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Vista aérea da fachada da casa de Nicole. É dia. A câmera se desloca com suavidade, aproximando-se gradualmente até adentrar o interior do quarto. Nicole está sentada na cama, mergulhada na leitura do caderno que descobriu no quarto de Gabriel no episódio anterior.

 

::. “Caught By The River” – Doves

 

GABRIEL: (em off) Desde o dia em que cruzamos caminhos pela primeira vez, uma conexão além da simples amizade se estabeleceu. Um amor puro e inquebrantável, que nasceu nos corações de duas almas que, de alguma forma, sempre souberam que estavam destinadas a compartilhar a vida.

 

A câmera avança com lentidão em direção à cama, captando o brilho nos olhos de Nicole.

 

GABRIEL: (em off) A trajetória para ganhar a sua confiança foi uma jornada desafiadora, mas cada momento valeu a pena, porque, no final, ganhei algo que é mais precioso do que palavras podem expressar: uma irmã de alma.

 

Os lábios de Nicole começam a tremer e ela se segura para conter as lágrimas.

 

GABRIEL: (em off) Por trás de sua armadura, existe uma mulher incrivelmente resiliente, e é uma bênção ser aquele que a vê por quem ela realmente é.

 

Nicole interrompe a leitura por alguns segundos. Fecha os olhos, permitindo que lágrimas rolem. Depois de alguns instantes, ela enxuga as lágrimas e volta a se concentrar na leitura.

 

GABRIEL: (em off) A vida nos uniu como irmãos, um laço que não se forma por laços de sangue, mas por laços de amor e compreensão profundos. Nicole, sua jornada é a inspiração que me guia, e mesmo quando os ventos da mudança nos levam para diferentes horizontes, a certeza de que sou seu amigo, confidente e irmão de alma é uma âncora que nunca deixarei escapar.

 

A trilha sonora cresce, preenchendo a cena, enquanto a câmera recua devagar, revelando o quarto de Priscila. Ela está deitada na cama, envolta por um edredom. Felipe surge portando uma bandeja de comida. Seus olhos varrem Priscila e, em seguida, a mesa onde repousa outra bandeja de comida intacta. Ele respira fundo e acomoda-se em uma cadeira, exibindo uma expressão que denota certeza em suas ações.

 

 

Apartamento de Larissa. Ela está sentada no sofá, concentrada na televisão. O toque de um celular quebra o silêncio. Larissa apanha o celular e lê o nome "David" no visor. A câmera aproxima-se, enfocando o nome. Um flash momentâneo atravessa a tela, e quando desaparece, Larissa e David estão se beijando na sala do mesmo apartamento. Após alguns segundos, Larissa interrompe o beijo e dá alguns passos para trás.

 

::. “Caught By The River” - Doves (cont.)

 

LARISSA: Não, eu não vou fazer isso com a Amanda. Eu não posso fazer isso com ela.

 

DAVID: Então não faça, espera ela chegar e a gente conta juntos.

 

LARISSA: Não é tão simples, David.

 

DAVID: Simples é, vocês que fazem questão de complicar. Quanto mais tempo levar, mais difícil será para ela aceitar nós dois.

 

LARISSA: (rindo de nervoso) Ela nunca vai aceitar que fiquemos juntos, encare a realidade, David.

 

DAVID: Então é isso, você vai sacrificar sua própria felicidade pela aprovação dela?

 

LARISSA: Você não faria isso por ela? Não mudou de cidade por causa dela? Como pode estar me amando agora e nem um pouco mexido com a possibilidade de tê-la de volta? Eu não consigo entender.

 

DAVID: Você está com dúvidas do que sinto por você? Dizer que te ama não é o suficiente?

 

LARISSA: Acho que você não me ama. Acho que está empolgado apenas por ter a oportunidade de ajudar outra garota vulnerável.

 

DAVID: Pelo amor de Deus. Vocês são malucas, completamente malucas... (respira fundo) Eu vou embora, mas não vou desistir da gente. Ou você conta para Amanda, logo, conto eu. Mesmo que não fiquemos juntos, ela precisa saber. E se você a ama de verdade, sabe que precisa abrir o jogo.

 

David se vira e sai. Larissa o observa enquanto ele sai, passa a mão pela cabeça, claramente incomodada. Um flash retorna à tela, mostrando o celular tocando com o nome de David. Larissa rejeita a ligação e volta a focar na televisão. Um close no rosto dela por alguns segundos. A tela escurece..


 






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Casa de Cláudio. Lucio está sentado no sofá, segurando o telefone. Após alguns segundos, ele desliga o aparelho e olha para frente, perdido em pensamentos. Cláudio entra e percebe a expressão pensativa de seu pai.

 

CLÁUDIO: Tudo bem por aqui?

 

LUCIO: Você tem falado com o Michael? Faz cinco dias que ele não dá notícias e não atende o telefone.

 

CLÁUDIO: Acha que aconteceu alguma coisa?

 

LUCIO: Em se tratando do seu tio, tenho certeza que sim.

 

Lucio se levanta, pega as chaves do carro da mesinha e segue em direção à porta.

 

LUCIO: Vou até o hotel para verificar se ele está lá... Fique de olho caso alguma delegacia entre em contato pedindo para buscá-lo.

 

CLÁUDIO: Espera aí, eu vou com você.

 

LUCIO: Não precisa, estou certo de que você está ocupado... Eu cuido disso.

 

CLÁUDIO: Não, tô de boa... O Roger e a família estão tentando se reconectar com Deus e foram para um retiro espiritual. E a Helen vai almoçar com a mãe e o namorado.

 

LUCIO: E por que não vai almoçar com a sua namorada?

 

CLÁUDIO: Estou tentando me afastar um pouco dos dramas de outras famílias.

 

LUCIO: (sorrindo) Já temos drama o suficiente na nossa, não é mesmo? Vamos nessa.

 

Lucio sai pela porta, e Cláudio o segue, fechando-a atrás de si.

 

 

Corta para David subindo uma escada. Ele para no último degrau como se tivesse notado algo. A câmera se move, revelando Amanda parada na porta.

