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Abre mostrando o ginásio do colégio Esplendor lotado. Grande parte da torcida parece apreensiva. Na quadra, os Gladiadores estão com seu tradicional uniforme vermelho, enquanto o adversário está de verde escuro.

 

Felipe está parado perto da marca do pênalti. Cláudio aparece ao lado dele.

 

CLÁUDIO: Você tem certeza que quer bater esse pênalti?

 

FELIPE: Absoluta.

 

Cláudio olha para o placar eletrônico. Close no aparelho marcando “Gladiadores 4x5 Visitantes”. Embaixo é possível ver o cronômetro parado no 00:00:04 segundos para o apito final. A câmera desce, Cláudio acena, convencido. 

 

CLÁUDIO: Beleza, faça esse gol, que eu prometo que na prorrogação nós vamos vencer.

 

Felipe concorda com a cabeça. Close em Paulo no banco de reservas, nervoso. Volta para Felipe.

 

CLÁUDIO: (em off) Aquele momento crucial, onde um chute decide não apenas um jogo, mas também os rumos de sonhos e decisões. Sempre ouvi dizer... Sonhos, tenha mais de um... Pois em algum momento, eles podem se entrelaçar e criar um futuro inimaginável.

 

Felipe respira fundo e em câmera lenta se movimenta para chutar. Ao tocar o pé na bola, a tela é invadida por um clarão, que se desfaz lentamente mostrando o centro da cidade. Chove bastante.

 

 

Corta para Cláudio e Helen se beijando na varanda da casa dela. Eles vestem as mesmas roupas do episódio passado. Cláudio ainda está molhado. Após alguns segundos, eles param de se beijar e se encaram com bastante ternura.

 

::. “Why Can't I” - Liz Phair

 

CLÁUDIO: (sorrindo) Por que essa decisão agora?

 

HELEN: Eu já queria ter me entregado antes... Mas você sabe como eu me sinto em relação a nós.

 

CLÁUDIO: Pois então eu prometo não deixar que duvide nunca mais dos meus sentimentos.

 

HELEN: E eu prometo deixar de ser pessimista nesse assunto do coração.

 

CLÁUDO: (sorrindo) Ótimo... Agora, me conta como foi encontro com o namorado de sua mãe?

 

HELEN: Quer mesmo falar sobre isso agora?

 

CLÁUDIO: (sorrindo) Não.

 

Eles riem e segundos depois, voltam a se beijar. A câmera começa a se afastar e a imagem vai transparecendo, até mostrar Roger e Livia deitados num colchão da sala da casa dela. Eles estão abraçados e enrolados num cobertor. Na frente deles, há um balde de pipocas. O lugar é iluminado apenas pela luz da televisão.

 

::. “Why Can't I” - Liz Phair (cont.)

 

ROGER: Está feliz?

 

LIVIA: (sorrindo) Sim, estou... (breve pausa) Duzentos anos... Não sabia que se lembrava disso.

 

ROGER: Você acha que eu ia esquecer de uma promessa feita para a vida? Embora tenha ficado um pouco latente, eu disse num momento importante para nós.

 

Livia sorri outra vez, sem dizer nada. Roger a encara por alguns segundos.

 

ROGER: Eu sei que deve estar passado milhares de coisas na sua cabeça agora. Mas uma coisa eu faço questão de deixar bem claro. Eu vou viver, pra te fazer feliz.

 

O som aumenta, enquanto eles se olham com mais profundidade. Livia se inclina e beija os lábios dele de forma delicada. Roger passa mão no rosto dela e o beijo se torna mais intenso.

 

 

Casa de Priscila. A câmera se aproxima de uma cama, onde podemos ver Priscila sentada, lendo atentamente uma carta. Do lado dela, vemos o mesmo envelope deixado por Gabriel na porta. Após alguns segundos, Priscila abaixa a carta e fica pensativa.

 

 

Varanda da casa de Amanda. Amanda está sentada num banco, entristecida. A porta abre e Nathalia parece. Ela olha na direção da irmã e estranha.

 

::. “Why Can't I” - Liz Phair (cont.)

 

NATHALIA: Hei... O que houve com a pizza?

 

AMANDA: (sem olhá-la) Não era a pizza.

 

NATHALIA: Quem era então?

 

Amanda não responde. Nathalia se aproxima e senta ao lado da irmã. 

 

NATHALIA: (preocupada) O que aconteceu?

 

AMANDA: Quando eu traí o Roger, sabia que as consequências seriam trágicas. Mas mesmo assim optei por contar a verdade. Porque é isso que a gente deve fazer... Contar a verdade. Mesmo que doa e que nos prejudique de alguma forma.

 

NATHALIA: Sim, claro... Mas por que está dizendo isso agora?

 

AMANDA: Porque eu quero acreditar que as pessoas são sinceras. Você é sincera comigo, não é, irmã?

 

NATHALIA: (engolindo a seco) Sou... Quer dizer. Tento ser.

 

AMANDA: É ou não é? Você seria capaz de esconder alguma coisa de mim, especialmente agora que estamos tão bem?

 

NATHALIA: (desconfiada) O que está havendo, Amanda?

 

AMANDA: (desapontada) Deixa pra lá... (levanta) Estou com dor de cabeça e não vou mais esperar pela pizza. Só quero dormir no momento.

 

NATHALIA: (pensativa) Tá bom.

 

Amanda entra. A câmera permanece em Nathalia, que olha para a frente, preocupada. Após alguns segundos, a tela escurece.

 

 

 

 

 

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Vista área do centro da cidade. É noite. A praça está toda enfeitada com bandeiras, bexigas e fitas vermelhas e brancas. Após alguns segundos, a imagem transparece para o ginásio. A câmera se movimenta pelo chão até parar nos pés de alguém que está no meio da quadra. Sobe, mostrando se tratar de Felipe. Ele está sorrindo. Atrás, podemos ver Priscila se aproximando.

 

::. “Switchfoot” - Yesterdays

 

PRISCILA: Não é muito cedo para já estar concentrado?

 

FELIPE: (sorrindo) E não é muito tarde para ainda estar no colégio?

 

PRISCILA: (parando ao lado dele) Deveria ser, mas fazer o quê, se eu tenho que dividir a atenção do meu namorado com a quadra, bola, jogo.

 

Felipe ri. Depois, fixa a atenção na quadra.

