Abre
mostrando
o ginásio do colégio Esplendor lotado. Grande
parte da
torcida parece apreensiva. Na quadra, os Gladiadores estão
com
seu tradicional
uniforme vermelho, enquanto o adversário está de verde
escuro. Felipe
está
parado perto da marca do pênalti. Cláudio
aparece ao lado
dele. CLÁUDIO:
Você tem certeza
que quer bater esse pênalti? FELIPE:
Absoluta. Cláudio
olha
para o placar eletrônico. Close no aparelho marcando
“Gladiadores 4x5
Visitantes”. Embaixo
é possível ver o cronômetro parado no 00:00:04 segundos para
o
apito final. A câmera desce, Cláudio acena, convencido. CLÁUDIO: Beleza,
faça esse
gol, que eu prometo que na prorrogação nós vamos
vencer. Felipe
concorda
com a cabeça. Close em Paulo no banco de reservas,
nervoso. Volta para Felipe. CLÁUDIO:
(em
off) Aquele
momento crucial, onde um chute decide não apenas um jogo, mas
também os rumos de sonhos e decisões. Sempre ouvi
dizer... Sonhos, tenha mais de um... Pois em algum momento, eles podem
se entrelaçar e criar um futuro inimaginável. Felipe
respira
fundo e em câmera lenta se movimenta para chutar. Ao
tocar
o pé na bola, a tela é invadida por um clarão, que
se desfaz lentamente
mostrando o centro da cidade. Chove bastante. Corta
para
Cláudio e Helen se beijando na varanda da casa dela. Eles
vestem as mesmas roupas do episódio passado. Cláudio
ainda está molhado. Após
alguns segundos, eles param de se beijar e se encaram com
bastante
ternura. ::.
“Why
Can't I” - Liz Phair CLÁUDIO:
(sorrindo) Por
que essa decisão agora? HELEN:
Eu
já queria ter
me entregado antes... Mas você sabe como eu me sinto em
relação a nós. CLÁUDIO:
Pois
então eu
prometo não deixar que duvide nunca mais dos meus
sentimentos. HELEN:
E eu
prometo
deixar de ser pessimista nesse assunto do coração. CLÁUDO:
(sorrindo)
Ótimo... Agora, me conta como foi encontro com o namorado de
sua
mãe? HELEN:
Quer
mesmo falar
sobre isso agora? CLÁUDIO:
(sorrindo) Não. Eles
riem
e segundos depois, voltam a se beijar. A câmera
começa a se
afastar e a imagem vai transparecendo, até mostrar Roger e
Livia
deitados num
colchão da sala da casa dela. Eles estão abraçados
e enrolados num cobertor. Na
frente deles, há um balde de pipocas. O lugar é iluminado
apenas pela luz da
televisão. ::.
“Why
Can't I” - Liz Phair (cont.) ROGER:
Está feliz? LIVIA:
(sorrindo) Sim,
estou... (breve pausa) Duzentos anos... Não sabia que se
lembrava disso. ROGER:
Você acha que eu
ia esquecer de uma promessa feita para a vida? Embora tenha
ficado um
pouco
latente, eu disse num momento importante para nós. Livia
sorri
outra vez, sem dizer nada. Roger a encara por alguns
segundos. ROGER:
Eu sei
que deve
estar passado milhares de coisas na sua cabeça agora. Mas
uma
coisa eu faço
questão de deixar bem claro. Eu vou viver, pra te fazer
feliz. O
som aumenta, enquanto eles se olham com mais profundidade.
Livia se
inclina e beija os lábios dele de forma delicada. Roger
passa
mão no rosto dela
e o beijo se torna mais intenso. Casa
de
Priscila. A câmera se aproxima de uma cama, onde podemos
ver
Priscila sentada, lendo atentamente uma carta. Do
lado dela,
vemos o
mesmo envelope deixado por Gabriel na porta. Após alguns
segundos, Priscila abaixa
a carta e fica pensativa. Varanda
da
casa de Amanda. Amanda está sentada num banco,
entristecida.
A
porta abre e Nathalia parece. Ela olha na direção da
irmã e estranha. ::. “Why Can't I” - Liz Phair (cont.) NATHALIA:
Hei...
O que
houve com a pizza? AMANDA:
(sem
olhá-la)
Não era a pizza. NATHALIA:
Quem
era então? Amanda
não
responde. Nathalia se aproxima e senta ao lado da
irmã. NATHALIA:
(preocupada) O
que aconteceu? AMANDA:
Quando
eu traí o
Roger, sabia que as consequências seriam trágicas. Mas
mesmo assim optei por
contar a verdade. Porque é isso que a gente deve fazer...
Contar
a verdade.
Mesmo que doa e que nos prejudique de alguma forma. NATHALIA:
Sim,
claro...
Mas por que está dizendo isso agora? AMANDA:
Porque
eu quero
acreditar que as pessoas são sinceras. Você é
sincera comigo, não é, irmã? NATHALIA:
(engolindo a
seco) Sou... Quer dizer. Tento ser. AMANDA:
É ou não é? Você
seria capaz de esconder alguma coisa de mim, especialmente
agora que
estamos
tão bem? NATHALIA:
(desconfiada) O
que está havendo, Amanda? AMANDA:
(desapontada)
Deixa pra lá... (levanta) Estou com dor de cabeça e
não vou mais esperar pela
pizza. Só quero dormir no momento. NATHALIA:
(pensativa) Tá
bom. Amanda
entra.
A câmera permanece em Nathalia, que olha para a frente,
preocupada. Após alguns segundos, a tela escurece.
Vista
área
do centro da cidade. É noite. A praça
está toda enfeitada com
bandeiras, bexigas e fitas vermelhas e brancas. Após
alguns
segundos, a imagem
transparece para o ginásio. A câmera se movimenta pelo
chão até parar nos pés
de alguém que está no meio da quadra. Sobe, mostrando se
tratar de Felipe. Ele
está sorrindo. Atrás, podemos ver Priscila se
aproximando. ::.
“Switchfoot”
- Yesterdays PRISCILA:
Não é muito cedo
para já estar concentrado? FELIPE:
(sorrindo) E não
é muito tarde para ainda estar no colégio? PRISCILA:
(parando ao lado
dele) Deveria ser, mas fazer o quê, se eu tenho que dividir
a
atenção do meu
namorado com a quadra, bola, jogo. Felipe
ri.
