Abre
mostrando
a fachada da casa de Lívia. É noite. A
câmera se próxima da
varanda, onde podemos ver Roger sentado na cadeira de
rodas, na mesma
posição e
expressão do episódio passado. Cláudio sobe o
degrau da varanda e se aproxima
de Roger. ::.
“Steal
Me” - Jupiter Sunrise ROGER:
(abatido) Ela
foi embora... Foi morar com o pai. Cláudio
apenas
o olha com uma pressão de pesar. Roger levanta a
cabeça.
Seus olhos estão brilhando. Ele olha para Cláudio. ROGER:
E
agora... O que
eu vou fazer? CLÁUDIO:
Nós vamos
encontrar uma solução... Eu prometo. Roger
concorda
levemente com a cabeça, expressando dor. Cláudio
toca o
ombro do amigo, compadecido. A
imagem começa a transparecer até mostrar uma porta que abre e
Larissa aparece do lado de dentro. Ela franze as
sobrancelhas,
surpresa. A
câmera corta para Amanda do lado de fora. Ela começa a
chorar. Larissa expressa
pena e segundos depois, vai até a amiga, abraçando-a.
Amanda chora ainda mais. A
imagem transparece outra vez até mostrar Clarice
caminhando pelo
corredor da casa. Ela abre uma porta e entra no quarto.
Close em Livia
sentada
na cama. Ela olha tristemente para a mãe. Clarice encosta
na
porta, sem dizer
nada. Livia morde os lábios e abaixa o olhar. A tela
escurece.
Vista
panorâmica
da cidade amanhecendo. Corta para alguns takes de
pessoas
fazendo caminhadas na avenida, passeando com cachorros, um
rapaz
lavando a
parte externa da lanchonete. ::. “Time Won't Let Me Go” - The Bravery Um
banheiro.
Close num espelho. Larissa ergue a cabeça e
começa a escovar
os dentes. Após alguns segundos ela se desloca até a
porta e encosta,
ainda com a escova na boca. A câmera muda para Amanda
deitada
numa cama de
casal, dormindo. Quarto
de
Roger. Roger está deitado na cama, de olhos abertos. Ele
mantém
a mesma expressão abatida de outrora. Foca seu rosto por
alguns
instantes. A
imagem começa a transparecer até mostrar o rosto de
Livia. Ela também está
deitada na cama, com os olhos abertos, pensativa. Um
bosque.
Gabriel está sentando num banco de madeira, ansioso. Ele
olha
para trás e depois para o relógio. Vista
aérea
de uma estrada. A câmera se aproxima de um carro que
trafega
sozinho. Corta para dentro, onde Marcia dirige e Helen
está no
banco do passageiro. Marcia
aparenta certo nervosismo. Helen parece notar. ::. “Time Won't Let Me Go” - The Bravery
(cont.) HELEN:
Você está bem? MARCIA:
Estou
um
pouquinho ansiosa com esse almoço. HELEN:
Posso
dizer que
estou pouco desse jeito também. Marcia
começa
a batucar com os dedos no volante. Depois, olha para
Helen. MARCIA:
Lembra
quando eu
disse que o meu namorado se chamava Julio? Helen
balança
a cabeça, concordando. Marcia morde os
lábios. MARCIA:
Há uma coisinha
que eu não contei sobre de que Julio se trata. HELEN:
(rindo
de leve)
Como se eu conhecesse vários Julios... O único que eu
conheço é meu professor. Helen
imediatamente
arregala os olhos e vira a cabeça na
direção da mãe.
Marcia sorri sem graça e ergue as sobrancelhas. MARCIA:
Surpresa. Ginásio
do
colégio Esplendor. Os jogadores estão em quadra,
treinando. Corta
para alguns takes rápidos do treino, e depois a imagem
transparece para Felipe
sentado sozinho no topo da arquibancada. Cláudio se
aproxima e
senta ao lado
dele. Não há mais ninguém no ginásio. ::. “Time Won't Let Me Go” - The Bravery
(cont.) CLÁUDIO:
Vivendo
um
momento de nostalgia? FELIPE:
Foram
tantas
coisas nessa quadra, que só de pensar que hoje pode ter sido
o
meu último
treino, bate uma sensação estranha aqui no peito. CLÁUDIO:
Mas
não vai ser
seu último treino. Nós vamos passar para as semifinais. FELIPE:
(após alguns
segundos) Agora que finalmente vou me formar, essa é a
grande
chance de ser
escolhido por um olheiro. CLÁUDIO:
Legal... Se é
isso que você deseja. FELIPE:
Está brincando?
É o que eu mais desejo na vida. Não consigo me ver
fazendo outra coisa no
futuro, se não for jogar. Por isso a gente precisa vencer
esse
campeonato. Só
assim terei chances de me profissionalizar como o Léo. CLÁUDIO:
Ou
você pode
fazer testes também. FELIPE:
Mas
não é bem
assim que funciona por esses lados. Eles escolhem os
melhores do
último ano
escolar no campeonato. É o caminho mais seguro. CLÁUDIO:
Okay...
Sendo
assim, prometo que o time vai se empenhar e se motivar ainda
mais nos
próximos
jogos... (após alguns segundos) Mas meu amigo, tente não
se prender apenas a um
sonho. Às vezes as coisas podem não sair como queremos...
Por isso é bom termos
mais opções. FELIPE:
(sorrindo) Eu
sei... Valeu. Cláudio
sorri,
levanta e começa a descer a arquibancada. Felipe fixa o
olhar para a quadra. Depois, respira fundo e fecha os
olhos. Quarto
de
Roger. Roger está sentado de frente para a mesinha do
computador. Ele está com o celular no ouvido. ::.
“Vindicated”
- Dashboard Confessional ROGER:
(impaciente)
Vamos lá, Liv. Após
alguns
segundos ele coloca o aparelho em cima da mesinha e
começa a
bater com os dedos na mesa, pensativo. Apartamento
de
Larissa. Amanda continua no quarto, deitada de bruços na
cama, com um travesseiro em cima da cabeça. A mão de
Larissa tira o travesseiro
de cima dela. Amanda resmunga, virando-se para o lado
oposto. ::.