 

FELIPE: Pelos sorteios antes do campeonato, tanto a final, quanto à semifinal será na casa do adversário... O que significa que em menos de 24 horas, estarei fazendo meu último jogo nessa quadra.

 

PRISCILA: Deve ser difícil ter que deixar tudo isso para trás.

 

FELIPE: É um sentimento indescritível... Por isso quero fazer desse último jogo, algo memorável.

 

PRISCILA: (sorrindo) Eu sei que vai... Mas vamos sair daqui, antes que você fique tão saudosista, a ponto de querer repetir de ano mais uma vez, só para não deixar de ser um Gladiador.

 

FELIPE: (rindo) Pode ficar tranquila... Esse é o momento de subir um degrau.

 

PRISCILA: Assim espero... (pensativa) Sabe, como é a sua despedida na quadra, eu sempre tive curiosidade em conhecer o vestiário masculino.

 

FELIPE: Você nunca entrou no vestiário masculino?

 

PRISCILA: Vou fingir que não ouvi essa pergunta... Eu não sou como as outras. Não até hoje.

 

Ela sorri de forma maliciosa. Felipe também esboça o mesmo sorriso. Ele olha para os lados e pega na mão dela, conduzindo-a rapidamente na direção do vestiário. Priscila ri.

 

 

Vista panorâmica da cidade iluminada. Aos poucos vai amanhecendo e o sol começa a nascer. Novamente mostra o centro da cidade todo enfeito com as cores do time. Algumas pessoas em estabelecimentos vestem as camisas dos Gladiadores. 

 

 

Corredor do colégio. Close num quadro com a foto de Roma em cima de uma estante de vidro. A imagem abre, mostrando Cláudio parado na frente do quadro, saudosista. Helen aparece e se posiciona ao lado dele.

 

::. “Switchfoot” - Yesterdays (cont.)

 

CLÁUDIO: Amanhã vai fazer 1 ano que ele se foi.

 

HELEN: Ainda é difícil acreditar.

 

CLÁUDIO: Meu primeiro jogo foi tão ruim, mas tão ruim, que havia decidido largar isso tudo. Graças a uma invenção de uma pena inexistente para quem quisesse desistir, que ele conseguiu me fazer voltar atrás. Ele acreditou e insistiu em mim... Sabia como extrair o melhor de todos do time.

 

HELEN: (sorrindo) Era um verdadeiro paizão.

 

CLÁUDIO: (sorrindo) Exatamente.

 

Eles se olham, admirados, por alguns segundos. Cláudio pega na mão dela.

 

CLÁUDIO: Vamos nessa, namora?

 

HELEN: (sorrindo) Vamos... Namorado.

 

Eles se deslocam e começam a andar de mãos dadas pelo corredor. 

 

 

Sala do treinador. Paulo está sentado à mesa, de frente para um televisor. Ele observa atentamente o que se passa e faz algumas anotações. Após alguns segundos, ouve-se duas batidas na porta. Paulo entorta a boca e aperta o botão do controle.

 

::. “The Truth” - La Rocca

 

PAULO: Entra.

 

A porta abre e Isabel aparece, visivelmente animada.

 

ISABEL: (entrando) Vai Gladiadores! Vai, vai, vai!

 

PAULO: Estou começando a achar que esse colégio te paga muito bem para poucas aulas que os alunos assistem.

 

ISABEL: (sentando) Relaxa, meus alunos estão assistindo um vídeo educativo nesse momento. Aproveitei a calmaria na sala para dar uma escapadinha e te desejar boa sorte hoje no jogo.

 

PAULO: Obrigado... Vamos precisar.

 

ISABEL: (surpresa) Mesmo? Pensei que fosse me dizer que não precisava e que vocês iriam entrar em quadra só para saber o resultado.

 

PAULO: Eu não subestimo os meus adversários, por mais inferiores que eles possam parecer.

 

ISABEL: (sorrindo) Que bom, prova que o meu papel na sua vida é mais importante do que eu pensei.

 

PAULO: (sorrindo) Claro... Em qual parte você quer dizer?

 

ISABEL: Bom, se não fosse por mim, você teria largado o barco na metade do ano.

 

PAULO: Não foi bem por sua causa.

 

ISABEL: (sorrindo) Não minta para si mesmo.

 

Paulo não consegue resistir e ri de leve. Isabel sorri ainda mais.

 

ISABEL: E você ainda tem coragem de questionar... (levanta) De novo, boa sorte hoje à noite... (pensativa) Pode desejar isso antes de um jogo? No teatro dá azar.

 

PAULO: Não sou supersticioso.

 

ISABEL: (sarcástica) Não diga?

 

Ela lança um último sorriso e sai. Paulo fica olhando na direção da porta por alguns segundos. Depois, ele aperta novamente o controle. Close na televisão. Um jogo está passando.

 

 

Quarto de Roger. Cláudio está sentado na cama, enquanto Roger de frente para ele, na cadeira de rodas.

 

::. “The Truth” - La Rocca (cont.)

 

ROGER: Não, valeu.

 

CLÁUDIO: Por que não? Você sempre acompanhou os jogos da arquibancada.

 

ROGER: Não todos.

 

CLÁUDIO: Mas aí não conta. Você estava em coma.

 

ROGER: Mesmo assim, prefiro acompanhar o jogo via online... Sem falar que tem a fisioterapia daqui a pouco, vou estar desgastado.

 

CLÁUDIO: A desculpa não continua colando... Tenta inventar uma melhor.

 

ROGER: (bufando) Tá bom... Uma coisa é ir numa festinha de boas-vidas... Outra é estar num jogo onde meia cidade vai estar.

 

CLÁUDIO: E daí?

 

ROGER: E daí que eu não quero que me vejam assim. Especialmente por causa do motivo que me levou a isso.

 

CLÁUDIO: Hei, ninguém tem o direito de te julgar. Você, meu amigo, é um guerreiro, um vencedor. Coloca isso na sua cabeça.

 

Roger concorda de leve com a cabeça. Cláudio o encara por alguns segundos.

 

CLÁUDIO: Bom, preciso ir para a concentração. E você vai a esse jogo pra torcer pelos seus amigos, especialmente o seu melhor amigo. Eu preciso de você lá.

 

ROGER: Eu sei... Eu vou estar lá... Prometo.

 

CLÁUDIO: (sorrindo) Acho bom.

 

Ele sai. Roger fica pensativo por alguns instantes. Depois, roda a cadeira até a janela.

