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Vista panorâmica da cidade enquanto amanhece. A transição nos leva ao condomínio, onde a câmera serenamente percorre as fachadas das casas até encontrar a moradia de Roger. Um corte nos conduz à cozinha.

Vera, concentrada, está diante do fogão, retirando uma colher da panela e provando o conteúdo, sua expressão denunciando sua insatisfação. No plano de fundo, Arthur entra em cena, trazendo consigo sacolas repletas. Com um sorriso radiante, ele deposita as sacolas sobre a mesa e retira uma lata de uma delas. 

 

ARTHUR: (sorrindo) Finalmente achei o ingrediente que faltava para incrementar o molho.

 

VERA: (fazendo careta) É isso mesmo que você pretende servir aos nossos convidados hoje à noite?

 

ARTHUR: (se aproximando) Isso e mais um pouc... (para de falar ao olhar para a panela) Jesus! Não era para ter ficado dessa cor... Você provou?

 

VERA: Ainda estou tentando me recuperar do gosto desse... (tentando lembrar) Desse... Mas que diabos é isso mesmo?

 

ARTHUR: Fonds Brun Lié Chef.

 

VERA: (tentando falar) Fonds Brão…

 

ARTHUR: Não... Com biquinho.. Fonds Brun...

 

VERA: (fazendo biquinho) Fonds Bron... Ah, seja o que for, ninguém vai comer esse negócio verde escuro.

 

A câmera muda para um ângulo como se estivesse dentro da panela. Vemos os rostos de Arthur e Vera de cima, olhando para dentro.

 

ARTHUR: Estranho... Posso jurar que segui todas as instruções do livro de receitas.

 

VERA: Por um minuto realmente acreditei que você conseguiu se virar na cozinha enquanto estive fora. Ledo engano.

 

ARTHUR: Pois a senhora fique sabendo que eu me virei sim, muito bem... E quem esteve comigo não reclamou nem um pouco.

 

VERA: (desconfiada) E posso saber quem esteve contigo, senhor?

 

ARTHUR: Ora, o Lucio, quem mais poderia?

 

Vera força a vista, Arthur sorri.

 

ARTHUR: Se fosse há 1 ano, diria que isso é uma leve demonstração de ciúmes. Então eu te provocaria ainda mais... E você me daria um tapa no ombro, irritada. Eu te pegaria no colo e te levaria até o sofá, claro, tomando o maior cuidado para não sermos flagrados pelo Roger, devido às safadezas que faríamos em seguida. 

 

Ele sobe e desce as sobrancelhas, sorrindo em tom malicioso. Vera sorri, balança a cabeça negativamente e se vira para a panela.

 

VERA: Só que não estamos no ano passado e eu assumo a cozinha daqui pra frente.

 

ARTHUR: (desfazendo o sorriso) É... Não estamos no ano passado... (desanimando) Naquela época você ainda me amava.

 

VERA: (se virando para ele) Arthur, não foi isso o que eu quis dizer.

 

ARTHUR: Não, tudo bem... (virando-se para sair) Vou ligar para um restaurante e fazer um pedido.

 

Ele sai. Vera o acompanha com o olhar, expressando arrependimento.

 

 

Quarto de Helen. Numa vista aérea, vemos Cláudio e Helen deitados na cama, se beijando com bastante fervor. Helen está por cima dele, beijando sua boca e descendo para o seu pescoço. Cláudio está de olhos fechados. Segundos depois ele abre os olhos e olha na direção da porta. Helen percebe.

 

::. “Above The Wreckage” - Dishwalla

 

HELEN: (beijando-o) O que foi?

 

CLÁUDIO: Sua mãe...

 

HELEN: Está na floricultura... Não deve voltar tão cedo.

 

Eles se beijam novamente, mas Cláudio para segundos depois.

 

HELEN: (incomodada) O que foi agora?

 

CLÁUDIO: Sua avó... Ela pode chegar a qualquer momento... Onde ela está?

 

HELEN: Como é que eu vou saber?

 

Ela volta a se inclinar e beijá-lo. Cláudio outra vez tenta se esquivar. Helen levanta o rosto e olha sério para ele.

 

HELEN: Estou com mau hálito?

 

CLÁUDIO: (sorrindo) Claro que não... Adoro o gosto da sua boca.

 

HELEN: Então por que está me evitando agora? Aliás, não só agora, mas você anda evitando bastante momentos como esse... Qual é o problema?  

 

Cláudio fica pensativo. Helen faz sinal com o rosto, para que ele responda. Ela sai de cima dele e senta na cama. Cláudio faz o mesmo.

 

CLÁUDIO: Não é que eu não queira passar momentos assim com você, claro que eu quero. O problema é que, eu prometi que iria esperar quando você se sentisse preparada, mas não posso negar que você tem sido uma verdadeira tentação nos últimos dias... Então, eu preciso frear um pouco, para não acabar avançando algum sinal.

 

HELEN: (sorrindo) Então me acha uma tentação?

 

CLÁUDIO: Mais do que imagina.

 

HELEN: E me acha sensual?

 

CLÁUDIO: Você é a garota mais sensual que eu conheço.

 

Helen sorri, se aproxima de Cláudio e volta a beijá-lo por alguns segundos. Depois, o olha com um sorriso.

 

HELEN: E por acaso você não acha que essa provocação toda da minha parte seja por algum motivo?

 

CLÁUDIO: Que seria?

 

HELEN: Que eu já esteja preparada.

 

Um breve silêncio toma conta dos dois. Segundos depois, Cláudio começa a rir, descrente.

 

CLÁUDIO: (rindo) Tá.

 

HELEN: (séria) O quê? Não acredita em mim?

 

CLÁUDIO: (levantando) Eu vou beber um pouco de água.

 

Ele sai do quarto. Helen levanta e começa a segui-lo.

 

HELEN: (nervosa) Cláudio! Volta aqui! 

 

Corta para a cozinha. Cláudio está olhando para a geladeira aberta. Ele tira uma jarra com água. Quando fecha porta, vemos Helen encostada na parede, de braços cruzados. 

 

HELEN: Talvez eu já esteja mesmo preparada.

 

ROSA: (em off) Preparada para quê?

 

A câmera se desloca mostrando Rosa na entrada da cozinha. Cláudio e Helen se olham, tentando disfarçar o constrangimento.

 

HELEN: (com nervosismo) Vestibular.

 

ROSA: (incrédula) Vestibular... Agora?

 

CLÁUDIO: A senhora sabe como sua neta é precoce.

 

HELEN: Quero ter apenas uma ideia do meu desempenho... Mas como sempre o Cláudio pensa que eu não tenho coragem de fazer.

 

Ela lança um olhar sério para ele, que levanta o dedo.

 

CLÁUDIO: Esqueci que eu tenho algo para fazer... Te vejo à noite.

 

Ele se aproxima e dá um selinho em Helen, que o abraça e fala ao seu ouvido.

 

HELEN: (sussurrando) Covarde.

 

CLÁUDIO: (sussurrando) Olha quem fala... Vestibular?

 

Eles desfazem o abraço. Helen força a vista para ele. Cláudio olha para Rosa e acena.

 

CLÁUDIO: Até mais, dona Rosa.

 

ROSA: Vai com Deus, filho.

 

Cláudio sai. Rosa encara Helen, que desvia o olhar.

 

HELEN: Está calor, não acha?

 

ROSA: Acho melhor você conversar com a sua mãe.

 

HELEN: Conversar com a minha mãe? Sobre o quê? Por quê?

 

ROSA: Sobre isso aí que você acha que já está preparada.

 

HELEN: Vovó...

 

ROSA: Meu amor, eu não nasci ontem. Vocês dois namoram há um bom tempo e se gostam bastante... É normal que estejam subindo pelas paredes.

 

HELEN: (sem graça) Eu não diria bem nesses termos.

 

ROSA: Eu não posso te impedir de fazer o que eu acho que é cedo ainda. Mas se está realmente pensando em dar um passo tão importante assim na sua relação, tenha absoluta certeza que ele é o rapaz certo para você... Aquele que você ama e sabe que é correspondida na mesma proporção... E que no dia seguinte, esteja te amando ainda mais.

 

HELEN: Não se preocupe, vovó... Eu não vou tomar nenhuma decisão baseada nos hormônios. Eu prometo não fazer nada que faça com que eu me arrependa depois.

 

Rosa a olha com desconfiança. Helen revira os olhos e bufa.

 

HELEN: Dá para esquecer, por favor, meu tempo de rebeldia?

 

ROSA: Difícil, uma vez que ainda tenho enxaquecas por causa daquele tempo... Mas eu acredito em você.

 

HELEN: (sorrindo) Que bom... Mas preciso lhe dizer outra coisa... Eu ainda pretendo te dar mais enxaquecas, porque você é minha vovó querida que eu amo tanto, tanto, tanto, que necessito chamar a sua atenção de vez em quando.