“Vindicated”
- Dashboard Confessional (cont.) LARISSA:
(sorrindo) Bom
dia! AMANDA:
(mal-humorada,
sem olhá-la) O que tem de bom? LARISSA:
Fiz o
nosso café
da manhã. AMANDA:
Deve
estar uma
droga... Você sempre foi péssima na cozinha. LARISSA:
É verdade... Por
isso eu comprei tudo na padaria... Vamos. AMANDA:
Não.... Eu não
quero nada. Aliás, quero sim... Chocolates, muitos doces,
tudo
que tiver
açúcar. Quero me empanturrar de glicose pelo resto da
minha vida. LARISSA:
(sorrindo) E
virar a bolinha da cidade? AMANDA:
E quem
se
importa? O Roger? Claro que não... Ontem ele entrou com o
pé e eu com a bunda. Larissa
a
encara por alguns segundos, depois senta na cama e passa a
mão
no cabelo de Amanda, solidária. LARISSA:
Vai
passar, você
vai ver. AMANDA:
Falou a
voz da
experiência. LARISSA:
Olha
pelo lado
bom... Dessa vez eu estou aqui para você. AMANDA:
Grande
consolo,
vou dormir até melhor daqui pra frente... Se estivesse na
capital, você ia
ignorar só o fato da minha existência. Não pense
que por ter me acolhido aqui
na noite passada, a má impressão que eu tenho sobre a sua
pessoa está apagada. LARISSA:
Espera
aí... Se
não estou ficando louca, na lanchonete aquele dia, você
deu a entender que
havia deixando o que aconteceu entre nós, para trás. AMANDA:
Bom, o
Roger
também havia dado a entender que tudo havia ficado para
trás e que começaríamos
um novo futuro bom. E aqui estou, sofrendo na casa da minha
ex melhor
amiga. É
a vida, criança, a gente vive se decepcionando, se engando,
pensando que todas
as suas merdas desceram a descarga, e quando menos se
espera,
está lá, boiando. LARISSA:
(fazendo careta)
Que nojo. AMANDA:
É, eu nem sei
direito o que estou falando. LARISSA:
Eu vou
comprar
uma caixa de bombons para você... Querida ex melhor amiga. AMANDA:
Compra
duas... E
se você for comer também, compra três. Larissa
sorri
e balança a cabeça, em reprovação.
Ela levanta e vai até a
porta. Amanda volta a ficar de bruços e colocar o
travesseiro em
cima da
cabeça. Carro
de
Marcia. Helen está pensativa. Após alguns segundos,
ela olha para
a mãe. ::.
“Vindicated”
- Dashboard Confessional (cont.) HELEN:
Como
aconteceu?
Como vocês começaram a namorar? MARCIA: Bom,
fui ao colégio no ano passado para regularizar a sua
situação e você deixar de ser bolsista. O professor
Júlio, que também é vice-diretor nas horas vagas,
me atendeu naquele dia. Ele ficou surpreso em saber que você
tinha mãe... Como eu estava deprimida e precisava desabafar com
alguém, contei toda a história a ele... Ele foi muito
carinhoso e atencioso, se dispôs a conversar e de repente, a
gente estava tomando café em uma cafeteria. HELEN:
Então vocês se
beijaram? MARCIA:
Não, claro que
não. A gente estava se conhecendo. A Marcia atiradinha do
primeiro encontro
deixou de existir há anos... Nós começamos uma
amizade que a cada ficava mais
intensa. HELEN:
Aí certo dia,
vocês se beijaram? MARCIA:
Não, eu voltei
para a minha cidade, lembra? HELEN:
E
não se
beijaram? MARCIA:
Jesus,
não, o
Julio sabia ouvir sem segundas intenções. HELEN:
(sorrindo)
Certo. MARCIA:
De
qualquer
maneira... Nós começamos a nos corresponder por cartas... HELEN:
(estranhando) Cartas? MARCIA:
É, escrever
ainda é um meio de se corresponder, sabia? ... Continuando,
falávamos por
telefone também, internet... Então eu voltei, me
estabeleci, numa noite fomos
jantar. HELEN:
Por
favor,
diga-me que vocês se beijaram? MARCIA:
(rindo)
Sim,
apressadinha, nós nos beijamos... Ao lindo som de The
Cranberries. HELEN:
Finalmente. MARCIA:
Mas
é
praticamente isso... Você está bem com isso? HELEN:
Estou
surpresa,
e um pouco estranha com o fato de você estar namorando o meu
professor, que no
colégio, temos um tratamento apenas formal. E se vocês se
casarem? MARCIA:
(rindo)
Calma, é
um passo de cada vez... E passos lentos, bem dizendo.
Esqueceu que o
beijo
demorou para acontecer? HELEN:
(pensativa) Se o
beijo demorou séculos para acontecer... MARCIA:
Nem vem, assanhadinha, eu não vou falar sobre isso com
você, a menos que você queira conversar sobre
você. HELEN:
Ew,
nem era
isso que eu estava pensando... (faz cara de nojo) Agora você
me
fez pensar na
minha mãe com o meu professor. MARCIA:
(sorrindo emocionada)
É a primeira vez que ouço você se referindo a mim
como mãe. HELEN:
Um
passo de cada
vez, certo? Marcia
sorri
e balança positivamente a cabeça. A câmera
corta para o lado
de fora, mostrando o carro trafegando pela estrada. Após
alguns
segundos, a
tela escurece. Uma
porta.
Ela abre e Priscila aparece do lado de dentro. A câmera
gira,
mostrando Gabriel do lado de fora. ::.
“Inside
of Love” - Nada Surf GABRIEL:
Costuma
dar bolo
quando marca com alguém? PRISCILA:
Não é bolo
quando eu não marquei com ninguém. GABRIEL:
E o
telefonema
de ontem? PRISCILA:
Você que disse
que queria me ver hoje... Eu não disse que iria. GABRIEL:
(coçando a
cabeça) Estou confuso... Esperava por outra
reação. PRISCILA:
É mesmo? Espera
que eu me atirasse em seus braços e chorasse de
emoção por você estar de volta? GABRIEL:
(sorrindo) Não
exatamente assim, mas quase. PRISCILA:
O que
você quer
de mim, Gabriel? GABRIEL:
Refresque a
minha memória, mas eu não lembro de ter ido viajar
brigado com você. PRISCILA:
Você está certo,
nós não estávamos brigados, mas também
não consigo me lembrar o que nós éramos
antes de você ir para o exterior. Você sumiu, não me
escreveu, e nem para me
mandar notícias pela peste da sua irmã, foi capaz.
Não pode aparecer assim, de
repente, na maior cara lavada e ainda pedir para que eu vá
ao
seu encontro. GABRIEL:
Eu
posso
explicar? PRISCILA:
Não. Eu fiquei
triste com a sua ausência. E mesmo que você tivesse mesmo
que ir, eu queria ter
assumido um compromisso com você. E você sabia o quanto
estávamos ligados um ao
outro. GABRIEL:
Me
desculpa, mas
eu também não vi na minha caixa de e-mails, alguma
mensagem sua. Nem na
caixa de spam. PRISCILA:
E
daí? Era você
que tinha que ter tomado a iniciativa, não eu. GABRIEL:
Você está certa,
tem toda a razão. Eu deveria ter escrito, telefonado,
gritado, o
que fosse. Eu
sinto muito. Mas era difícil me corresponder com alguém
que eu queria estar
perto. PRISCILA:
Oh
dó, então
preferiu deixar tudo esfriar? GABRIEL:
De
forma alguma,
nada dentro de mim esfriou. Eu voltei com ainda mais certeza
do que eu
quero...
Pri, eu... PRISCILA:
(interrompendo)
Não, não termine a frase... Eu estou namorando,
Gabriel... E estou muito feliz
com o Felipe. GABRIEL:
Você está com o
cara gostava da minha irmã? PRISCILA:
Gostava... As
coisas mudam em pouco tempo. GABRIEL:
(desanimado)
É... Deu para perceber. Me desculpa por ter vindo aqui.
Você tem razão, eu não
tinha esse direito. Gabriel
balança levemente a cabeça e vira-se, deixando a varanda.