 

::. “Innocent” - Our Lady Peace

 

AMANDA: (com um tom) Finalmente decidiu aparecer... Está tentando escapar de mim, David?

 

DAVID: (se aproximando) Se eu estivesse tentando fugir de você, simplesmente deixaria a cidade.

 

David abre a porta e convida Amanda com um gesto da mão. Amanda entra, seguida por David. Eles param na sala.

 

AMANDA: Seu novo apartamento é bonito, aconchegante.

 

DAVID: O que você quer, Amanda?

 

AMANDA: (nervosamente rindo) Cheguei a um ponto em que te vejo se esquivando... Fiz algo que te incomodou recentemente?

 

DAVID: Desculpa, minha cabeça está uma confusão.

 

Amanda sorri com um traço de malícia e se aproxima de David, tentando abraçá-lo.

 

AMANDA: Eu poderia te ajudar a clarear essa mente tumultuada.

 

DAVID: (se afastando) Agora não, Amanda.

 

AMANDA: (incomodada) Agora não, ontem não, ou quando você me deixou plantada aqui na porta depois de termos marcado algo... O que está acontecendo, David?

 

DAVID: Já disse, minha mente está uma confusão... Não sei se percebeu, mas minha vida não gira em torno de você.

 

AMANDA: Não estou pedindo para que gire... Se você não quer mais nada comigo, seja claro e direto. Não foi o que fiz com você?

 

DAVID: E olha onde estamos de novo? Eu tento seguir em frente, e você está aqui, tentando bagunçar tudo de novo.

 

AMANDA: Começo a pensar que seu receio não é ser deixado novamente... Por que não compartilha o que está realmente pensando?

 

DAVID: Eu contaria, mas não sou eu quem deveria fazer isso.

 

AMANDA: (confusa) Então quem deveria?

 

DAVID: (após alguns segundos) Deixa pra lá.

 

David se afasta, saindo da cena. Amanda fica na sala, levantando as mãos em um gesto confuso.

 

 

Um restaurante. Helen, Marcia e Julio estão sentados à mesa. Marcia e Helen ocupam assentos lado a lado, enquanto Julio está em uma cadeira em frente a elas. Ele tamborila os dedos na mesa, exibindo impaciência.

 

::. “Innocent” - Our Lady Peace (cont.)

 

JULIO: Eu fui bem específico ao dizer que ele deveria estar aqui antes das onze e meia.

 

MARCIA: Mantenha a calma, ele provavelmente está a caminho.

 

HELEN: (ceticamente) Eu não estou tão certa disso. Acho que já podemos fazer o pedido.

 

MARCIA: Helen!

 

HELEN: O quê? Julio conhece o script melhor do que ninguém. Ele é teimoso, mimado e não quer vocês dois juntos... Estou cansada de esperar, podemos pedir logo?

 

MARCIA: (para Julio) Vamos esperar mais meia hora, tenho certeza de que ele vai aparecer.

 

JULIO: (bufando) Acho que tenho que concordar com a Helen.

 

Helen esboça um sorriso vitorioso. Marcia a encara com reprovação. Helen levanta as sobrancelhas e sorri para Marcia.

 

 

Um quarto de hotel. Cláudio e Lucio estão parados à porta. Lucio bate repetidamente na porta. Após alguns segundos, a porta se abre e Michael aparece do lado de dentro, segurando um pano com gelo em seu olho esquerdo. Lucio olha intrigado e entra imediatamente, seguido por Cláudio.

 

MICHAEL: (sorrindo) Oi, meus queridos... Se eu soubesse que vocês viriam, teria arrumado um pouco o lugar.

 

LUCIO: O que aconteceu com o seu olho, Michael?

 

MICHAEL: Isso? Nada demais. Apenas desavenças com o namorado de uma moça que estava flertando comigo. Eu nem fazia ideia de que ela tinha namorado.

 

Lucio se aproxima e remove o pano do olho de Michael. Ele faz uma careta ao ver o olho roxo. Cláudio faz o mesmo.

 

CLÁUDIO: Parece que você conseguiu irritar bastante o namorado dela, hein?

 

LUCIO: (preocupado) O que aconteceu, Michael? Eu te conheço o suficiente para saber que não está falando a verdade. Por que sumiu por cinco dias?

 

Michael fica em silêncio por alguns instantes, depois balança a cabeça de leve e se senta na cama.

 

MICHAEL: Lembra quando te contei que encontrei meus irmãos biológicos?

 

Lucio assente com a cabeça. Michael coça a cabeça.

 

MICHAEL: E lembra quando disse que ganhei na loteria?

 

LUCIO: Por favor, não me diga que roubou seus irmãos.

 

MICHAEL: Na verdade, foram eles que me roubaram. Eu não os procurei porque queria o afeto deles. Eles sabiam de mim, mas me ignoraram a vida toda. Eu estava atrás da minha parte na herança. E adivinhe só, disseram que eu não tenho direito a nada. Isso é justo?

 

LUCIO: Depende de vários fatores. Você deveria ter me contado, teríamos buscado um advogado... Mas parece que agiu por impulso, como sempre, não é?

 

MICHAEL: Mais ou menos... Na verdade, eu só peguei o anel de família e penhorei.

 

Cláudio começa a rir. Lucio lhe lança um olhar repreensivo, fazendo-o parar de rir. Michael também sorri, mas para quando vê a expressão séria de Lucio.

 

LUCIO: Seus irmãos devem ter descoberto onde está o anel, e isso resultou nesse olho roxo.

 

MICHAEL: Antes fosse apenas um soco. Eles me deram uma semana para devolver o anel ou vão chamar a polícia.

 

CLÁUDIO: E você lembra onde penhorou? Podemos ir lá recuperar.

 

MICHAEL: Seria fácil se eu não tivesse gastado quase todo o dinheiro.

 

LUCIO: Claro que gastou... Eu ofereci que ficasse em casa, até te ofereci um cheque.

 

MICHAEL: Não queria o seu dinheiro, irmão, e nem causar problemas. Minha vinda aqui foi genuína; eu realmente estava com saudades de vocês, minha única família.

 

LUCIO: Isso não parece ter durado muito, considerando que agora vou ter que pagar para recuperar esse anel antes que você seja preso.

