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Colégio Esplendor. Priscila caminha pelo corredor, abraçada ao seu fichário, com uma triste feição. Ela para em determinado ponto e olha para a frente.


CLÁUDIO: (em off) Às vezes, os caminhos se entrelaçam e, em outros momentos, se afastam. O que era ontem, hoje se transforma em um novo olhar, uma página em branco pronta para ser preenchida com novas histórias, mesmo que não saibamos exatamente quais.

 

::. “How Do You Dream” - Ball

 

A câmera se desloca devagar, mostrando Felipe encostado na parede e conversando com alguns rapazes. Após alguns segundos, ele olha para o lado, encontrando os olhos de Priscila. Ambos se encaram por breves instantes até que Gabriel aparece e se posiciona ao lado de Priscila. Ela o olha e esboça um leve sorriso. Gabriel faz sinal com a cabeça, para que ambos comecem a andar. Priscila dá uma última olhada em Felipe e depois sai. Close em Felipe ainda observando-a.

 

 

Refeitório. Cláudio aparece passando pela porta e caminhando alguns metros até parar em determinado ponto. Ele olha para uma mesa, que está vazia. De repente, duas mãos tampam seus olhos. Cláudio sorri e se vira. Close em Helen parada na frente dele, sorrindo. Ele passa a mão no rosto dela, beijando-a com bastante ternura. Após alguns segundos eles param de se beijar e Cláudio fica encarando-a.

 

::. “How Do You Dream” - Ball (cont.)


CLÁUDIO: (em off) Em contrapartida, para dois corações apaixonados e correspondidos, o mundo se desdobra em novas cores e formas, revelando detalhes antes despercebidos. Cada riso, cada olhar, torna-se uma obra-prima única.



CLÁUDIO: Quer saber de uma coisa?

 

HELEN: O quê?

 

CLÁUDIO: Hoje acordei te amando muito mais do que ontem.


Helen esboça um sorriso emocionado. Eles se encaram com bastante admiração.


CLÁUDIO: (em off) É como se o tempo dançasse ao nosso redor, permitindo que cada segundo seja apreciado como uma nota de uma melodia perfeita, que só nós dois podemos ouvir.

 

HELEN: Obrigada, por me fazer a mulher mais feliz do mundo.

 

CLÁUDIO: Obrigado, por me fazer o homem mais feliz do mundo.

 

Eles aproximam seus lábios e se beijam de novo.  A câmera começa a se afastar e subir, mostrando o refeitório numa vista aérea. A tela escurece.

 

 

 

 

 

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Refeitório. A câmera passeia mostrando o movimento do local que está tomado por alunos. Corta para uma mesa, onde Gabriel e Priscila estão. 

 

::. “Angeline” - Building 429

 

GABRIEL: Você está bem?

 

PRISCILA: A resposta é a mesma de 10 minutos atrás... Eu estou bem, Gabi... De verdade.

 

GABRIEL: (sorrindo) Desculpa... É que, você sabe, me preocupo com você... Mas você está bem mesmo?

 

PRISCILA: (incrédula) Sério?

 

Gabriel ri. Priscila revira os olhos e balança a cabeça, em negação. 

 

PRISCILA: Você deveria ficar feliz, já que o caminho ficou livre agora.

 

GABRIEL: (interessado) Acha mesmo que agora tenho chances com o Felipe?

 

PRISCILA: Óbvio, vocês nasceram um para o outro.

 

Priscila ri. Gabriel esboça um largo sorriso.

 

GABRIEL: Graças a Deus consegui te fazer rir de verdade.

 

PRISCILA: Meus outros risos não foram de verdade?

 

GABRIEL: Riso forçado pra mostrar que está bem, para uma palhacinha como você, não convence.

 

PRISCILA: Palhacinha?

 

GABRIEL: (sorrindo) No bom sentido.

 

Gustavo aparece e senta ao lado de Priscila, fazendo expressão de pena.

 

GUSTAVO: (suspirando) Você está bem, querida?

 

PRISCILA: (bufando) Estou bem, querido.

 

GUSTAVO: Ouça, é normal querer disfarçar a dor, se fazer de forte... Todos são assim. Mas pra mim você não precisa esconder. Pode encostar a sua cabecinha no ombro e chorar à vontade.

 

PRISCILA: (sorriso forçado) Obrigada, talvez nos encontremos no divã.

 

GUSTAVO: Se quiser pode até me usar pra trazer o Felipe de volta.

 

GABRIEL: E qual seria a sua serventia?

 

GUSTAVO: Está brincando? Esqueceu que o super Gu aqui roubou a Nick, Nick, dele? Imagina quando souber que a ex atual também está caidinha pelo garanhão da cidade?

 

PRISCILA: Deus me livre! E te ter como um carrapato grudento e sarnento assim como faz com a Nick, Nick?

 

GUSTAVO: Primeiro, carrapato não tem sarna... Segundo, eu não fico que nem um bichinho grudento em cima da Nick, Nick... Pode perguntar a ela.

 

Nesse instante Nicole aparece e senta ao lado de Gustavo.

 

NICOLE: Você fica em cima de mim como um carrapato sarnento.

 

GUSTAVO: Carrapato não tem sarna... E já que estamos falando desse bichinho indefeso... O cabelo de macarrão aí é o quê?

 

GABRIEL: Eu não estou grudado na Priscila como um carrapato... (para Priscila) Estou?

 

PRISCILA: De um jeito bom... Não cheio de segundas intenções.

 

GUSTAVO: Certo, e Papai Noel existe.

 

Gabriel o olha em tom de ameaça. Gustavo sorri em tom de deboche. Nicole se volta para Priscila.

 

NICOLE: A verdade é uma só, pigmeu... Homem nenhum merece nossas lágrimas, por mais que ele tenha uma boca inesquecível como a do Felipe.

 

PRISCILA: Obrigada por me lembrar disso.

 

GABRIEL: É, obrigada, mana, por lembrá-la disso.