Priscila manifesta um sutil pesar em seu rosto, mas logo nega com a
cabeça. Em seguida, ela fecha a porta. Lanchonete
do
centro. Cláudio e Michael estão sentados a uma mesa do
lado
de fora. Uma garçonete aparece e coloca uma taça de
sundae na frente de
Cláudio. Michael sorri. ::.
“Inside
of Love” - Nada Surf (cont.) CLÁUDIO:
Você não acha
que eu já estou meio grandinho para você me levar pra
tomar sorvete? MICHAEL:
(sorrindo) Qual
é, a última vez que eu te vi você adorava tomar
sorvete com o tio. CLÁUDIO:
Eu
tinha 5 anos. MICHAEL:
(rindo)
Certo,
eu tô meio desatualizado nisso, confesso... Mas faz tanto
tempo
que a gente não
se vê. Queria saber mais sobre você. Está namorando? CLÁUDIO:
(sorrindo) E lá
vai a famosa pergunta dos parentes... “E as namoradas?” ...
Eu não sei se estou
namorando... É complicado. MICHAEL:
Entendi... Mas
aqui vai uma dica de alguém bastante experiente no
assunto...
Quanto mais tempo
ela quiser, mais complicado será para vocês voltarem. Vai
chegar um tempo que
vão acabar percebendo que funcionam melhor como amigos do
que
como casal. CLÁUDIO:
(desconfiado) Anda
me espiando? MICHAEL:
(rindo)
Isso é
clássico... Eu mesmo já levei muito chute por causa do
tal “tempo”. Se vocês se
gostam de verdade, não existe motivos para não ficarem
juntos. CLÁUDIO:
Então eu devo
pressioná-la? MICHAEL:
Deve
lutar e
insistir... Se ficar nessa de fazer a vontade dela, ela não
vai
se sentir
segura sobre o que você realmente quer. Cláudio
fica
pensativo por alguns segundos. Michael volta a sorrir. MICHAEL:
Eu sou
o melhor
tio, não sou? Cláudio
ri
e balança a cabeça, em reprovação.
Michael continua dialogando,
mas a música aumenta e encobre sua voz. Cláudio
também mexe os lábios e parece
mais solto. Sala
do
apartamento de Larissa. Larissa está sentada no sofá,
assistindo
televisão, com os pés apoiados numa mesinha e comendo
batatas chips. Amanda
aparece usando o mesmo vestido que chegou. Larissa a olha
e estranha. LARISSA:
Vai
sair? AMANDA:
Vou pra
casa. Ela
se
abaixa e começa a calçar as sandálias. Larissa
levanta e vai até
ela.
AMANDA:
(levantando)
Você não se sente só, passando a semana inteira
sozinha nesse apartamento? LARISSA:
A
maioria das
vezes. AMANDA:
Então por que
não volta para a casa de seus pais? LARISSA:
Eu vou
voltar.
Assim que o ano letivo acabar. AMANDA:
Que
bom... Pelo
menos você vai ter sua mãe por perto. LARISSA:
Mas eu
poderia
encontrar uma colega de quarto, sabe? Pra suprir um pouco a
solidão. AMANDA:
Coloca
um
anúncio no jornal da cidade, logo aparece alguém. LARISSA:
Preferiria que
fosse alguém que eu já conheça. AMANDA:
(após alguns
segundos) Tchau, Larissa... Obrigada por me acolher. LARISSA:
De
nada... Volte
sempre que quiser. Amanda
acena
com a cabeça e abre a porta. Larissa dá um passo
à frente. LARISSA:
Por que
eu? Por
que veio aqui ontem à noite e não na casa da Helen? AMANDA:
Porque
a Helen
estava com o Cláudio naquele momento. Larissa
esboça
um leve sorriso, demonstrando frustração.
Amanda a encara
por breves segundos. AMANDA:
Desculpa. Ela
sai.
Larissa fecha a porta e volta para o sofá. Um
supermercado.
Gustavo passeia pelo corredor, olhando o preço de
alguns
produtos. Ele passa num canto mais isolado e sorri. Close
em
vários tipos de
preservativos. ::. “Until The Day I Die” - Story Of The
Year GUSTAVO:
Hm,
interessante, Gustavo... Pretende usar com quem? Com a
Molly, boneca
inflável
do seu tio? Ele
pega
um pacote e fica pensativo. Depois, olha para o lado e
franze as
sobrancelhas. Corta
para
vários pacotes de bolachas sendo despejados dentro de uma
cesta. A câmera abre, mostrando Livia com a cesta. Gustavo
aparece ao lado
dela. GUSTAVO:
Oi
Livia. LIVIA:
Oi
Gu... (o olha
bem) Posso te chamar de Gu, não posso? GUSTAVO:
Claro... Livia
começa
a andar. Gustavo a acompanha. GUSTAVO:
Deixe-me
contar-lhe uma coisa interessante que ouvi hoje no treino.
Cláudio e Felipe
estavam conversando no vestiário sobre o Roger estar triste,
arrasado, por, sei
lá, você ter ido embora. E olha que coisa
engraçada, você está aqui, agora. O
que significa que não foi embora, certo? LIVIA:
Errado.
Eu fui. GUSTAVO:
Não... Não foi. LIVIA:
Fui
sim, e você
não vai contar a ele que me viu aqui. GUSTAVO:
Só se você me
der uma boa razão para isso. Eles
entram
na fila do caixa. LIVIA:
Eu
não fui ainda,
mas estou indo amanhã. Tive que passar no colégio
primeiro para entregar alguns
trabalhos e saber se eu já poderia ser dispensada. E como
sempre
fui uma aluna
exemplar, não houve problemas. A porta burocrática eu
vejo depois. ROGER:
Você ouviu bem a
parte que eu disse que o Roger estava arrasado por você ter
ido
embora? LIVIA:
E
daí? Deve
estar se sentindo culpado por pensar que que eu estou indo
por causa
dele. GUSTAVO:
Não acho que
seja... LIVIA:
(interrompendo)
Você não acha nada. A última vez que resolvi te
escutar, fui correndo para o
hospital, só para flagrar a língua dele e da Amanda se
enrolando. Não vou
repetir esse erro. GUSTAVO:
Hei,
mas eu
estava certo... O que você viu, talvez não seja exatamente
o que viu. LIVIA:
(incrédula)
Certo. GUSTAVO:
É verdade... O
sentido real dele estar arrasado é porque o amor da vida
dele
foi embora. Livia
não
responde, apenas entorta a boca, expressando
incredulidade. Gustavo olha para a cesta transbordando de bolachas. GUSTAVO: Está praticando para ser a próxima campeã olímpica de "Devoradoras de Bolachas"? LIVIA:
Algum
problema
com isso? GUSTAVO:
Você está bem? LIVIA:
(nervosa) Não,
Gustavo, eu não estou bem. Tenho cara de quem está bem?