 

 

Casa de Amanda. Nathalia está sentada no sofá, assistindo televisão. Ouve-se passos descendo a escada. Ela se vira. Amanda desce e caminha apressadamente até a porta.

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::. “The Truth” - La Rocca (cont.)

 

NATHALIA: Hei... Estava pensando se você gostaria de...

 

AMANDA: (interrompendo) Agora não posso, tenho sair... Tchau.

 

Amanda sai. Ouve-se a porta abrindo e fechando. Close no rosto de Nathalia, ela fica pensativa.

 

 

Restaurante/Bar da família de Nicole. Gil está com o celular no ouvido e passa pano em uma mesa com a outra mão.

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::. “The Truth” - La Rocca (cont.)

 

GIL: Não percebi nenhum comportamento estranho, não... Na verdade, faz três dias que ela não aparece por aqui. (balança a cabeça, concordando) Mas não fique preocupada com isso. Se ela tivesse descoberto não ia ficar quieta. (pausa longa) Ouça, eu vou estar de folga esta noite, queria saber se você gostaria de ir ao jogo comigo? (sorrindo) Não, Nathalia, não é um encontro, fica tranquila. Nos encontramos lá então. Beijo.

 

Ele desliga o celular e fica pensativo. Corta para Nicole entrando na cozinha. Gil vai atrás. Nicole está vestindo um avental e carregando uma bacia. Gil se aproxima dela.

 

GIL: Já se passaram três dias, Nicole... É impossível que você não tenha feito nada... O que você fez?

 

Nicole o ignora. Ela coloca a bacia em cima da mesa. Em seguida, passa o braço na testa, cansada.

 

GIL: O que quer que tenha feito, vai se arrepender, porque eu não mostrei aquele vídeo ao George... Eu nunca pensei me mostrá-lo.

 

NICOLE: Se nunca pensou em mostrá-lo, por que manteve o vídeo no celular mesmo depois de nosso aperto de mãos?

 

GIL: Porque eu queria ter uma vantagem, só isso.  

 

NICOLE: (dando os ombros) Então você se ferrou.

 

GIL: Você contou à Amanda, certo?

 

NICOLE: Eu não disse isso... Mas se está curioso, pergunte a ela.

 

GIL: (desapontado) Não preciso perguntar, está na cara que ela sabe de tudo.

 

NICOLE: Então aconselho que se prepare para sofrer as consequências, assim como eu estou sofrendo, virando escrava da minha mãe e seu marido... (se vira para sair, mas para) E só mais uma coisa, não dirija mais a palavra à minha pessoa.

 

Ela vai até a porta e dá de frente com Moises, que carrega uma pilha de pratos.

 

NICOLE: Cuidado!

 

Ela sai de cena. Moises vai até a pia e coloca os pratos dentro.

 

MOISES: Ela que quase bateu em mim e eu que preciso tomar cuidado?

 

GIL: (desconfiado) Por que você aguenta tudo que ela faz sem revidar? Digo, a Nicole não tem autoridade nenhuma por aqui, nem se implorar para que os pais demitam alguém. Qualquer um no seu lugar não deixaria passar a oportunidade de ferrar com essa pentelha.  

 

MOISES: Aham... Sei o que você está tentando fazer... Mas assim como não gosta que ela te acuse, embora seja o principal suspeito por causa do vídeo, não seria legal fazer o mesmo, acusando outra pessoa.

 

Ele sorri para Gil e se vira para lavar os pratos. Gil bufa e sai de cena. A tela escurece.

 

 

Abre com Cláudio e os demais rapazes do time entrando na quadra e caminhando na direção do vestiário. A câmera passeia pelos rostos de alguns, como Felipe, Cláudio e Gustavo. A imagem transparece para algumas montagens de cena enquanto a música toca.

 

::. “Wish You Were” - Kate Voegele

 

Roger está dentro de uma piscina, com uma boia, acompanhado por uma mulher que segura o braço dele, conduzindo-o para a frente.

 

Amanda caminha pela praça, bastante pensativa. Ela se aproxima do banco e senta.

 

Nathalia entra no quarto de Amanda. Ela para perto da cama e olha para os lados. Ela parece ansiosa.

 

Os rapazes estão espalhados pelo vestiário. Felipe está em pé, de frente para o seu armário. Ele abre e tira sua camisa. Close em seu nome escrito atrás. Ele fica olhando para a camisa, emocionado.

 

Paulo está na sua sala, sentado e batendo os dedos sobre a mesa. Após alguns segundos, ele olha para o relógio.

 

Algumas pessoas começam a aparecer no ginásio. Com efeito de câmera acelerada, logo o lugar é tomado por um número significativo de pessoas.

 

Helen aparece caminhando pelo corredor do ginásio. A câmera desce, mostrando seus pés que calçam sandálias baixas, mostrando que ela não está mais com o gesso. A montagem de cenas termina e a música cessa.

 

 

Vestiário. Os rapazes já estão uniformizados. Gustavo está sentado ao lado de Cláudio. De repente, ouvem-se o barulho da torcida. Gustavo respira fundo.

 

GUSTAVO: É impressão minha ou hoje tem gente pendurada até no teto deste ginásio?

 

CLÁUDIO: O time embalado, a dois passos da grande final. Só não está a cidade inteira porque não cabe.

 

FELIPE: (para Gustavo) Vê se não vai amarelar como no primeiro jogo.

 

GUSTAVO: Por favor, depois de ter feito o gol mais importante do ano, nada vai me fazer tremer.

 

FELIPE: (sorrindo) Gol mais importante até agora.

 

Cláudio levanta e começa a se alongar. Felipe vai até ele.

 

FELIPE: Ficou sabendo? Pelo menos três olheiros de estados diferentes estarão hoje aqui. Se jogarmos bem, especialmente eu, o emprego está praticamente garantido. 

 

CLÁUDIO: (sorrindo) Boa sorte!

 

Felipe pisca e depois se desloca para outro canto. Gustavo levanta e se posiciona ao lado de Cláudio.

 

GUSTAVO: Sem querer bancar o chato de sempre... Você não acha que ele anda um pouco paranoico com esse negócio de jogar profissionalmente?

 

CLÁUDIO: É o sonho dele... Não dá para julgá-lo por isso. Além do mais, é último jogo dele aqui... É mais que um simples jogo.

 

Gustavo concorda com a cabeça. Paulo entra no vestiário. Todos os jogadores ficam de pé.