 

MICHAEL: Não estou pedindo que pague por mim. Eu vou resolver isso.

 

LUCIO: Quanto tempo você ainda tem?

 

MICHAEL: Vinte e quatro horas.

 

LUCIO: E como vai fazer isso?

 

MICHAEL: Já arrumei as malas.

 

Lucio balança a cabeça em desaprovação e se encaminha para a porta.

 

LUCIO: Vamos logo, vamos até a loja de penhores.

 

Michael esboça um leve sorriso e se levanta. Ele olha para Cláudio, fazendo um gesto negativo com a cabeça para evitar que ele ria.

 

 

Quarto de Priscila. Priscila permanece deitada na cama, com o rosto coberto. Felipe está sentado ao lado dela, observando a bandeja cheia na mesinha. Após alguns instantes, visivelmente incomodado, ele se levanta e puxa o edredom. Priscila o encara com uma expressão repreensiva.

 

::. “Without Letting Go” - Laurie Sargent

 

PRISCILA: Ei!

 

FELIPE: Chega disso. Eu entendo seu luto, entendo sua dor. Mas você vai comer alguma coisa, mesmo que eu precise tampar o seu nariz e enfiar uma colher na sua boca.

 

PRISCILA: Me deixa, Felipe. Eu não pedi para você estar aqui.

 

FELIPE: Não importa, eu vou ficar o tempo que for necessário... E você vai sair um pouco desse quarto. Não é saudável ficar assim.

 

PRISCILA: Eu mereço a punição, Felipe, me deixe sofrer com a minha dor, por favor.

 

FELIPE: Por que você acha que merece ser punida? Você não fez nada.

 

PRISCILA: Exatamente... Por não ter feito nada, ele acabou indo ao restaurante.

 

FELIPE: Você não tem certeza disso. Pare de se culpar quando todos sabem quem é o verdadeiro culpado. Se quer direcionar sua raiva a alguém, foque no Moises, ele puxou o gatilho, ele tirou o Gabriel de nós.

 

PRISCILA: Não mencione o nome dele, não me lembre do que aconteceu.

 

FELIPE: Por que não, se você fica constantemente revivendo isso a ponto de desistir de tudo?

 

Priscila não responde. Ela abraça um travesseiro e começa a chorar. Felipe a observa com compaixão e se senta ao seu lado.

 

FELIPE: (com compaixão) Escute, você o amava profundamente, eu sei que dói e continuará doendo por muito tempo. Mas ele era uma pessoa tão cheia de bondade e positividade, tenho certeza de que gostaria que você continuasse a viver a vida de forma plena e feliz. Se ele puder nos ver agora, ele não quer te ver assim, se desgastando, se culpando... Por favor, pequenina, reaja.

 

Priscila retira o travesseiro do rosto, ainda soluçando. Seus olhos estão marejados de lágrimas.

 

PRISCILA: (emocionada) Eu não sei se consigo.

 

FELIPE: Você consegue, porque você é a pessoa mais corajosa que eu já conheci.

 

Felipe gentilmente enxuga as lágrimas do rosto de Priscila com os dedos, buscando oferecer conforto enquanto mantém seu olhar atento e solidário. Priscila parece receber seu gesto com gratidão, fechando os olhos por um momento e respirando fundo. Ela abre os olhos e olha para Felipe, mostrando um misto de tristeza e reconforto em seu olhar.

 

 

Quarto de Nicole. Nicole está sentada na cama, imersa na leitura do caderno de Gabriel.

 

::. “Without Letting Go” - Laurie Sargent (cont.)

 

GABRIEL: (em off) Ela carrega a força de uma leoa, ocultando suas batalhas mais profundas sob um sorriso que ilumina qualquer ambiente. Seus olhos contam histórias que poucos têm a oportunidade de ouvir, mas tive a honra de conhecê-la em sua essência mais genuína. A cada passo de sua jornada, sinto-me privilegiado por ser parte do seu percurso, compartilhando risos, lágrimas e histórias que são só nossas.

 

Martha aparece e encosta na porta, que está entreaberta. Nicole continua concentrada na leitura, parecendo não se importar com a presença da mãe.

 

MARTHA: Oi, meu amor... O que está lendo?

 

NICOLE: Nada... E eu gostaria de ficar sozinha, por favor.

 

MARTHA: Sinto que preciso fazer algo para ajudar você e o George, mas não sei o quê... George está tão sombrio, temo que ele faça algo de que se arrependa.

 

NICOLE: Seria apenas mais um arrependimento dentre tantos que ele já teve.

 

MARTHA: Não fale assim, Nicole.

 

NICOLE: (olhando para ela) Só espero que ele tome alguma atitude. Espero que ainda tenha influência na polícia e possa orquestrar a morte daquele desgraçado. Ou que ele mesmo o faça.

 

Martha a olha com uma expressão mista de surpresa e preocupação, suas sobrancelhas franzindo ligeiramente enquanto ela processa as palavras de Nicole. As palavras parecem pairar no ar por um momento, carregadas de um sentimento pesado.

 

MARTHA: Eu sei que é um momento difícil para todos nós, e é natural sentir dor e raiva. Mas não gostaria de vê-los se perdendo na escuridão. Vingança jamais vai preencher o vazio que estão sentindo.

 

Martha a olha por alguns segundos e depois sai do quarto. Nicole fecha o caderno e parece refletir por alguns instantes. A tela escurece.

 

 

Abre com Cláudio, Lucio e Michael em uma loja de penhores. Um senhor [Peter Jurasik]está atrás do balcão.

 

MICHAEL: Por que você vendeu? Eu disse que voltaria para pegá-lo.

 

SENHOR: Se eu atendesse a cada um que diz que viria buscar o objeto penhorado, eu ficaria falido, meu querido.

 

MICHAEL: Você é inacreditável, Emanuel, inacreditável. Pensei que tínhamos uma conexão, mas para você foi apenas uma venda, não foi?

 

EMANUEL: Te vi uma vez na vida, rapaz, nem lembro do seu nome.

 

MICHAEL: Palavras machucam, sabia?