Estou com uma tremenda
raiva de mim mesma, por sempre esperar muito dos outros que
não
estão nem aí
pra mim. GUSTAVO:
Como
você pode
ter tanta certeza que ele não está nem aí pra
você, se você está fugindo? LIVIA:
E quem
disse que
estamos falando dele? GUSTAVO:
Ah, de
certo
deve estar falando de mim, já que somos amigos de
infância. Close
na
mulher do caixa, apenas olhando para Livia, que a encara
com
nervosismo. LIVIA:
O
quê? GUSTAVO:
Acho
que ele
quer dinheiro para pagar essa bolacheira toda. LIVIA:
(caindo
em si)
Oh, claro, desculpa... (entrega um cartão) Débito... Tudo
na conta da mamãe. GUSTAVO:
Por que
ao invés
de ficar revoltada e choramingando, você não vai ao
encontro dele e ouça o que
ele tem a dizer? LIVIA:
(digitando a
senha do cartão) Eu não estou revoltada. E não,
muito obrigada pelo conselho
idiota, de novo... Não estou a fim de ouvir um fora de forma
respeitosa.
(imitando) Liv, você é maravilhosa, vai encontrar
alguém especial para você...
Mas eu amo a Mandy... (bufando) Se bobear até me convidam
para
ser madrinha do
casamento. Ela
começa
a colocar as bolachas em sacolas. Gustavo a ajuda. GUSTAVO:
Você nem sabe o
que ele vai dizer. LIVIA:
Não quero saber.
Cansei de estar perto de uma pessoa instável... Vou seguir
com a
minha vida em
outra cidade e nunca mais me apaixonar. Vou virar freira.
(pensativa)
Tá,
talvez não tão ao extremo. Mas vou me limpar de
relacionamentos por um bom
tempo. GUSTAVO:
Mudar
de cidade,
de colégio, é um passo muito grande. Acha mesmo que
valerá a pena? LIVIA:
Pior
que aqui
não vai ser. Quem sabe lá eu encontre um pote de ouro no
final do arco-íris? Eles
caminham
até a saída, parando na entrada. LIVIA:
Agora,
eu
preciso muito de um favor seu. GUSTAVO:
O que
você quiser. LIVIA:
A
última pessoa
que eu queria que me visse hoje, era justamente o maior
linguarudo da
cidade.
Então, por favor, não conta ao Roger que eu ainda estou
por aqui... Posso
contar com o seu silêncio? GUSTAVO:
Claro,
pode
contar comigo. Minha boca é um túmulo. Livia
força
a vista e aproxima seu rosto ao dele.
LIVIA:
Você promete?
Jura pela sua mãe? Gustavo
engole
a seco, abrindo bem os olhos. Corta instantaneamente para
ele abrindo a porta do quarto de Roger. GUSTAVO:
Ela
está aqui! A
câmera se movimenta, mostrando Roger deitado na cama. ROGER:
Quem? GUSTAVO:
Desculpa entrar
assim, sua mãe me mandou subir. ROGER:
A Livia
está
aqui? GUSTAVO:
Escuta
só... Eu
estava no supermercado, olhando as prateleiras até parar nos
preservativos.
Fiquei pensando... Com qual garota eu vou usar hoje à noite?
Porque você sabe,
eu sou o maior filé da cidade. ROGER:
Vai
direto ao
assunto, Gustavo! GUSTAVO:
Calma,
rei da
impaciência, eu vou chegar lá.... Então de repente
eu olho para o lado e quem
eu vejo na sessão de bolachas? ROGER:
(animado) A
Livia? GUSTAVO:
Ela
é alguma
maníaca compulsiva por bolachas? ROGER:
(sorrindo) Sim,
ela ama bolachas mais do que a própria vida... (pensativo)
Então quer dizer que
ela não se mudou. GUSTAVO:
Ainda... Ela
vai, mas amanhã. Roger
abaixa
a cabeça e ri, emocionado. Depois, olha para Gustavo. ROGER:
Preciso
ir até a
casa dela, agora. GUSTAVO:
Mas
parece que
ela não quer te ver nem pintado de ouro, ou ajoelhado aos
pés dela. Tanto que
ela me fez jurar pela minha mãe que eu não te contaria. ROGER:
E
você jurou? GUSTAVO:
Eu me
sinto
muito mal por isso. (olha para cima) Por favor, Deus,
proteja a minha
mamãe. ROGER:
Obrigado por
isso, Gustavo... Estou com uma ideia meio louca e vou
precisar da sua
ajuda. GUSTAVO:
(sorrindo)
Execuções de ideias malucas é comigo mesmo. Por
onde eu começo? A
câmera se aproxima do rosto de Roger que esboça um largo
sorriso. A tela
escurece. Terraço
de
um apartamento. Vemos uma mesa com vários quitutes do lado
de
fora. Um pouco afastado, podemos ver Julio mexendo numa
churrasqueira.
Marcia
aparece segurando um prato com maionese, e coloca em cima
da mesa. Ela
olha
para Julio e manda um selinho para ele, que corresponde. A
câmera se movimenta, mostrando Helen apoiada a um pequeno
muro,
olhando
para o horizonte. Julio se aproxima com uma bandeja com
carnes e
linguiças
picadas. HELEN:
Não, obrigada. JULIO:
Você é vegetariana? HELEN:
(sorrindo) Não,
mas tomei um café da manhã reforçado... Logo eu
pego alguma coisa. JULIO:
(sorrindo)
Okay... (se posiciona ao lado dela) Está gostando da vista?
HELEN:
É lindo, dá pra
ver quase a cidade inteira daqui. JULIO:
Lá no fundo, bem
no fundo, sabe o que é? HELEN:
Não faço ideia. JULIO:
Bom
Destino... E
se usar um binóculo é possível ver até o
colégio Esplendor. HELEN:
(incrédula)
Mentira? JULIO:
(rindo) Sim,
estou exagerando um pouco, mas a praça eu consigo ver.
Inclusive
o pipoqueiro. Helen
ri
e concorda com a cabeça. Julio a encara por alguns
instantes. JULIO:
Não deve ter sido
muito fácil receber a notícia que o namorado da sua
mãe, é seu professor, não é? HELEN:
Fiquei
bastante
surpresa, e espantada ao mesmo tempo. Esperava qualquer um,
não
quem me dá
aulas. JULIO:
E agora
se
prepara, pois será cobrada em dobro. HELEN:
Por
quê? JULIO:
(sorrindo) Vai
precisar dar o exemplo. HELEN:
(bufando) Deus,
se não vou ter nenhuma vantagem em relação a isso,
não vejo o porquê aprovar
esse namoro. Julio
ri.
Nesse instante, ouve-se uma porta batendo. Um garoto
[Devon
Werkheiser] aparece no terraço. Julio vai até ele. JULIO:
Até que enfim...
Marcia, Helen, quero apresentar-lhes meu filho, Chris. MARCIA:
(sorrindo) Muito
prazer. CHRIS: Idem... Eu vou
para o meu quarto. Ele
se
movimenta para sair. Julio o encara com desaprovação. JULIO:
Hei!
Como assim
“vai para o quarto”? CHRIS:
O combinado era que eu estivesse aqui, e estou. Mas não prometi
que ia ficar participando disso. Então, até mais. JULIO:
Eu
não autorizo
você a sair daqui. CHRIS:
Prefere
que eu
fique emburrado e faça uma cena? Prefere que eu a ofenda? JULIO:
Se
você fizer
isso, eu juro que... CHRIS:
(sorrindo) O
quê? Vai me colocar de castigo, tirar meu computador,
celular, ou
sei lá o quê?
Acha que eu me importo? JULIO:
(impaciente) Quer
saber? Vá para o seu quarto e não saia de lá por
hoje. CHRIS:
(sorrindo/sarcástico) Obrigado, papai... Era
isso que eu queria ouvir. Chris sai.