 

GUSTAVO: (sorrindo e olhando para Gabriel) Sem segundas intenções, huh?

 

Gabriel fica sem graça. Priscila alisa o braço de Gabriel, consolando-o.

 

NICOLE: Por que não saímos todos juntos hoje à noite? Vai ser bom para você se distrair, clarear as ideias.

 

GUSTAVO: (para Nicole) Você querendo ser solidária? O que isso, final dos tempos?

 

NICOLE: (tampando a boca do Gustavo) E vai ser bom pra mim também sair da minha rotinha, colégio, casa, trabalho escravo, e olhares atentos ao caixa. Finalmente consegui uma folga.

 

PRISCILA: É... Pode ser legal. Por mim, tudo bem.

 

GABRIEL: (sorrindo) Gostei da ideia... E tem algum lugar em mente?

 

Gustavo, ainda com a mão de Nicole tampando a boca dele, levanta o dedo, tentando sugerir.

 

 

Corta para uma mesa onde Cláudio e Helen estão. Helen segura um convite.

 

::. “Angeline” - Building 429 (cont.)

 

HELEN: Festa no Apê.

 

CLÁUDIO: Tudo bem se não quiser ir.

 

HELEN: Por que não iríamos?

 

CLÁUDIO: (erguendo as sobrancelhas) Porque o Apê da festa é o da Larissa?

 

HELEN: Bobagem... Eu e a peste não nos atacamos mais... Até levantamos a bandeira branca. Não vejo problema em ir no apartamento dela... Contanto, lógico, que ela não te ataque.

 

CLÁUDIO: (sorrindo) Farei o possível para ficar longe.

 

HELEN: Vai tentar convencer o Roger a ir também?

 

CLÁUDIO: O pai da Livia veio buscá-los para passarem o dia juntos em algum lugar longe da cidade.

 

HELEN: E a dona Vera aceitou na boa que o filho recém acordado de um coma viajasse sozinho?

 

CLÁUDIO: Segundo o Roger, os pais estão em uma segunda lua de mel... Graças a Deus.

 

HELEN: (sorrindo) É muito bom saber que eles se acertaram de vez... (suspirando) O amor é tão lindo. 

 

CLÁUDIO: (sorrindo) É, não é?

 

Ele aproxima seu rosto e a beija carinhosamente, enquanto a câmera se afasta e gira.

 

 

Amanda está sentada à mesa, rabiscando algo em uma folha. Larissa aparece e senta de frente para ela.

 

::. “Angeline” - Building 429 (cont.)

 

LARISSA: Diga-me que a tal festa no Apê que todos estão comentando não é a nossa festa?

 

AMANDA: Sério que estão comentando? Eu não ouvi nada.

 

LARISSA: (desconfiada) Amanda, o que nós combinamos? Uma festinha reservada apenas para um pequeno grupo de convidados.

 

AMANDA: E você acredita mesmo que dá para fazer uma festinha reservada por aqui?

 

LARISSA: Não, não dá... Mas só aceitei fazer essa festa por sua causa, especialmente por ter me prometido que não será como as tradicionais reuniões daqui que sempre acabam em alguma confusão.

 

AMANDA: Relaxa, não vai acontecer nada... Vai ser algo bem light... O que você é agora, a rainha da responsabilidade?

 

LARISSA: Uma de nós tem que ser.

 

AMANDA: (sorrindo e levantando) Ainda bem que é você... Vou entregar mais alguns convites e nos encontramos na sala.

 

Ela beija o rosto de Larissa e sai. Larissa a acompanha com o olhar e balança a cabeça, em reprovação.

 

 

Casa de Amanda. Benjamin, Vanessa e Nathalia estão sentados à mesa, tomando café. O local é tomado por um silêncio. Nathalia olha diversas vezes para os dois, que parecem comer tranquilamente. Ela balança a cabeça, inconformada. Vanessa percebe.

 

VANESSA: Algum problema, querida?

 

NATHALIA: Ainda precisa perguntar? (olha para Benjamin) Pai?

 

BENJAMIN: Sim?

 

NATHALIA: (boquiaberta) Não acredito que vocês vão continuar agindo como se nada tivesse acontecido... Olá, a filha de vocês foi embora de casa... Não vão fazer nada a respeito?

 

BENJAMIN: E o que você espera que eu faça? Vá até onde ela está e a traga à força?

 

NATHALIA: Sim... Mas quem sabe primeiro você possa dizer algo como “Sinto muito pelo que aconteceu e você faz muita falta em casa”?

 

BENJAMIN: Ela não foi expulsa de casa... A porta está aberta para que ela volte a hora que quiser.

 

NATHALIA: Mas mostrar que se importa um pouco faria bem, não acha?

 

Benjamin não responde, apenas pega um copo com água e bebe. Nathalia levanta as mãos e balança a cabeça, ainda mais inconformada.

 

NATHALIA: Então vai ser assim? Vocês vão continuar agindo como se ela fosse a adulta da história e não a filha, que precisa ser compreendida?

 

BENJAMIN: Isso é fogo de palha, Nathalia, rebeldia momentânea. No final do mês ela já deve estar de volta com a carinha bem lavada.

 

NATHALIA: Não é esse o ponto, pai... É mostrar para ela que se importa, puxa vida! (levanta) Querem saber de uma coisa? Se não trouxerem a minha irmã de volta, eu saio de casa com a minha filha.

 

Ela sai de cena. Benjamin balança a cabeça, incrédulo.

 

BENJAMIN: (falando alto) E posso saber como vai se sustentar?

 

NATHALIA: (em off) Rodando bolsinha!

 

BENJAMIN: Ótimo... (olha para Vanessa) Quer dizer alguma coisa, diga logo, Vanessa.

 

VANESSA: Você está agindo como criança, sabia?

 

BENJAMIN: Eu? A Amanda não aceita conversar duas palavras sem fazer escândalo, e eu que sou a criança por aqui?