Depois, fixa a atenção na quadra. FELIPE:
Pelos
sorteios
antes do campeonato, tanto a final, quanto à semifinal
será na casa do
adversário... O que significa que em menos de 24
horas,
estarei fazendo meu último jogo nessa quadra. PRISCILA:
Deve
ser difícil
ter que deixar tudo isso para trás. FELIPE:
É um sentimento
indescritível... Por isso quero fazer desse último jogo,
algo memorável. PRISCILA:
(sorrindo) Eu
sei que vai... Mas vamos sair daqui, antes que você fique
tão saudosista, a
ponto de querer repetir de ano mais uma vez, só para não
deixar de ser um
Gladiador. FELIPE:
(rindo)
Pode
ficar tranquila... Esse é o momento de subir um degrau. PRISCILA:
Assim
espero...
(pensativa) Sabe, como é a sua despedida na quadra, eu
sempre
tive curiosidade
em conhecer o vestiário masculino. FELIPE:
Você nunca
entrou no vestiário masculino? PRISCILA:
Vou
fingir que
não ouvi essa pergunta... Eu não sou como as outras.
Não até hoje. Ela
sorri
de forma maliciosa. Felipe também esboça o mesmo
sorriso. Ele
olha para os lados e pega na mão dela, conduzindo-a
rapidamente
na direção do
vestiário. Priscila ri. Vista
panorâmica
da cidade iluminada. Aos poucos vai amanhecendo e o
sol
começa a nascer. Novamente mostra o centro da cidade todo
enfeito com as cores
do time. Algumas pessoas em estabelecimentos vestem as
camisas dos
Gladiadores. Corredor
do
colégio. Close num quadro com a foto de Roma em cima de
uma
estante de vidro. A imagem abre, mostrando Cláudio parado
na
frente do quadro,
saudosista. Helen aparece e se posiciona ao lado dele. ::.
“Switchfoot”
- Yesterdays (cont.) CLÁUDIO:
Amanhã vai fazer 1
ano que
ele se foi. HELEN:
Ainda
é difícil
acreditar. CLÁUDIO:
Meu
primeiro
jogo foi tão ruim, mas tão ruim, que havia decidido
largar isso tudo. Graças a
uma invenção de uma pena inexistente para quem quisesse
desistir, que ele
conseguiu me fazer voltar atrás. Ele acreditou e insistiu em
mim... Sabia como
extrair o melhor de todos do time. HELEN:
(sorrindo) Era
um verdadeiro paizão. CLÁUDIO:
(sorrindo)
Exatamente. Eles
se
olham, admirados, por alguns segundos. Cláudio pega na
mão dela. CLÁUDIO:
Vamos
nessa,
namora? HELEN:
(sorrindo)
Vamos... Namorado. Eles
se
deslocam e começam a andar de mãos dadas pelo corredor. Sala
do
treinador. Paulo está sentado à mesa, de frente para
um televisor.
Ele observa atentamente o que se passa e faz algumas
anotações. Após alguns
segundos, ouve-se duas batidas na porta. Paulo entorta a
boca e aperta
o botão
do controle. ::.
“The
Truth” - La Rocca PAULO:
Entra. A
porta abre e Isabel aparece, visivelmente animada. ISABEL:
(entrando) Vai
Gladiadores! Vai, vai, vai! PAULO:
Estou
começando
a achar que esse colégio te paga muito bem para poucas aulas
que
os alunos
assistem. ISABEL:
(sentando)
Relaxa, meus alunos estão assistindo um vídeo educativo
nesse momento.
Aproveitei a calmaria na sala para dar uma escapadinha e te
desejar boa
sorte
hoje no jogo. PAULO:
Obrigado...
Vamos precisar. ISABEL:
(surpresa) Mesmo?
Pensei que fosse me dizer que não precisava e que vocês
iriam entrar em quadra
só para saber o resultado. PAULO:
Eu
não subestimo
os meus adversários, por mais inferiores que eles possam
parecer. ISABEL:
(sorrindo) Que
bom, prova que o meu papel na sua vida é mais importante do
que
eu pensei. PAULO:
(sorrindo)
Claro... Em qual parte você quer dizer? ISABEL:
Bom, se
não
fosse por mim, você teria largado o barco na metade do ano.
PAULO:
Não foi bem por
sua causa. ISABEL:
(sorrindo) Não
minta para si mesmo. Paulo
não
consegue resistir e ri de leve. Isabel sorri ainda mais. ISABEL:
E
você ainda tem
coragem de questionar... (levanta) De novo, boa sorte hoje à
noite...
(pensativa) Pode desejar isso antes de um jogo? No teatro dá
azar. PAULO:
Não sou
supersticioso. ISABEL:
(sarcástica) Não
diga? Ela
lança
um último sorriso e sai. Paulo fica olhando na
direção da porta
por alguns segundos. Depois, ele aperta novamente o
controle. Close na
televisão. Um jogo está passando. Quarto
de
Roger. Cláudio está sentado na cama, enquanto Roger de
frente para
ele, na cadeira de rodas. ::. “The Truth” - La Rocca (cont.) ROGER:
Não, valeu. CLÁUDIO:
Por que
não?
Você sempre acompanhou os jogos da arquibancada. ROGER:
Não todos. CLÁUDIO:
Mas
aí não
conta. Você estava em coma. ROGER:
Mesmo
assim,
prefiro acompanhar o jogo via online... Sem falar que tem a
fisioterapia daqui
a pouco, vou estar desgastado. CLÁUDIO:
A
desculpa não
continua colando... Tenta inventar uma melhor. ROGER:
(bufando) Tá
bom... Uma coisa é ir numa festinha de boas-vidas... Outra
é estar num jogo
onde meia cidade vai estar. CLÁUDIO:
E
daí? ROGER:
E
daí que eu não
quero que me vejam assim. Especialmente por causa do motivo
que me
levou a
isso. CLÁUDIO:
Hei,
ninguém tem
o direito de te julgar. Você, meu amigo, é um guerreiro,
um vencedor. Coloca
isso na sua cabeça. Roger
concorda
de leve com a cabeça. Cláudio o encara por
alguns segundos. CLÁUDIO:
Bom,
preciso ir
para a concentração. E você vai a esse jogo pra
torcer pelos seus amigos,
especialmente o seu melhor amigo. Eu preciso de você lá. ROGER:
Eu
sei... Eu vou
estar lá... Prometo. CLÁUDIO:
(sorrindo) Acho
bom. Ele
sai.
Roger fica pensativo por alguns instantes. Depois, roda a
cadeira
até a janela. Casa de Amanda. Nathalia está sentada no sofá, assistindo televisão. Ouve-se passos descendo a escada. Ela se vira. Amanda desce e caminha apressadamente até a porta. .::. “The Truth” - La Rocca (cont.) NATHALIA:
Hei...