Julio passa a mão na cabeça, nervoso. Ele se vira
para Marcia e
Helen e se mostra envergonhado. JULIO:
Desculpa por
isso. MARCIA:
Não se
preocupe... Já era esperado esse tipo de reação. Quarto
de
Amanda. Nathalia está sentada na cama, acariciando o
cabelo
de
Amanda que está deitada em seu colo. ::. “Morning Life” - Feeder NATHALIA:
Se
sente um
pouco melhor? AMANDA:
Não... NATHALIA:
Quando
o pai da
minha filha nos abandonou, me senti completamente sem chão.
Mas
vou te dizer
uma coisa, meu amor, pode demorar um pouco, mas vai passar.
AMANDA:
Eu
queria que
passasse agora... Neste exato momento. Nathalia
a
olha, compadecida. Segundo depois, sorri de forma leve. NATHALIA:
Pelo
menos há um
lado bom nisso. AMANDA:
Por que
as
pessoas tendem a querer ver um lado bom na desgraça alheia? NATHALIA:
(sorrindo) Mas
tem... Olha o meu caso. Se eu não tivesse sido abandonada,
eu
não teria me
refugiado para cá e não teria a chance de me aproximar
mais de você. AMANDA:
E o
lado
positivo da minha tragédia? NATHALIA:
Eu
não estaria
exercendo o papel de irmã mais velha agora. Amanda
esboça
um leve sorriso. Depois, olha para a irmã. AMANDA:
Obrigada por
estar cuidando de mim. NATHALIA:
Sempre. Amanda
fecha
os olhos, enquanto Nathalia continua acariciando-a. A
imagem
começa a se afastar da cama, transparecendo e mudando de
cena. Livia
está
sentada no sofá, lendo um livro. De repente,
é possível ouvir
barulhos de coisas sendo marteladas do lado de fora.
Clarice aparece na
sala. ::. “Morning Life” - Feeder (cont.) CLARICE:
Que
barulho é
esse? LIVIA:
Parece
que está
vindo do jardim. Ela
fecha
o livro, levanta e vai até a janela. Clarice se dirige
até a
porta. A cena muda para o lado de fora. A porta abre e
Clarice sai. A
câmera a
acompanha até o gramado. Roger está sentado em sua
cadeira de rodas, tentando
empiná-la. Um pouco mais atrás, está Gustavo,
montando uma barraca. Ele bate os
pinos no chão. CLARICE:
O que
está
acontecendo aqui? ROGER:
(sorrindo) Oi
minha ex-sogrinha preferida. Fiquei sabendo que a senhora
mentiu...
Nunca te
ensinaram que é feio fazer esse tipo de coisa? CLARICE:
Roger,
o que
significa isso tudo? ROGER:
Bom,
como a Liv
se recusa a falar comigo, e eu não pretendo desistir de
fazê-la me ouvir, uma
hora ou outra ela vai ter que sair de casa. Até lá,
montarei o que podemos
chamar de... GUSTAVO:
(apontando) Acampa
Cla! ROGER:
Uau,
adorei!
Acampa Cla! ... Clarice, sacou? CLARICE:
Saquei
e não
gostei. Escuta aqui, seus minis delinquentes, isso aqui é
propriedade
particular, e posso muito bem impedir que montem acampamento
na frente
da minha
residência. ROGER:
Por
favor, vai
fazer o quê? Eu só saio daqui algemado ou se sua filha
sair por aquela porta e
vir conversar comigo. E sei que a senhora não vai mandar
prender
um pobre
menino que escapou da morte recentemente, vai? Ainda mais
preso numa
cadeira de
rodas. É desumano. CLARICE:
Não me testa, garoto. Ela
se
vira e sai, voltando para dentro da casa. Roger ri.
Gustavo vai
até
ele. GUSTAVO:
Não é à toa que
ela deve ter pavor em ser sua sogra. Você sabe ser chato
quando
quer. ROGER:
(sorrindo) E ela
ainda não viu nada. Trouxe o violão? Restaurante/Bar
da família de Nicole. Gabriel está sentado de frente para
o balcão, apoiando o cotovelo no balcão e o rosto na
mão. Nicole está do lado de dentro, observando-o. ::. “Morning Life” - Feeder (cont.) NICOLE:
Pela
sua cara, é
notório que a conversa com a pigmeu não rendeu bons
frutos. GABRIEL:
Foi
péssimo... E
a propósito, muito obrigado por me contar que ela está
namorando o Felipe. NICOLE:
Não me culpe, eu
só quis te preservar. Não queria te deixar arrasado numa
terra onde você não me
teria para te dar colo. GABRIEL:
Mas
poderia ter
me contado assim que eu cheguei. NICOLE:
Como eu
poderia
imaginar que você ligaria para ela sem nem antes tomar um
banho?
E você não me
perguntou sobre ela ontem à noite. GABRIEL:
(fazendo cara de
desanimo) É justo... Eu deveria ter mantido contato com ela.
NICOLE:
(após alguns
segundos) Eu sinto muito pelas coisas não terem dado certo
entre
vocês... Mas
sabe o que pode melhorar um pouquinho esse humor? Tomar um
sorvete com
a sua
irmãzinha aqui. GABRIEL:
(sorrindo) Ainda
é surreal te ouvir falar desse jeito. NICOLE:
(sorrindo) Então
trate de se acostumar. Moises
aparece,
trazendo consigo alguns copos em cima de uma bandeja.
Nicole vai até ele. NICOLE:
Vou
precisar dar
uma saidinha e você vai ficar no meu lugar. MOISES:
Mas faz
duas
horas que deu o meu horário de almoço e ainda não
pude parar. NICOLE:
Continue nesse
ritmo que no futuro você pode ganhar uma
promoção... Além do mais, com a quantidade
de pratos que você já quebrou, deveria levantar as
mãos aos céus por ainda
estar trabalhando aqui. Ela
sorri,
dá dois tapinhas no ombro dele e sai. Moises fecha a
cara,
encarando-a enquanto ela vai até Gabriel que já está
na porta. Casa
de
Livia. Vemos a barraca montada no jardim, enquanto Roger e
Gustavo
estão sentados de frente para a varanda. Gustavo está
sentado numa cadeira de
praia, com óculos de sol, pernas cruzadas e tocando
violão. Ambos cantam alto e
desafinados. GUSTAVO
E
ROGER:
(cantando) “No fundo dos meus olhos, pra dentro
da
memória te levei”. Corta
para
dentro do quarto de Livia. A porta abre e Clarice entra,
nervosa. Ainda é possível ouvir os rapazes cantando. CLARICE:
Você vai descer
agora e vai falar com esse menino. LIVIA:
Não! Por quê? CLARICE:
Porque
ele está
me deixando louca! Desde que esses dois começaram a cantar,
não pararam mais. LIVIA:
Mãe, ele está
fazendo isso para me provocar. Logo ele desiste. CLARICE:
Tenho
minhas
dúvidas se ele vai desistir. LIVIA:
Eu
não posso
descer lá. Se eu fizer isso, talvez não tenha
forças para ir embora amanhã. CLARICE:
Ótimo, melhor
pra mim. Eu não quero que você vá mesmo. LIVIA:
E
prefere que eu
continue sofrendo por causa dele? CLARICE:
Você faz isso
porque quer. Já disse um milhão de vezes que se
deixá-lo de lado, uma hora você
parar de pensar nele. LIVIA:
Não é tão fácil
quanto parece. CLARICE:
Quer
saber de
uma coisa? Eu não me meto mais nesse assunto. Vocês que se
resolvam... Mas presta
atenção, se essa bagunça continuar noite afora,
não serei eu quem vai chamar a
polícia... Os vizinhos irão. Ela
sai
do quarto, nervosa. Close no rosto de Livia que abaixa o
olhar,
pensativa. A câmera se aproxima da janela, saindo e se
aproximando dos rapazes
que continuam na mesma posição de antes. ROGER:
(cantando mais
alto e desafinado) “E hoje, o que eu
encontrei, me deixou mais triste... Um pedacinho dela que
existe...” GUSTAVO:
(completando) “Um fio de cabelo no meu
paletó... Ó!” A
câmera se desloca, mostrando Cláudio em pé, olhando
para eles. Ele está
fazendo caretas. Roger avista o amigo e esboça um largo
sorriso.