 

VANESSA: Independente disso, Benjamin, ela é a nossa filha... Me incomoda o fato dela preferir morar com outra pessoa e não com a gente.

 

BENJAMIN: Já disse que isso não vai durar... Assim que o dinheiro da mesada acabar, te garanto que ela vai passar por aquela porta como se nada tivesse acontecido.

 

VANESSA: Não é por esse motivo que eu queria que ela voltasse... Não percebe que a estamos perdendo? Quando olho nos olhos dela, é como se nos odiasse. E o pior é que não posso tirar sua razão... Passamos a vida inteira deixando nossa caçula de lado. Isso é errado... Se não fizermos alguma coisa agora...

 

BENJAMIN: (interrompendo) Você está exagerando.

 

VANESSA: Ah, estou exagerando? Okay... Permita-me ser mais exagerada ainda... Ou você se acerta com a nossa filha, ou pode começar a considerar a possibilidade de viver nesta casa sozinho.

 

Ela levanta e sai. Benjamin coloca os cotovelos em cima da mesa e bufa.

 

 

Corredor do colégio. Vários alunos estão saindo de suas salas e transitando pelo corredor. A câmera foca em Priscila e Felipe poucos metros atrás. Ao perceber a presença dele, ela aperta os passos. Felipe faz o mesmo até ficar ao lado dela.

 

FELIPE: Precisamos conversar.

 

PRISCILA: Ah, você está aí? Nem percebi... Estou com pressa.

 

Felipe se apressa mais e para na frente dela. Priscila revira os olhos.

 

PRISCILA: O que você quer, Felipe?

 

FELIPE: Eu não queria que ficasse um clima estranho entre a gente.

 

PRISCILA: Brr, sério? Depois de dizer que te faço mal, espera que o clima fique como?

 

FELIPE: Eu não disse...

 

PRISCILA: (interrompendo) Eu sei bem o que você disse! Pode não ter sido com essas palavras, mas disse... Então viva sua vida de tristeza e solidão e me deixe em paz.  

 

FELIPE: Priscila, tente entender, eu estava...

 

PRISCILA: (interrompendo) Vulnerável, triste, chateadinho porque perdeu o pênalti... Coitinho dele que só sabe viver à base de um único sonho. E que mesmo sendo rico, mimado, e muito, mas muito jovem ainda, acha que o mundo é cruel e está desabando em sua cabecinha oca... Quer saber, agora que não estamos mais juntos, me sinto aliviada não ter que ficar ouvindo esse cd arranhado. Olha em sua volta, moleque, o tanto de gente que sofre por coisas muito maiores.

 

FELIPE: (impressionado) Uau, você está mesmo brava.

 

PRISCILA: Estou, estou brava comigo por um dia ter aceitado te namorar.

 

FELIPE: (suspirando) Eu não sei o que te dizer.

 

PRISCILA: Não diga mais nada... Continue com esse seu tempo para você e deixe-me viver a minha vida.

 

Ela lança um olhar fulminante para ele e sai. Felipe fica parado, observando-a com o olhar. Após alguns segundos, a tela escurece. 

 

 

Abre mostrando a frente de um bar. É noite. A câmera se aproxima da porta, cortando para dentro. O local está cheio e no centro há uma pista onde várias pessoas dançam ao som de música eletrônica. Após alguns segundos, corta para uma mesa, onde Gustavo, Nicole, Gabriel e Priscila estão sentados.

 

GUSTAVO: Estão se divertindo?

 

NICOLE: Não imagina o quanto... Sair de um bar para outro, foi uma ideia de gênio, sem sombras de dúvidas.

 

GUSTAVO: Querida Nick, não estamos aqui para te divertir, mas para divertir a Pri.

 

NICOLE: Então por que perguntou no plural?

 

PRISCILA: Eu estou me divertindo.

 

NICOLE: Não precisa mentir para agradá-lo... Ele não vai se sentir mal.

 

GUSTAVO: Já chega... Vamos dançar, Nicole.

 

NICOLE: Não, obrigada.

 

GUSTAVO: Não estou pedindo.

 

NICOLE: E não estou obedecendo.

 

GUSTAVO: (entortando a boca) Está bem... Já que faz questão de mostrar aos quatro cantos da terra que não nem aí para mim, acredito que não vá se importar que eu dance com aquela garota ali.

 

Ele aponta com a cabeça. Close em garota dançando e sorrindo para ele. Nicole sorri.

 

NICOLE: Faça bom proveito. 

 

Gustavo levanta e sai. Nicole olha para Gabriel e Priscila e expressa tédio.

 

NICOLE: Vou pegar alguma coisa para beber.

 

Ela sai. Gabriel encara Priscila, percebendo uma certa feição de desanimo.

 

GABRIEL: Além do que já sabemos, mais alguma coisa te chateou hoje?

 

PRISCILA: Conversei com o Felipe no final da aula... Quer dizer, tentamos conversar... Ou nem isso.

 

GABRIEL: E o que aconteceu?

 

PRISCILA: Posso ter dito algumas coisas que não deveria. 

 

GABRIEL: Fica tranquila... O que quer que tenha dito, ele sabe que você estava com raiva.

 

PRISCILA: (suspirando) Estou cansada dos homens... Todos me descartam em algum momento... O Cláudio... Você... Ele.

 

GABRIEL: Eu não te descartei... Você me descartou.

 

PRISCILA: Eu que fui passar 4 meses no exterior sem dar notícias, né?

 

GABRIEL: (após alguns segundos) É... Você tem razão... Mas não foi uma descartada... Não estávamos juntos. Sequer o gosto dos meus lábios você provou.

 

Priscila esboça um leve sorriso. Gabriel a olha com pesar. Depois, se volta para a pista e fica pensativo. Ele volta a olhar para Priscila e sorri.

 

PRISCILA: (estranhando) Que cara é essa?

 

GABRIEL: (sorrindo) Eu não queria, Priscila... Mas você não me deixa escolha.

