO: O quê? De onde tirou essa ideia?

 

MICHEAL: Eu não sei... Tenho pensado bastante nela nos últimos dias. O modo como eu fui, e como você foi... Filho exemplar, notas boas, faculdade, bons empregos... E eu, bom, a bagunça de sempre. O filho adotivo rebelado. 

 

LUCIO: Hei, hei... Pare de pensar sobre isso. Nossa mãe não morreu por sua causa, e ela amava nós dois da mesma forma... Se eu achasse que você tivesse culpa, mesmo que pequena, jamais te convidaria para ficar em casa, com a minha família.

 

Michael esboça um leve sorriso e concorda com a cabeça. Lucio se aproxima e toca o ombro do irmão.

 

LUCIO: Eu te amo, e você sabe disso, certo?

 

MICHAEL: Sei... Eu também te amo.

 

Nesse instante uma garota aparece na porta. Michael olha para Lucio e sobe e desce as sobrancelhas. Lucio sorri e balança a cabeça, saindo em seguida. A garota entra. Michael faz sinal com as duas mãos para que ela se aproxime. A garota coloca a bolsa em cima da mesa e vai até ele. A tela escurece.

 

 

Abre com Cláudio e Helen sozinhos na mesa do restaurante/bar. Ele está abraçando-a.

 

::. “On My Own” - The Used

 

HELEN: Tenho uma notícia muito ruim pra te dar. 

 

CLÁUDIO: Manda.

 

HELEN: Em dois dias terei que dispensá-lo do cargo de enfermeiro particular.

 

CLÁUDIO: (sorrindo) Vai tirar o gesso?

 

HELEN: Graças a Deus... Não aguento mais enfiar a régua para coçar minha canela.

 

CLÁUDIO: Bom, então estamos com um problema... Teremos que arrumar um jeito de quebrar a outra perna.

 

HELEN: Ou, podemos prorrogar um pouco seu trabalho até que eu esteja 100% apta a pisar no chão sem ter medo de cair. 

 

CLÁUDIO: (sorrindo) Então estamos resolvidos.

 

HELEN: Só que as minhas mordomias terão que continuar.

 

CLÁUDIO: Todas elas?

 

HELEN: Todas.

 

CLÁUDIO: Você sabe que são muitas mordomais, certo?

 

HELEN: É o preço a ser pago.  

 

CLÁUDIO: Sem problemas, tudo para poder ficar mais e mais perto de você.

 

HELEN: (sorrindo) Temos um trato então... Mas você poderia ficar perto de mim do mesmo jeito.

 

CLÁUDIO: Eu sei disso, mas eu adoro te mimar.

 

HELEN: (sorrindo) E eu adoro ser mimada por você.

 

Eles se encaram com bastante admiração. A câmera se afasta e se desloca até o balcão. Nicole fecha o caixa e se movimenta. Gustavo está sentado de frente para o balcão, sorrindo para ela.

 

GUSTAVO: Seus pais não deveriam confiar tanto em você mexendo com dinheiro. 

 

NICOLE: (preocupada) Por quê? Alguém te disse alguma coisa?

 

GUSTAVO: Não... (desconfiado) Alguém deveria me dizer alguma coisa?

 

NICOLE: Pareço suspeita de alguma coisa?

 

GUSTAVO: (estranhando) Você sabe que eu sou brincalhão, não sabe?

 

NICOLE: É.. Sei.

 

GUSTAVO: Você está bem?

 

NICOLE: Sim, estou... Por quê?

 

GUSTAVO: Por que o quê?

 

NICOLE: Deixa pra lá... Quer sair daqui?

 

GUSTAVO: Você quer que eu saia daqui pra te deixar em paz, ou está me convidando para sair daqui, com você?

 

NICOLE: Vamos tomar um sorvete na praça.

 

GUSTAVO: (desconfiado) Você está bem, Nicole?

 

NICOLE: (bufando) Se quer ficar com questionamentos, eu posso ir sozinha.

 

GUSTAVO: (saindo do banco) Não diga mais nada... Eu pago.

 

NICOLE: Não, deixa que eu pago... Tive um bom faturamento furtando a caixinha de gorjetas.

 

Gustavo sorri. Nicole abre a portinha e sai do balcão. Eles se deslocam até a saída. 

 

 

Lado de fora do bar. Roger está na calçada, pensativo. Amanda se aproxima dele, colocando a mão em seu ombro.

 

AMANDA: Se eu soubesse que essa festinha de boas-vindas te deixaria deprimido, não teria organizado.

 

ROGER: Não tem nada a ver com a festa... Ela está ótima, mesmo.

 

Amanda se baixa e acaricia o braço dele.

 

AMANDA: Então qual é o problema? Conversa comigo.