Estava
pensando se você gostaria de... AMANDA:
(interrompendo)
Agora não posso, tenho sair... Tchau. Amanda
sai.
Ouve-se a porta abrindo e fechando. Close no rosto de
Nathalia, ela fica pensativa. Restaurante/Bar da família de Nicole. Gil está com o celular no ouvido e passa pano em uma mesa com a outra mão. . ::. “The Truth” - La Rocca (cont.) GIL:
Não percebi
nenhum comportamento estranho, não... Na verdade, faz três
dias que ela não
aparece por aqui. (balança a cabeça, concordando) Mas
não fique preocupada com
isso. Se ela tivesse descoberto não ia ficar quieta. (pausa
longa) Ouça, eu vou
estar de folga esta noite, queria saber se você gostaria de
ir ao
jogo comigo?
(sorrindo) Não, Nathalia, não é um encontro, fica
tranquila. Nos encontramos lá
então. Beijo. Ele
desliga
o celular e fica pensativo. Corta para Nicole entrando na
cozinha. Gil vai atrás. Nicole está vestindo um avental e
carregando uma bacia.
Gil se aproxima dela. GIL:
Já se passaram
três dias, Nicole... É impossível que você
não tenha feito nada... O que você
fez? Nicole
o
ignora. Ela coloca a bacia em cima da mesa. Em seguida,
passa o
braço na testa, cansada. GIL:
O que
quer que
tenha feito, vai se arrepender, porque eu não mostrei aquele
vídeo ao George...
Eu nunca pensei me mostrá-lo. NICOLE:
Se
nunca pensou
em mostrá-lo, por que manteve o vídeo no celular mesmo
depois de nosso aperto
de mãos? GIL:
Porque
eu queria
ter uma vantagem, só isso. NICOLE:
(dando
os
ombros) Então você se ferrou. GIL:
Você contou à
Amanda, certo? NICOLE:
Eu
não disse
isso... Mas se está curioso, pergunte a ela. GIL:
(desapontado)
Não preciso perguntar, está na cara que ela sabe de tudo. NICOLE:
Então aconselho
que se prepare para sofrer as consequências, assim como eu
estou
sofrendo,
virando escrava da minha mãe e seu marido... (se vira para
sair,
mas para) E só
mais uma coisa, não dirija mais a palavra à minha pessoa. Ela
vai
até a porta e dá de frente com Moises, que carrega
uma pilha de
pratos. NICOLE:
Cuidado! Ela
sai
de cena. Moises vai até a pia e coloca os pratos dentro. MOISES:
Ela que
quase
bateu em mim e eu que preciso tomar cuidado? GIL:
(desconfiado)
Por que você aguenta tudo que ela faz sem revidar? Digo, a
Nicole
não tem
autoridade nenhuma por aqui, nem se implorar para que os
pais demitam
alguém.
Qualquer um no seu lugar não deixaria passar a oportunidade
de
ferrar com essa
pentelha. MOISES:
Aham...
Sei o
que você está tentando fazer... Mas assim como não
gosta que ela te acuse,
embora seja o principal suspeito por causa do vídeo, não
seria legal fazer o
mesmo, acusando outra pessoa. Ele
sorri
para Gil e se vira para lavar os pratos. Gil bufa e sai de
cena.
A tela escurece. Abre
com
Cláudio e os demais rapazes do time entrando na quadra e
caminhando na direção do vestiário. A câmera
passeia pelos rostos de alguns,
como Felipe, Cláudio e Gustavo. A imagem transparece para
algumas montagens de
cena enquanto a música toca. ::.
“Wish
You Were” - Kate Voegele Roger
está
dentro de uma piscina, com uma boia, acompanhado por uma
mulher
que segura o braço dele, conduzindo-o para a frente. Amanda
caminha
pela praça, bastante pensativa. Ela se aproxima do banco
e
senta. Nathalia
entra
no quarto de Amanda. Ela para perto da cama e olha para os
lados. Ela parece ansiosa. Os
rapazes
estão espalhados pelo vestiário. Felipe
está em pé, de frente
para o seu armário. Ele abre e tira sua camisa. Close em
seu
nome escrito
atrás. Ele fica olhando para a camisa, emocionado. Paulo
está
na sua sala, sentado e batendo os dedos sobre a mesa.
Após
alguns segundos, ele olha para o relógio. Algumas
pessoas
começam a aparecer no ginásio. Com efeito de
câmera
acelerada, logo o lugar é tomado por um número
significativo de pessoas. Helen
aparece
caminhando pelo corredor do ginásio. A câmera
desce,
mostrando seus pés que calçam sandálias baixas,
mostrando que ela não está mais
com o gesso. A montagem de cenas termina e a música cessa.
Vestiário.
Os
rapazes já estão uniformizados. Gustavo está
sentado ao lado
de Cláudio. De repente, ouvem-se o barulho da torcida.
Gustavo
respira fundo. GUSTAVO:
É impressão
minha ou hoje tem gente pendurada até no teto deste
ginásio? CLÁUDIO:
O time
embalado,
a dois passos da grande final. Só não está a
cidade inteira porque não cabe. FELIPE:
(para
Gustavo)
Vê se não vai amarelar como no primeiro jogo. GUSTAVO:
Por
favor,
depois de ter feito o gol mais importante do ano, nada vai
me fazer
tremer. FELIPE:
(sorrindo) Gol
mais importante até agora. Cláudio
levanta
e começa a se alongar. Felipe vai até ele. FELIPE:
Ficou
sabendo?
Pelo menos três olheiros de estados diferentes estarão
hoje aqui. Se jogarmos
bem, especialmente eu, o emprego está praticamente
garantido. CLÁUDIO:
(sorrindo) Boa
sorte! Felipe
pisca
e depois se desloca para outro canto. Gustavo levanta e se
posiciona ao lado de Cláudio. GUSTAVO:
Sem
querer
bancar o chato de sempre... Você não acha que ele anda um
pouco paranoico com
esse negócio de jogar profissionalmente? CLÁUDIO:
É o sonho
dele... Não dá para julgá-lo por isso. Além
do mais, é último jogo dele aqui...
É mais que um simples jogo. Gustavo
concorda
com a cabeça. Paulo entra no vestiário. Todos os
jogadores ficam de pé. PAULO:
É... Pois é,
depois de muita luta, conflitos e determinação, chegamos
até aqui... Não vou
fazer nenhum discurso motivacional, porque vocês sabem que
comigo
não funciona
assim... Mas sei que a cada jogo, o fim para alguns aqui se
aproxima.