 

PRISCILA: Do que está falando?

 

GABRIEL: (levantando) Você vai ter que conhecer a minha dança do robô.

 

Ele pega na mão dela e a leva para a pista. Eles param em determinado ponto e Gabriel começa a se mover que nem robô. Priscila ri, envergonhada.

 

PRISCILA: (rindo) Você está fazendo papel de bobo, sabia?

 

GABRIEL: (sorrindo) Tudo para deixar a sua noite um pouco mais agradável.

 

Ele continua se mexendo feito robô. Priscila, sorrindo, começa a dançar. A câmera muda para uma vista aérea do palco, fixando essa imagem por alguns instantes.

 

 

Apartamento de Larissa. O lugar está tomado por jovens. Alguns bebem, outros conversam, outros dançam. No canto da sala, podemos ver Amanda e Helen conversando. Corta para elas.

 

::. “Shameless” - The Fratellis

 

AMANDA: E então... Quando pretende me contar que você e o Cláudio fizeram arte?

 

HELEN: (tímida) Do que você está falando?

 

AMANDA: (sorrindo) Helen... Tá escrito na sua testa que você não é mais purinha... Coisa que aliás, deveria ter me contado.

 

HELEN: (sorrindo) Então existe um detector de ex virgens?

 

LARISSA: (aparecendo) Quem não é mais virgem?

 

Helen e Amanda não respondem. Larissa força a vista, desconfiada.

 

LARISSA: (para Helen) Você e o Cláudio transaram?

 

AMANDA: Lari, não fala assim... A Helen não transa, ela faz amor.

 

LARISSA: Você não ia casar virgem?

 

HELEN: Por que sempre relacionam garotas responsáveis com puritanas que não pensam em sexo? Eu nunca disse que ia casar virgem.

 

AMANDA: (sorrindo) Então vocês dormiram mesmo juntos?

 

HELEN: (revirando os olhos) Tá... Eu tive a minha primeira vez com o Cláudio.

 

AMANDA: (animada) Eu sabia! Por isso aquele questionamento sobre a minha primeira vez.

 

LARISSA: (incomodada) Dá licença, vou tomar um ar... (para Amanda) E você, trate de tentar controlar esse formigueiro aqui, antes que o síndico apareça.

 

Ela sai. Amanda e segue com o olhar.

 

AMANDA: Aposto que isso não foi só por causa da bagunça no apartamento.

 

HELEN: Também pudera... Tocar nesse assunto perto de alguém que ainda deve guardar sentimentos pelo meu namorado, é um pouco insensível.

 

AMANDA: Ela vai superar... Agora me conta os detalhes.

 

HELEN: (sem graça) Não... Por que eu faria isso?

 

AMANDA: Porque é o que as amigas fazem... Diga-me antes que o Chris chegue.

 

HELEN: Convidou aquele idiota para vir aqui?

 

AMANDA: Não fala assim do seu futuro irmão.

 

 

A câmera gira até a cozinha, onde Cláudio e Felipe estão conversando perto da pia. Ambos seguram copos plásticos com bebidas.

 

::. “Shameless” - The Fratellis (cont.)

 

CLÁUDIO: Está se sentindo melhor em relação aos últimos dias?

 

FELIPE: Mais conformado... Estou pensando na possibilidade de fazer educação física.

 

CLÁUDIO: (sorrindo) Isso é ótimo, companheiro... É bom te ver tentando seguir em frente. 

 

Felipe sorri e levanta o copo, bebendo em seguida. Cláudio fica pensativo por alguns segundos.

 

CLÁUDIO: Você tem tido contato com o Léo?

 

FELIPE: Nos falamos por chat algumas vezes, por quê?

 

CLÁUDIO: Não sei, estive pensando... Como ele é um jogador internacional, influente, provavelmente deve ter conhecer pessoas que têm contatos com olheiros e donos de times por aqui.   

 

FELIPE: (pensativo) Verdade... O Léo poderia me ajudar a conversar com alguém.

 

CLÁUDIO: Exato... Mas vamos com calma, Felipe. Sem tentar ir afoito com algo que não existe certeza.

 

FELIPE: Como eu disse, já estou me conformando... O “não” eu já tenho, o que custa tentar? (sorrindo) Obrigado, brow.

 

Ele bate o copo no copo de Cláudio. Ambos sorriem e bebem. 

 

 

Bar onde Nicole, Gabriel, Priscila e Gustavo estão. Nicole se aproxima do balcão.

 

::. “Sing Song Sung” - La Rocca

 

NICOLE: Uma vodka, por favor.

 

MOISES: (em off) Não deveriam liberar bebida alcóolica com tanta facilidade para crianças.

 

Nicole olha para o lado e fica surpresa ao ver Moises sentado de frente para o balcão.

 

NICOLE: O que faz aqui?

 

MOISES: (irônico) Esperando o açougueiro cortar o quilo de carne que eu pedi. 

 

NICOLE: (entortando a boca) Idiota... É noite de folga e veio beber na concorrência?

 

MOISES: Sabe como é, não dá para tirar folga e tentar se divertir no próprio emprego... Além de correr o risco de te encontrar por lá e me forçar a trabalhar no seu lugar. O que é irônico, já que ambos estamos aqui... (força a vista) Está me perseguindo?

 

NICOLE: Não percebeu que toda a minha implicância contigo não passa de amor?

 

MOISES: (sorrindo) Tinha uma leve suspeita.

 

NICOLE: (após alguns segundos) É estranho te ver dizendo mais que dez palavras.

 

MOISES: Sou resguardado no meu campo de trabalho.

 

NICOLE: Por isso prefere agir pelas costas?

 

MOISES: Não sei do que está falando.  

 

NICOLE: Eu sei que foi você que me entregou para o George.

 

MOISES: Você não tem provas disso... E qualquer um poderia ter te visto roubando... Você é péssima bandidinha.

 

NICOLE: Mas poucos ali teriam tantos motivos para me entregar.