 

Helen abraça Rosa, que sorri emocionada.

 

ROSA: Você sempre vai ter minha atenção... Eu só quero o melhor para você.

 

HELEN: (sorrindo) Eu sei... E prometo que não vou fazer nada precipitado, okay?

 

Rosa concorda com a cabeça. Helen beija o rosto da avó e sai. Rosa a acompanha com o olhar, sorrindo. A tela escurece.

 

 

 

 
  

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Vista externa do restaurante/bar da família da Nicole. É noite. A câmera se aproxima da porta, cortando para dentro. O lugar está um pouco movimentado. Gil está parado de frente para o palco, apenas olhando-o. Nicole aparece e se posiciona ao lado dele.

 

::. “You'll Ask For Me” - Tyler Hilton

 

NICOLE: Fico me perguntando o porquê de um palco, se nada acontece nele. 

 

George aparece e também olha para o palco, ficando ao lado de Nicole.

 

GEORGE: Eu achei uma ótima ideia.

 

NICOLE: É óbvio que você acharia uma ótima ideia. Se ele bombardeasse o bar, você aplaudiria. O que ele fez para merecer tratamento Vip?

 

GIL: Competência?

 

NICOLE: Com licença? Esse lance do palco até agora foi um fracasso... E põe a escolha do nome do bar como um também.

 

GIL: Hei, George... Já conferiu o caixa hoje?

 

GEORGE: (sorrindo) Ótima ideia.

 

George sai. Nicole olha para Gil, indignada.

 

GIL: Estou surpreso que esteja falando comigo, quando disse que não faria mais, e quando eu é que não estou falando com você.

 

NICOLE: Então por que está mexendo os lábios?

 

Gil balança a cabeça, em sinal de reprovação. Depois, se movimenta para sair, mas Nicole o impede parando na frente dele.

 

NICOLE: Eu não vou me desculpar, okay? Mesmo que você não tenha mostrado o vídeo, o que está claro agora, não muda o fato de não o ter excluído quando aceitei a sua chantagem.

 

GIL: Acontece que quem mais saiu machucada nessa história não fui eu, nem a Nathalia, mas sim a Amanda, que não tem nada a ver com isso. Esse erro foi seu. 

 

NICOLE: Eu sei, e dessa parte eu me arrependo e devo desculpas a ela. Na verdade eu estava com tanta raiva que o único que pensei em prejudicar foi você. Mas eu estava errada.

 

GIL: Ótimo... Estamos bem então?

 

NICOLE: Diga-me você, que tem motivos para continuar me ignorando.

 

GIL: Não estou com raiva de você... Mais cedo ou mais tarde ela acabaria descobrindo. Só que poderia ter sido com um pouco mais de sutileza.

 

NICOLE: Pois é, o ser humano é um bicho complicado mesmo.

 

GIL: (sorrindo) Especialmente quando não tem controle emocional.

 

NICOLE: (sorrindo) Olha quem fala, ouvi dizer que o ano passado você nem pensava para abrir a boca. O que andou fazendo? Meditando?

 

GIL: (sorrindo) Algo do tipo.

 

Eles continuam sorrindo um para o outro, depois se dispersam. A câmera se desloca para a entrada, onde vemos Cláudio e Helen entrando. Cláudio está sério, enquanto Helen está sorrindo.

 

CLÁUDIO: Ficar ouvindo sua avó me falando sobre responsabilidades, preservativos e cegonha, não foi o começo de noite que eu estava esperando.

 

HELEN: (sorrindo) Tadinha... Ela só não quer que a gente faça alguma besteira.

 

CLÁUDIO: Não deixa de ser uma experiência que levarei anos para esquecer.

 

Eles passam pela câmera, que gira para um lugar mais afastado, onde há uma mesa de bilhar. Felipe está jogando, sério. Priscila aparece.

 

PRISCILA: Lindão, consegui uma mesa... Vamos?

 

FELIPE: Guarda pra gente, meu amor... Vou ficar jogando um pouco e logo apareço por lá.

 

Ele esboça um sorriso forçado, que é retribuído por Priscila.

 

PRISCILA: Tá bom então... Te vejo daqui a pouco.

 

Felipe concorda com a cabeça, sem olhá-la. Priscila se mostra desanimada, saindo em seguida.

 

 

Casa de Roger. Arthur, Vera, Lucio e Silvia estão na sala, sentados no sofá, bebendo vinho e conversando. Vera e Arthur em um dos sofás, enquanto Silvia e Lucio estão em outro.

 

ARTHUR: Diga-me, Lucio, como vão os negócios?

 

LUCIO: Muito bem... Os lucros aumentaram bastante, o que é curioso, se pensar que é o ano que estou passando menos tempo na empresa.

 

VERA: (curiosa) É mesmo? Por quê? Se cansou do mundo corporativo?

 

LUCIO: Basicamente... Mas o principal fator é que eu prefiro estar mais com a minha família.

 

ARTHUR: Isso é muito bom... Por isso eu sempre preferi trabalhar em casa... Não há nada melhor do que passar mais tempo com a família.

 

VERA: Na verdade, pesou o fato de você detestar usar terno e querer trabalhar de bermuda e chinelo.

 

ARTHUR: E em segundo lugar a família.

 

Lucio e Silvia riem. Vera olha cinicamente para Arthur, que sorri.

 

LUCIO: Mas eu já deveria ter feito isso há muito tempo.

 

Ele e Silvia se olha e se beijam com um selinho.

 

ARTHUR: (fazendo cara de bobo) Ownnn!

 

VERA: (estranhando) O que foi isso, Arthur?

 

ARTHUR: (rindo) Me lembrei agora de uma amiga da faculdade. Ela não podia ver um algum casal demonstrando feição que logo soltava um “Ownnn”.

 

VERA: E aposto que essa amiga é a sem vergonha da Miranda... Acertei?

 

ARTHUR: (se esquivando e pegando a garrafa de vinho) Quer mais vinho, Silvia?

 

SILVIA: (aproximando a taça e sorrindo) Por favor.

 

VERA: (para Arthur) Por que foi se lembrar agora da carinha que ela fazia quando achava algo bonitinho? Saudades?

 

ARTHUR: Pra que sentir ciúmes de algo que já faz mais de 50 anos.

 

VERA: Com licença, senhor, eu não tenho mais de 50 anos e não estou com ciúmes. Apenas tentando entender o motivo de uma cena romântica te fazer lembrar de alguém que tentava tirar você de mim o tempo todo?

 

ARTHUR: Meu amor, ela sempre tentou, mas nunca conseguiu. Você sempre foi a número 1 do meu coração.

 

VERA: Não respondeu a minha pergunta.

 

ARTHUR: Veja bem...

 

Enquanto Arthur fala, a voz dele é encoberta por uma música instrumental alegre. Silvia e Lucio assistem aos dois discutindo e se olham, rindo.

 

 

Quarto de Roger. Close em alguns livros sendo colocados em cima de uma mesinha. A câmera abre, mostrando Roger com cara de desanimo. Em pé, ao lado da mesa, está Livia.

 

ROGER: (sarcástico) Só isso?

 

LIVIA: Tem mais, mas ficou um pouco pesado pra trazer agora.

 

ROGER: (respirando fundo) Que tal a gente parar por algumas horas, namorar um pouco, ou quem sabe, jogar videogame com o Lucas?

 

Corta para Lucas sentado no chão, de frente para uma televisão. Ele segura o controle, bastante concentrado no jogo.

 

LIVIA: (pensativa) É... Não... Sem trapaças. O quanto antes você terminar isso, melhor.

 

ROGER: (bufando) Não aguento mais ter que fazer tanto trabalho... É trabalho, trabalho, trabalho, trabalho.

 

LIVIA: Quem mandou ficar tanto tempo em coma? Se quiser passar de ano, vai ter que pagar o preço.

 

ROGER: Tá bom, ô insensível... Mas estive pensando aqui com os poucos neurônios que me restam, e sei lá, talvez seja melhor fazer o segundo ano de novo... Pensa bem, eu perdi praticamente o segundo semestre inteiro, e o primeiro, bom, foi uma droga devido aos dramas da minha vida.

 

LIVIA: (sarcástica) Ownn, tadinho! Está preocupado com o aprendizado e o tempo que passou longe da lousa?

 

ROGER: Exatamente. Prefiro aprender da forma clássica, com professores e lousa.

 

LIVIA: (passando a mão no rosto dele) Você é fofo, sabia? Mas esses dois neurônios que ainda restam na sua cabeça não vão conseguir me enrolar. Você vai fazer esses trabalhos e vai no curso de verão.

 

ROGER: O verão inteiro, você quer dizer né? Dois meses de férias perdidas.