 

LUCIO: E você pelo menos pode dizer para quem vendeu?

 

EMANUEL: Não sei, não é ético, entende?

 

LUCIO: (colocando dinheiro no balcão) Isso ajuda?

 

EMANUEL: Ah, são muitos clientes, entende?

 

MICHAEL: A decepção só cresce, Emanuel, só cresce.

 

Lucio, contrariado, coloca mais dinheiro em cima do balcão. Emanuel pega, com um sorriso. A cena transita para eles parados em frente a uma boate.

 

CLÁUDIO: Então o anel da sua família acabou na boate do tal senhor Briggs? (rindo) Isso será hilário.

 

MICHAEL: (para Lucio) Meu sobrinho parece estar se divertindo com a ideia de eu ser preso. Seu filho é meio psicopata.

 

CLÁUDIO: Relaxa, eu não quero que você seja preso. Vamos conversar com o dono do lugar e ver por quanto ele vende o anel. Tenho certeza de que, com um pouco de conversa, ele o venderá pelo mesmo preço que o comprou.

 

A cena muda instantaneamente para eles dentro de uma sala, sentados em cadeiras, de frente para o senhor Briggs.

 

MICHAEL: 500 mil? Você enlouqueceu? Penhorei esse anel por 10 mil.

 

SR. BRIGGS: Meu jovem, você é o mais ingênuo que já conheci. Deveria ter pesquisado o valor do objeto antes de aceitar a primeira oferta de penhora.

 

LUCIO: É claro que ele não pesquisou, ele é assim, burro, impulsivo.

 

MICHAEL: (para Cláudio) Me ajuda aqui.

 

CLÁUDIO: Nem o Lucas seria tão inocente.

 

MICHAEL: (levanta) Bom, prometem me visitar na prisão?

 

CLÁUDIO: (para o Sr. Briggs) Há algo que possamos fazer para que você pelo menos abaixe o preço do anel? Nossa avó ficará desolada, o anel foi um presente da mãe dela.

 

SR. BRIGGS: (inconformado, olhando para Michael) Você roubou sua avó? Vou aumentar o preço.

 

MICHAEL: (sentando novamente e olhando para Cláudio) Você odeia seu tio, não odeia?

 

SR. BRIGGS: Tudo bem, talvez eu possa ajudá-los de alguma forma... Mas só pela sua avó.

 

MICHAEL: Farei qualquer coisa... Exceto matar alguém.

 

SR. BRIGGS: Vocês sabem que minha propriedade é uma boate exótica, certo?

 

CLÁUDIO: Uma casa de strip-tease.

 

SR. BRIGGS: Prefiro chamá-la de local de entretenimento e prazer. Gosto de ver as pessoas felizes e, há alguns meses, estamos sem novidades em relação aos dançarinos. Vocês são homens robustos, atraentes, talvez musculosos? Mas não importa, o natural também agrada, até mesmo a barriguinha de cerveja.

 

LUCIO: Espera aí. Não vou vender meu corpo em sua boate.

 

MICHAEL: (levantando) Eu aceito! Devo começar agora?

 

LUCIO: (puxando Michael) Senta aqui. Você também não venderá seu corpo. (aponta para Cláudio) E ele é menor de idade.

 

SR. BRIGGS: O garoto pode ficar na plateia... E tranquilizem-se, senhores. Ninguém precisará vender o corpo. Minha sugestão é que vocês dancem uma música no palco, despiam-se até a cueca e, dependendo do dinheiro arrecadado com as gorjetas que as pessoas jogarem, talvez venda o anel pelo mesmo preço que o "ladrão de avós" penhorou.

 

LUCIO: Repito que não.

 

MICHAEL: Vamos lá, é apenas uma dança. Nós tiramos parte da roupa, rebolamos um pouco e ajudamos o Sr. Briggs a enriquecer e ficar feliz.

 

LUCIO: E você acha que alguém jogaria dinheiro para nós? Ele nem garante que venderá o anel depois.

 

MICHAEL: Não subestime nosso poder de sedução. Eu sei que na faculdade havia uma fila de mulheres esperando para entrar no seu dormitório.

 

SR. BRIGGS: Mas aqui, nosso público também é masculino, ok? (pensativo) Na verdade, majoritariamente masculina.

 

MICHAEL: Ótimo, os caras também me desejam. Já recebi propostas. (para o Sr. Briggs) Eu topo.

 

SR. BRIGGS: Ou vão os dois, ou ninguém vai. Se quiserem o anel de volta, juntem 600 mil para mim.

 

CLÁUDIO: Não eram 500?

 

SR. BRIGGS: O quê? 700? Isso mesmo.

 

CLÁUDIO: (para Lucio) Pai, é só uma dança.

 

LUCIO: E quem vai encarar sua mãe depois? Você acha que ela achará divertido como esse tapado aqui (olha para Michael) está achando? Não vou passar noites no sofá, nem por causa do Michael.

 

Lucio balança a cabeça em reprovação. O Sr. Briggs ergue as sobrancelhas, expressando desculpas.

 

 

Apartamento de Larissa. Larissa está sentada na cama, enquanto Amanda, caminha de um lado para o outro, nervosa.

 

AMANDA: Ele deve pensar que eu devo ficar correndo atrás dele feito uma cachorrinha faminta por atenção, Larissa! Sério, eu já estou cansada dessa situação toda!

 

LARISSA: Que ótimo, então para de correr atrás dele e segue sua vida.

 

AMANDA: (parando) Ele age como se eu fosse uma mosca insuportável que ele quer espantar!

 

LARISSA: Não exagera.

 

AMANDA: Às vezes, eu só queria que tudo fosse mais simples, sabe? Que as coisas fossem como eram antes de toda essa bagunça.

 

LARISSA: Eu entendo o que você quer dizer. Mas a vida nem sempre segue o caminho que planejamos, e precisamos lidar com as consequências das nossas escolhas.

 

AMANDA: (sarcástica) Ai que fofo, leu isso num livro de autoajuda?

 

Amanda senta na cama e respira fundo, frustrada. Larissa apenas a olha, compadecida.