 

MOISES: Não te acho uma má pessoa.

 

NICOLE: Confessa, Moises.

 

MOISES: Tá bom... Fui eu... Fiz e faria de novo só para ver a cara de bunda que você ficou nesse último mês... Quase ganhei o ano com isso.

 

NICOLE: (nervosa) Filho da mãe.

 

MOISES: Você mesma disse que eu tinha motivos... Trate bem as pessoas daqui pra frente e quem sabe elas param de desejar a sua morte.

 

NICOLE: Você sabia que o Gil levou a culpa e sofreu consequências com aquilo?

 

MOISES: (dando os ombros) Não é problema meu... Ele te ameaçou, então mereceu também.

 

NICOLE: (indignada) Espero que tenha alguns currículos prontos, porque irei fazer de tudo para que seja mandado embora.

 

MOISES: (sorrindo) Boa sorte com isso.

 

Nicole o olha com desprezo e se desloca para sair. Moises se inclina e segura o braço dela.

 

MOISES: Na verdade, estou disposto a te dar mais um motivo. 

 

Ele levanta e beija Nicole, segurando os braços delas. Nicole o empurra e lhe dá um tapa no rosto. Depois, o empurra outra vez e limpa a boca.

 

NICOLE: (enfurecida) Você é doente!

 

MOISES: (sorrindo) Sua boca é gostosinha.

 

NICOLE: Vou destruir você de todas as formas que possa imaginar... E quando tudo estiver derrubado, terá sorte de conseguir algum emprego em qualquer lugar da região.

 

MOISES: Que medo.

 

Nicole solta um leve grito e sai. Moises ri e volta a sentar-se.

 

 

Nicole caminha pela pista, ainda com a mesma expressão de fúria.

 

::. “Sing Song Sung” - La Rocca (cont.)

 

GUSTAVO: (em off) O beijo foi bom?

 

Nicole para imediatamente e se vira para o lado. Close em Gustavo com a garota que olhava para ele no começo.

 

NICOLE: Você viu aquilo?

 

GUSTAVO: Que fúria, hein? Eu não queria ter o rosto do Moises.  

 

NICOLE: Que bom que você viu, porque vai me ajudar a contar ao George o que aquele filho de uma cadela fez.

 

GUSTAVO: Acho que não.

 

Ele se vira e volta a dançar. Nicole fica parada, indignada. Ela se aproxima e o puxa.

 

NICOLE: (nervosa) Por acaso ouviu o que eu acabei de dizer?

 

GUSTAVO: Sim, você precisa de mim como testemunha para colocar o filho de uma cadela no olho da rua.... Mas há poucos minutos você deu graças a Deus por eu ter saído de perto, e agora, mais uma vez, quando é a parte que te interessa, eu volto a ter alguma serventia... (balança a cabeça) Vá pro inferno, Nicole.

 

NICOLE: Você prestou mesmo atenção no que acabou de acontecer? Aquele idiota me agarrou à força... Não quero te usar para o meu benefício, mas sim para fazer justiça.

 

GUSTAVO: Não quero saber... Tô cansado disso. O tempo todo é a mesma coisa. Eu te apoio, você me enrola, me usa, e quando faço um simples convite para dar um passeio, recebo um sonoro “não” com uma bela cara de desprezo. Nas últimas semanas, tem sido um sacrifício conseguir 2 minutos da sua atenção, mas para conversar com um maníaco, mesmo que seja para provocá-lo, você consegue.

 

NICOLE: (se acalmando) Gustavo... Não é hora de surtar por besteira.. Eu sempre deixei bem claro a minha posição. Você que faz questão de não aceitar.

 

GUSTAVO: Tem razão... Por algum tempo eu pensei que você só se fazia de forte pelo fato de já ter sido magoada antes, mas se eu insistisse um pouco, talvez você acabaria se rendendo... Mas percebo que fui mesmo bobo e a culpa é toda minha, admito... Você não gosta de mim e nem vai gostar... Então, vou realizar o seu maior desejo que é me ver pelas costas... A partir de hoje, vou ficar o máximo que puder longe da sua pessoa... (se movimenta para a frente) Adeus, Nicole.

 

Ele sai, passando por ela. Nicole o acompanha com o olhar, boquiaberta.

 

 

Corta para a mesa onde Gabriel e Priscila estão. Eles conversam e riem. Nicole aparece e senta de frente para eles, pensativa. Priscila percebe.

 

PRISCILA: O que houve?

 

NICOLE: Acho que o Gustavo não vai mais olhar na minha cara.

 

PRISCILA: Finalmente ele caiu em si? Já era hora.

 

Nicole lança um olhar sério para ela. Priscila sorri com o canto da boca.

 

PRISCILA: Desculpa, Nick, mas o Gustavo já estava virando motivo de chacotas com a obsessão que ele estava por você.

 

NICOLE: E a culpa é minha?

 

GABRIEL: É se você continuar afastando todos os caras que aparecem na sua vida, relacionando com o que o primeiro idiota fez. As pessoas são diferentes, Nick... Não é porque um te machucou, que todos farão o mesmo.

 

Nicole cruza os braços e olha para o lado, incomodada. Gabriel coloca a mão no braço dela.

 

GABRIEL: Já reparou que mesmo depois de tanto desprezo, o Gustavo continuou perto de você? Para de testá-lo e se entrega ao que sente de verdade. 

 

NICOLE: E quem foi que disse que eu gosto dele dessa forma?

 

GABRIEL: (sorrindo) Por experiência própria e por te conhecer melhor do que você mesma, eu sei que gosta.  

 

Nicole abaixa o olhar e fica pensativa. Priscila lança um olhar de admiração para Gabriel, que corresponde com um sorriso.

 

NICOLE: (entristecida) Bom, de qualquer forma a noite acabou para mim... Vejo vocês amanhã.

 

Ela levanta e sai. Priscila e Gabriel continuam se olhando. A imagem abre para uma vista ampla do bar. A tela escurece.