 

LIVIA: Melhor do que 1 ano inteiro perdido.

 

ROGER: Mas eu prefiro me concentrar na minha recuperação física primeiro, como voltar a dar mais que dois passos, do que na parte mental.

 

LIVIA: E prefere deixar de se formar junto com os seus amigos ano que vem?

 

ROGER: O Felipe não se formou com os amigos e está bem.

 

LIVIA: Só que você não é o Felipe, e pelo amor de Deus, ele próprio deveria se envergonhar disso. E além de deixar de ser formar, não faríamos faculdade juntos, como havíamos planejado.

 

ROGER: O que também não seria garantia de nada, porque você vai entrar numa boa faculdade, eu nem sei se vou passar no processo seletivo. E se você for ali, e eu acabar indo lá? Estaríamos separados.

 

LIVIA: Então é isso que você quer? Tá bom, já que tanto faz, foca-se aí no seu bem estar físico então, pois precisará de muita perna para correr atrás de mim outra vez.

 

Ela se desloca até Lucas e senta ao lado dele. Roger a acompanha com o olhar.

 

ROGER: Livia.

 

LIVIA: Não falo com repetentes.

 

ROGER: Não seja infantil.

 

LIVIA: (leve riso) Infantil... A criança aqui no quarto é você. (olha para Lucas) Posso jogar também? 

 

LUCAS: (sorrindo) Pode... Eu nunca repeti e nunca tirei nota vermelha. 

 

LIVIA: (sorrindo) Além de lindo, é inteligente... Que pena que você tem só 7 aninhos.

 

Ela lança um olhar sínico para Roger, que retribui com cara de deboche. Após alguns segundos, a tela escurece.

 

 

Abre mostrando a sala de um apartamento totalmente bagunçada. Paulo aparece do corredor segurando uma caixa. A câmera se movimenta, mostrando Isabel poucos metros dali, vestindo um macacão sujo de tinta e pintando a parede. Paulo senta no sofá e coloca a caixa no chão. Ele observa o lugar atentamente.

 

::. “Empty Apartment” - Yellowcard

 

PAULO: Não sei onde estava com a cabeça quando deixei você me convencer a fazer isso.

 

ISABEL: (pintando) Não reclama, “reclamão” ... Esse lugar estava precisando de uma renovação. Chega daquele estilo Paulo, sério, super darkness.

 

PAULO: Daqui a pouco você vai querer mexer no meu guarda-roupas também.

 

ISABEL: (pensativa) Sabe que não é má ideia?

 

PAULO: Não complete o pensamento.

 

ISABEL: (sorrindo) Não vou... Gosto do seu estilo roupas. Preto fica bem em você. Te deixa sexy.

 

Paulo sorri e balança negativamente a cabeça. Depois, levanta e se aproxima de Isabel, fazendo cara feia ao ver a parede.

 

PAULO: Não deveríamos estar jantando ou fazendo algum outro tipo de programa?

 

ISABEL: Que programa? Por acaso estamos em alguma relação?

 

PAULO: Amizade também é um tipo de relação.

 

ISABEL: (sorrindo) Tão lindo ouvir um brutamontes que queria me ver pelas costas, dizendo que somos amigos.

 

PAULO: (balançando a cabeça, em reprovação) Primeira e última vez.

 

Ele sorri e se vira. Isabel esboça uma expressão travessa e movimenta o pincel para a frente, jogando tinta em Paulo, que se vira imediatamente.

 

PAULO: Ficou maluca?

 

ISABEL: Não é você que vive dizendo que tenho um parafuso a menos?

 

PAULO: (após alguns segundos, se aproximando) Sabe, nunca ninguém conseguiu me vencer no paintball ... O máximo que conseguiram foi um tiro de raspão no braço.

 

ISABEL: (forçando a vista) Isso deveria significar?

 

PAULO: (sorrindo) Que eu sou muito bom em atacar tinta nas pessoas.

 

Ele se abaixa e pega uma lata de tinta. Isabel ri e corre. Paulo vai atrás. O som aumenta, tomando conta da cena. Isabel encosta-se na parede e faz sinal de piedade para ele. Paulo balança negativamente e cabeça e rindo, joga tinta nela. Isabel imediatamente se aproxima dele e o abraça, sujando-o de tinta. Paulo tenta se soltar.

 

 

Restaurante/Bar. A câmera passeia mostrando o local ainda mais movimentado que antes e para em uma mesa onde Helen e Cláudio estão. Cláudio está escrevendo algo em um papel. Helen, curiosa, inclina a cabeça para ver, mas é impedida por Cláudio, que afasta o papel.

 

::. “4Ever” - The Veronicas

 

HELEN: Posso saber o que o senhor está escrevendo aí?

 

CLÁUDIO: Um pouco de privacidade seria pedir muito?

 

HELEN: Seria.

 

Cláudio entorta a boca e empurra o papel. Close num desenho mal feito de um homem e uma mulher, um coração torto com as iniciais “H e C” dentro. Helen sorri, encantada.

 

HELEN: Que lindo, meu amor... Vou até mandar emoldurar. 

 

CLÁUDIO: Que sarcástica. Eu sei que está feio... O que importa é a intenção, certo?

 

HELEN: Quem disse que estou sendo sarcástica?

 

CLÁUDIO: Quem disse que eu não te conheço?

 

Eles sorriem um para o outro e aproximam seus lábios. Amanda aparece acompanhada de Chris.

 

AMANDA: Oi gente! 

 

Eles desistem do beijo e se voltam para Amanda. Helen fica séria ao ver Chris.

 

HELEN: O que ele está fazendo aqui?

 

AMANDA: (sarcástica) Oi Amanda, tudo bem? Que bom vê-la por aqui.

 

CHRIS: (sentando) E o prazer é meu.

 

CLÁUDIO: Vocês se conhecem?

 

HELEN: Lembra do idiota filho do professor Julio que eu te falei?

 

CHRIS: (para Cláudio) E você deve ser o herói?

 

CLÁUDIO: Herói?

 

CHRIS: Para aguentá-la e ainda namorá-la.

 

Cláudio segura o riso. Helen o cutuca. Amanda puxa uma cadeira e senta.

 

AMANDA: Relaxem, crianças... (para Helen) Eu o trouxe aqui para agradecer pelo que fez naquela noite.

 

HELEN: Agradecer pelo quê? Ele não fez mais do que a obrigação, uma vez que havia te embebedado.

 

CHRIS: (para Helen) Você tem transtorno de bipolaridade? Pelo que posso me recordar, houve um momento no hospital que você mesma me agradeceu.

 

HELEN: Não, eu disse que foi legal da sua parte ter feito o seu amigo nos levar de carro para o hospital, é diferente.

 

CHRIS: Mas havia me isentado da culpa... Por que está me culpando agora?

 

HELEN: Eu disse que acreditava em você quando afirmou que não sabia que ela estava drogada... É diferente também.

 

CHRIS: (para Cláudio) Posso te dar um abraço?

 

AMANDA: Gente, pelo amor de Deus, a única culpada de tudo aquilo está na frente de vocês... Eu... E chega de brigas e provocações, vocês são quase irmãos.

 

CHRIS: Isso só passando por cima do meu cadáver.

 

HELEN: Seria um prazer.  

 

Eles forçam a vista e se olham em tom de ameaça. A câmera gira, parando no balcão, onde Gustavo está sentado numa cadeira e Nicole do lado de dentro.

 

NICOLE: Se não vai pedir nada é bom dar espaço para quem realmente vai consumir.

 

GUSTAVO: Até parece que é prioridade de alguém sentar aqui. As pessoas querem dançar, jogar bilhar... Só os solitários permanecem no balcão mais que dois minutos.

 

NICOLE: Solitários como você?

 

GUSTAVO: Você... Na verdade estou aqui para te fazer companhia.

 

NICOLE: Não estou solitária, não está vendo?

 

GUSTAVO: Você está agitada porque está trabalhando... Mas no fundo, está solitária.

 

NICOLE: (balançando negativamente a cabeça) Dá licença, Gustavo.

 

Ela se movimenta e entrega uma latinha para um rapaz. Gustavo continua olhando-a.

 

GUSTAVO: Talvez mais tarde a gente faça uma duplinha no bilhar... O que acha?

 

NICOLE: Não estou com tempo e nem com vontade de jogar com você.

 

GUSTAVO: Por isso eu disse mais tarde.

 

NICOLE: Então não estou com vontade e provavelmente vou continuar sem.

 

GUSTAVO: Sabe, Nicole, vai chegar o dia em que eu não vou mais te dar bola e você vai se arrepender amargamente do modo como me trata.

 

NICOLE: Aguardando esse dia com ansiedade.  

 

Ela sorri e sai. A câmera se movimenta para o lado, mostrando Larissa sentada duas cadeiras ao lado, sorrindo e bebendo um refrigerante.