 

AMANDA: Eu tentei me redimir pelo que aconteceu com o Roger, tentei reconstruir o relacionamento com o David, mas parece que nada está dando certo. Eu só queria que as coisas voltassem ao normal, que eu pudesse olhar para o David e não sentir todo esse turbilhão de emoções.

 

Amanda abaixa a cabeça, com expressão triste. Larissa fica pensativa por alguns segundos.

 

LARISSA: (hesitante) Amanda... Preciso te contar algo.

 

AMANDA: Vai me dizer que vocês dois têm se encontrado às escondidas?

 

Larissa abre os olhos bem abertos, mostrando surpresa e preocupação. Amanda vira o rosto para ela e sorri.

 

AMANDA: (sorrindo) Estou brincando.

 

Larissa não responde, apenas olha para Amanda, relutante.

 

AMANDA: (parando de sorrir) Estou mesmo brincando, certo?

 

LARISSA: Amanda, isso aconteceu antes de voltarmos a ser amigas... Uma noite, eu estava sozinha na praça, triste, e ele apareceu, todo cavalheiro...

 

AMANDA: (interrompendo) Quando eu os apresentei na festa, vocês já se conheciam e mentiram na minha cara?

 

LARISSA: Eu não sabia como te contar... E quando me envolvi com ele, você estava ocupada tentando reatar com o Roger. Eu achei que a história de vocês tinha acabado. Assim como a minha com você, já que quase não nos falávamos, e eu estava considerando sair da cidade.

 

AMANDA: E agora? Por que continuaram se encontrando e por que você não me contou a verdade?

 

LARISSA: Tenho evitado o David desde então, tenho resistido às investidas dele, mas...

 

AMANDA: (interrompendo) Você está apaixonada por ele?

 

LARISSA: Não sei, mas não quero e não vou ficar no meio de vocês dois. Você é mais importante para mim.

 

AMANDA: Se eu fosse realmente importante para você, você nunca o teria beijado. Afinal, mesmo que estivéssemos afastadas, você sabia de tudo o que envolveu o meu relacionamento com o David.

 

LARISSA: Amanda...

 

AMANDA: (interrompendo/levantando da cama) Não! Estou cansada de ser enganada... Cansada de ser passada para trás. E, pelo visto, nem na minha melhor amiga posso confiar mais... Aproveitem um ao outro.

 

Amanda sai do quarto. Larissa coloca a mão no rosto, mostrando culpa. Após alguns segundos, ela se levanta da cama e sai do quarto, sugerindo que foi atrás de Amanda.

 

 

Restaurante onde Helen, Marcia e Julio estão. Na cena, eles desfrutam de doces, indicando que estão na sobremesa. Chris aparece e se senta na cadeira ao lado de Julio. Ele olha para Julio com um sorriso provocador.

 

HELEN: (sarcástica) Olha só quem decidiu se juntar a nós, o mestre da pontualidade e obediência.

 

CHRIS: (irônico) Peço desculpas pelo atraso... (olha para Helen e sorri) Mentira, não peço mesmo.

 

JULIO: (sério) Eu pedi explicitamente para você chegar...

 

CHIRS: (interrompendo) Antes das onze e meia, eu sei. Mas eu não sou exatamente conhecido por seguir regras, não é?

 

HELEN: (sarcástica) Nem por ter educação, aliás.

 

MARCIA: Helen!

 

JULIO: (para Chris) Você não segue regras, nem relógios, nem qualquer coisa que demande responsabilidade. (olha para Helen) Mas eu fiz questão de ensinar a ele boas maneiras.

 

HELEN: Já pensou em mandá-lo para um colégio militar?

 

CHRIS: (rindo) Você é hilária, sabia? Já considerou uma carreira de stand-up?

 

MARCIA: Já chega, vocês dois.

 

CHIRS: (para Marcia) Não me diga o que fazer.

 

HELEN: Não fale assim com a minha mãe.

 

JULIO: (para Chris) Não fale assim com a Marcia.

 

CHRIS: E por que não? Até onde eu sei, ela não é nada minha... E olha para a filha dela, tem certeza de que quer conviver com isso?

 

HELEN: (rindo) Agradeça ao seu pai pela paciência, já que sua mãe não teve a mesma.

 

CHRIS: Quer discutir abandono de filhos? Sério? Com o maior exemplo sentado à mesa?

 

Marcia olha indignada para Chris, enquanto Helen lança a ele um olhar furioso.

 

JULIO: Pode ir embora, Chris. Em casa a gente conversa.

 

CHRIS: (revirando os olhos) Um mês sem mesada, um mês sem videogame, um mês sem sair... Uau, já que vou ser punido, vou lhe dar um motivo convincente. (olha para Marcia) Eu não gosto de você, não te quero nas nossas vidas e nunca vou querer. O que quer que ele diga, ele sempre vai amar a minha mãe e ela vai voltar um dia. Então, poupe-nos do drama futuro e vá logo embora. E leve esse estorvo junto.

 

JULIO: (nervoso e firme) Saia!

 

Chris se levanta e sai. Helen balança a cabeça, desaprovando.

 

HELEN: A juventude de hoje pensa que pode mandar nos pais. Ai, ai, ai.

 

MARCIA: Você não está ajudando, Helen.

 

HELEN: Desculpa, o clima ficou pesado e eu já terminei minha sobremesa. Posso ir para casa também?

 

Marcia concorda com a cabeça. Helen olha para Julio e oferece um sorriso solidário. Julio retribui. Helen sai de cena. Julio e Marcia permanecem olhando um para o outro.

 

 

Lado externo da boate. É noite. A câmera se aproxima da entrada, cortando para dentro, passando por uma cortina. Michael e Lucio estão parados de frente para a cortina.

 

LUCIO: Não acredito que fui convencido a estar aqui. Se a gente não recuperar esse anel, eu mesmo vou fazer questão de te entregar para seus irmãos.

 

MICHAEL: Relaxa que eu mesmo me jogo numa cela de prisão.

 

Michael dá um tapinha amigável no ombro de Lucio e se afasta um pouco, olhando ao redor. Cláudio aparece, com um sorriso animado.