 

PAULO: É... Pois é, depois de muita luta, conflitos e determinação, chegamos até aqui... Não vou fazer nenhum discurso motivacional, porque vocês sabem que comigo não funciona assim... Mas sei que a cada jogo, o fim para alguns aqui se aproxima. Então, como um time, joguem por esses que vão se formar. E os que vão se formar, joguem pra que escrevam uma história ainda mais bonita este ano... Eu acredito em vocês.

 

Os rapazes se olham e concordam com a cabeça. Paulo bate fortes palmas e os rapazes começam a se movimentar para a porta.

 

 

Amanda caminha pelo corredor do ginásio. Ela olha para a arquibancada, procurando um lugar vago. Ao passar por Gil e Nathalia na primeira fileira, Nathalia a chama.

 

::. “Silence Is Easy” - Starsailor

 

NATHALIA: Mana.

 

Amanda para e se vira para a irmã.

 

NATHALIA: Quer se sentar com a gente?

 

Amanda olha para os dois com uma ar de condenação. Depois, olha para cima, avistando Larissa.

 

AMANDA: Já estão guardando um lugar para mim.

 

Ela abre caminho e começa a subir. Nathalia olha para Gil.

 

NATHALIA: Ela está assim desde domingo à noite.

 

GIL: (temeroso) Preciso te contar uma coisa.

 

Corta para Amanda sentando ao lado de Larissa, que a olha sorrindo.

 

LARISSA: E qual é o problema dessa vez?

 

AMANDA: A quadra está cheia e você é magrinha o suficiente para abrir um espaço para eu me sente... Não estou aqui, do seu lado, porque estou com algum problema. Fala sério?

 

LARISSA: (incrédula) Então tá... Obrigada pelo “magrinha” ... E seja lá o que esteja te chateado, não há nada que não possa piorar.

 

Ela aponta com a cabeça. Amanda olha na direção apontada. Close em Roger passando pelo corredor, com Livia empurrando-o atrás. Roger parece um pouco receoso. Algumas pessoas o cumprimentam. Roger retribuiu acenando e sorrindo.

 

Volta para Amanda que assiste a cena com seriedade. Larissa está olhando-a.

 

LARISSA: Quer um abraço?

 

AMANDA: Quando sair um gol do nosso time, me abrace como estivéssemos comemorando.

 

LARISSA: (sorrindo) Okay.

 

Corta novamente para Gil e Nathalia. Essa última, está com um olhar de espanto.

 

NATHALIA: Se aquela malditinha abriu mesmo o bico para a Amanda, explica muito o porquê dela estar agindo assim comigo.

 

GIL: Mas não era para ela ter explodido com você?

 

NATHALIA: Não... Ela está esperando que eu conte. Foi isso que ela deu a entender na nossa primeira conversa. (coloca as mãos na cabeça) Ela nunca vai me perdoar por isso.

 

Gil fica sem saber o que dizer. Ele apenas a olha com expressão solidária.

 

 

Outro lado da arquibancada. Priscila está sentada sozinha. No seu lado esquerdo há uma vaga, que logo é ocupada sem que possamos ver de quem se trata. Priscila também não olha para a pessoa, mas aparenta já saber quem é.

 

::. “Silence Is Easy” – Starsailor (cont.)

 

PRISCILA: Este lugar está ocupado.

 

A câmera se movimenta, mostrando Gabriel ao lado dela.

 

GABRIEL: Mesmo? Está guardando pra quem?

 

Priscila fica pensativa. Gabriel sorri. Priscila revira os olhos.

 

GABRIEL: Leu a carta?

 

PRISCILA: A que deixaram na minha porta com inúmeras frases copiadas de livros românticos? Li, e não me comoveu.

 

GABRIEL: Que pena... Esperava ao menos poder tocar um pouquinho o seu coração. E se vale de alguma coisa, não são frases copiadas de outros livros.

 

PRISCILA: Roubou do diário de alguém?

 

GABRIEL: Me chame de louco, perseguidor... Mas no tempo em que estive fora, você me serviu de inspiração.

 

PRISCILA: Está dizendo que escreveu um trecho romântico para mim?

 

GABRIEL: Trecho de um livro.

 

PRISCILA: Você escreveu um livro para mim? Um livro?

 

GABRIEL: Você sabe que eu quero ser escritor, não sabe?

 

PRISCILA: Se um dia publicá-lo, faça-me um favor? Não cite meu nome ou qualquer característica física que indique se tratar da minha pessoa. Pode ser?

 

GABRIEL: Algumas pessoas se sentiriam privilegiadas com tal ato.

 

PRISCILA: Não eu.

 

GABRIEL: Okay, vou queimá-lo assim que chegar em casa.

 

PRISCILA: (arregalando os olhos) Não! Não faça isso!

 

GABRIEL: Por quê? Você não gostou mesmo.

 

PRISCILA: Outras pessoas podem gostar. E não quero ser culpada por você se tornar um futuro escritor frustrado.

 

GABRIEL: (sorrindo) Sei... Posso te mandar a cópia inteira então?

 

PRISCILA: (dando os ombros) Se você quiser.

 

GABRIEL: Não senti firmeza... Não vou mandar então.

 

PRISCILA: Manda, seu idiota.

 

GABRIEL: (sorrindo) Então confessa que está interessada?

 

PRISICILA: Gabriel, o jogo vai começar. 

 

GABRIEL: Está bem, torcemos juntos.

 

Ele sorri outra vez. Priscila entorta a boca e revira os olhos, voltando a atenção para a quadra.

 

 

Nesse instante a torcida começa a vibrar. Corta para dentro da quadra, mostrando os Gladiadores entrando. Após alguns segundos, o time adversário aparece e ouve-se apenas vaias.

 

Cláudio caminha até a grade, ficando de frente para Lucio, Silvia, Lucas e Helen. Cláudio coloca um adesivo com o símbolo do time no braço de Lucas que está sentado na grade.

 

CLÁUDIO: O que achou?

 

LUCAS: (feliz) Demais!

 

CLÁUDIO: Então quero ouvir bem alto.

 

LUCAS: (falando alto) Vai Gladiadores!

 

CLÁUDIO: (sorrindo) Isso mesmo! Toca aqui.

 

Cláudio levanta a mão e Lucas, entusiasmado, toca a mão dele. Silvia pega a criança no colo, colocando-o no chão.

 

SILVIA: Ele veio de casa até aqui falando que veio ver o irmão fazer vários gols. Não esquece de apontar para ele.