Então,
como um time, joguem por esses que vão se formar. E os que
vão se formar,
joguem pra que escrevam uma história ainda mais bonita este
ano...
Eu acredito em
vocês. Os
rapazes
se olham e concordam com a cabeça. Paulo bate fortes
palmas e
os rapazes começam a se movimentar para a porta. Amanda
caminha
pelo corredor do ginásio. Ela olha para a arquibancada,
procurando um lugar vago. Ao passar por Gil e Nathalia na
primeira
fileira,
Nathalia a chama. ::. “Silence Is Easy” - Starsailor NATHALIA: Mana. Amanda
para
e se vira para a irmã. NATHALIA:
Quer se
sentar
com a gente? Amanda
olha
para os dois com uma ar de condenação. Depois, olha
para cima,
avistando Larissa. AMANDA:
Já estão
guardando um lugar para mim. Ela
abre
caminho e começa a subir. Nathalia olha para Gil. NATHALIA:
Ela
está assim
desde domingo à noite. GIL:
(temeroso) Preciso
te contar uma coisa. Corta
para
Amanda sentando ao lado de Larissa, que a olha sorrindo. LARISSA:
E qual
é o
problema dessa vez? AMANDA:
A
quadra está
cheia e você é magrinha o suficiente para abrir um
espaço para eu me sente...
Não estou aqui, do seu lado, porque estou com algum
problema.
Fala sério? LARISSA:
(incrédula)
Então tá... Obrigada pelo “magrinha” ... E
seja lá o que esteja te chateado,
não há nada que não possa piorar. Ela
aponta
com a cabeça. Amanda olha na direção
apontada. Close em Roger
passando pelo corredor, com Livia empurrando-o atrás.
Roger
parece um pouco
receoso. Algumas pessoas o cumprimentam. Roger retribuiu
acenando e
sorrindo. Volta
para
Amanda que assiste a cena com seriedade. Larissa está
olhando-a. LARISSA:
Quer um
abraço? AMANDA:
Quando
sair um
gol do nosso time, me abrace como estivéssemos comemorando.
LARISSA:
(sorrindo) Okay. Corta
novamente
para Gil e Nathalia. Essa última, está com um
olhar de
espanto. NATHALIA:
Se
aquela
malditinha abriu mesmo o bico para a Amanda, explica muito o
porquê dela estar
agindo assim comigo. GIL:
Mas
não era para
ela ter explodido com você? NATHALIA:
Não... Ela está
esperando que eu conte. Foi isso que ela deu a entender na
nossa
primeira
conversa. (coloca as mãos na cabeça) Ela nunca vai me
perdoar por isso. Gil
fica
sem saber o que dizer. Ele apenas a olha com expressão
solidária. Outro
lado
da arquibancada. Priscila está sentada sozinha. No seu
lado
esquerdo há uma vaga, que logo é ocupada sem que possamos
ver de quem se trata.
Priscila também não olha para a pessoa, mas aparenta
já saber quem é. ::. “Silence Is Easy” – Starsailor
(cont.) PRISCILA:
Este
lugar está
ocupado. A
câmera se movimenta, mostrando Gabriel ao lado dela. GABRIEL:
Mesmo?
Está
guardando pra quem? Priscila
fica
pensativa. Gabriel sorri. Priscila revira os olhos. GABRIEL:
Leu a
carta? PRISCILA:
A que
deixaram
na minha porta com inúmeras frases copiadas de livros
românticos? Li, e não me
comoveu. GABRIEL:
Que
pena...
Esperava ao menos poder tocar um pouquinho o seu coração.
E se vale de alguma
coisa, não são frases copiadas de outros livros. PRISCILA:
Roubou
do diário
de alguém? GABRIEL:
Me
chame de
louco, perseguidor... Mas no tempo em que estive fora, você
me
serviu de
inspiração. PRISCILA:
Está dizendo que
escreveu um trecho romântico para mim? GABRIEL:
Trecho
de um
livro. PRISCILA:
Você escreveu um
livro para mim? Um livro? GABRIEL:
Você sabe que eu
quero ser escritor, não sabe? PRISCILA:
Se um
dia
publicá-lo, faça-me um favor? Não cite meu nome ou
qualquer característica
física que indique se tratar da minha pessoa. Pode ser? GABRIEL:
Algumas
pessoas
se sentiriam privilegiadas com tal ato. PRISCILA:
Não eu. GABRIEL:
Okay,
vou
queimá-lo assim que chegar em casa. PRISCILA:
(arregalando os
olhos) Não! Não faça isso! GABRIEL:
Por
quê? Você
não gostou mesmo. PRISCILA:
Outras
pessoas
podem gostar. E não quero ser culpada por você se tornar
um futuro escritor
frustrado. GABRIEL:
(sorrindo)
Sei... Posso te mandar a cópia inteira então? PRISCILA:
(dando
os
ombros) Se você quiser. GABRIEL:
Não senti
firmeza... Não vou mandar então. PRISCILA:
Manda,
seu
idiota. GABRIEL:
(sorrindo) Então
confessa que está interessada? PRISICILA:
Gabriel, o jogo
vai começar. GABRIEL:
Está bem,
torcemos juntos. Ele
sorri
outra vez. Priscila entorta a boca e revira os olhos,
voltando a
atenção para a quadra. Nesse
instante
a torcida começa a vibrar. Corta para dentro da quadra,
mostrando os Gladiadores entrando. Após alguns segundos, o
time
adversário
aparece e ouve-se apenas vaias. Cláudio
caminha
até a grade, ficando de frente para Lucio, Silvia, Lucas
e
Helen. Cláudio coloca um adesivo com o símbolo do time no
braço de Lucas que
está sentado na grade. CLÁUDIO:
O que
achou? LUCAS:
(feliz)
Demais! CLÁUDIO:
Então quero
ouvir bem alto. LUCAS:
(falando alto)
Vai Gladiadores! CLÁUDIO:
(sorrindo) Isso
mesmo! Toca aqui. Cláudio
levanta
a mão e Lucas, entusiasmado, toca a mão dele.
Silvia pega
a criança no colo, colocando-o no chão. SILVIA:
Ele
veio de casa
até aqui falando que veio ver o irmão fazer vários
gols. Não esquece de apontar
para ele. CLÁUDIO:
(sorrindo) Vou
me esforçar bastante para tentar superar suas expectativas.