 

ROGER: (após alguns segundos) O que o Gustavo disse lá dentro, não foi mentira... Eu quis mesmo jogar o meu carro contra a Van que estava vindo na outra direção.

 

Close no rosto de Amanda. Ela continua agachada perto dele. Roger olha para baixo, depois a olha.

 

ROGER: Consegue imaginar quantos pensamentos passam por sua mente em frações de segundos? É incrível que num curto período de espaço, você consiga pensar no que passou, e no que poderia se passar.  

 

Um flash toma conta da tela. Numa vista aérea, vemos o carro de Roger indo na direção da Van que está na mesma mão.

 

ROGER: (em off) Em poucos segundos eu consegui pensar em tudo, absolutamente tudo, tudo que havia me acontecido nos últimos meses. 

 

Em rápidos cortes, vemos algumas cenas como Roger terminando com a Amanda, no enterro de seu irmãozinho, dos olhos de Lívia cheios de lágrimas quando eles terminaram, brigando com Arthur, brigando com Cláudio.

 

Volta para Roger e Amanda na rua. 

 

ROGER: Eu estava determinado... Tudo aquilo estava me levando para aquele destino.

 

AMANDA: (sentida) Roger...

 

ROGER: (interrompendo) Mas eu desisti... No último segundo, eu não pude ir adiante... E quer saber o porquê?

 

O flash volta a tomar conta da tela. Roger está com as duas mãos no volante.

 

::. “Will You Be There” - Richard Harris

 

ROGER: (em off) Nos últimos segundos, eu comecei a pensar na única coisa boa que havia me acontecido neste ano.

 

Nesse instante, algumas cenas dele com a Livia começam a aparecer. Cenas como, eles sentados no banco da praça, comendo cachorro quente e conversando. Ela abrindo a porta de casa, e Roger com a mão levantada do lado do fora. E na mesma cena, eles se beijando.

 

ROGER: (em off) E como aquilo me fazia bem...

 

Livia e Roger na praça, de mãos dadas vendo o show. Livia sorrindo para ele, em câmera lenta. Ambos se beijando no quarto dela.

 

Volta para Roger no volante. Ele acena de leve com a cabeça e vira o volante para a direita. Um clarão toma conta dela tela, voltando para Roger e Amanda. Dessa vez, Amanda está de pé. Seus olhos estão brilhando. Roger a olha, com bastante pesar.

 

ROGER: Tem uma garota, Amanda, que salvou a minha vida... E eu necessito muito estar perto dela.

 

Amanda morde os lábios, olhando para cima. Ela se segura para não chorar.

 

ROGER: Ela é a razão de hoje eu estar aqui.

 

Os lábios de Amanda começam a tremer. As lágrimas começam a escorrer por seu rosto.

 

ROGER: Eu preciso dizer a ela o quanto ela me influência... Do quanto ela conseguiu mexer comigo, me impactar a ponto de me fazer desistir de morrer... Preciso dizer a ela o quanto eu a amo. E sinto que seu eu não fizer isso agora, vou perdê-la para sempre. E eu não posso deixar isso acontecer, porque o nosso compromisso é pra no mínimo, duzentos anos.

 

Amanda coloca a mão no rosto e começa a chorar. Os olhos de Roger lacrimejam.

 

ROGER: E por favor, eu não quero que pense que estou fazendo isso para te magoar. Quando eu disse que ia colocar uma pedra em cima de tudo, não era mentira... Mas não queria dizer que de alguma forma, nós voltaríamos a ser um casal. Não era isso que eu queria, e me perdoa por não ter te contado assim que nos reencontramos.

 

AMANDA: (enxugando as lágrimas) Está tudo bem... Você tem todo o direito de querer ser feliz com quem realmente te faz bem.

 

ROGER: (com pesar) Eu sinto muito.

 

AMANDA: (concordando com a cabeça) Eu também.

 

Amanda abaixa a cabeça, se desloca para a direita e começa a andar pela calçada. Roger a observa saindo, sentindo no olhar. Após alguns segundos, Cláudio aparece e se posiciona ao lado dele.

 

ROGER: (sem olhá-lo) Acabei de contar a ela.

 

CLÁUDIO: Você fez a coisa certa.

 

ROGER: Uma das coisas certas... (olha para Cláudio) Agora preciso fazer a mais importante de todas... Você me ajuda a chegar até lá?

 

CLÁUDIO: (sorrindo) Com prazer.

 

A câmera sobe. Cláudio vai para atrás de Roger e começa a empurrar a cadeira.

 

 

Casa de Cláudio. Silvia está sentada no sofá, assistindo televisão. Lucas está deitado no colo dela, dormindo. Ela acaricia o cabelo da criança. Lucio aparece, observa os dois por alguns segundos e sorri. Silvia o olha.

 

::. “Will You Be There” - Richard Harris (cont.)