 

CLÁUDIO: (sorrindo) Vou me esforçar bastante para tentar superar suas expectativas.  

 

Michael aparece, sorridente, e toca o ombro de Lucio. Cláudio o olha com surpresa. 

 

CLÁUDIO: Até você?

 

MICHAEL: Está brincando? Até parece que eu ia perder o evento da cidade. Em todo canto só se ouve falar deste jogo... E vou te dizer uma coisa, se você é bom mesmo como andam falando, é certo que esse talento veio de mim... Porque seu pai... (faz caretas) Era uma negação.

 

LUCIO: Hei, meu time venceu o seu várias vezes, pelo que me lembro bem.

 

MICHAEL: (sorrindo) Só quando não jogávamos sério.

 

CLÁUDIO: E vocês não jogavam no mesmo time?

 

MICHAEL: Qual é a graça de vencer e não poder zoar o irmão?

 

Eles riem. Cláudio olha na direção do banco. Felipe faz sinal para que ele se aproxime.

 

CLÁUDIO: Eu preciso ir.

 

SILVIA: Vai lá, meu amor, que vamos estar aqui, em família, torcendo por você.

 

Ela abraça Helen, que sorri de forma meiga. Cláudio olha para Helen e manda um selinho para ela, que retribui. Ele corre até o banco de reservas. Lucio e Michael se encaram.

 

LUCIO: Melhor que eu?

 

MICHAEL: (sorrindo) Mas veja o lado bom, pelo menos você teve sorte no amor.

 

Eles riem outra vez e se dirigem até a arquibancada. A câmera se movimenta até a quadra, onde todos os jogadores já estão posicionados. O árbitro apita e o time adversário dá um chute inicial. A torcida grita, eufórica.

 

 

A bola está com Gustavo. Ele tenta passar por um jogador adversário, mas perde a bola. O rapaz corre na direção do gol e chuta. Close no goleiro dos Gladiadores espalmando para fora. Felipe corre até Gustavo.

 

::. “You Wanted More” - Tonic

 

FELIPE: O que foi isso? Se tá com medo, pede pra sair.

 

GUSTAVO: Hei, foi um erro inocente, okay? O jogo acabou de começar.

 

FELIPE: Que quase no custou o primeiro gol. Não tente fazer o que não sabe.

 

GUSTAVO: Como assim “não tentar fazer o que não sei”? Eu sempre fiz isso.

 

Felipe volta a correr. Corta para o jogador adversário cobrando o escanteio. Cláudio intercepta e pega a bola, lançando-a para a frente. Um companheiro pega a bola e chuta de primeira no canto esquerdo do goleiro. A bola entra. Os jogadores comemoram. A torcida também.

 

O adversário se posiciona para reiniciar o jogo. Close no placar eletrônico que marca “Gladiadores 1x0 Visitantes”. Corta para Felipe com a bola. Ele dribla um jogador e corre. Gustavo, livre de marcação, levanta a mão, pedindo a bola. Felipe ignora e tenta passar por outro jogador, mas perde a posse da bola.

 

Gustavo abre os braços. Felipe olha para ele, e faz expressão de lamento. Cláudio recupera a bola e toca para Gustavo, que devolve para Cláudio, que chuta forte no ângulo do gol, sem chances para o goleiro.

 

A torcida pula e vibra. Cláudio vai até a grade e aponta para Lucas, que feliz, ri e é abraçado por Michael e Lucio. Cláudio também pisca para Helen, que retribui. A imagem sobe, mostrando Larissa que balança negativamente a cabeça, ao ver a cena. Amanda a olha e sorri em tom de provocação.

 

AMANDA: Saudades de quando essas piscadas eram para você?

 

LARISSA: Saudades de quando o Roger copiava um filme só para fingir ser seu namorado?

 

AMANDA: (após alguns segundos) Tá, eu mereci essa.

 

Larissa sorri e ambas voltam a olhar para a quadra.

 

 

Um jogador do time adversário está com a bola. Ele dribla Gustavo. Felipe corre ao lado dele, mas leva um corte pela a esquerda, fazendo-o cair. O rapaz fica de frente para o goleiro dos Gladiadores e chuta forte no canto esquerdo. A bola entra. Close em Paulo que abre os braços, inconformado. Felipe abaixa a cabeça.

 

Vemos alguns cortes do jogo. Cláudio chutando a bola para longe do gol. Felipe tentando driblar e perdendo a bola. Um jogador adversário driblado Gustavo e outro rapaz ao mesmo tempo. Felipe de frente para o goleiro adversário, tentando fazer um gol de letra, mas chutando fraco, para a defesa fácil do goleiro. Cláudio lança um olhar de reprovação a ele. Um jogador adversário cobrando escanteio e outro se antecipando na marcação e chutando em gol, sem defesa para o goleiro. 

 

Do banco de reservas, Paulo expressa claro descontentamento com o time. 

 

Corta para Cláudio com a bola. Ele faz sinal para Felipe e lança para ele. Felipe não consegue dominar a bola, deixando o adversário recuperar. O adversário toca para um companheiro, que toca para outro rapaz, que passa por Cláudio e chuta em gol, novamente sem devesa para o goleiro.

 

Os Gladiadores se olham, parecendo não entender o que está acontecendo. Paulo passa a mão na cabeça e respira fundo. A tela escurece.

 

 

Abre dentro do vestiário. Felipe está encostado no armário, nervoso. Gustavo passa por ele. Felipe se desloca.

 

FELIPE: A mocinha deveria ir menos afobada pra cima dos caras, que tal? Assim evitaria de tomar tantos dribles.

 

GUSTAVO: Se você parasse de tentar se exibir para os olheiros e se concentrasse mais no jogo, talvez eu não tivesse que correr tanto atrás das bolas que você perde, levando esse tanto de dribles que você acabou de dizer.

 

FELIPE: E que tal acertar o gol de vez em quando?

 

GUSTAVO: E que tal você estudar um pouco ao invés de ficar no desespero para ser chamado para jogar profissionalmente, só para mostrar que pode ser alguém na vida?

 

Felipe, nervoso, avança nele. Ambos começam a se agarrar. Cláudio e os demais jogadores logo se aproximam, separando os dois.

 

CLÁUDIO: (nervoso) Hei! Não é assim que vamos vencer a partida! (para Felipe) Devagar, Felipe, o time inteiro está querendo te ajudar.

 

FELIPE: (se acalmando) Eu sei... Foi mal.