 

CLÁUDIO: Boas notícias, o lugar está lotado, cheio até a tampa. Se vocês fizerem tudo certinho, o Sr. Briggs termina a noite com um sorriso e a gente sai daqui com o anel.

 

LUCIO: Por que você parece se divertir com tudo isso?

 

CLÁUDIO: (após alguns segundos) Os últimos acontecimentos me fizeram refletir sobre momentos marcantes que compartilhei com os meus amigos. No entanto, quando penso na gente, pai e filho, são raros os instantes realmente especiais que vivenciamos juntos. Toda essa situação hilária envolvendo o Michael agora, talvez seja o momento de um dia, em um animado churrasco familiar, contarmos para as próximas gerações algumas histórias do avô, do pai e do tio maluco em busca de um anel de família.

 

Lucio parece refletir por um momento e, então, um sorriso emocionado se forma em seu rosto.

 

LUCIO: Você tem razão, filho. São esses momentos que fazem as reuniões familiares valerem a pena. Prometo que teremos muitas outras histórias para contar.

 

Ele se aproxima e abraça Cláudio. Eles ficam abraçados por alguns instantes. De repente uma música começa a tocar e ouve-se barulho de gritos vindo de outro ambiente. Cláudio sorri e se afasta. Lucio olha para Michael que faz sinal de positivo com o dedo para o irmão. As cortinas se abrem, revelando o palco em todo o seu esplendor. A música pulsante preenche o ambiente, reverberando pelas paredes. Os holofotes focam em Lucio e Michael, que estão lado a lado no centro do palco. O clima de excitação é palpável, à medida que a multidão que preenche a boate começa a aplaudir e gritar.

 

::. “It’s Tricky” - Run-D.M.C.

 

Lucio e Michael trocam olhares confiantes, compartilhando um sorriso cúmplice antes de mergulharem na dança. Movendo-se em sincronia com a batida da música, eles começam a balançar os quadris e a balançar os braços, imersos no ritmo contagiante.

 

Com cada movimento, eles começam a desfazer o nó de suas gravatas, deslizando-as para fora dos colarinhos das camisas. A multidão reage com entusiasmo, assobiando e jogando notas de dinheiro no palco. Lucio e Michael riem, aproveitando a energia da plateia.

 

Enquanto a música continua, eles continuam a se despir com um toque de provocação. Lucio desfaz os primeiros botões de sua camisa, revelando um pouco de pele bronzeada. Michael segue o exemplo, deslizando sua jaqueta com um sorriso travesso. Os olhares do público estão fixos neles, capturados pela energia cativante que exalam.

 

Camisa após camisa, eles revelam seus torsos esculpidos, atraindo aplausos e gritos ainda mais entusiasmados. A atmosfera está eletricamente carregada, e eles se entregam completamente ao momento.

 

A câmera corta para Cláudio rindo e batendo palmas, mais afastado. Sr.Briggs está ao lado de Cláudio, fazendo sinal de positivo para os dançarinos. Enquanto os últimos acordes da música ecoam pelo ambiente, Lucio e Michael param ofegantes, rindo um para o outro. Com um aceno de agradecimento à multidão, eles se retiram do palco, deixando para trás um rastro de notas de dinheiro espalhadas pelo chão. A tela escurece.

 

 

Abre na praça no centro de Bom Destino. Gil e Nathalia estão sentados num banco, trocando carinhos e beijos delicados. A câmera foca nesse momento por alguns instantes. A cena corta para um local um pouco mais afastado, mostrando Amanda caminhando devagar. Seu semblante é triste e seu rosto revela traços de choro recente. Após alguns momentos, ela para e olha para o lado, avistando Nathalia e Gil se beijando. Depois de alguns segundos, ela se aproxima deles. Gil e Nathalia interrompem o beijo ao notarem a presença de Amanda, que apenas observa os dois. Nathalia olha para a irmã com preocupação.

 

::. “Dice” - Finley Quaye

 

NATHALIA: Irmã, está tudo bem?

 

AMANDA: Sabe, estive refletindo sobre o motivo pelo qual as pessoas se envolvem em teias de mentiras, como se cada falsidade fosse mais um fio entrelaçado ao redor delas. E não é curioso como, às vezes, mentimos não só para nos proteger, mas também para proteger aqueles que dizemos amar? Mas será que mentir por amor é realmente amor? Ou é apenas um medo disfarçado de boas intenções?

 

NATHALIA: (preocupada) Ainda está se referindo a nós, ou você descobriu mais alguma coisa?

 

AMANDA: Por quê? Há algo que ainda não me contou? (olha para Gil) Há algo que ainda não contou a ele?

 

NATHALIA: Me deixa te levar para casa.

 

AMANDA: Conte a verdade para o Gil. A verdade, por mais difícil que seja, é a base de qualquer relacionamento genuíno.

 

GIL: Do que ela está falando, Nathalia?

 

AMANDA: (para Gil) Ela ainda não te disse por que veio para Bom Destino? Acha que é apenas uma frustração de não saber o que quer da vida, assim como você?

 

NATHALIA: Eu vou contar a ele, Amanda. Mas agora, assim, não é o momento.

 

AMANDA: E quando será? Quando a Lily tiver dez anos?

 

GIL: (confuso) Quem é Lily?

 

AMANDA: Aceitaria ser padrasto, Gil? Lembro que você não suportava crianças.

 

Gil olha para Nathalia, que fica sem reação. Amanda apenas observa a irmã.

 

GIL: Você é mãe?

 

NATHALIA: Eu ia te contar.

 

GIL: (surpreso) Quando?

 

Um breve silêncio paira entre os três. Nathalia expressa um olhar de desapontamento para Amanda. Em seguida, ela sai apressadamente. Após alguns segundos, Gil desperta de seu estupor e olha para Amanda, também com desapontamento.

 

AMANDA: O quê? Não tente me transformar na vilã aqui. Ela é quem tem mentido para todos desde que chegou.

 

GIL: Você não aprendeu nada com o que aconteceu na última semana? Por que cometer um ato tão cruel?

 

AMANDA: A quem você está tentando enganar, Gil? Quem te conhece sabe que você sempre foi um problema.