 

LARISSA: (sorrindo) Ouch! 

 

GUSTAVO: (olhando-a) Quer dizer alguma coisa, diga, miss Bom Destino.

 

LARISSA: Nada não... Só estava aqui pensando em como alguém pode ser tão bobo de uma pessoa.

 

GUSTAVO: Disse a garota que correu atrás do Cláudio até levar um fora definitivo.

 

LARISSA: Que por fim eu soube aceitar e cair fora. Mas veja bem, Cláudio e eu já namoramos, e antes de tudo, ele correu atrás de mim. Diferente de você.

 

GUSTAVO: E por que diabos estamos tento essa conversa se nem somos amigos?

 

LARISSA: Você tem razão, vou me calar.

 

GUSTAVO: Não, não... Não se cale... Se você estava com os ouvidos atentos à minha conversa com a Nick e está sentada aí, puxando conversa com o inimigo, com certeza faz parte da turma dos carentes que citei... Quer conversar?

 

LARISSA: (sorrindo) Mas é claro...

 

Ela levanta e Gustavo parece se animar. Larissa se aproxima e para perto dele.

 

LARISSA: Que não.  

 

Ela sai. Gustavo olha para cima e balança negativamente a cabeça, em reprovação.

 

GUSTAVO: Levar fora até de quem eu não gosto, não é legal, Deus... Não, não é.

 

 

Casa de Roger. Todos estão sentados à uma mesa grande na sala de jantar. Eles estão sorridentes, com exceção de Livia que lança alguns olhares sérios para Roger que está sentado de frente para ela. Close no prato de Lucas vazio. Ele olha para Silvia e sorri.

 

LUCAS: Mais.

 

SILVIA: O que você quer dessa vez?

 

LUCAS: Tudo.

 

Todos na mesa riem. 

 

SILVIA: (sorrindo) Não pensem mal de mim, porque eu alimento muito bem essa criança em casa.

 

VERA: É raro ver uma criança se alimentar tão bem assim nessa idade. Quando o Roger era pequeno era um sacrifício fazê-lo comer qualquer coisa antes da sobremesa.

 

LIVIA: Ele tem o habito de ser teimoso mesmo, não é?  

 

ROGER: (largo sorriso) Aqui não meu amor.

 

SILVIA: Mas está ótimo, Vera... Até eu vou repetir... Quem preparou o cardápio?

 

VERA: Tivemos que encomendar algumas coisas de um restaurante porque o senhor aqui (aponta para Arthur com a cabeça) ... Tentou fazer uma gororoba que não deu certo.

 

ARTHUR: Por meros detalhes... Acho que estava ansioso por esse jantar e acabei errando em alguns ingredientes.

 

LUCIO: Graças a Deus, temia que viria algo preparado por você.

 

ARHTUR: Por quê? Você não reclamou quando vinha almoçar ou jantar aqui.

 

LUCIO: Meu amigo, você estava bastante vulnerável e chorava por qualquer coisa... Era minha obrigação disfarçar o gosto ruim daquilo que você preparava.

 

ARTHUR: Pois saiba que agora, na alegria ou na dor, quero sua sinceridade na culinária sempre, doa a quem doer.

 

Lucio faz sinal de positivo para ele e Vera coloca naturalmente a mão em cima da mão de Arthur.

 

VERA: Sabe o que isso me fez lembrar? A primeira vez que você foi jantar em casa para conhecer os meus pais.

 

ARTHUR: Nem me fale... Eu nunca tinha comigo tanto fígado acebolado em minha vida.

 

VERA: (rindo) E você odiava.

 

ARTHUR: (sorrindo) Era um sacrifício que me propus a fazer para conquistar os pais da mulher que eu queria passar o resto da minha vida.

 

Vera sorri e beija o rosto dele com ainda mais naturalidade, voltando a mexer no prato em seguida. Close em Silvia que os observa e sorri. Vera olha para Livia e percebe a expressão séria da garota.

 

VERA: Algum problema, querida?

 

LIVIA: Não sei... (para Roger) Algum problema, Roger?

 

VERA: (para Roger) Peça desculpas, garoto.

 

ARTHUR: Obedece a sua mãe.

 

LIVIA: (para Vera) Seria falta de educação se eu me retirasse da mesa antes e subisse?

 

VERA: (sorrindo) Não, meu amor, você é de casa... Pode fazer o que achar melhor.

 

LIVIA: (sorrindo e levantando) Obrigada.

 

Livia levanta e sai. Roger se movimenta para ir atrás, mas Vera o interrompe.

 

VERA: Aonde você pensa que vai? Termina a sua comida porque é falta de educação sair da mesa assim.

 

ARTHUR: É, obedece a sua mãe.

 

ROGER: (boquiaberto) O quê?

 

 

Apartamento de Paulo. Paulo, ainda sujo de tinta, empurra o sofá para o centro. Atrás dele, é possível ver a porta do banheiro se abrindo e Isabel aparecendo, enrolada numa toalha e enxugando os cabelos com uma das mãos. Ela está olhando para baixo.

 

ISABEL: Meu cabelo ainda está cheio de tinta.

 

PAULO: (virando-se) Deveria ter pensando nisso antes de...

 

Ele para de falar ao vê-la. A câmera se aproxima devagar de seu rosto, que parece encantado. Corta para Isabel levantando o olhar e olhando-o com estranheza.

 

::. “Currents” - Dashboard Confessional

 

ISABEL: Por que parou de falar?

 

PAULO: (desviando o olhar) Nada...

 

ISABEL: (percebendo e sorrindo) Teve pensamentos impuros ao me ver assim?

 

PAULO: (rindo de nervoso) O quê? Não.

 

ISABEL: (se aproximando, sensualmente) Não me deseja? Qualquer um no seu lugar me agarraria aqui mesmo.

 

PAULO: (nervoso) Bom, você quer ser agarrada?

 

ISABEL: (sorrindo) Não... Não sou tão fácil assim... Mas se quiser tentar me beijar, talvez eu não resista.

 

Eles estão bem próximos um do outro, se olhando com profundidade. Após alguns segundos, Paulo desvia o olhar.

 

PAULO: Não posso... Não me envolvo sério com alguém desde o acidente.

 

ISABEL: Que você perdeu sua noiva?

 

PAULO: Meu irmão... Minha vida... Não é nada com você, eu juro.

 

ISABEL: Eu sei... Mas como pode alguém viver tanto na escuridão e gostar disso?

 

PAULO: Eu não gosto... E já tentei de diversas maneiras superar isso.

 

ISABEL: Mas já se passaram tantos anos, Paulo. Você precisa se libertar desse sentimento de culpa.

 

PAULO: Não posso... Não consigo... Pra você ter uma ideia, não sou capaz nem de visitar a minha cidade natal... E nem olhar direito nos olhos dos meus pais.

 

ISABEL: Talvez seja isso que você precise para conseguir seguir em frente... Visitar a sua cidade, seus pais... O cemitério onde eles estão.

 

PAULO: (dando passos para trás) Não... Isso jamais.

 

ISABEL: Okay... (voltando a se aproximar) Me deixe pelo menos entrar na sua vida.

 

PAULO: E não é o que já tem feito?

 

ISABEL: Eu quero mais... (toca o rosto dele) Não vou desistir de você.

 

Ela sorri de forma meiga e depois se afasta, indo na direção do quarto. Paulo a acompanha com o olhar, ao mesmo tempo em que se mostra pensativo. Após alguns segundos, a tela escurece.

 

 

Restaurante/Bar. A câmera acompanha Cláudio chegando no balcão. Ele olha para a prateleira, pensativo. Depois, parece perceber algo e olha para o lado. A câmera movimenta, mostrando Michael no banco ao lado, comendo amendoim e sorrindo.

 

::. “Stay Away” - The Honorary Title

 

MICHAEL: Olá, sobrinho.

 

CLÁUDIO: (sorrindo) O que está fazendo aqui?

 

MICHAEL: (aponta com a cabeça) Pay Per Viu e o melhor amendoim da região... (oferece o frasco).

 

CLÁUDIO: Não, obrigado, estou bem.

 

Ele senta e olha para a televisão. Close em jogo de futebol passando. Após alguns segundos Michael o olha.

 

MICHAEL: Então... Você está bem? Não tivemos chance de conversar depois do jogo... Como está lidando com a eliminação?

 

CLÁUDIO: Estou bem... Quer dizer, não é fácil perder, mas é o que acontece às vezes.

 

MICHAEL: É verdade... Perder faz parte. Muitas glórias surgem depois doloridas derrotas.

 

CLÁUDIO: (rindo) Você sabe que acabou de dizer um verdadeiro clichê, certo?