Michael
aparece,
sorridente, e toca o ombro de Lucio. Cláudio o olha com
surpresa. CLÁUDIO:
Até você? MICHAEL:
Está brincando?
Até parece que eu ia perder o evento da cidade. Em todo
canto
só se ouve falar
deste jogo... E vou te dizer uma coisa, se você é bom
mesmo como andam falando,
é certo que esse talento veio de mim... Porque seu pai...
(faz
caretas) Era uma
negação. LUCIO:
Hei,
meu time
venceu o seu várias vezes, pelo que me lembro bem. MICHAEL:
(sorrindo) Só
quando não jogávamos sério. CLÁUDIO:
E
vocês não
jogavam no mesmo time? MICHAEL:
Qual
é a graça de
vencer e não poder zoar o irmão? Eles
riem.
Cláudio olha na direção do banco. Felipe faz
sinal para que ele
se aproxime. CLÁUDIO:
Eu
preciso ir. SILVIA:
Vai
lá, meu
amor, que vamos estar aqui, em família, torcendo por você. Ela
abraça
Helen, que sorri de forma meiga. Cláudio olha para
Helen e
manda um selinho para ela, que retribui. Ele corre até o
banco
de reservas.
Lucio e Michael se encaram. LUCIO:
Melhor
que eu? MICHAEL:
(sorrindo) Mas
veja o lado bom, pelo menos você teve sorte no amor. Eles
riem
outra vez e se dirigem até a arquibancada. A câmera
se movimenta
até a quadra, onde todos os jogadores já estão
posicionados. O árbitro apita e
o time adversário dá um chute inicial. A torcida grita,
eufórica. A
bola está com Gustavo. Ele tenta passar por um jogador
adversário, mas
perde a bola. O rapaz corre na direção do gol e chuta.
Close no goleiro dos
Gladiadores espalmando para fora. Felipe corre até
Gustavo. ::.
“You
Wanted More” - Tonic FELIPE:
O que
foi isso?
Se tá com medo, pede pra sair. GUSTAVO:
Hei,
foi um erro
inocente, okay? O jogo acabou de começar. FELIPE:
Que
quase no
custou o primeiro gol. Não tente fazer o que não sabe. GUSTAVO:
Como
assim “não
tentar fazer o que não sei”? Eu sempre fiz isso. Felipe
volta
a correr. Corta para o jogador adversário cobrando o
escanteio. Cláudio intercepta e pega a bola, lançando-a
para a frente. Um
companheiro pega a bola e chuta de primeira no canto
esquerdo do
goleiro. A
bola entra. Os jogadores comemoram. A torcida também. O
adversário se posiciona para reiniciar o jogo. Close no
placar
eletrônico que marca “Gladiadores 1x0
Visitantes”. Corta para Felipe com
a bola. Ele dribla um jogador e corre. Gustavo, livre de
marcação, levanta a
mão, pedindo a bola. Felipe ignora e tenta passar por
outro
jogador, mas perde
a posse da bola. Gustavo
abre
os braços. Felipe olha para ele, e faz expressão de
lamento.
Cláudio recupera a bola e toca para Gustavo, que devolve
para
Cláudio, que
chuta forte no ângulo do gol, sem chances para o goleiro.
A
torcida pula e vibra. Cláudio vai até a grade e aponta
para Lucas, que
feliz, ri e é abraçado por Michael e Lucio.
Cláudio também pisca para Helen,
que retribui. A imagem sobe, mostrando Larissa que balança
negativamente a
cabeça, ao ver a cena. Amanda a olha e sorri em tom de
provocação. AMANDA:
Saudades de
quando essas piscadas eram para você? LARISSA:
Saudades de
quando o Roger copiava um filme só para fingir ser seu
namorado? AMANDA:
(após alguns
segundos) Tá, eu mereci essa. Larissa
sorri
e ambas voltam a olhar para a quadra. Um
jogador
do time adversário está com a bola. Ele dribla
Gustavo. Felipe
corre ao lado dele, mas leva um corte pela a esquerda,
fazendo-o cair.
O rapaz
fica de frente para o goleiro dos Gladiadores e chuta
forte no canto
esquerdo.
A bola entra. Close em Paulo que abre os braços,
inconformado.
Felipe abaixa a
cabeça. Vemos
alguns
cortes do jogo. Cláudio chutando a bola para longe do
gol.
Felipe tentando driblar e perdendo a bola. Um jogador
adversário
driblado
Gustavo e outro rapaz ao mesmo tempo. Felipe de frente
para o goleiro
adversário, tentando fazer um gol de letra, mas chutando
fraco,
para a defesa
fácil do goleiro. Cláudio lança um olhar de
reprovação a ele. Um jogador
adversário cobrando escanteio e outro se antecipando na
marcação e chutando em
gol, sem defesa para o goleiro. Do
banco
de reservas, Paulo expressa claro descontentamento com o
time. Corta
para
Cláudio com a bola. Ele faz sinal para Felipe e
lança para ele.
Felipe não consegue dominar a bola, deixando o adversário
recuperar. O
adversário toca para um companheiro, que toca para outro
rapaz,
que passa por
Cláudio e chuta em gol, novamente sem devesa para o
goleiro. Os
Gladiadores
se olham, parecendo não entender o que está
acontecendo.
Paulo passa a mão na cabeça e respira fundo. A tela
escurece. Abre
dentro
do vestiário. Felipe está encostado no
armário, nervoso.
Gustavo passa por ele. Felipe se desloca. FELIPE:
A
mocinha
deveria ir menos afobada pra cima dos caras, que tal? Assim
evitaria de
tomar
tantos dribles. GUSTAVO:
Se
você parasse
de tentar se exibir para os olheiros e se concentrasse mais
no jogo,
talvez eu
não tivesse que correr tanto atrás das bolas que
você perde, levando esse tanto
de dribles que você acabou de dizer. FELIPE:
E que
tal
acertar o gol de vez em quando? GUSTAVO:
E que
tal você
estudar um pouco ao invés de ficar no desespero para ser
chamado
para jogar
profissionalmente, só para mostrar que pode ser alguém na
vida? Felipe,
nervoso,
avança nele. Ambos começam a se agarrar.
Cláudio e os
demais jogadores logo se aproximam, separando os dois. CLÁUDIO:
(nervoso) Hei!