 

GIL: As pessoas crescem e amadurecem, Amanda... Você deveria tentar isso.

 

Gil se levanta do banco e sai, passando por Amanda, que o observa.

 

 

A cena transita com o Sr. Briggs sentado à mesa, meticulosamente contando notas de dinheiro. Na mesma mesa, Cláudio, Michael e Lucio ocupam as cadeiras à sua frente.

 

::. “Dice” - Finley Quaye (cont.)

 

SR. BRIGGS: Senhores, vocês cumpriram a parte de vocês.

 

MICHAEL: Conseguimos arrecadar a quantia necessária?

 

SR. BRIGGS: Nem perto disso.

 

Os três trocam olhares desanimados e abaixam seus olhares. Sr. Briggs abre a gaveta da mesa, retira o anel de dentro e o coloca na frente de Michael.

 

SR. BRIGGS: Porém, fiquei impressionado com a performance de vocês.

 

MICHAEL: (pegando o anel com gratidão) Muito obrigado, Sr. Briggs. O senhor realmente me salvou.

 

SR. BRIGGS: Quem realmente salvou a sua vida foram o seu irmão e o seu sobrinho. Agradeça a eles.

 

LUCIO: (pegando o anel das mãos de Michael) Eu vou devolvê-lo aos seus irmãos, antes que você pense em penhorá-lo novamente.

 

MICHAEL: (após um momento) Você ouviu o valor real desse anel?

 

Lucio encara Michael com seriedade, mas logo Michael levanta as mãos em rendição.

 

MICHAEL: Tudo bem, pode devolver. Não quero me envolver com isso novamente.

 

SR. BRIGGS: Cavalheiros, se me permitem, a noite ainda é jovem e há muito dinheiro a ser arrecadado, desta vez com dançarinos de verdade.

 

Os quatro se levantam, e Sr. Briggs cumprimenta cada um deles. Ele sai primeiro, seguido por Cláudio. Lucio e Michael permanecem um de frente para o outro.

 

MICHAEL: Agradeço, irmão... Se preferir, posso seguir o meu caminho a partir daqui e nos veremos daqui a alguns anos.

 

LUCIO: Pare com isso. Prefiro você por perto do que arrumando confusões por aí... (sorri) Até que foi uma noite divertida.

 

Michael sorri para o irmão, que coloca a mão em seu ombro. Sr. Briggs faz um sinal de tosse, indicando que eles devem sair da sala. Eles saem, deixando a sala.

 

 

 

Frente da casa de Helen. Marcia e Julio estão no carro, mergulhados em um silêncio que persiste por alguns segundos.

 

::. “Dice” - Finley Quaye (cont.)

 

JULIO: (com um tom de desânimo) Não importa o quanto eu tente, o Chris jamais vai me aceitar em outro relacionamento.

 

MARCIA: (com tristeza) Eu sei... E não precisa dizer mais nada, sabemos como isso vai terminar.

 

JULIO: (com curiosidade) Sabemos?

 

MARCIA: Sim, e para evitar que você precise falar, eu vou abrir a porta do carro, vou entrar em casa e cada um seguirá com sua vida... Mas quero que você saiba que eu realmente me diverti muito nesses últimos meses e...

 

JULIO: (a interrompendo) Casa comigo?

 

MARCIA: (surpresa, depois de alguns segundos) O quê?

 

JULIO: (com determinação) Eu te amo e quero passar o resto da minha vida com você. Quer se casar comigo?

 

MARCIA: Mas e o Chris?

 

JULIO: O Chris pode chorar, gritar, fazer o que quiser... Eu não vou deixar de estar com a pessoa que amo tanto só porque um adolescente não consegue aceitar que o pai segue adiante.

 

MARCIA: E quanto à esperança de que a sua ex-esposa volte?

 

JULIO: É uma ilusão dele. Nós nunca fomos casados, e eu não tenho sentimentos por ela. Só tenho sentimentos por você.

 

Marcia reflete por alguns instantes. Julio se inclina no banco, olhando diretamente para ela.

 

JULIO: E então, você aceita se casar comigo?

 

A cena transita para o exterior, mostrando a fachada da casa com o carro estacionado à frente.

 

 

Jardim da casa de Nicole. A câmera acompanha George enquanto ele caminha pelo jardim, sobe os degraus e para diante da porta. Ao fundo, em um banco, Nicole está sentada com o caderno de Gabriel aberto ao seu lado.

 

::. “White Flag” - Dido

 

NICOLE: Conseguiu?

 

GEORGE: Ainda não.

 

NICOLE: O tempo está se esgotando, George. Depois do julgamento, ele será transferido e você não terá mais chances... Faça um esforço maior.

 

A câmera foca primeiro o rosto de George e, em seguida, o rosto de Nicole. Depois de alguns segundos, muda para um ângulo aéreo que mostra George entrando na casa.

 

 

Corta para a porta de uma casa. Quando ela se abre, vemos Nathalia do lado de dentro. A câmera se volta para Gil, que está do lado de fora.

 

::. “White Flag” - Dido (cont.)

 

GIL: Não me importa que você tenha mantido sua filha escondida de mim. Isso não muda o que sinto por você, nem muda o fato de que quero estar com você.

 

Nathalia não responde, apenas o encara por alguns instantes.

 

GIL: Posso conhecê-la?

 

Nathalia sorri emocionada e abre ainda mais a porta, permitindo que Gil entre. A cena muda para um ângulo aéreo novamente, mostrando Gil entrando e a porta se fechando.

 

 

Casa de Helen. Helen está sentada no sofá, assistindo televisão. Vemos um movimento ao seu lado. A cena se expande e revela Marcia sentada ao lado dela, olhando pensativa para a frente. Helen percebe a expressão da mãe.

 

::. “White Flag” - Dido (cont.)

 

HELEN: Está tudo bem?

 

MARCIA: O Julio me pediu em casamento.

 

HELEN: (pausa, depois de alguns segundos) E o que você respondeu?

 

MARCIA: (olhando para a filha) Eu disse sim.