 

 

Apartamento de Larissa. A câmera se movimenta mostrando o lugar ainda cheio. Corta para Helen que está num canto, falando ao celular. Ela tampa um dos ouvidos por causa do barulho.

 

::. “Never Going Back To Ok” - The Afters

 

HELEN: Okay... Diz para ele ficar tranquilo... (balança a cabeça) Pode deixar, eu vou tentar falar com a coisinha... Beijos.

 

Ela guarda o celular e olha em volta. Depois, se movimenta para a frente até parar em Chris, que está encostado na parede.

 

HELEN: Sabe quem acabou de me ligar?

 

CHRIS: Tenho cara de quem está interessado?

 

HELEN: Minha mãe... Ela disse que seu pai está meio desesperado porque não tem ideia de onde o filho dele se meteu, já que faz 3 dias que o delinquente não aparece em casa.

 

CHRIS: Que exagero... Mas quando te ligarem de novo, avisa que eu volto pra casa assim que sua querida mãe resolver dormir na cama dela, já que parece que não existe outro lugar para ela estar.  

 

HELEN: Você não merece o sacrifício e atenção que seu pai te dá, sabia disso? Muitas pessoas dariam um braço para receber metade do que você recebe.

 

CHRIS: (sorrindo) Me passa o endereço do indivíduo que eu proponho uma troca.

 

HELEN: Não precisa... Você está na casa em que ela está hospedada.

 

Helen sai, deixando Chris com uma expressão confusa.

 

 

A câmera gira, mostrando Amanda no meio da sala, dançado com algumas pessoas. Gira novamente, mostrando Cláudio parado, de braços cruzados. Helen se aproxima dele e o abraça. Cláudio sorri e beija o rosto dela.

 

Corta para a porta abrindo e as pernas de uma pessoa, que caminha devagar e para em determinado ponto. Corta para Amanda que continua dançando, feliz. Quando ela se vira, para de dançar imediatamente e arregala os olhos. A câmera se movimenta, mostrando Benjamin parado, olhando-a com seriedade. Amanda se aproxima, devagar.

 

AMANDA: O que está fazendo aqui?

 

BENJAMIN: Então foi pra isso que você fez aquele escândalo e saiu de casa? Pra se envolver em festinhas com um bando de delinquentes juvenis?

 

AMANDA: Aham... E daqui a pouco nós vamos para o quarto promover uma grande orgia.

 

As pessoas que dançavam por perto se afastam ao observar a presença de Benjamin e o clima pesado entre ele e Amanda. Cláudio e Helen também parecem atentos, assim como Chris, um pouco mais afastado dali.

 

AMANDA: O que foi? A Nathalia te intimou a me trazer de volta? Diz para aquelezinha que eu não preciso de sua caridade, nem de ninguém.

 

BENJAMIN: Um pouco contraditório, levando em consideração que você está dependendo da caridade da sua amiga para morar aqui.

 

AMANDA: (dando os ombros) Fazer o quê? Se eu me sinto mais valorizada aqui do que na minha própria casa? 

 

BENJAMIN: Huh, deu para perceber pelo jeito que estava se esfregando, o quanto é valorizada.

 

AMANDA: (nervosa) Foi pra isso que você veio? Me insultar? Já fez o seu trabalho, agora pode sair daqui.

 

BENJAMIN: Eu disse para a sua mãe que te levaria para a casa e você vai comigo... Vá pegar suas coisas.  

 

AMANDA: Eu não volto para aquele lugar nem que você tente me levar amarrada.

 

BENJAMIN: Sua criança mimada. Se eu falasse com os meus pais metade do que você está falando, eu levaria um tapa na boca.

 

AMANDA: Deve ser por isso que você é tão amargo e frio então.

 

BENJAMIN: Eu sou do jeito que eu sou porque tive uma ótima educação.

 

AMANDA: E foi a educação que te fez rejeitar a própria filha?

 

BENJAMIN: Não está me vendo aqui? De que mais provas você precisa pra te convencer que eu me importo contigo?  

 

AMANDA: Você não está aqui porque me ama, está porque foi obrigado a estar... Estou cansada de me sentir abandonada.

 

Benjamin respira fundo, sem responder. Os olhos de Amanda se enchem de lágrimas e seus lábios começam a tremer. Helen se aproxima e coloca as duas mãos nos braços de Amanda

 

HELEN: Vem... Vou te levar para o quarto.

 

Amanda abaixa a cabeça e se vira, juntamente com Helen. Benjamin continua parado.

 

BENJAMIN: Espero que arrume um bom emprego, ou uma bolsa de estudos, porque eu não vou mais pagar o seu colégio.  

 

Elas param. Helen balança a cabeça, indignada.

 

HELEN: Meu Deus... Cala essa boca.

 

BENJAMIN: O que você disse, mocinha?

 

HELEN: (virando-se) Que tipo de pai é você, que ao invés de tentar consertar as coisas com a filha, faz questão de piorar ainda mais? Vocês adultos pensam que só porque são mais vividos, são os donos da razão. Você não entende que o que Amanda quer é um pai presente, que converse com ela coisas que não sejam apenas para repreensão? ... O que ela quer e merece, é um pai saiba dar amor, atenção, carinho... Tudo que você com toda essa pose aí, parece incapaz de fazer... Você, senhor, não merece a filha maravilhosa que tem.

 

Todos em volta, especialmente Cláudio, Chris e Amanda, olham para Helen com surpresa. Benjamin balança a cabeça, em repreensão.

 

BENJAMIN: Eu não preciso ficar aqui, escutando uma garotinha que recém saiu das fraldas, tentar me dar lição de moral... (para Amanda) Quando você quiser, apesar de tudo, voltar para a casa, as portas estarão abertas... (breve silêncio) Sua irmã ficaria muito feliz com isso.

 

Ele se vira e sai. Amanda começa a chorar. Helen a abraça, com pesar.