Não é assim que vamos vencer a partida! (para Felipe)
Devagar, Felipe, o time
inteiro está querendo te ajudar. FELIPE:
(se
acalmando)
Eu sei... Foi mal. A
câmera se movimenta até a porta. Paulo está
encostado na parede, de
braços cruzados, olhando para os jogadores. PAULO:
Bonito,
muito
bonito... Basta fazer um pequeno elogio pra vocês voltarem a
agir
como
crianças. (se movimenta) Joguem para o time, parem com essa
individualização
estúpida. Esqueçam os olheiros, porque não se
não vencermos o jogo, de nada vai
adiantar eles estarem aqui. Sem falar que eu serei o
primeiro a ser
consultado,
e basta uma palavra negativa, que adeus a chance de alguém
jogar
num time
profissional. E eu vou fazer. Ele
olha
para Felipe, que abaixa o olhar, envergonhado. Os rapazes
se
olham e concordam com a cabeça. PAULO:
Mesmo
que
percam, eu estarei com vocês. Mas joguem com espírito. Ele
se
vira e sai. Os rapazes se movimentam pelo vestiário.
Cláudio e
Gustavo ficam de frente para Felipe. GUSTAVO:
E
então, o que
vai ser? O time ou os olheiros? Ginásio.
Gabriel
e Priscila continuam sentados no mesmo lugar. Ambos em
silêncio. GABRIEL:
(quebrando o
silêncio) Antes de viajar eu me lembro de ter visto o Felipe
jogar um pouco
melhor. PRISCILA:
Mas ele
é melhor
do que isso que estamos vendo... (incomodada) O que você
quer de
mim, Gabriel?
Sente prazer em não me ver feliz? GABRIEL:
Claro
que não. O
que eu mais quero é que seja feliz. PRISCILA:
Então por que
está aqui? Por que está tentando mexer com a minha
cabeça? Você não terminava
com a sua namorada, e eu precisei fugir desse sentimento.
Quando
finalmente
ficou disponível, e eu quis ficar com você, o que
você fez? Ficou quatro meses
sem dar sinal! Agora reaparece no momento em que minha vida
está
perfeita, com
essa bobagem de livro e um milhão de coisas... Não
é justo fazer isso comigo.
Você não era assim. Gabriel
fica
sem saber o que dizer. Priscila balança a cabeça, em
reprovação. Depois, levanta e começa a descer a
arquibancada. Gabriel a
acompanha com o olhar, entristecido. Corta
para
os jogadores já em quadra. Cláudio está
parado perto da grade,
enquanto Roger está no corredor. ROGER:
Foi pra
isso que
você obrigou a vir aqui? CLÁUDIO:
As
coisas não
estão saindo como planejadas. ROGER:
Deu
para
perceber. Mas vocês jogam melhor que isso. Todos que
acompanham a
trajetória
deste time, conhece muito bem a palavra
“superação”. CLÁUDIO:
Só precisamos
colocar em prática esse lance. ROGER:
Então não deixa
o adversário continuar gostando da partida. Mostra para eles
quem é que manda
aqui. CLÁUDIO:
(sorrindo) Quer
fazer um discurso motivacional para a turma? ROGER:
(rindo)
Vá
embora daqui. Cláudio
ri
e se movimenta até o meio da quadra. Corta para o
árbitro que
apita o reinício da partida. A torcida começa a vibrar. Um
banheiro.
Amanda está de frente para o espelho. Ela joga um
pouco de
água no rosto. Pelo reflexo, podemos ver a porta se
abrindo e
Livia aparecendo.
Elas se encaram por alguns segundos, constrangidas. Livia
abre a boca
para
falar, mas Amanda interrompe. AMANDA:
Não precisa
fazer isso. Eu não te odeio por ele ter te escolhido. LIVIA:
(aliviada) Que
bom. Porque eu também não te odiaria se fosse o
contrário. AMANDA:
Eu
só preciso de
um tempo para processar e me acostumar com tudo isso, okay? LIVIA:
Justo... E
quando passar, eu queria muito ser sua amiga. Aquele tempo
que passamos
juntas,
sei que foi verdadeiro. AMANDA:
Eu
também sei. Elas
sorriem
uma para a outra e se encaram por alguns instantes.
Depois,
Amanda sai do banheiro. Quadra.
Cláudio
está com a bola. Ele toca para Gustavo, que toca
para
Felipe, que devolve para Cláudio, que toca outra vez para
Gustavo, que dribla
um rapaz e chuta em gol. A bola entra. Gustavo corre,
comemorando. Os
rapazes
vão ao encontro dele. A torcida, eufórica, pula e vibra. ::.
“Everything
You Want” - Vertical Horizon FELIPE:
(bagunçando o
cabelo de Gustavo) É disso que eu estou falando! Close
no
placar que marca “Gladiadores 3x3
Visitantes”. Alguns cortes do jogo começam a passar. Felipe
chuta
a bola e o goleiro adversário defende. Um rapaz do outro
time
chuta, fazendo com que a bola bata na trave. Gustavo passa
a bola para
Cláudio,
que passa para um companheiro, que passa para Felipe, que
chuta, mas
passa
longe do gol. Da
arquibancada
vemos Michael, Lucio, Silvia, Lucas e Helen. Lucas
está no
pescoço de Lucio, de cavalinho. Também
da
arquibancada vemos Gabriel olhando para baixo. A câmera
muda,
mostrando Priscila no corredor, perto da grade,
acompanhando o jogo.
Ela olha
para trás, e ambos trocam olhares por alguns segundos.
Depois,
Priscila volta a
olhar para o jogo. Amanda
passa
por Nathalia no corredor, que tenta chamá-la, mas Amanda
ignora. Nathalia respira fundo, frustrada. Lucas,
agora
no pescoço de Michael, grita, agitado. Michael pula junto
com
Lucio. Helen e Silvia se olham e riem. Volta
para
o jogo. Um rapaz do time adversário mata a bola no peito e
chuta de primeira. A bola acerta forte o ângulo do goleiro
dos
gladiadores, sem
defesa. Os rapazes comemoram. Cláudio,
Felipe
e Gustavo se olham com expressões de lamento. Volta a
mostrar o placar eletrônico que marca “Gladiadores 3x4
Visitantes”. Embaixo podemos ver um cronômetro marcando
“00:05:28”
Cláudio
está
com a bola. Ele olha para quem tocar. A imagem mostra
Felipe
tentando se livrar da marcação. Gira e mostra Gustavo
também marcado. Gira e
mostra outro jogador também marcado. Cláudio, frustrado,
vira e volta a tocar
para o goleiro. Close no cronômetro que marca “00:04:25”
O
jogador adversário chuta. O goleiro dos Gladiadores está
adiantado.