 

MICHAEL: (rindo) Qual é, dá um desconto... Ainda estou aprendendo a ser tio de adolescente. É um processo meio difícil... Veja bem, agora mesmo estou pensando se devo dar uma de tio legal e te comprar uma bebida alcóolica ou devo respeitar a sua idade, e claro, o desejo da sua mãe.

 

CLÁUDIO: (sorrindo) Não se preocupe com isso, não estou bebendo. Estou bem com refrigerante. Mas se valer de alguma coisa, aceito essa do tio legal que esconde certas coisas do sobrinho para os pais.

 

MICHAEL: (sorrindo) Vou anotar isso na mente.

 

CLÁUDIO: (após alguns segundos) Preciso voltar para a mesa... Mas fique sabendo que é legal de ter por aqui... Digo, nas nossas vidas. Meu pai está feliz.

 

MICHAEL: (sorrindo) Eu também estou.

 

Cláudio toca o ombro do tio e sai. Michael volta a olhar para a televisão e desfaz o sorriso e abre os braços.

 

MICHAEL: 2x0? Qual é?

 

 

A câmera dá um rápido giro, parando em Felipe e Gustavo jogando bilhar. Gustavo dá uma tacada na bolinha, jogando-a para fora da mesa.

 

::. “Stay Away” - The Honorary Title (cont.)

 

FELIPE: (sorrindo) Está nervosinho porque levou outro fora da Nicolete?

 

GUSTAVO: Já conseguiu algum teste ou ainda estão te crucificando pelo pênalti mal batido num jogo decisivo?

 

Felipe para de sorrir. Gustavo sorri. Dois homens [Marton Csokas] e [Warren Christie] se aproximam deles.

 

FELIPE: Tenta se concentrar nisso aqui.

 

GUSTAVO: Não é falta de concentração... Eu é que sou ruim mesmo... Quer brincar apostando?

 

FELIPE: E qual seria a graça se não serei ameaçado?

 

GUSTAVO: Pelo menos você vai poder terminar a noite se sentindo vitorioso.

 

FELIPE: (irônico) Obrigado.

 

HOMEM [Marton Csokas]: Querem fazer dupla?

 

GUSTAVO: Foi mal aí, tio, mas estamos prestes a fazer uma apostinha legal aqui... Quem sabe na próxima?

 

HOMEM [Warren Christie]: Mas se o lance é com apostas, nós também gostamos de apostar.

 

Gustavo fica pensativo por alguns instantes. Os dois homens se olham e sorriem.

 

GUSTAVO: Tá... Eu e meu amigo aqui contra vocês. Quem for perdendo vai liberando o “dim dim”.

 

FELIPE: (falando baixo) Quer esvaziar a carteira? Eles vieram aqui porque estavam te observando jogar.

 

GUSTAVO: (falando baixo) E você acha que eu não percebi? (dá dois tapinhas no peito de Felipe) Fica bonzinho e entra no meu jogo... (olha para os dos homens) Cinquentinha pra esquentar?

 

HOMEM: Por mim, tudo bem... Sou Fred... Esse é meu amigo Carlos.

 

GUSTAVO: Henry... (aponta para Felipe) E esse é o meu amigo Pinto.

 

FELIPE: Pinto?

 

GUSTAVO: (para os rapazes) Ele não gosta desse sobrenome, mas sabe como é, pega.

 

FRED: Sei... Vamos jogar?

 

GUSTAVO: (sorrindo) Que comecem as apostas.

 

 

Corta para a mesa onde Helen e Chris estão, sozinhos. Ambos em silêncio.

 

::. “Stay Away” - The Honorary Title (cont.)

 

CHRIS: Cadê o seu namorado?

 

HELEN: Já volta.

 

CHRIS: (após alguns segundos) A Amanda está demorando, não é mesmo?

 

HELEN: Vai ver ela se cansou da sua presença e está escondida em algum lugar esperando que se toque e vá embora.

 

CHRIS: (sorrindo) Você é hilária... Mas não se sinta presa aqui por minha causa.

 

HELEN: Acredite, não estou... (pensativa e sorri provocativamente) Sabe, vi seu pai hoje mais cedo, quando foi buscar a minha mãe para jantar fora. E pelo jeito, a noite vai ser quente.

 

CHRIS: Fogo de palha... Logo meu pai se desapega e volta a chorar pelos cantos por causa da minha mãe.

 

HELEN: Se é fogo de palha, então por que se revolta tanto ao vê-lo com outra?  

 

CHRIS: Porque eu já passei por isso antes, Helen... É um loope sem fim... Ele namora a coitada, se cansa da coitada, a coitada sofre, ele volta a se lamentar pela minha mãe e eu fico no meio disso tudo, por semanas, tentando fazer com que ele volte a ficar bem... Cansa.

 

HELEN: Eu não acredito em você.

 

CHRIS: Acredite no que quiser, só estou sendo sincero. A última que se envolveu com ele, ouvi dizer que entrou em depressão e tentou cortar os pulsos. Não permita que aconteça o mesmo com a sua querida mamãe.  

 

HELEN: E continuo não acreditando... (tom ameaçador) Presta atenção numa coisa, não sei a sua intenção com a Amanda, mas se a fizer sofrer, eu vou te machucar.

 

CHRIS: (sorrindo) Nossa, senti um frio na espinha agora.

 

Helen revira os olhos e levanta, saindo em seguida. Chris sorri, vitorioso.

 

 

A câmera gira e para em Amanda se aproximando e apoiando-se no balcão.

 

::. “Stay Away” - The Honorary Title (cont.)

 

AMANDA: Duas cocas.

 

Corta para Gil de costas e quando ele se vira, Amanda o encara com seriedade. Gil fica sem reação. Amanda faz sinal com o rosto para que ele se apresse. Gil se abaixa e coloca duas latinhas em cima do balcão. Amanda pega as latinhas e sai.

 

GIL: Amanda...

 

Ela o ignora. Gil se apressa e sai do balcão. Ele a alcança e segura o braço dela, que para e fica de costas para ele.

 

GIL: Podemos conversar?

 

Amanda coloca as latinhas em cima de uma mesa, se vira e acerta um tapa no rosto de Gil. Ele coloca a mão no lugar acertado.

 

GIL: Okay... Eu mereci essa. Agora podemos...

 

Amanda o interrompe com outro tapa no rosto, dessa vez, na outra face. Gil coloca a mão no lugar acertado e faz expressão de dor.

 

GIL: Tá, eu mereci esse também.

 

AMANDA: Tem sorte de não ter sido um soco ou um chute naquele lugar.

 

GIL: (após alguns segundos) Ouça... Eu sinto muito pelo o que aconteceu e pela forma como você descobriu o lance com a sua irmã... É uma das tantas coisas do meu passado que eu não me orgulho... Mas por favor, não desconte na Nathalia?

 

AMANDA: Huh, então acha que é só dizer essas besteiras sobre o seu passado que vai ficar tudo bem? Eu não estou furiosa por você ter me traído, porque eu sabia que você não prestava e pegava qualquer rabo de saia na esquina. Eu estou puta da vida é pelo fado de que a única pessoa que deveria me proteger de gente como você, simplesmente ajudou a me apunhalar pelas costas. E isso não tem perdão.

 

GIL: A Nathalia está mal, Amanda... Ela queria ter te contado, mas se não o fez, foi para te proteger.

 

AMANDA: (rindo de nervosismo) E deu muito certo. 

 

GIL: O fato é que nós podemos apagar o que aconteceu... Mas deve haver uma maneira de você tentar colocar uma pedra em cima disso tudo.

 

AMANDA: Tem sim... Segure na mão dela na ponte mais alta da cidade e pulem juntos de lá.

 

Ela lança um olhar sério para ele e sai. Gil fica parado por alguns segundos. Depois, respira fundo, frustrado.

 

 

Quarto de Roger. Vemos apenas o rosto de Livia.

 

::. “If I Am” - Nine Days

 

LIVIA: Como os garotos podem ser tão estúpidos na maioria das vezes? (imitando Roger) Não quero estudar o verão todo... Quero repetir de ano... Quanto mais besteiras eu faço, mais eu consigo me superar... (bufa) Prometa-me que nunca será assim?

 

A câmera se desloca, mostrando Lucas sentado ao lado dela e segurando um copo de refrigerante.

 

LUCAS: Prometo que nunca vou ser bobão como o Roger... Vamos jogar agora?

 

LIVIA: (sorrindo) Você é um amor de menino.

 

Roger aparece no quarto. A câmera abre, mostrando Livia e Lucas sentados no chão, de frente para a televisão.

 

ROGER: E eu também sou um amor?

 

LUCAS: Você é estúpido na maioria das vezes.

 

ROGER: (rindo) Obrigado, amigão... Eu escutei ela falando.

 

Ele faz sinal com a cabeça para que Livia o siga. Livia levanta e vai até ele, sentando na cama.