 

AMANDA: (abraçada a Helen, chorando) Obrigada.

 

HELEN: Você merece coisa melhor, minha linda.

 

Elas se dirigem ao quarto. Chris as encara, com uma aparência reflexiva. Um homem aparece no apartamento, parando perto de Felipe.

 

FELIPE: Veio atrás de quem dessa vez?

 

HOMEM: Da dona do apartamento... Os vizinhos estão reclamando, e essa bagunça precisa acabar agora.

 

FELIPE: (para os jovens) Bom, pessoal, a reunião acabou... Por favor, queiram se retirar de forma civilizada.

 

Os jovens se movimentam até a porta. Felipe sorri para o homem, quem mantém uma aparência séria.

 

 

Vista panorâmica da cidade. A imagem transparece algumas vezes, mostrando partes da cidade, até parar na frente da casa de Amanda. A câmera se aproxima, cortando para dentro de um quarto. Close em Nathalia deitada na cama, olhando para o teto. Após alguns segundos, ela levanta e vai até a porta. No corredor, ela caminha até parar em outra porta, onde podemos ouvir Benjamin e Vanessa conversando. Corta para eles sentados na cama.

 

::. “Matinee” - Hurts to Purr

 

BENJAMIN: Eu juro que estava com as melhores intenções... Mas o que ela fez a respeito? Me enfrentou na frente daquele bando de moleques... Garota insolente.

 

Vanessa não responde, mas se mostra visivelmente incomodada. Benjamin balança negativamente a cabeça.

 

BENJAMIN: Não sei por que eu me preocupo, se nem meu sangue ela tem.

 

Vanessa imediatamente lança um olhar sério e repreensivo para ele. Benjamin a olha com arrependimento.

 

VANESSA: Você me prometeu nunca tocar nesse assunto.

 

BENJAMIN: (fechando os olhos e respirando fundo) Eu sei... Me perdoa, foi a primeira e última vez.

 

Ele levanta e caminha até o banheiro. Vanessa abaixa o olhar, triste. A câmera se movimenta devagar, passando pela porta que está entreaberta. Nathalia, encostada na parede, se mostra em transe, com os olhos bem abertos.

 

 

Apartamento de Larissa. Do lado de fora, Helen fecha a porta do quarto e se movimenta. Chris está parado perto dela. Eles se encaram.

 

::. “Matinee” - Hurts to Purr (cont.)

 

CHRIS: Como ela está?

 

HELEN: Ela vai ficar bem.

 

CHRIS: (após alguns segundos) Foi legal o que fez por ela.

 

HELEN: Como eu disse... Algumas pessoas dariam um braço para ter metade da atenção dos pais, que outras recebem.

 

Eles se encaram por breves segundos. Helen se movimenta para a frente, saindo. Chris permanece parado, pensativo. Depois, ele abre a porta do quarto e a tela escurece.

 

 

Abre mostrando Gabriel e Priscila caminhando pela rua, até que param na frente da casa de Priscila.  

 

::. “We Belong Together” - Gavin DeGraw

 

GABRIEL: Bom, entregue e segura.

 

PRISCILA: Obrigada, Gabi... Me diverti bastante esta noite... Honestamente.

 

GABRIEL: (sorrindo) Depois da dança do robô eu me sentiria muito mal se dissesse que não se divertiu.

 

PRISCILA: Quanto a isso, pode repetir mais vezes que eu não me incomodarei.

 

Eles sorriem um para o outro e se olham com profundidade. Priscila se aproxima devagar e beija os lábios de Gabriel, que surpreso, permanece de olhos abertos, mas fecha em seguida. Pouco tempo depois, eles afastam seus rostos.

 

CLÁUDIO: (em off) Quando o coração é colocado à prova, surgem encruzilhadas que desafiam a lógica e a emoção. Diante do quebrantamento, às vezes, o destino nos estende a mão, oferecendo novas possibilidades de recomeço e cura.


GABRIEL: O que foi isso?

 

PRISICILA: Você havia dito que eu nunca havia provado o gosto de seus lábios... Bom, fiquei curiosa.

 

GABRIEL: E tem alguma avaliação?

 

PRISCILA: Tenho... Mas me dá um tempo para refletir o que está acontecendo comigo, okay? Eu prometo não te enrolar e nem te usar.

 

GABRIEL: Leve o tempo que precisar... E dessa vez, prometo não fugir para outro país.

 

PRISCILA: Nos vemos amanhã?

 

GABRIEL: Aguardo com ansiedade.

 

Priscila sorri e se vira, caminhando na direção da varanda de sua casa. Gabriel fica observando-a até que ela entra. Depois, ele fecha os olhos e sorri, levantando o punho, como se estivesse comemorando.

 

 

Centro da cidade. Gil está andando pela avenida até parar no começo da praça. Ele dá uma olhada geral no lugar e força a vista ao ver algo. A cena muda para Nathalia sentada no banco da praça, com os olhos cheios de lágrimas. Gil se aproxima, preocupado.

 

::. “We Belong Together” - Gavin DeGraw (cont.)

 

GIL: Nathalia... Você está bem?

 

Nathalia não responde. Gil senta ao lado dela, que balança a cabeça.

 

NATHALIA: Estou numa encruzilhada... Acabei de descobrir uma coisa que, se eu não contar para essa pessoa, novamente estarei escondendo algo dela... Mas se eu contar, provavelmente isso vai destruí-la de vez... (com voz de choro) Eu não sei o que fazer... Estou perdida.

 

CLÁUDIO: (em off) A incerteza do silêncio versus o risco da confissão... Em meio a segredos enterrados e palavras não ditas, o coração se debate, buscando encontrar o caminho mais verdadeiro. O dilema entre revelar ou proteger, como um fio tênue, ecoa nas entrelinhas das nossas escolhas.


Gil apenas a olha com pesar, sem saber o que dizer. Ele coloca o braço em volta dela, abraçando-a. Nathalia encosta a cabeça na dele, abatida. Gil fecha os olhos, sentido.