Gustavo corre até a bola e se joga no chão, conseguindo
evitar o gol. Close no
cronômetro que agora marca “00:02:15” Numa
bola
alta, Felipe empurra um rapaz com o ombro e sobe,
cabeceando-a.
A bola bate no travessão e sai. Felipe coloca as mãos na
cabeça. Close no
cronômetro marcando “00:01:08”
Cláudio
corre
até um rapaz que está com a bola e o derruba. O
árbitro
marca falta. Paulo faz sinal para ele, pedindo tempo. O
árbitro
concorda e
apita. Os jogadores correm ao encontro do treinador. PAULO:
Agora
sim, vocês
estão jogando como um time de verdade. E eu estou orgulhoso
de
vocês. Mas
acredito que ninguém aqui pensa no prêmio de
consolação... Falta 1
minuto e é o suficiente para empatar... Eu acredito... E
vocês? CLÁUDIO:
(concordando com
a cabeça) Nós também acreditamos, treinador.
(falando alto) Nós vamos vencer! Os
rapazes
gritam e falam ao mesmo tempo, concordando. PAULO:
Cláudio, ao
tomar a bola, corre para a direita... Vamos fazer a jogada
três
que ensaiamos
há dois dias. CLÁUDIO:
Okay. PAULO:
(estendendo a
mão) Gladiadores no três... Um, dois, três. TODOS:
(mãos juntas)
Gladiadores! O árbitro reinicia a partida. ::.
“Further”
- Longview O
jogador adversário cobra a falta com um chute forte no
gol. O
goleiro
encaixa a bola e logo rola ela para um companheiro, que
corre para a
frente.
Close no cronômetro marcando “00:00:50”
O
rapaz toca para Gustavo, que toca para Cláudio. Na tela,
vemos o
cronômetro marcando “00:00:30”.
Cláudio
passa por um jogador adversário e cruza a bola.
O adversário antecipa, jogando-a para a escanteio. Close
no
cronômetro marcando
“00:00:19”.
Corta
para
a torcida apreensiva. Volta para Cláudio cobrando
escanteio.
Ele toca para trás. Gustavo pega a bola e logo toca para
Felipe.
Close no
cronômetro marcando “00:00:08”
Felipe
avança
e toca para um companheiro, que corre até
área e é
derrubado. O árbitro apita, marcando pênalti. Os jogadores
e a torcida
comemoram. Paulo coloca uma das mãos na cabeça e vibra
com a outra. Felipe
segura
a bola e vai até a marca do pênalti. Cláudio
se posiciona ao
lado dele. CLÁUDIO:
Você tem certeza
que quer bater esse pênalti? FELIPE:
Absoluta. Cláudio
olha
para o placar eletrônico e segundos depois acena para
Felipe,
convencido. CLÁUDIO: Beleza,
faça esse
gol, que eu prometo que na prorrogação nós vamos
vencer. Felipe
concorda
com a cabeça. Cláudio dá um tapa no
braço de Felipe e sai.
Close no placar eletrônico e no cronômetro, que juntos
marcam “Gladiadores 3x4
Visitantes” e “00:00:04”
O
árbitro apita, autorizando a cobrança. Felipe respira
fundo e em câmera
lenta se movimenta para chutar. Não se ouve mais som na
cena,
apenas batidas de
coração. Close
no
pé de Felipe acertando a bola. Ainda em câmera lenta,
vemos a
trajetória da bola passar pelo goleiro, bater trave,
respingar
no chão e sair. A
cena volta ao normal. Felipe coloca as mãos na cabeça e
cai de joelhos,
desolado. O goleiro cobra o tiro de meta, chutando a bola
para longe. O
cronômetro zera e o árbitro apita o fim da partida. Os
jogadores
do time adversário comemoram a
classificação. O ginásio é
tomado por um silêncio. Michael e Lucio se olham, e
consolam
Lucas, que parece
triste. Felipe
continua
de joelhos, sem ação. Cláudio e os demais
jogadores
caminham lentamente até ele. A câmera sobe, mostrando o
ginásio numa visão
aérea. Após alguns segundos, a tela escurece. Ao
som
de uma música instrumental, abre mostrando o ginásio
praticamente
vazio. Felipe está sentado no banco de reservas, sozinho,
ainda
com as vestes
do jogo. Priscila caminha devagar até ele, olhando-o com
uma
expressão de pena. Vestiário.
Os
rapazes estão se trocando. Todos expressando abatimento.
Cláudio fecha o armário. Ele e Gustavo trocam olhares de
lamento. Sala
do
treinador. Paulo está sentado com o cotovelo apoiado na
mesa
e a
mão no queixo, pensativo. Quadra.
Priscila
está sentada ao lado de Felipe, que mantém o
olhar
distante. PRISCILA:
Sinto
muito. FELIPE:
(após alguns
segundos) Sabe qual foi o primeiro presente que me empolgou de verdade?
(aponta
para a bola com a cabeça) E desde então, aquele foi o meu
primeiro amor. Era a
única coisa que eu sabia fazer e bem. Era algo que eu era
bom, e
continuava
sendo bom. PRISCILA:
(acariciando o
cabelo dele) E você ainda é bom... Não se torture desse jeito. Todo
jogador já perdeu
algum pênalti na vida. FELIPE:
Mas
não são
todos que perdem num momento de decisão. Eu desapontei todos
que
apostavam em
mim... Meus companheiros, meu treinador... Os olheiros.
(abaixa o
olhar) Pela
primeira vez na minha vida, me sinto perdido. E não sei o
que
vou fazer. Priscila
continua
acariciando o cabelo dele, sem saber o que dizer. ::.
“Broken”
- Lifehouse PRISCILA:
Você vai superar isso, meu amor. Não é a
única coisa que você é bom, e eu vou te provar
isso. Ela
beija
carinhosamente o rosto dele. Felipe fecha os olhos, e seus
lábios tremem, se segurando para não chorar. Priscila o
abraça e coloca a
cabeça dele em seu peito. Felipe retribui o abraço,
segurando firme no braço
dela. Praça
do
centro da cidade. É noite. Cláudio e Helen
estão sentado no
banco. Eles olham para o ambiente enfeitado, mas com
poucas pessoas. ::.
“Broken”
- Lifehouse (cont.) CLÁUDIO:
Era
para a
cidade estar em festa agora. HELEN:
Lamento
que
vocês tenham sido desclassificados. CLÁUDIO:
Eu vou
ficar bem
porque sei que ainda tenho mais um ano para tentar de novo.