 

ROGER: Podemos acenar a bandeira branca?

 

LIVIA: Depende... Vai parar com essa ideia de querer repetir de ano?

 

ROGER: Vou me esforçar para não repetir... (entorta a boca) Mesmo que tenha que fazer o tal curso de verão.

 

LIVIA: Não se preocupe, eu vou estar com você o tempo todo... (pensativa) O que pensando bem agora, acho que estou meio que te sufocando... (preocupada) Estou?

 

ROGER: (sorrindo) Não... Adoro passar o máximo de tempo possível com você... E sei que só quer o meu bem.

 

LIVIA: É... O seu bem... E o meu também né, imagia passar um ano fazendo faculdade em outra cidade esperando você se formar?

 

ROGER: (pegando na mão dela) Hei, mesmo se isso vier a acontecer, da gente seguir caminhos diferentes na faculdade... Eu sei que não haverá nenhuma barreira entre nós. 

 

LIVIA: Como pode ter tanta certeza disso?

 

ROGER: Olha tudo o que nós já passamos, Liv... Não é a distância que vai mudar o que nos espera lá na frente.

 

LIVIA: (sorrindo) E o que nos espera lá na frente?

 

ROGER: Uma casa cheia de minis Roger's e Livias, correndo por toda a parte, com pais que se amam loucamente por mais de 200 anos.

 

Livia expressa um sorriso meigo e emocionado. Roger a puxa, fazendo-a sentar-se em seu colo.

 

ROGER: Estamos de bem?

 

LIVIA: (beijando os lábios dele) Estamos sim... Mas um ou dois estará de bom tamanho. Não sei se vou aguentar um monte de minis Roger's correndo pela casa. 

 

Roger sorri e concorda com a cabeça. Após alguns segundos eles começam a se beijar, mas logo são interrompidos pela voz de Lucas.

 

LUCAS: (comemorando) Isso! Matei o Otto!

 

ROGER: (boquiaberto) Eu nunca matei o Otto.

 

LIVIA: Ele é um prodígio.

 

Eles riem e voltam a se beijar. Depois, se olham com ternura.

 

ROGER: Eu te amo, minha nervosinha.

 

LIVIA: Eu também te amo, meu bobão.

 

Novamente eles se beijam. A câmera começa se afastar, transparecendo a imagem e dando lugar a Arthur e Lucio sentados no sofá da sala, conversando.

 

LUCIO: Você e a Vera parecem que estão voltando a entrar em sintonia.

 

ARTHUR: Agora a gente conversa bastante, brincamos um com outro de vez em quando... Mas viver como marido e mulher, acho que ainda vai demorar um pouco.

 

LUCIO: Mas vai na fé que o caminho é esse. 

 

Arthur o encara por alguns segundos. Depois, esboça um sorriso.

 

ARHTUR: Ainda não te agradeci o suficiente pelo que fez por mim enquanto estive definhando... Sei o quanto fui chato e chorão na época.

 

LUCIO: Você estava passando por uma fase turbulenta, era mais do que normal que estivesse vulnerável.

 

ARTHUR: Eu sei... Mas são poucos que passariam horas ouvindo um velho chorar, lamentar, comer da sua comida fingindo que estava boa. Você é um grande amigo, Lucio.

 

LUCIO: Animado, chorão, ou qualquer outro espírito, você também é um grande amigo, Arthur.

 

ARTHUR: (levantando uma taça) Um brinde à amizade verdadeira.

 

LUCIO: (levantando uma taça) E aos bons tempos que estão por vir.

 

ARHTUR: (sorrindo) E aos bons tempos que estão por vir.

 

Close nas taças batendo. Quando se separam, a cena se transfere para Vera e Silvia à mesa. Silvia prova um doce, saboreando-o com os olhos fechados, enquanto Vera aprecia uma xícara de café. 

 

SILVIA: (com os olhos fechados) Divino.

 

VERA: Não é? Tentei pedir a receita no restaurante, mas alegam que é secreto. Tem cabimento?

 

Risadas dos rapazes ecoam ao fundo. Vera direciona um sorriso na direção deles. 

 

SILVIA: Fico feliz em ver a afinidade que Lucio e Arthur construíram nos últimos meses.

 

VERA: (ainda observando os dois) Sem dúvida... (olha para Silvia) Parecem amigos de longa data, como nossos filhos.

 

SILVIA: E quanto a você e o Arthur? Alguma novidade?

 

VERA: Acho que ainda preciso de um pouco mais de tempo.

 

SILVIA: Mais tempo para quê? Vera, repare na maneira como você tem olhado para ele nos últimos dias... Como riram e brincaram juntos hoje... E como segurou a mão dele, deu-lhe um beijo no rosto. Não lembra um pouco dos velhos tempos?

 

VERA: (hesitante) Eu não sei...

 

SILVIA: Não é necessário mais tempo.

 

Corta para Lucio e Arthur envolvidos em uma conversa animada. A câmera recua, revelando Vera a poucos passos de distância, observando Arthur com um olhar intrigado. Após alguns momentos, a tela gradualmente escurece. 

 

 

Restaurante/bar. Priscila está num canto encostada na parede, visivelmente desanimada. Gabriel se aproxima.

 

::. “Everywhere She Goes” - Across The Sky

 

GABRIEL: Posso te fazer companhia?

 

PRISCILA: (sorrindo) Oi Gabe... Por onde andava?

 

GABRIEL: Em casa... Estava assistindo um documentário interessante sobre coisas sobrenaturais...

 

PRISCILA: Deixe-me adivinhar... Ficou com medo de ficar sozinho e resolveu aparecer num lugar bastante movimentado?

 

GABRIEL: (sorrindo) Basicamente... E também estava na esperança de vê-la por aqui.

 

PRISCILA: Bom, cá estou... Mas acho que eu não seria uma boa companhia hoje.

 

GABRIEL: Por quê? (olha para os lados) Onde está o Felipe?

 

PRISCILA: Namorando a mesa de bilhar desde que chegamos.

 

GABRIEL: Se te incomoda eu posso mandar tirar a mesa do bar... (sorri).

 

PRISCILA: Ele acharia outro jeito de me evitar.

 

Gabriel lança um olhar solidário. Priscila abaixa a cabeça.

 

GABRIEL: Não fica assim... Depois que esse período chuvoso passar, vocês ficarão bem de novo.

 

PRISCILA: (desconfiada) Está torcendo por isso ou dizendo só para me agradar?

 

GABRIEL: O que eu quero é te ver feliz independente com quem seja... E não se preocupe, eu sei que já perdi.

 

PRISCILA: (sorrindo) Obrigada, Gabe... Sei que não é fácil pra você dizer essas coisas. E desde que nos encontramos no parque, me fez lembrar como é bom ter a sua amizade.

 

GABRIEL: (sorrindo) Bons amigos então?

 

PRISCILA: (sorrindo) Bons amigos.

 

Eles apertam as mãos, ainda se olhando com sorrisos. A câmera se afasta e para na mesa de bilhar, onde Felipe observa os dois. Gustavo chama a sua atenção.

 

GUSTAVO: Felipe? (levanta as mãos) Vai jogar ou não?

 

Felipe se volta para a mesa, se inclina e dá uma tacanha da bolinha, que entra direto na caçapa. Gustavo comemora. Fred e Carlos se olham, sérios.

 

 

Corta para Larissa encostada em uma pilastra. Ela está com o celular nas mãos. Close na tela onde podemos ler mensagem “Cadê vc? Vem me encontrar... Tô com saudades”.  Não é possível ver o nome do remetente. Larissa fica pensativa por alguns instantes. Depois, sorri e se desloca para a saída.

 

 

Volta para a mesa de bilhar. Gustavo dá uma tacada, acertando duas bolinhas em caçapas diferentes. Ele e Felipe batem as mãos, comemorando. Vemos então, vários cortes rápidos de bolinhas entrando, até sobrar apenas uma que devagar vai rolando até cair dentro da caçapa. A imagem abre, mostrando Gustavo com um sorriso vitorioso. Ele pega um bolo de dinheiro que está em cima da mesa.

 

GUSTAVO: Bom, cavalheiros, acho que já houve humilhação bastante por hoje... Quem sabe na próxima?  

 

FRED: (nervoso) Vocês trapacearam, ô babaca.

 

FELIPE: Como assim?

 

CARLOS: Blefaram que não sabiam jogar e nos fizeram apostar ainda mais.

 

FELIPE: (leve riso) E daí? Ninguém manda ser burro. 

 

FRED: (incomodado) Como é que é?

 

GUSTAVO: Wow, wow, wow... Calminha aí. Quem começou querendo bancar os malandros aqui foram vocês, que só vieram porque pensaram que eu não jogava nada.