 

 

A imagem transparece para Cláudio caminhando por uma calçada. Ele olha para a frente e desacelera o passo, até parar. A câmera abre, mostrando Larissa na frente dele.

 

::. “We Belong Together” - Gavin DeGraw (cont.)

 

CLÁUDIO: Estranhei a sua não presença na própria festa.

 

LARISSA: Saí pra tomar um pouco de ar... E você? A festa acabou ou saiu por causa do tédio?

 

CLÁUDIO: O pai da Amanda apareceu e deu um show... Então o síndico também apareceu e quase deu um show por causa das reclamações dos vizinhos.

 

LARISSA: Perfeito... Reclamação do síndico era tudo que eu precisava para restaurar a confiança dos meus pais.

 

Cláudio a encara com surpresa e sorri. Larissa franza as sobrancelhas, sem entender.

 

LARISSA: O que foi?

 

CLÁUDIO: Nada demais... É que você disse “pais”.

 

LARISSA: (sorrindo) Se participasse um pouco da minha vida, saberia que o meu relacionamento com o Jonatas é de pai e filha agora.

 

CLÁUDIO: Que bom ouvir isso... Sua mãe já havia me dado a dica naquela vez que estive lá.

 

LARISSA: (parando de sorrir) Mas você disse que o pai da Amanda apareceu... Como ela está?

 

CLÁUDIO: Bastante abalada... E precisando da melhor amiga.

 

LARISSA: É melhor eu voltar então... (pensativa) Mas antes, posso te fazer uma pergunta?

 

CLÁUDIO: Vá em frente... Mas eu preciso ir para o ponto.

 

LARISSA: Eu te acompanho...

 

Eles começam a caminhar.

 

LARISSA: Vamos naquela história do amigo do meu amigo, tudo bem?

 

CLÁUDIO: (rindo) Certo... O que sua amiga aprontou?

 

LARISSA: Vamos dizer que a minha amiga está se relacionando com alguém... Mas talvez esse relacionamento desperte um clima ruim com a melhor amiga dela, pois esse rapaz e ela já tiveram uma história... O que você faria?

 

CLÁUDIO: Bom, a resposta parece simples... O que vale mais para a sua amiga? Investir num relacionamento com alguém que recém conheceu, ou evitar qualquer desavença com a melhor amiga que ela demorou para reconstruir laços quebrados? Ela já deveria saber que paixões, aventuras, são passageiras... Amigos são para sempre.

 

LARISSA: Você tem toda a razão... Ela não pode colocar tudo a perder de novo, especialmente agora. 

 

CLÁUDIO: (sorrindo) Exatamente... Mas acredito que ela esteja mais madura agora e saberá fazer a coisa certa.

 

Eles param no ponto de ônibus. Larissa o encara com admiração.

 

LARISSA: Obrigada... Tinha me esquecido como é bom conversar com você.

 

CLÁUDIO: (sorrindo) Disponha... Só não vai começar a me amar de novo, okay?

 

LARISSA: (rindo) Seu bobo... Eu sempre vou te amar, não importa quantas paixões avassaladoras eu tenha. Você sempre será o garoto que mudou minha vida, mesmo que eu não tenha conseguido demonstrar enquanto tive chances. Nada vai alterar a admiração que sinto por você.

 

Cláudio sorri, envergonhado. Larissa balança a cabeça.

 

LARISSA: Mas não precisa ficar constrangido ou com medo, porque eu não vou te atacar... Eu sei o que a Helen representa hoje para você, e sei que vocês se amam. Eu desejo do fundo do meu coração, que sejam felizes.

 

CLÁUDIO: Obrigado... Isso vale muito vindo de você.

 

O ônibus para. Cláudio olha para o veículo e depois para Larissa.


CLÁUDIO: (em off) Algumas verdades parecem ansiosas para se libertar, enquanto outras se apegam ao conforto do segredo. E no dilema persistente, a vida tece suas teias, entrelaçando o desconhecido com o conhecido, e nos deixando na encruzilhada do que poderia ser e do que é.

 

CLÁUDIO: Preciso ir... Se cuida e juízo nessa cabecinha... Embora não pareça, tenho grande estima por você e quero muito que seja feliz também.

 

LARISSA: (sorrindo) Eu sei. Obrigada de novo.

Eles se despedem com um abraço. Depois, Cláudio entra no ônibus. Larissa segue com olhar o veículo saindo. Segundos depois, ela começa a andar pela avenida. A câmera muda para uma vista aérea do centro, e após alguns instantes, a tela escurece e a música cessa. 

 

 

Abre dentro de um quarto. A porta abre e Moises aparece. Ele caminha devagar até a cama e senta, respirando fundo. Depois, se abaixa e pega uma caixa debaixo da cama. Ele abre a caixa e tira de dentro um revólver calibre 38.

 

MOISES: É minha amiguinha... Acho que não dá mais para adiar... Está na hora de você entrar em ação.

 

Um som instrumental sombrio toma a cena. Moises segura o revólver com as duas mãos e aponta para a parede, simulando um tiro. Ele sorri e a tela escurece.

 

 

 

 

 

 

 

 

 CREDITOS FINAIS:

 

CRIADO E ESCRITO POR:

 

Thiago Monteiro

 

PARTICIPAÇÕES ESPECIAIS

 

John Slattery como Benjamin

Devon Werkheiser como Chris

John Patrick Amedori como Moises

Patricia Heaton como Vanessa

 

 MÚSICA TEMA

 

“Meant To Live” - Switchfoot

 

TRILHA SONORA

 

  “How Do You Dream” - Ball

 “Angeline” - Building 429 

 “Shameless” - The Fratellis 

 “Sing Song Sung” - La Rocca 

 “Never Going Back to OK” - The Afters 

 “Matinee” - Hurts to Purr 

 “We Belong Together” - Gavin DeGraw

 

 Copyright © 2008

 

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