Cláudio se
aproxima. CLÁUDIO:
Vocês cantando mal
desse jeito é mais fácil irritar a garota. ROGER:
E quem
disse que
é uma serenata? GUSTAVO:
Nossa
intenção é
que ela fique tão irritada, a ponto de descer aqui e brigar
conosco. Cláudio
ri
e balança a cabeça, em reprovação. Roger
aponta para a barraca. ROGER:
Veio
acampar com
a gente? CLÁUDIO:
Depois...
Preciso passar em casa primeiro. GUSTAVO:
Traz
alguma
coisa para comer. Cláudio faz sinal do joia com o dedo e sai. Gustavo volta a posicionar os dedos no violão. GUSTAVO:
É o amor? ROGER:
(sorrindo) Ela
odeia sertanejo. GUSTAVO:
(cantando alto) “Eu não vou negar que
você é meu doce mel...
Meu pedacinho de céu...” A
câmera sobe, enquanto ambos começam a cantar juntos.
Algumas pessoas
passam pela calçada e param, curiosos. Sala
da
casa de Nicole. George e Martha estão sentados no
sofá, com
expressões bastante sérias. Ouve-se a porta abrindo e as
vozes de Gabriel e
Nicole que riem e conversam. Eles param na sala ao verem
George e
Martha no
sofá. NICOLE:
Eu sei,
surpreendente, certo? Eu mesmo não acreditaria há alguns
meses. MARTHA:
Nick,
precisamos
ter uma conversa muito séria. GEORGE:
(levantando do
sofá) Muito séria. Nicole
para
de sorrir e esboça um ar de preocupação. A
cena muda para um
monitor. Na tela podemos ver a imagem de Nicole roubando o
caixa. A
câmera
abre. George, Martha, Gabriel e Nicole estão de frente
para o
computador. MARTHA:
(para
Nicole) O
que você tem a dizer sobre isso? Nicole
abre
bem os olhos, assustada. Corta
instantaneamente
para Gil na cozinha do restaurante, lavando a
louça. Nicole entra na cozinha, descontrolada. Ela avança
em Gil e começa a dar
fortes tapas nele. NICOLE:
(furiosa) Seu
mentiroso! Desgraçado! Desleal! Gil
tenta
se defender. Gabriel entra correndo, segurando Nicole e
conduzindo-a para trás. GIL:
(confuso) Ficou
louca? O que foi isso? NICOLE:
(exaltada) Nós
tínhamos um trato, seu rato! Você me prometeu que
não ia mostrar aquela
filmagem! O que diabos deu em você? GIL:
Mas eu
não
mostrei para ninguém... Eu juro. Nicole
tenta
avançar nele outra vez, mas Gabriel a segura. NICOLE:
Então o que
aquela merda de vídeo está fazendo no computador
lá de casa? GIL:
(assustado) Eu
não sei. NICOLE:
(tentando
avançar nele outra vez) Eu vou te matar, seu filho da... GABRIEL:
(segurando-a)
Acalme-se, Nick! Deve haver uma explicação racional para
tudo isso. NICOLE:
(rindo
de
nervosismo) Claro de deve... Esse puxa-saco, capachão aí,
não resistiu em
tentar fazer média com os patrões. Foi isso o que
aconteceu. GIL:
Hei, eu
juro que
não entreguei vídeo algum... Se eu quisesse fazer
média com meus chefes, já
teria feito, Nicole... Provavelmente alguém deve ter ouvido
a
nossa conversa e
sei lá, pegado o meu celular enquanto eu me distraia
conferindo
o estoque. NICOLE:
E
você espera
que eu acredite nessa besteira? GIL:
É a explicação
mais lógica, porque eu não iria te entregar. Ela
levanta
os braços para que Gabriel a solte. Ele a olha com
desconfiança. NICOLE:
Pode me
soltar... Estou mais calma agora. Gabriel
e
a solta. Nicole pega um copo em cima da mesa e atira em
Gil, que
consegue desviar. O copo bate na parede, quebrando-se.
Gabriel
novamente segura
a irmã. GIL:
(nervoso) Ficou
maluca? Eu disse que não entreguei essa merda de vídeo!
Se não quer acreditar
em mim, dane-se! NICOLE:
(rindo
de
nervosismo) Não... Você não acabou de dizer isso. GIL:
(se
acalmando)
Nick, por favor, eu juro que não faria uma coisa dessas com
você. NICOLE:
(mais
calma) Não
me chame de Nick... Você não é meu amigo. Eles
se
encaram por alguns segundos. Depois, Nicole se movimenta
para
sair. Gabriel a acompanha. Gil permanece na cozinha,
respirando
ofegante. Após
alguns segundos, ele olha para o lado. Moises o encara e
sobe as
sobrancelhas,
saindo em seguida. Gil olha para a frente e fica
pensativo. Terraço
do
apartamento de Julio. Marcia está sozinha, sentada à
mesa.
Julio se aproxima e senta ao lado dela, beijando-lhe o
rosto. ::. “Once In A While” - Dishwalla JULIO:
Sinto
muito que
nosso primeiro almoço em família, tenha sido assim. MARCIA:
Está tudo bem...
Pelo menos um de nossos filhos aceitou o relacionamento.
Quem sabe em
breve
tenhamos um empate? JULIO:
(sorrindo) Espero...
(parando de sorrir) Mas você... Você está bem mesmo?
Eu vou entender se quiser
desistir de tudo. MARCIA:
(sorrindo)
Julio, eu já passei por tantas coisas difíceis na vida,
que a rebeldia do Chris
está longe de ser motivo para que eu desista da gente...
(força a vista) A não
ser que você tenha me perguntando isso na esperança que eu
respondesse que sim. JULIO:
De
forma alguma.