Sinto mesmo
pelos
que tiveram que se despedir assim. HELEN:
Mas
não foram os
primeiros e nem serão os últimos. Perder faz parte do
jogo... A cidade demorou
anos para conseguir um título. Muitos passaram por esse
colégio, apenas
tentando. E nem o Roma foi capaz de ver a sua grande
conquista. (passa
a mão no
rosto de Cláudio) O que quer que aconteça, todos
vão conseguir superar. CLÁUDIO:
(sorrindo) E
está aqui, o principal fator que não me deixa desabar...
A sua presença. Helen
sorri
de forma meiga. Depois, beija o rosto dele de forma
carinhosa.
Cláudio coloca a mão no rosto dela enquanto é
beijado, fechando os olhos em seguida. Casa
de
Nicole. Gil está parado de frente para a porta. Após
alguns
segundos, a porta abre e Martha aparece. ::.
“Broken”
- Lifehouse (cont.) GIL:
Hei...
Posso te
pedir um favor? Martha
lança
um olhar confuso, mas concorda com a cabeça,
abrindo a porta
por completo para que Gil entre. E enquanto ele vai
entrando, a imagem
vai
subindo até a janela do quarto, transparecendo para
dentro. Gabriel
está
sentado na cama, pensativo. Instantes depois, ele caminha
até
a mesa do computador e abre uma gaveta, tirando um bloco
de folhas. Ele
fica
olhando para o bloco por alguns segundos. GABRIEL:
Você tem
razão... Eu não tenho esse direito. Close
num
cesto de lixo e o bloco de folhas caindo dentro. Ginásio.
Paulo
caminha pelo corredor. Perto da porta de entrada, Isabel
está encostada na parede, esperando-o. Paulo para perto
dela. ::.
“Broken”
- Lifehouse (cont.) ISABEL:
Lamento
pela
derrota. PAULO:
Eu
também. ISABEL:
Eu sei
que você
não está bem... Mas você está bem? Digo,
não está mal a ponto de querer
desistir de ser treinador daqui, está? PAULO:
(sorrindo
levemente) Não... Esses garotos ainda têm muito o que
aprender comigo. ISABEL:
(sorrindo) E
vice e versa. PAULO:
E vice
e
versa... (após alguns segundos) Quer tomar um café? ISABEL:
(surpresa)
Absolutamente. E aproveito e te conto o plano que eu tinha
em mente
caso você
resolvesse desistir. PAULO:
Não ia me
drogar, ia? ISABEL:
Isso
era antes. Eles
continuam conversando, mas o som encobre suas vozes. Isabel engancha no
braço dele e ambos saem do ginásio. A
câmera segue Nicole subindo o degrau da varanda e
caminhando
até a
porta. Antes de abrir, ela para e olha para o lado. Gil
está
sentado num banco.
Ele levanta e vai até ela. ::.
“Broken”
- Lifehouse (cont.) NICOLE:
O que
está
fazendo aqui? GIL:
(entregando um
Cd para ela) É a gravação que eu fiz e mostrei a
você. Compara com o que está
na sua casa... As imagens não são as mesmas. A qualidade
é muito superior à de
uma filmagem feita pelo celular. NICOLE:
E
daí? Quem
disse que você não pode ter usado outra câmera? GIL:
Eu
estou
dizendo... E sei que contou à Amanda sobre a Nathalia e eu.
Não
há mais
chantagens, e mesmo assim, eu faço questão de provar a
minha inocência. Nicole
olha
para o Cd e franze as sobrancelhas. Gil a encara por
alguns
segundos. GIL:
Eu
disse que
você iria se arrependeria do que fez. Ele
sai.
A câmera se aproxima do rosto de Nicole, que parece
pensativa. Numa
cena
semelhante, vemos Amanda caminhando até a porta de sua
casa.
Antes de abri-la, ela olha para o lado. Close em Nathalia
sentada no
banco,
olhando para ela. ::.
“Broken”
- Lifehouse (cont.) AMANDA:
Agora
não,
Nathalia. NATHALIA:
Agora
sim...
(bate no banco) Senta aqui. Amanda
suspira
e vai até a irmã, sentando ao lado dela. NATHALIA:
Eu sei
porque
está agindo dessa forma comigo. AMANDA:
Algum
dia
pretendia me contar? NATHALIA:
Aquilo
foi há
muito tempo, Amanda. Eu só queria esquecer o que aconteceu.
Eu
era tão
inconsequente, e nós duas não tínhamos intimidade. AMANDA:
(nervosa) E por isso achava normal transar com o cara que saía
do meu quarto? Com ou sem intimidade, Nathalia, eu era a sua
irmã... Era o seu dever me proteger! Tantos anos sofrendo por
você roubar toda a atenção de nossos pais, mal
sabia eu que aquilo não era a única coisa que eu deveria
me preocupar... Você me traiu, Nathalia... Traiu a
confiança que concedi a você nos últimos meses. NATHALIA:
Eu juro
que
queria te contar... Mas sabia exatamente qual seria a sua
reação, independente
do que nós somos hoje. O que eu fiz, não pode ser
desfeito, e eu tinha que
tentar colocar uma pedra nisso, porque de qualquer jeito eu
te perderia. AMANDA:
Nisso
você tem
razão. Você acabou de me perder. NATHALIA:
Por
favor... Não
há alguma possibilidade de você me perdoar? Levar em
consideração o que
construímos juntas? Sua relação com a minha filha. AMANDA:
Não coloque a Lily no meio disso tudo. Eu sei que ela não tem culpa de
nada e
vou continuar
amando-a do fundo meu coração. Mas com você,
Nathalia, acabou. Ela
levanta
e vai até a porta. Nathalia a acompanha com o olhar
cheios de
lágrimas. A câmera muda para uma visão aérea
da cena. Amanda entra e fecha a
porta. Após alguns segundos, a tela escurece.
CREDITOS
FINAIS: CRIADO
E
ESCRITO POR: Thiago
Monteiro
PARTICIPAÇÕES
ESPECIAIS Scott Foley
como Michael Michael Strusievici como Lucas Terri
J. Vaughn como Martha John Patrick
Amedori como Moises MÚSICA TEMA “Meant To Live” -
Switchfoot TRILHA SONORA “Why Can't I” - Liz Phair
“Yesterdays” - Switchfoot “The Truth” - La Rocca
“Wish You Were” - Kate Voegele “Silence Is Easy” - Starsailor “You Wanted More” - Tonic
“Everything He Wants” - Vertical
Horizon “Further” - Longview “Broken”
- Lifehouse Copyright © 2008
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