 

FRED: Não importa... Quero meu dinheiro de volta.

 

GUSTAVO: Aposta é aposta... Dadinho tá dado. Não vem que não tem.

 

Fred se aproxima e segura Gustavo pelo colarinho.

 

FRED: Então quem sabe eu pegue à força?

 

Rapidamente Felipe avança e empurra Fred, fazendo-o dar dois passos para trás.

 

FELIPE: Dá o fora daqui!

 

FRED: (se aproximando) Ou vai fazer o que, moleque?

 

FELIPE: (sorrindo) Moleque? 

 

Corta para Cláudio e Helen sozinhos à mesa, se acariciando. Helen olha para trás e segundos depois para Cláudio.

 

HELEN: Parece que seus amigos se meteram em encrenca.

 

Cláudio olha para trás e segundos depois se volta para a frente, bufando.

 

HELEN: (sorrindo) Vai lá, herói.

 

Volta para Felipe e Fred frente a frente, se encarando. Gustavo tenta apartar.

 

GUSTAVO: Hei, sem problemas... Podemos dividir o dinheiro.

 

FRED: Eu não quero metade, quero tudo.

 

FELIPE: (para Gustavo) Guarda isso aí... Nós ganhamos, nós vamos ficar com tudo.

 

Cláudio aparece e coloca as mãos em cima da mesa.

 

CLÁUDIO: O que está havendo aqui?

 

GUSTAVO: Graças a Deus você chegou... Esses palhaços aí quiseram jogar apostando, perderam, e querem tudo para eles. Vai lá e chama o resto da gangue.

 

CLÁUDIO: Que gangue?

 

GUSTAVO: A gangue ... (faz sinal com o rosto) Perigosa, que manda no pedaço, no qual eu sou o líder e você o vice.

 

CARLOS: Fred, vamos... É melhor deixar pra lá.

 

FELIPE: Não existe gangue alguma.

 

GUSTAVO: Obrigado, Felipe... Por que não tentou acabar com o primeiro disfarce? Assim nos pouparia deste momento.

 

FRED: Parece que blefe é forte por aqui, né, Pinto?

 

GUSTAVO: Escuta aqui ô Fred Krueger, não fala como se fosse inocente aqui não... Todas as partes tentaram enganar a outra.

 

FRED: Ainda assim vou querer todo o dinheiro da aposta.

 

FELIPE: O único jeito de você ficar com o dinheiro, é eu enfiando ele no seu rabo. Eu não preciso dessa mixaria, mas nenhum idiota vai me fazer devolver o que eu ganhei por direito.

 

CLÁUDIO: Okay, okay... Se o problema está na tal trapaça, por que não jogam de novo, dessa vez sem mentiras?

 

FRED: (incomodado) Dá licença? Quem é você?

 

GUSTAVO: O verdadeiro líder da gangue.

 

CLÁUDIO: (para Gustavo) Nós não somos uma gangue e eu não sou líder de nada.

 

GUSTAVO: Quer parar com a falsa modéstia, líder?

 

CARLOS: Fred, isso já está indo longe demais... Vamos embora daqui.

 

FRED: (para Carlos) Quer fechar a matraca e parar de ser medroso?

 

FELIPE: Pelo menos ele tem consciência que está em desvantagem... Quer resolver isso lá fora ou aqui mesmo?

 

Nesse instante, Michael aparece, tentando apartar a briga.

 

MICHAEL: (sorrindo) Hei, caras... Não vamos brigar por pequenas coisas... (coloca a mão no ombro de Fred) Por que você e seu amigo não dão o fora daqui?

 

FRED: Tira a mão do meu ombro.

 

MICHEAL: Ouça, conheço o tipo de vocês, que vão de bar em bar, tentando tirar dinheiro dos outros... Eu fui assim... Mas qual é... Eles são meninos, não podem culpá-los por serem espertos, huh?  

 

FRED: Tira a mão do meu ombro.

 

CLÁUDIO: Michael...

 

MICHAEL: (virando-se para Cláudio) Está tudo sob controle, eu sei resolver esse tipo coisa.

 

Ele pisca para Cláudio e se vira novamente. Um soco desferido por Fred o pega de surpresa, fazendo-o cair sobre a mesa, que desequilibra e tomba no chão com um estrondo. Felipe reage instintivamente, agarrando a camisa de Fred e respondendo com um soco preciso em seu rosto. O golpe desequilibra Fred, que se junta à mesa no chão

 

Gustavo e Carlos se olham. Gustavo levanta os punhos, Carlos entorta a boca.

 

CARLOS: Abaixa o braço, garoto, eu nem queria estar mais aqui.

 

George e Gil aparecem, tirando Felipe de cima de Fred. Cláudio vai até Michael, que está caído e segurando um dos braços.

 

CLÁUDIO: Você está bem?

 

MICHAEL: (segurando o braço, expressando dor) Acho que caí de mau jeito... Filho da mãe me pegou de surpresa.

 

Corta para Felipe sendo solto por Gil. Ele se vira e se depara com Priscila, que balança a cabeça em desaprovação. A câmera amplia o quadro, revelando o bar em sua totalidade, com várias pessoas reunidas em torno da cena tumultuada. Após alguns instantes, a tela se obscurece.

 

 

Abre mostrando a cidade numa vista aérea. A imagem transparece para Chris e Amanda caminhando pela avenida do centro.

 

::. “Ride” - Cary Brothers

 

CHRIS: (sorrindo) Seus amigos são bastante animados.

 

AMANDA: Espero que não se assuste, mas isso é rotina aqui na cidade. A maioria das reuniões terminam em confusões.

 

CHRIS: É bom para que eu saia um pouco da minha própria rotina.

 

Eles param num ponto de ônibus.

 

AMANDA: Então talvez possamos fazer isso de novo.

 

CHRIS: Mesmo sabendo que a sua amiga me odeia?

 

AMANDA: Ela não te odeia... Ela é incapaz de odiar alguém, mesmo esse alguém merecendo... Com jeitinho ela é capaz de te suportar.

 

CHRIS: É... E quem sabem ainda possamos ser amigos no futuro?

 

AMANDA: (sorrindo) Ou melhor... Irmãos!  

 

CHRIS: (rindo) Isso foi uma péssima tentativa de fazer humor. 

 

AMANDA: (rindo) Desculpa... É que é um pouco difícil acreditar que vocês se odeiam por causa do namoro de seus pais.

 

CHRIS: (sorrindo) Em que mundo você vive? Isso só não é mais clássico que a madrasta má. 

 

Eles riem outra vez. Depois, Chris olha para a frente.

 

CHRIS: O ônibus está chegando... Como nos despedimos?

 

AMANDA: Um aperto de mão e um abraço?

 

CHRIS: Era exatamente o que eu tinha em mente.

 

O ônibus para. Eles se olham por alguns instantes, enquanto outras pessoas entram no veículo.

 

CHRIS: Então... Até mais.

 

AMANDA: (sorrindo) Até.

 

Eles se aproximam para se abraçar, mas Chris dá um selinho em Amanda.

 

CHRIS: (se afastando para entrar no ônibus) Eu queria ter feito isso desde aquela noite.

 

AMANDA: (erguendo as sobrancelhas) Um selinho? 

 

CHRIS: (entrando no ônibus) Pensado bem, era algo mais demorado... Eu te ligo.

 

A porta do ônibus fecha e dá partida. Amanda acompanha-o com o olhar e sorri. Depois, começa a caminhar pela calçada.

 

 

Fachada da casa de Priscila. O carro de Felipe estaciona em frente. Corta para dentro.

 

::. “In My Arms” - Plumb

 

FELIPE: Então é isso.

 

PRISCILA: Precisamos conversar.

 

FELIPE: Agora não, baixinha.

 

PRISCILA: Quando então? Você não conversa mais comigo... Não tem mais tempo para nós.

 

FELIPE: Você sabe que estou passando por um momento difícil.

 

PRISCILA: Eu entendo isso, mas você não precisa enfrentar tudo sozinho. Eu quero estar aqui por você, mesmo que não saiba exatamente o que fazer.

 

FELIPE: Me desculpa, Priscila... Estou confuso, constantemente com raiva... E vários sentimentos misturados... Estou precisando passar um tempo comigo... (pausa, olha profundamente nos olhos dela) Só comigo.


 PRISCILA: (compreendendo, mas com olhos brilhando) Você quer um tempo... longe de mim?


FELIPE: (olhando fixamente para ela) Eu não seria justo com você agora... Eu estou tão perdido, tão confuso, e não quero te arrastar para esse caos.


PRISCILA: Felipe, eu escolhi estar ao seu lado, nos bons e nos maus momentos. Eu não estou com você só pelos momentos fáceis... Não termina o nosso namoro. 

 

FELIPE: Não é um término, é apenas tempo para que eu possa colocar as coisas em ordem na minha mente.