 

A câmera se movimenta até a porta. Paulo está encostado na parede, de braços cruzados, olhando para os jogadores.

 

PAULO: Bonito, muito bonito... Basta fazer um pequeno elogio pra vocês voltarem a agir como crianças. (se movimenta) Joguem para o time, parem com essa individualização estúpida. Esqueçam os olheiros, porque não se não vencermos o jogo, de nada vai adiantar eles estarem aqui. Sem falar que eu serei o primeiro a ser consultado, e basta uma palavra negativa, que adeus a chance de alguém jogar num time profissional. E eu vou fazer.

 

Ele olha para Felipe, que abaixa o olhar, envergonhado. Os rapazes se olham e concordam com a cabeça.

 

PAULO: Mesmo que percam, eu estarei com vocês. Mas joguem com espírito.

 

Ele se vira e sai. Os rapazes se movimentam pelo vestiário. Cláudio e Gustavo ficam de frente para Felipe.

 

GUSTAVO: E então, o que vai ser? O time ou os olheiros?

 

 

Ginásio. Gabriel e Priscila continuam sentados no mesmo lugar. Ambos em silêncio.

 

GABRIEL: (quebrando o silêncio) Antes de viajar eu me lembro de ter visto o Felipe jogar um pouco melhor.

 

PRISCILA: Mas ele é melhor do que isso que estamos vendo... (incomodada) O que você quer de mim, Gabriel? Sente prazer em não me ver feliz?

 

GABRIEL: Claro que não. O que eu mais quero é que seja feliz.

 

PRISCILA: Então por que está aqui? Por que está tentando mexer com a minha cabeça? Você não terminava com a sua namorada, e eu precisei fugir desse sentimento. Quando finalmente ficou disponível, e eu quis ficar com você, o que você fez? Ficou quatro meses sem dar sinal! Agora reaparece no momento em que minha vida está perfeita, com essa bobagem de livro e um milhão de coisas... Não é justo fazer isso comigo. Você não era assim.

 

Gabriel fica sem saber o que dizer. Priscila balança a cabeça, em reprovação. Depois, levanta e começa a descer a arquibancada. Gabriel a acompanha com o olhar, entristecido.

 

 

Corta para os jogadores já em quadra. Cláudio está parado perto da grade, enquanto Roger está no corredor.

 

ROGER: Foi pra isso que você obrigou a vir aqui?

 

CLÁUDIO: As coisas não estão saindo como planejadas.

 

ROGER: Deu para perceber. Mas vocês jogam melhor que isso. Todos que acompanham a trajetória deste time, conhece muito bem a palavra “superação”.

 

CLÁUDIO: Só precisamos colocar em prática esse lance.

 

ROGER: Então não deixa o adversário continuar gostando da partida. Mostra para eles quem é que manda aqui.

 

CLÁUDIO: (sorrindo) Quer fazer um discurso motivacional para a turma?

 

ROGER: (rindo) Vá embora daqui.

 

Cláudio ri e se movimenta até o meio da quadra. Corta para o árbitro que apita o reinício da partida. A torcida começa a vibrar.

 

 

Um banheiro. Amanda está de frente para o espelho. Ela joga um pouco de água no rosto. Pelo reflexo, podemos ver a porta se abrindo e Livia aparecendo. Elas se encaram por alguns segundos, constrangidas. Livia abre a boca para falar, mas Amanda interrompe.

 

AMANDA: Não precisa fazer isso. Eu não te odeio por ele ter te escolhido.

 

LIVIA: (aliviada) Que bom. Porque eu também não te odiaria se fosse o contrário.

 

AMANDA: Eu só preciso de um tempo para processar e me acostumar com tudo isso, okay?

 

LIVIA: Justo... E quando passar, eu queria muito ser sua amiga. Aquele tempo que passamos juntas, sei que foi verdadeiro.

 

AMANDA: Eu também sei.  

 

Elas sorriem uma para a outra e se encaram por alguns instantes. Depois, Amanda sai do banheiro. 

 

 

Quadra. Cláudio está com a bola. Ele toca para Gustavo, que toca para Felipe, que devolve para Cláudio, que toca outra vez para Gustavo, que dribla um rapaz e chuta em gol. A bola entra. Gustavo corre, comemorando. Os rapazes vão ao encontro dele. A torcida, eufórica, pula e vibra.

 

::. “Everything You Want” - Vertical Horizon

 

FELIPE: (bagunçando o cabelo de Gustavo) É disso que eu estou falando!

 

Close no placar que marca “Gladiadores 3x3 Visitantes”. Alguns cortes do jogo começam a passar.

 

Felipe chuta a bola e o goleiro adversário defende. Um rapaz do outro time chuta, fazendo com que a bola bata na trave. Gustavo passa a bola para Cláudio, que passa para um companheiro, que passa para Felipe, que chuta, mas passa longe do gol.

 

Da arquibancada vemos Michael, Lucio, Silvia, Lucas e Helen. Lucas está no pescoço de Lucio, de cavalinho.

 

Também da arquibancada vemos Gabriel olhando para baixo. A câmera muda, mostrando Priscila no corredor, perto da grade, acompanhando o jogo. Ela olha para trás, e ambos trocam olhares por alguns segundos. Depois, Priscila volta a olhar para o jogo.

 

Amanda passa por Nathalia no corredor, que tenta chamá-la, mas Amanda ignora. Nathalia respira fundo, frustrada.

 

Lucas, agora no pescoço de Michael, grita, agitado. Michael pula junto com Lucio. Helen e Silvia se olham e riem.

 

Volta para o jogo. Um rapaz do time adversário mata a bola no peito e chuta de primeira. A bola acerta forte o ângulo do goleiro dos gladiadores, sem defesa. Os rapazes comemoram.

 

Cláudio, Felipe e Gustavo se olham com expressões de lamento. Volta a mostrar o placar eletrônico que marca “Gladiadores 3x4 Visitantes”. Embaixo podemos ver um cronômetro marcando “00:05:28

 

Cláudio está com a bola. Ele olha para quem tocar. A imagem mostra Felipe tentando se livrar da marcação. Gira e mostra Gustavo também marcado. Gira e mostra outro jogador também marcado. Cláudio, frustrado, vira e volta a tocar para o goleiro. Close no cronômetro que marca “00:04:25

 

O jogador adversário chuta. O goleiro dos Gladiadores está adiantado. Gustavo corre até a bola e se joga no chão, conseguindo evitar o gol. Close no cronômetro que agora marca “00:02:15

 

Numa bola alta, Felipe empurra um rapaz com o ombro e sobe, cabeceando-a. A bola bate no travessão e sai. Felipe coloca as mãos na cabeça. Close no cronômetro marcando “00:01:08

 

Cláudio corre até um rapaz que está com a bola e o derruba. O árbitro marca falta. Paulo faz sinal para ele, pedindo tempo. O árbitro concorda e apita. Os jogadores correm ao encontro do treinador.