Eu não largo de você, nem que você queira. Eles
sorriem
um para o outro e se beijam de forma delicada. A imagem
vai
transparecendo e mudando para Helen caminhando por um
corredor. Ela se
apoia em
uma muleta. Ao passar na frente de um quarto com a porta
aberta, vemos
Chris
deitado na cama, lendo um gibi. CHRIS:
Está perdida ou
procurando o meu quarto? Helen
para
e volta alguns passos. Chris sorri para ela. HELEN:
O que
você
disse? CHRIS:
Se
quiser, tem
que ser jogo rápido antes que passe a ser considerado
incesto. HELEN:
Eu
estava
procurando o banheiro... Quantos anos você tem? CHRIS:
Quantos
anos
você me dá? HELEN:
Seis,
sete? CHRIS:
(sorrindo) Que
belezinha, nem me conhece e já se acha capaz de me julgar? HELEN:
Ah mas
nem
preciso de muito material, só o showzinho de mais cedo
mostrou
que você é
daqueles rebeldezinhos que perdeu a mamãe e não aceita
que o papai namore com
outra pelo resto da vida. Cresce, garoto. Lamento o que
aconteceu com a
sua
mãe, mas ela não vai voltar. CHRIS:
E como
você pode
ter tanta certeza que ela não vai voltar? HELEN:
Eu
queria que o
meu pai voltasse, mas é o que acontece quando se morre...
Morre. CHRIS:
Mas
minha mãe
não está morta. HELEN:
(confusa) Não?
Não estou entendendo. CHRIS:
Não... Jesus, eu
também não sou daqueles que não quer que o pai
seja feliz porque a mãe morreu.
Minha mãe está viva. HELEN:
E seu
pai a deixou
e exigiu a sua guarda? CHRIS:
Não. HELEN:
Ah,
então ela
que te abandonou? CHRIS:
(incomodado)
Você não sabe de nada... E o banheiro é na
última porta. Ele
ameaça
fechar a porta, mas Helen impede com a mão. HELEN:
Sabe de
uma
coisa? Eu admirava seu pai antes como professor... Agora o
admiro como
pessoa,
porque, aturar uma criatura como você por tantos anos, não
deve ser uma tarefa
fácil. E eu apoio mais do que nunca o relacionamento dos
dois...
(sorri) Até
mais, futuro irmão. Helen
continua
sorrindo, em tom provocativo. Chris fecha a cara e a porta
ao mesmo tempo. Jardim
da
casa de Livia. É noite. Roger, Gustavo e Cláudio
estão sentados
em volta de uma pequena fogueira. ::. “Once In A While” - Dishwalla
(cont.) GUSTAVO:
Quase 11h
da noite e nada da dona Livia aparecer. E não é que ela
é durona mesmo? ROGER:
É justo ela agir
desse jeito. Eu deveria ter dito todas essas coisas enquanto
ela ainda
estava
perto de mim. CLÁUDIO:
Se a
gente
soubesse o momento certo de dizer as coisas, eu não estaria
esperando a Helen
se convencer de nós dois. GUSTAVO:
Mas o
pior de
tudo é quando a pessoa está convicta do que você
sente por ela, e usa isso para
te dar esperanças, levar para tomar sorvete, roubar a cereja
do
seu sundae, e
não te dar sequer um selinho. Cláudio
e
Roger se olham e caem no riso. Gustavo balança a cabeça,
em
reprovação. GUSTAVO:
Não tem graça,
isso é trágico. CLÁUDIO:
Há um limite
entre gostar e ser pateta. Gustavo
olha
para cima. Algumas gotas de chuva começam a cair em seu
rosto. GUSTAVO:
Debandada pra
dentro da barraca. A
chuva começa a aumentar, se tornando mais intensa. Os
rapazes se
deslocam. Gustavo abre a barraca, enquanto Cláudio ajuda
Roger a
entrar. A tela
escurece. Abre
mostrando
o centro da cidade numa vista aérea. Chove bastante.
Após
alguns segundos, corta para Helen em seu quarto, de frente
para um
aparelho de
som. Ela aperta um botão. E segundos depois, após a
música começar, ela sorri. ::. “Linger” - The Cranberries MARCIA:
(em
off) Minha
música. A
câmera se movimenta, mostrando-a encostada na porta
aberta. HELEN:
(sorrindo)
Bonita melodia. MARCIA:
(sorrindo) É...
Muito bonita. (bocejando) Estou exausta... Boa noite,
querida. HELEN:
Boa
noite. Marcia
se
movimenta para sair. Helen intercepta. HELEN:
Mãe... Estou
feliz que esteja namorando alguém como o professor Julio.
Não deixe que ninguém
atrapalhe o relacionamento de vocês, okay? MARCIA:
(sorrindo,
emocionada) Sabe, te ouvir me chamar de mãe agora, e ter seu
apoio e carinho,
são minhas maiores conquistas. Não vai ser um adolescente
rebelde que vai me
fazer desistir do que eu quero... (se aproxima) Eu te amo,
minha linda. Elas
se
abraçam forte. Helen fecha os olhos. HELEN:
Eu
também te amo. Elas
param
de se abraçar e Marcia segura na mão da filha. MARCIA:
Agora,
siga esse
exemplo também... Não deixe ninguém atrapalhar o
seu relacionamento com alguém.
Especialmente quando há provas de que os sentimentos são
verdadeiros. Ela
beija
o rosto de filha e depois sai. A câmera se aproxima do
rosto de
Helen que se mostra reflexiva. Após alguns segundos, ela
pega o
celular, mas
antes de digitar, o aparelho começa a tocar,
surpreendendo-a. HELEN:
(feliz)
Hei... CLÁUDIO:
(off/celular)
Hei, ovelhinha... Onde você está? HELEN:
Acabei
de chegar
em casa. CLÁUDIO:
(off/celular) E
como é o novo padrasto? HELEN:
(sorrindo)
Digamos que é bem familiar. CLÁUDIO:
(off/celular)
Mesmo? Quem é? HELEN:
Depois
eu te
conto em detalhes... (morde os lábios) Cláudio... CLÁUDIO:
(off/celular)
Sim? HELEN:
Andei
pensando e
acho que chegou o momento de parar com esse negócio de
tempo.
Acho que já está
mais do que na hora de tomar uma posição sobre isso, para
o bem de nós dois. CLÁUDIO:
(off/celular)
Concordo... E que posição você resolveu tomar? HELEN:
Quando
a gente
se ver pessoalmente eu te conto. Um
breve
silêncio toma conta. Helen franze as sobrancelhas. HELEN:
Cláudio? CLÁUDIO:
(off/celular)
Então pode contar agora, pois estou parado na frente da sua
porta. HELEN:
(incrédula)
Mentira? CLÁUDIO:
(off/celular)
Desce aqui e confere. Corta
para
a porta abrindo e Cláudio aparecendo do lado de fora. Ele
está completamente
ensopado da chuva. Do lado de dentro, Helen se mostra bastante
surpresa. HELEN:
(sorrindo) O que
está fazendo aqui? CLÁUDIO:
Acho
que me
senti do mesmo jeito em relação a tomar uma
posição... E também estou acampado
a algumas quadras daqui. HELEN:
Acampado? CLÁUDIO:
Longa
história... (ansioso) E então? Qual é a sua
posição? Helen
sorri
e se aproxima, tocando carinhosamente o rosto dele. HELEN:
Vê se isso
responde a sua pergunta. Ela
aproxima
os lábios, beijando-os de forma intensa.
Cláudio a
abraça forte, sem se importar que está molhado.