 

O som preenche o espaço enquanto ambas se encaram por um momento. A câmera recua, levando a cena para a varanda da casa de Nicole, onde ela continua lendo o caderno. Priscila surge e se aproxima dela. Nicole a observa.

 

::. “White Flag” - Dido (cont.)

 

PRISCILA: Não tenho certeza do por que estou aqui. Comecei a andar sem rumo, como se cada passo fosse uma tentativa de me afastar um pouco do peso que carrego. Mas, de alguma forma, acabei chegando aqui.

 

Nicole não responde, apenas mantém o olhar sobre Priscila. Priscila olha para o chão e, em seguida, levanta os olhos para Nicole, os quais estão cheios de lágrimas.

 

PRISCILA: (com voz trêmula) Eu preciso dizer... Parece que estou afundando em um abismo de tristeza. Essa sensação de culpa não me deixa em paz. Fica martelando na minha cabeça que eu poderia ter evitado que ele estivesse no restaurante naquela noite. Eu só queria uma chance de voltar no tempo e fazer tudo diferente. Mas eu sei que é impossível.

 

Nicole mantém o silêncio enquanto Priscila desabafa. Priscila chora por um momento.

 

PRISCILA: Eu sinto falta dele. Sinto falta das conversas, das risadas, das coisas simples que compartilhávamos. E agora tudo parece vazio, como se um pedaço de mim tivesse sido arrancado... (com um nó na garganta) Desculpe por despejar tudo isso em você. Sei que está sentindo o mesmo. E sei que deve me odiar. Só... Só precisava colocar para fora em palavras o que tem atormentado meus pensamentos.

 

Priscila abaixa o olhar, pronta para sair. Nicole observa o caderno, fecha-o e se levanta. Ela se aproxima de Priscila.

 

NICOLE: Não podemos saber como aquela noite teria terminado. Provavelmente ele teria dado um jeito de entrar no restaurante quando soubesse que o pai estava como refém. Eu não sei, e não quero ficar pensando nos "e se"... Mas uma coisa eu sei. Ele te amava, te amava profundamente, a ponto de escrever sobre você.

 

Nicole mostra o caderno para Priscila, que, com os olhos marejados, fixa o olhar no caderno.

 

NICOLE: Já li isso umas três vezes e é como se ele estivesse aqui, ao meu lado. Há coisas sobre mim e muitas sobre você... (entrega o caderno a Priscila) Talvez isso possa trazer um pouco de conforto.

 

PRISCILA: (com lágrimas nos olhos) Não sei nem como agradecer.

 

NICOLE: Vá para casa, Priscila, e não se culpe pelo que aconteceu. Existe um culpado, e ele vai pagar pelo que fez.

 

 

Casa de Cláudio. Lucio caminha pelo corredor e chega à porta de um quarto, abrindo-a. A câmera revela Silvia deitada na cama.

 

::. “White Flag” - Dido (cont.)

 

SILVIA: Ouvi falar da sua aventura como dançarino sensual.

 

LUCIO: Prometo que foi apenas uma dança, para salvar o Michael de ser preso.

 

Ele se aproxima da cama e senta ao lado da esposa. Silvia olha para cima, evitando seu olhar.

 

LUCIO: Você está chateada?

 

SILVIA: Sim... Porque, após tantos anos de casados, você nunca revelou esse seu lado sensual. E se quiser evitar dormir no sofá, vá até ali na frente, tire sua roupa devagar e dance para mim.

 

Lucio exibe um largo sorriso. Silvia sorri também, ergue as sobrancelhas e faz um gesto com a cabeça para que Lucio comece a se movimentar. Ele beija o rosto de Silvia e vai até a frente da cama, dançando de forma sedutora e retirando a camisa. Silvia aplaude e joga algumas notas de dinheiro para ele. A cena muda para Cláudio e Lucas no quarto, jogando videogame. Risadas e barulhos são ouvidos vindo do quarto ao lado. Cláudio ri e coloca fones de ouvido em Lucas e depois em si mesmo.

 

 

Quarto de Priscila. A câmera se aproxima lentamente, revelando-a sentada na cama, absorta na leitura do caderno de Gabriel.

 

::. “White Flag” - Dido (cont.)

 

GABRIEL: (em off) E nas voltas da vida, descobri um caminho mais curto chamado Priscila. Uma alma pequena em estatura, mas gigante em coragem e paixão. Seu sorriso, tão radiante quanto o sol, ilumina meus dias mais sombrios, dissipando nuvens de preocupação e tristeza.

 

A câmera focaliza o rosto de Priscila, seus olhos brilhando com lágrimas.

 

GABRIEL: (em off) Como um furacão adorável, Priscila enfrenta os desafios com determinação, e sua loucura contagiante envolve todos ao seu redor. Sua energia vibrante transforma cada momento em uma aventura, e sua risada é música para os meus ouvidos.

 

Emoção toma conta de Priscila, que começa a chorar.

 

GABRIEL: (em off) Apesar dos desencontros e desentendimentos, meu amor por ela é uma chama que não se apaga. Seus olhos expressivos revelam um universo inteiro, e suas palavras afetuosas são o refúgio onde encontro paz e conforto.

 

A voz de Gabriel é gradualmente abafada pela música que preenche a cena por alguns instantes. A câmera foca em Priscila na cama, seus sorrisos ocasionais expressando saudades. A cena se desvanece lentamente em escuridão.

 

 

 

 

 

CRIADO E ESCRITO POR:

 

Thiago Monteiro

 

PARTICIPAÇÕES ESPECIAIS

 

Jesse McCartney como David

Scott Foley como Michael

Jason Priestley como Julio

Michael Strusievici como Lucas

Aaron Eckhart como Jorge

Terre J. Vaugh como Martha

Peter Jurasik como Emanuel

Gary Grubbs como Sr.Briggs

Devon Werkheiser como Chris

 

 

MÚSICA TEMA

 

“Meant To Live” - Switchfoot

 

TRILHA SONORA

 

“Caught By The River” - Doves

“Innocent” - Our Lady Peace

“Without Letting Go” - Laurie Sargent

“It’s Tricky” - Run-D.M.C.

“Dice” – Finley Quaye

“White Flag” - Dido

 

 Copyright © 2009

 

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