 

PAULO: Agora sim, vocês estão jogando como um time de verdade. E eu estou orgulhoso de vocês. Mas acredito que ninguém aqui pensa no prêmio de consolação... Falta 1 minuto e é o suficiente para empatar... Eu acredito... E vocês?

 

CLÁUDIO: (concordando com a cabeça) Nós também acreditamos, treinador. (falando alto) Nós vamos vencer!

 

Os rapazes gritam e falam ao mesmo tempo, concordando.

 

PAULO: Cláudio, ao tomar a bola, corre para a direita... Vamos fazer a jogada três que ensaiamos há dois dias.

 

CLÁUDIO: Okay.

 

PAULO: (estendendo a mão) Gladiadores no três... Um, dois, três.

 

TODOS: (mãos juntas) Gladiadores!

 

O árbitro reinicia a partida.

 

::. “Further” - Longview

 

O jogador adversário cobra a falta com um chute forte no gol. O goleiro encaixa a bola e logo rola ela para um companheiro, que corre para a frente. Close no cronômetro marcando “00:00:50

 

O rapaz toca para Gustavo, que toca para Cláudio. Na tela, vemos o cronômetro marcando “00:00:30”. Cláudio passa por um jogador adversário e cruza a bola. O adversário antecipa, jogando-a para a escanteio. Close no cronômetro marcando “00:00:19”.

 

Corta para a torcida apreensiva. Volta para Cláudio cobrando escanteio. Ele toca para trás. Gustavo pega a bola e logo toca para Felipe. Close no cronômetro marcando “00:00:08

 

Felipe avança e toca para um companheiro, que corre até área e é derrubado. O árbitro apita, marcando pênalti. Os jogadores e a torcida comemoram. Paulo coloca uma das mãos na cabeça e vibra com a outra.

 

Felipe segura a bola e vai até a marca do pênalti. Cláudio se posiciona ao lado dele.

 

CLÁUDIO: Você tem certeza que quer bater esse pênalti?

 

FELIPE: Absoluta.

 

Cláudio olha para o placar eletrônico e segundos depois acena para Felipe, convencido.

 

CLÁUDIO: Beleza, faça esse gol, que eu prometo que na prorrogação nós vamos vencer.

 

Felipe concorda com a cabeça. Cláudio dá um tapa no braço de Felipe e sai. Close no placar eletrônico e no cronômetro, que juntos marcam “Gladiadores 3x4 Visitantes” e “00:00:04

 

O árbitro apita, autorizando a cobrança. Felipe respira fundo e em câmera lenta se movimenta para chutar. Não se ouve mais som na cena, apenas batidas de coração.

 

Close no pé de Felipe acertando a bola. Ainda em câmera lenta, vemos a trajetória da bola passar pelo goleiro, bater trave, respingar no chão e sair.

 

A cena volta ao normal. Felipe coloca as mãos na cabeça e cai de joelhos, desolado. O goleiro cobra o tiro de meta, chutando a bola para longe. O cronômetro zera e o árbitro apita o fim da partida.

 

Os jogadores do time adversário comemoram a classificação. O ginásio é tomado por um silêncio. Michael e Lucio se olham, e consolam Lucas, que parece triste.

 

Felipe continua de joelhos, sem ação. Cláudio e os demais jogadores caminham lentamente até ele. A câmera sobe, mostrando o ginásio numa visão aérea. Após alguns segundos, a tela escurece.

 

 

Ao som de uma música instrumental, abre mostrando o ginásio praticamente vazio. Felipe está sentado no banco de reservas, sozinho, ainda com as vestes do jogo. Priscila caminha devagar até ele, olhando-o com uma expressão de pena.

 

Vestiário. Os rapazes estão se trocando. Todos expressando abatimento. Cláudio fecha o armário. Ele e Gustavo trocam olhares de lamento.

 

Sala do treinador. Paulo está sentado com o cotovelo apoiado na mesa e a mão no queixo, pensativo.  

 

Quadra. Priscila está sentada ao lado de Felipe, que mantém o olhar distante.

 

PRISCILA: Sinto muito.

 

FELIPE: (após alguns segundos) Sabe qual foi o primeiro presente que me empolgou de verdade? (aponta para a bola com a cabeça) E desde então, aquele foi o meu primeiro amor. Era a única coisa que eu sabia fazer e bem. Era algo que eu era bom, e continuava sendo bom.

 

PRISCILA: (acariciando o cabelo dele) E você ainda é bom... Não se torture desse jeito. Todo jogador já perdeu algum pênalti na vida.

 

FELIPE: Mas não são todos que perdem num momento de decisão. Eu desapontei todos que apostavam em mim... Meus companheiros, meu treinador... Os olheiros. (abaixa o olhar) Pela primeira vez na minha vida, me sinto perdido. E não sei o que vou fazer.

 

Priscila continua acariciando o cabelo dele, sem saber o que dizer.

 

::. “Broken” - Lifehouse

 

PRISCILA: Você vai superar isso, meu amor. Não é a única coisa que você é bom, e eu vou te provar isso. 

 

Ela beija carinhosamente o rosto dele. Felipe fecha os olhos, e seus lábios tremem, se segurando para não chorar. Priscila o abraça e coloca a cabeça dele em seu peito. Felipe retribui o abraço, segurando firme no braço dela.

 

 

Praça do centro da cidade. É noite. Cláudio e Helen estão sentado no banco. Eles olham para o ambiente enfeitado, mas com poucas pessoas.

 

::. “Broken” - Lifehouse (cont.)

 

CLÁUDIO: Era para a cidade estar em festa agora.

 

HELEN: Lamento que vocês tenham sido desclassificados.

 

CLÁUDIO: Eu vou ficar bem porque sei que ainda tenho mais um ano para tentar de novo. Sinto mesmo pelos que tiveram que se despedir assim.