 

SILVIA: Encontrou com o Michael?

 

Lucio concorda com a cabeça e senta ao lado dela.

 

SILVIA: E então? Acreditou nele?

 

LUCIO: (sorrindo) Nem um pouco... Acho que nossas férias estão quase terminando.

 

SILVIA: Bom, pelo menos foram alguns meses de paz, o que é bastante, se for levar em conta nosso histórico.  

 

Lucio sorri outra vez e coloca o braço atrás do pescoço de Silvia, que encosta a cabeça no peito dele. A câmera se afasta devagar, ao mesmo tempo em que a tela vai transparecendo.

 

 

Frente de uma casa. Felipe e Priscila estão se beijando, encostados no carro.

 

::. “Will You Be There” - Richard Harris (cont.)

 

FELIPE: Tem certeza que não quer passar a noite lá em casa?

 

PRISCILA: Se eu passar mais uma noite fora de casa, minha mãe me mata.

 

FELIPE: (sorrindo) Okay... Até amanhã então.

 

PRISCILA: Boa noite.

 

Felipe entra no carro. Priscila fica parada na calçada, olhando-o.

 

FELIPE: Pequenina... Eu te amo.

 

PRISCILA: (após alguns segundos) Eu te amo também.

 

Felipe sorri e depois da partida no carro. Priscila abaixa a cabeça e começa a andar na direção da varanda da casa. O celular toca. Ela pega o aparelho e olha no visor, franzindo as sobrancelhas.

 

PRISCILA: (surpresa) Oi... Onde você está?

 

GABRIEL: (off/celular) Acabei de chegar em casa.

 

Corta para ele em seu quarto, com o celular no ouvido.

 

GABRIEL: E gostaria de te ver amanhã bem cedo, se possível.

 

O som aumenta, tomando conta cena. A tela se divide em duas, onde podemos ver cada um em uma metade. Gabriel continua dialogando, enquanto Priscila parece estar sem ação.

 

 

Lanchonete. Gustavo e Nicole estão numa mesa do lado de fora, tomando sorvete em uma taça enorme e com diversos sabores. Eles conversam animadamente. Gustavo tenta pegar com a colher o sorvete de Nicole, mas ela não deixa. Alguns segundos depois, ela pega o sorvete dele com a colher, deixando-o contrariado. Ela leva o sorvete até a boca, sorrindo vitoriosa. Gustavo sorri, admirado.

 

 

Varanda da casa de Livia. Roger está parado sozinho na frente da porta. Ele parece nervoso. A porta abre e Clarice aparece.

 

::. “Will You Be There” - Richard Harris (cont.)

 

CLARICE: Já não vivemos essa cena antes?

 

ROGER: Eu sei que a senhor não gosta de mim, e sei que dei todos os motivos para não gostar. Eu mesmo não tenho gostado de mim nos últimos meses... Mas por favor, dona Clarice, eu preciso falar com a sua filha... Eu preciso muito vê-la.

 

Clarice não responde, apenas cruza os braços e se encosta na porta.

 

ROGER: Por favor, não me negue isso... Eu sou capaz de passar a noite inteira aqui, até que ela resolva sair.

 

CLARICE: (após alguns segundos) A Livia foi embora... Foi pra casa do pai.

 

ROGER: Poderia me dizer quando ela volta?

 

CLARICE: Ela não volta.

 

Nesse instante, Roger abre bem os olhos, que começam a brilhar.

 

CLARICE: Ela me pediu para morar com o pai, e dentro das circunstâncias, não pude negar. Ela estava infeliz aqui.

 

Roger parece em choque. Ele está boquiaberto e olhando para baixo, pensativo.

 

CLARICE: E se aceitar um conselho, garoto... Trate de sua recuperação primeiro. Não coloque as coisas na frente. Não tente achar o endereço dela. E por favor, deixe minha filha em paz de uma vez por todas... Você deve isso a ela.

 

Roger continua no mesmo estado. Clarice entra e fecha a porta. Roger permanece imóvel. Após alguns segundos, a câmera começa a subir, parando numa vista aérea da casa. A tela escurece.

 

 

 

 

  

 

 

CREDITOS FINAIS:

 

CRIADO E ESCRITO POR:

 

Thiago Monteiro

 

PARTICIPAÇÕES ESPECIAIS

 

Scott Foley como Michael

Jennifer Ehle como Clarice

Michael Strusievici como Lucas

 

MÚSICA TEMA

 

“Meant To Live” - Switchfoot

 

TRILHA SONORA

 

“Ripe” - Ben Lee 

“Light Up the Sky” - Yellowcard

 “Thank You” - The Little Heroes 

 “On My Own” - The Used 

 “Will You Be There” - Richard Harris 

 

Copyright © 2008

 

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