PRISCILA: (inconformada) É a mesma coisa. A gente sabe como vai acabar.


FELIPE: Se não dermos um tempo agora, do jeito que estou, é capaz de eu ficar com sentimentos negativos até em relação a você.


PRISCILA: (após alguns segundos, visivelmente sentida) Quer saber, faz o que achar melhor então.


Os olhos de Priscila começam a se encher de lágrimas enquanto ela sai do carro. Felipe a observa com pesar, sem dizer mais nada. A câmera acompanha Priscila caminhando pelo jardim em direção à casa, com expressão abatida. Atrás, a imagem desfoca, mostrando Felipe acompanhando-a com o olhar.Após alguns segundos, ele dá partida no carro, saindo. 

 

 

Varanda da casa de Helen. Cláudio e Helen estão perto da porta, se beijando com bastante intensidade.

::. “In My Arms” - Plumb (cont.)

 

CLÁUDIO: (beijando-a) Tenho que ir.

 

HELEN: (beijando-o) Por quê? É cedo ainda.

 

CLÁUDIO: (sorrindo) Cedo pra você que não vai ter que pegar o ônibus para a casa.

 

HELEN: Nem deve ter mais ônibus mesmo... Fica aqui, depois você pega um taxi... Vamos lá para dentro.

 

CLÁUDIO: Pra sua avó me dar mais lições de como nascem os bebês? Não, obrigado.

 

HELEN: Ela está no bingo... Você sabe que ela madruga na igreja quando joga. E minha mãe, bom, nem preciso dizer que não vai dormir em casa.

 

CLÁUDIO: O que está tentando dizer, Helen?

 

HELEN: O que já havia deixado claro há alguns dias...

 

Ela coloca a mão no rosto dele e o olha com profundidade.

 

::. “Let Me Take You There” - Plain White T's

 

HELEN: Estou preparada.

 

A câmera se aproxima lentamente do rosto de Cláudio. E após alguns segundos, a imagem começa a transparecer.

 

 

Vista aérea de um hotel de beira de estrada. A câmera desce, mostrando o carro de Lucio no estacionamento. Corta para dentro, onde podemos ver Lucio no volante e Michael no banco ao lado, com o braço direito enfaixado.

 

::. “Let Me Take You There” - Plain White T's (cont.)

 

MICHAEL: Obrigado por me trazer até aqui.

 

LUCIO: Que nada... Obrigado por defender os garotos no bar.

 

MICHAEL: É o mínimo que eu poderia ter feito, já que você me defendeu tanto quando éramos jovens.

 

LUCIO: (sorrindo) É, a diferença é que eu conseguia te defender mesmo.

 

MICHAEL: Hei... O cara me pegou desprevenido... Quando dei por mim já estava no chão.

 

Eles riem por alguns segundos. Michael coloca a mão no braço, expressando dor.

 

LUCIO: Tem certeza que está bem? O convite para ficar em casa ainda está de pé, especialmente agora.

 

MICHAEL: Não, eu vou ficar bem... Isso aqui não é nada... O médico disse que em dois, três dias já não vou sentir mais dor. Além do mais, eu sou canhoto, não preciso tanto assim deste braço.

 

LUCIO: (sorrindo) Okay... Se cuida então.

 

MICHAEL: Você também.

 

Ele dá um leve tapa no braço de Lucio e abre a porta, saindo do veículo. Muda novamente para uma vista aérea, onde vemos o carro de Lucio saindo e Michael caminhando até a porta de seu quarto.

 

 

Apartamento de Paulo. Isabel caminha até a porta, seguida por Paulo. Ele abre, mas fica parada por alguns segundos.

 

::. “Let Me Take You There” - Plain White T's (cont.)

 

ISABEL: Gostei de ter passado o dia com você.

 

PAULO: Eu também... Mesmo você querendo desenhar flores na minha parede.

 

ISABEL: (sorrindo) Vou continuar tentando.

 

Ela se vira para sair. Paulo se movimenta para a frente.

 

PAULO: Só pra constar... Eu desejei você quando estava enrolada naquela toalha. Apenas...

 

Isabel o interrompe com um beijo, que começa tímido e vai aumentando. Após alguns segundos, eles param de se beijar e se olham.

 

ISABEL: Eu não vou desistir de você.

 

Ela passa pela porta e sai. A câmera se aproxima do rosto de Paulo, que sorri, feliz.  

 

 

Quarto de Roger. Livia está deitada na cama, dormindo. Roger se aproxima e a olha com ternura. Ele sobe o cobertor e a cobre, beijando o rosto dela em seguida. Depois, empurra sua cadeira de rodas até a mesinha, onde há vários livros em cima. Ele respira fundo, abre um dos livros e começa a fazer algumas anotações.

 

 

Quarto de Vera. Vera está sentada na cama, lendo um livro. Ouve-se duas batidas na porta. A câmera se desloca, mostrando Arthur encostado na porta. 

 

::. “Let Me Take You There” - Plain White T's (cont.)

 

ARTHUR: Você precisa de alguma coisa?

 

VERA: (sorrindo) Não... Estou bem, obrigada.

 

ARTHUR: Foi uma noite divertida, não foi?

 

VERA: Foi... Bastante proveitosa.

 

ARTHUR: (após alguns segundos) Bom, vou deixar você terminar sua leitura... Boa noite.

 

VERA: Boa noite, Arthur.

 

Ele se vira para sair. Close no rosto de Vera, pensativa.

 

VERA: Arthur...

 

Arthur para e se vira para ela outra vez.

 

VERA: Por que não dorme aqui esta noite?

 

ARTHUR: Você está falando sério?

 

VERA: (dando dois tapinhas na cama) Vem cá.

 

Arthur vai até ela e senta ao seu lado. Eles se olham por alguns instantes e depois, Vera o puxa pela camisa e beija os lábios dele, se afastando em seguida.

 

VERA: Eu te amo, não deixei de te amar e nunca vou deixar... Eu só precisava de um tempo, só um tempo.

 

ARTHUR: (emocionando) Sabe o quanto eu fiquei sonhando com esse dia?

 

Vera levanta e vai até a porta, fechando-a e virando a chave. Arthur levanta e Vera se aproxima.

 

VERA: (sorrindo) Então vamos tirar esse atraso porque hoje eu estou fervendo.

 

ARTHUR: (pegando-a no colo) É pra já, amor da minha vida.

 

Ele a coloca na cama e deita por cima dela, beijando-a com bastante paixão. A câmera sobe lentamente focando o teto por alguns segundos.

 

 

Quarto de Helen. Cláudio e Helen estão sentados na cama, se beijando. Após alguns segundos, eles se olham, nervosos.

 

::. “Let Me Take You There” - Plain White T's (cont.)

 

CLÁUDIO: Você tem certeza?

 

HELEN: Você me ama?

 

CLÁUDIO: Muito mais do que possa imaginar.

 

HELEN: (sorrindo de forma meiga) Então eu tenho certeza.

 

Eles voltam a se beijar. Após alguns segundos, Cláudio afasta os lábios e Helen o olha, preocupada.

 

HELEN: O que foi?

 

CLÁUDIO: Não sei... É que eu imaginei para esse dia algo como, jantar à luz de velas, uma perfeita trilha sonora... Pétalas de rosas.

 

HELEN: (sorrindo) Eu não preciso de nada disso... O que eu preciso é que amanhã você esteja me amando muito mais do que hoje.

 

CLÁUDIO: (passando a mão no rosto dela) Isso já acontece diariamente.

 

Helen sorri novamente e o beija. E câmera lenta, vemos seus lábios se mexendo. Devagar, eles deitam na cama e a câmera começa a subir, ao mesmo tempo em que a tela vai escurecendo até começar a aparecer os créditos.

 

 

 

 

  

 

 

 CREDITOS FINAIS:

 

CRIADO E ESCRITO POR:

 

Thiago Monteiro

 

PARTICIPAÇÕES ESPECIAIS

 

 Aaron Eckhart como George

Devon Werkheiser como Chris

Scott Foley como Michael

Michael Strusievici como Lucas

 Warren Christie como Fred

Marton Csokas como Carlos

 

 MÚSICA TEMA

 

“Meant To Live” - Switchfoot

 

TRILHA SONORA

 

“Above The Wreckage” - Dishwalla

 “You'll Ask for Me” - Tyler Hilton

  “Empty Apartment” - Yellowcard

 “4ever” - The Veronicas 

 “Currents” - Dashboard Confessional 

 “Stay Away” - The Honorary Title 

 “If I Am” - Nine Days 

 “Everywhere She Goes” - Across The Sky 

 “Ride” - Cary Brothers

  “In My Arms” - Plumb

 “Let Me Take You There” - Plain White T's

 

Copyright © 2008

 

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