 

HELEN: Mas não foram os primeiros e nem serão os últimos. Perder faz parte do jogo... A cidade demorou anos para conseguir um título. Muitos passaram por esse colégio, apenas tentando. E nem o Roma foi capaz de ver a sua grande conquista. (passa a mão no rosto de Cláudio) O que quer que aconteça, todos vão conseguir superar.

 

CLÁUDIO: (sorrindo) E está aqui, o principal fator que não me deixa desabar... A sua presença.

 

Helen sorri de forma meiga. Depois, beija o rosto dele de forma carinhosa. Cláudio coloca a mão no rosto dela enquanto é beijado, fechando os olhos em seguida. 

 

 

Casa de Nicole. Gil está parado de frente para a porta. Após alguns segundos, a porta abre e Martha aparece.

 

::. “Broken” - Lifehouse (cont.)

 

GIL: Hei... Posso te pedir um favor?

 

Martha lança um olhar confuso, mas concorda com a cabeça, abrindo a porta por completo para que Gil entre. E enquanto ele vai entrando, a imagem vai subindo até a janela do quarto, transparecendo para dentro.

 

Gabriel está sentado na cama, pensativo. Instantes depois, ele caminha até a mesa do computador e abre uma gaveta, tirando um bloco de folhas. Ele fica olhando para o bloco por alguns segundos.

 

GABRIEL: Você tem razão... Eu não tenho esse direito.

 

Close num cesto de lixo e o bloco de folhas caindo dentro.

 

 

Ginásio. Paulo caminha pelo corredor. Perto da porta de entrada, Isabel está encostada na parede, esperando-o. Paulo para perto dela.

 

::. “Broken” - Lifehouse (cont.)

 

ISABEL: Lamento pela derrota.

 

PAULO: Eu também.

 

ISABEL: Eu sei que você não está bem... Mas você está bem? Digo, não está mal a ponto de querer desistir de ser treinador daqui, está?

 

PAULO: (sorrindo levemente) Não... Esses garotos ainda têm muito o que aprender comigo.

 

ISABEL: (sorrindo) E vice e versa.

 

PAULO: E vice e versa... (após alguns segundos) Quer tomar um café?

 

ISABEL: (surpresa) Absolutamente. E aproveito e te conto o plano que eu tinha em mente caso você resolvesse desistir.

 

PAULO: Não ia me drogar, ia?

 

ISABEL: Isso era antes.

 

Eles continuam conversando, mas o som encobre suas vozes. Isabel engancha no braço dele e ambos saem do ginásio.

 

 

A câmera segue Nicole subindo o degrau da varanda e caminhando até a porta. Antes de abrir, ela para e olha para o lado. Gil está sentado num banco. Ele levanta e vai até ela.

 

::. “Broken” - Lifehouse (cont.)

 

NICOLE: O que está fazendo aqui?

 

GIL: (entregando um Cd para ela) É a gravação que eu fiz e mostrei a você. Compara com o que está na sua casa... As imagens não são as mesmas. A qualidade é muito superior à de uma filmagem feita pelo celular.

 

NICOLE: E daí? Quem disse que você não pode ter usado outra câmera?

 

GIL: Eu estou dizendo... E sei que contou à Amanda sobre a Nathalia e eu. Não há mais chantagens, e mesmo assim, eu faço questão de provar a minha inocência.

 

Nicole olha para o Cd e franze as sobrancelhas. Gil a encara por alguns segundos.

 

GIL: Eu disse que você iria se arrependeria do que fez.

 

Ele sai. A câmera se aproxima do rosto de Nicole, que parece pensativa.

 

 

Numa cena semelhante, vemos Amanda caminhando até a porta de sua casa. Antes de abri-la, ela olha para o lado. Close em Nathalia sentada no banco, olhando para ela.

 

::. “Broken” - Lifehouse (cont.)

 

AMANDA: Agora não, Nathalia.

 

NATHALIA: Agora sim... (bate no banco) Senta aqui.

 

Amanda suspira e vai até a irmã, sentando ao lado dela.

 

NATHALIA: Eu sei porque está agindo dessa forma comigo.

 

AMANDA: Algum dia pretendia me contar?

 

NATHALIA: Aquilo foi há muito tempo, Amanda. Eu só queria esquecer o que aconteceu. Eu era tão inconsequente, e nós duas não tínhamos intimidade.

 

AMANDA: (nervosa) E por isso achava normal transar com o cara que saía do meu quarto? Com ou sem intimidade, Nathalia, eu era a sua irmã... Era o seu dever me proteger! Tantos anos sofrendo por você roubar toda a atenção de nossos pais, mal sabia eu que aquilo não era a única coisa que eu deveria me preocupar... Você me traiu, Nathalia... Traiu a confiança que concedi a você nos últimos meses.

 

NATHALIA: Eu juro que queria te contar... Mas sabia exatamente qual seria a sua reação, independente do que nós somos hoje. O que eu fiz, não pode ser desfeito, e eu tinha que tentar colocar uma pedra nisso, porque de qualquer jeito eu te perderia.

 

AMANDA: Nisso você tem razão. Você acabou de me perder.

 

NATHALIA: Por favor... Não há alguma possibilidade de você me perdoar? Levar em consideração o que construímos juntas? Sua relação com a minha filha.

 

AMANDA: Não coloque a Lily no meio disso tudo. Eu sei que ela não tem culpa de nada e vou continuar amando-a do fundo meu coração. Mas com você, Nathalia, acabou.

 

Ela levanta e vai até a porta. Nathalia a acompanha com o olhar cheios de lágrimas. A câmera muda para uma visão aérea da cena. Amanda entra e fecha a porta. Após alguns segundos, a tela escurece.

 

 

 

 

 

 

 

 


CREDITOS FINAIS:

 

CRIADO E ESCRITO POR:

 

Thiago Monteiro

 

PARTICIPAÇÕES ESPECIAIS

 

Scott Foley como Michael

Michael Strusievici como Lucas

Terri J. Vaughn como Martha

John Patrick Amedori como Moises

 

MÚSICA TEMA

 

“Meant To Live” - Switchfoot

 

TRILHA SONORA

 

Why Can't I” - Liz Phair 

  Yesterdays” - Switchfoot

 The Truth” - La Rocca 

 Wish You Were” - Kate Voegele 

 Silence Is Easy” - Starsailor 

 You Wanted More” - Tonic 

 Everything He Wants” - Vertical Horizon 

 Further” - Longview

 Broken” - Lifehouse

 

Copyright © 2008

 

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