Atrás deles, podemos ver a
chuva forte caindo. Eles continuam se beijando por mais
alguns
segundos, até se
afastarem. CLÁUDIO:
(ofegante) Uau!
Isso foi... Isso... HELEN:
(interrompendo)
Cláudio... Quer voltar a namorar comigo? CLÁUDIO:
(sorrindo) Eu
nunca terminei com você. Helen
esboça
um largo sorriso. Cláudio a puxa, e eles voltam a
se beijar,
com bastante intensidade. A câmera começa a se afastar
lentamente, ao mesmo
tempo em que a tela vai transparecendo, mudando de
cenário. O
volume da música
começa a abaixar até cessar. Livia
está
deitada na cama, com os olhos abertos, pensativa. Ela bate
os
dedos das mãos, impaciente. Segundos depois, ela levanta e
vai
até a janela.
Close em seu rosto que franze a testa, preocupada. A
câmera se
movimenta,
mostrando Roger na chuva, sentando na sua cadeira de
rodas, olhando
para a
janela do quarto de Livia. Ela balança a cabeça, em
reprovação e sai do quarto. Lado
de
fora. A porta abre e Livia sai apressadamente, indo ao
encontro de
Roger. LIVIA:
(falando alto
por causa da chuva) Está louco? Quer pegar uma pneumonia e
morrer? ROGER:
(falando alto)
Não me importa o que pode me acontecer, contanto que você
me ouça primeiro. Close
na
barraca. Podemos ver apenas Gustavo dentro, dormindo.
Volta para
Roger e Livia. ::. “So Far Away” - Staind ROGER:
Liv,
ontem a
minha história com a Amanda chegou de vez ao fim... E sabe
por
que isso
aconteceu? Porque desde que eu acordei e comecei a recobrar
a
consciência, é em
você, somente em você que eu tenho pensado. LIVIA:
E
daí? Quem me
garante que daqui 1
mês você não vai mudar de ideia de
novo? Eu nunca sei o que se passa no seu coração, Roger. E
não quero passar por
isso de novo, de novo e de novo. ROGER:
Mas
agora é
diferente... Eu sei e tenho total certeza do que quero pra
minha vida.
E a
principal dela, é ficar com você. Livia
olha
para o lado, receosa. Ela coloca as mãos na cabeça e
depois
volta a fixar o olhar em Roger. LIVIA:
Por
quê? ROGER:
Porque
ninguém
seria capaz de mudar o rumo da vida de outra pessoa, se não
fosse mesmo
importante para ela... Você foi a única luz que eu vi num
túnel que parecia
inacabável... Eu sou grato, Liv, grato por você aparecer
na minha vida num
momento de dor e conseguir me fazer sorrir de novo... Grato
por
você voltar da
casa do seu pai para ficar todos os dias comigo no hospital,
esperando
que eu
acordasse. Grato por ter sacrificado o seu amor e ter ido na
casa da
Amanda
pedir para ela fosse me ver... Grato por ser a primeira
pessoa que eu
vi quando
acordei, e grato por me ajudar a recuperar minhas
lembranças. Livia
se
segura para não chorar. Roger avança um pouco com a
cadeira. ROGER:
Mas
acima da
minha gratidão, está o meu amor por você. Que
é grande, vivo, forte e pra mais
de duzentos anos... Então, por favor, eu te imploro...
Não vá embora. Não me
tire o prazer de desfrutar da sua presença, nem que seja
apenas
para ouvir a
sua voz... Por favor, fica? Livia
apenas
o encara por alguns segundos. Roger a olha com um misto de
medo e esperança. LIVIA:
Vamos
entrar...
Você precisa se secar. ROGER:
(apreensivo)
Isso é um sim? O
som aumenta. A câmera se aproxima do rosto de Livia. Ela
balança
negativamente a cabeça, depois, fecha os olhos e sorri.
Roger
levanta as mãos,
comemorando. Livia se aproxima dele e se agacha, ficando
com o rosto
próximo. LIVIA:
Você tem um imã
que não consegue deixar que eu me afaste. ROGER:
Isso
é amor...
(coloca as mãos no rosto dela) E a cada dia, eu prometo te
amar
e te fazer
feliz, Livia Christina. Eles
aproximam
seus lábios e começam a se beijar
delicadamente, aumentando
a intensidade. Após alguns segundos, eles param de se
beijar e
se olham com
ternura. ROGER:
Eu te
amo.
Muito, muito, muito, muito, muito, muito... São tantos
muitos
que não cabem no
planeta. LIVIA:
(sorrindo de
forma meiga) Eu te amo também... Muito. Roger
segura
na mão dela e beija carinhosamente. A câmera
começa a subir,
enquanto vemos Livia se levantando e se posicionando atrás
da
cadeira, para
empurrá-la. A imagem sobe até os céus e quando
desce, vemos a fachada da casa
de Priscila. Gabriel
aparece
na varanda, vestindo uma capa de chuva. Ele abre a jaqueta
e tira um envelope branco, colocando-o em cima do tapete
que fica na
frente da
porta. Ele toca a campainha e sai. A câmera desce,
mostrando o
envelope por
alguns segundos. É possível ver escrito “Para
Priscila”. Casa
de
Amanda. Nathalia e Amanda estão no banheiro, dando banho
na
criança numa pequena banheira. As duas riem e se molham. A
neném bate, feliz,
as mãos na água, molhando-as ainda mais. Nesse instante,
ouve-se o barulho da
campainha. ::. “So Far Away” - Staind (cont.) AMANDA:
Pode
deixar que
eu atendo... Deve ser a pizza. Antes
de
sair, Amanda joga água em Nathalia e sai correndo. NATHALIA:
(falando alto)
Eu vou ensaboar seus olhos! Corta
para
a parte de baixo. Amanda aparece, rindo. Ela vai até a
porta e
abre. Close numa garota de costas. Ela se vira, mostrando
se tratar de
Nicole.
Amanda se mostra surpresa. O som começa a diminuir, até
cessar. NICOLE:
Boa
noite,
Amanda... Podemos conversar? A
câmera se posiciona onde podemos ver as duas. Amanda está
com uma
expressão confusa, enquanto Nicole mantém uma
expressão séria. A tela escurece. CREDITOS
FINAIS: CRIADO
E
ESCRITO POR: Thiago
Monteiro
PARTICIPAÇÕES
ESPECIAIS Jennifer
Ehle
como Clarice Aaron Eckhart como George Terre
J.
Vaugh como Martha Jason Priestley como Julio Scott Foley como Michael John
Patrick Amedori como Moises Devon
Werkheiser
como Chris MÚSICA TEMA “Meant To Live” -
Switchfoot TRILHA SONORA “Steal
Me”
- Jupiter Sunrise “Time Won’t Let
Me Go” - The Bravery “Vindicated” -
Dashboard Confessional “Inside of love”
- Nada Surf “Until The Day I
Die” - Story Of The Year “Morning Life”
- Feeder “Once in a
While” - Dishwalla “Linger” - The
Cranberries “So Far Away” - Staind Copyright © 2008 Obs: Apesar da série não ter
nacionalidade definida, foi necessário o uso de músicas
brasileiras na hora da cantoria de
Roger e Gustavo para a cena se tornar mais engraçada. |